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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

12.1.09

As condições do massacre e como evitá-lo, por EMIR SADER

10/01/2009

 

As condições do massacre e como evitá-lo

 

A humanidade – ou pelo menos a parte dela que mantém sua humanidade – assiste estarrecida, horrorizada e indignada – mais um massacre do Exército israelense. E se pergunta: como é possível que um povo – o mais humilhado e ofendido do mundo contemporâneo – possa ser vítima de tudo isso, enquanto os governos e as instituições que supostamente deveriam zelar pela paz no mundo confabulam e não fazem nada de concreto para terminar com essa carnificina – como a chamou Lula?

As condições para que isso ocorra – e é bom conhecê-las, para tratar de evitar que voltem a ocorrer – estão, em primeiro lugar, na emergência de um mundo unipolar sob hegemonia imperial norte-americana, sem os limites impostos pela bipolaridade do período histórico anterior. Israel se beneficia da condição de aliado estratégico privilegiado da potência imperial estadunidense, que lhe tem propiciado a maior ajuda militar dos EUA no mundo e a impunidade nas suas sistemáticas agressões ao povo palestino.

Mas esta condição não seria suficiente para que ocorressem massacres. Se tomamos a América Latina, por exemplo, como caso oposto, os EUA não puderam – de forma direta ou interposta, por seu aliado estratégico na área, a Colômbia – atacar a Venezuela, a Bolívia ou o Equador. Quando se deu o episódio da agressão colombiana a território equatoriano, a região reagiu unida, isolando ao governo de Uribe e encontrando por si só, em reuniões promovidas pela Unasul, acordos que permitiram encontrar soluções positivas à crise sem a interferência dos EUA e visivelmente contra os interesses contrariados deste. A Colômbia ficou isolada, enquanto o Equador recebeu o apoio generalizado dos outros governos da região.

Da mesma forma nas tentativas golpistas da oposição ao governo de Evo Morales, mais uma vez a Unasul conseguiu reunir os governos da região para denunciar o massacre de Pando e condenar os métodos utilizados pela forças opositoras, isolando-as e fortalecendo o apoio unido externo ao governo boliviano.

Ao contrário, quando as condições foram opostas, se geraram as possibilidades dos massacres – de que Gaza é apenas mais um deles. Os EUA puderam promover suas “guerras humanitárias” em lugares como a Bósnia, o Afeganistão, o Iraque. O que estes governos tiveram em comum foi que ficaram isolados, enquanto o bloco imperialista conseguiu reunir um amplo apoio de forças unificadas, para atacá-los. Os governos de Milosevic, de Sadam Hussein, dos talibãs, foram isolados, mediante sistemática campanha de imprensa internacional que os diabolizaram, e exploraram as contradições dentro do campo de cada um – como aqueles entre sunitas e xiitas, que fizeram, por exemplo, com que o Irã estivesse a favor da derrubada do regime iraquiano. Dadas essas condições políticas – unidade do campo imperialista e divisão e isolamento dos governos atacados -, as possibilidades de massacres estavam dadas.

De alguma forma, isto aconteceu na Palestina. Os palestinos se dividiram – não por si mesmos, mas por uma divisão induzida pelas potências ocidentais, que não reconheceram a legítima e arrasadora vitória do Hamas nas eleições parlamentares palestinas, não reconhecendo-a e forçando ao Fatah a que constituísse um governo próprio, prometendo-lhe o reconhecimento externo. O bloqueio criminoso de Gaza – colocado em prática pelo conluio entre os governos de Israel e do Egito, com o beneplácito das potências ocidentais – isolou os palestinos, já enfraquecidos pela divisão, tendo o Hamas sido criminalizado pelos EUA, chamado de organização “terrorista”, o que supostamente autorizaria os ataques sistemáticos de Israel.

Ao mesmo tempo, Israel e os EUA se unificaram amplamente no ataque ao Hamas, contando com o apoio generalizado da Europa e do Japão, enquanto os palestinos estavam divididos e isolados. Estas as condições que tornaram possível o massacre atual. Condições que começam a ser revertidas pelas extraordinárias expressões de solidariedade pelo mundo afora, que se avolumam e se estendem conforme os ataque se prolongam e as denúncias das barbaridades cometidas por Israel se difundem cada vez mais.

Porém, os elementos de maior debilidade dos palestinos se mantêm – sua divisão interna e a inexistência de expressivos movimentos pacifistas nos EUA e em Israel, que possam ser interlocutores para negociações políticas dos palestinos.

Daí a necessidade de valorizar ainda mais processos como os da integração latinoamericana, que tem impedido que os EUA possam isolar e atacar aos governos que mais diretamente tem se oposto às suas políticas. Se entende que a direita tente sabotar as alianças entre governos progressistas da América Latina, mas são irresponsáveis e até mesmo criminosas as tentativas dentro da própria esquerda – de setores sectários dentro da esquerda - de incentivar e tratar de multiplicar as diferenças no campo popular. Quando governos como os do João Goulart, de Salvador Allende e tantos outros mais, ficaram isolados no plano internacional e divididos internamente, facilitaram os golpes que os derrubaram e impuseram a toda a esquerda derrotas brutais.

Unidade interna das forças populares, alianças unitárias externas de todas as forças progressistas – são o melhor antídoto para que novos massacres e derrotas da esquerda não venham a ocorrer.

Postado por Emir Sader às 15:55

 

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz