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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.1.09

Carta Aberta - Israel e Palestina

A PAZ É POSSÍVEL

Em Belém do Pará, no Fórum Social Mundial, nós mulheres, de tantos continentes, de países tão diferentes, de tantas raças, cores, idades, nacionalidades, e de tantas experiências diferentes, manifestamos nossa tristeza e nosso protesto contra o conflito israelense-palestino, que já dura mais de 40 anos e que agora nessa ofensiva israelense em Gaza se transformou numa guerra fratricida, deixando milhares de pessoas feridas e mortas, atingindo principalmente mulheres, crianças e cidadãos em geral.

A força não resolverá esse conflito, nem acabará com os horrores da guerra.

A voz das mulheres, sua união e sua mobilização podem dizer ao mundo que a dor não tem raça, não tem cor, não tem idade, não tem profissão e não tem pátria. A dor da guerra atinge a todas as pessoas – crianças, jovens e velhos/as. A guerra é o extermínio e a dominação.

É preciso dizer um basta e exigir a suspensão de toda e qualquer operação bélica.

As mulheres que lutam contra todas as formas de violência, que defendem o diálogo entre todos os povos do mundo, que organizam ações coletivas em defesa da paz e da segurança humana, acreditam que somente a vida, o intercâmbio, a justiça, a solidariedade e a liberdade darão a todas as pessoas o chão para arar, a educação para criar, a saúde para curar, as mãos para construir e o som para cantar.

É COM A PAZ QUE UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL!

Cesare Battisti - "Por que tudo isso comigo?" - Entrevista de Cesare a Isto é

 

QUINTA-FEIRA, 29 DE JANEIRO DE 2009

Cesare Battisti - "Por que tudo isso comigo?"

Em entrevista à ISTOÉ, Cesare Battisti fala de comunismo, guerrilha, arrependimento, inimigos, erros, perseguições e fugas

Por Luiza Villaméa

ISTOÉ - Como é ser o pivô de uma crise entre o Brasil e a Itália?
Cesare Battisti - Eu, sinceramente, não acredito que tudo isso esteja acontecendo.É enorme, é exagerado. Eu não sou essa pessoa tão importante. Sou um dos milhares de militantes italianos dos anos 1970. Sou um das centenas de militantes que se refugiaram no mundo inteiro, fugindo dos anos de chumbo da Itália. Por que tudo isso comigo?

ISTOÉ -O sr. teme que o Brasil volte atrás, por causa da reação forte da Itália?
Battisti - Não. A decisão do ministro Tarso Genro é bem fundamentada. Ele analisou todos os documentos. Não foi uma leitura superficial. E a perseguição política está provada nos documentos.Acho que o gesto do ministro Genro foi de coragem e de humanidade. A decisão é muito importante não só para mim, Cesare Battisti, mas para a humanidade. A Itália precisa reler a própria história
. Nós estamos dando à nação italiana a possibilidade de reler sua história com serenidade, humanamente.
ISTOÉ - Junto com a reação italiana, reapareceu um antigo companheiro seu, Pietro Mutti, dizendo que o sr. participou da morte de um joalheiro e de um policial. O sr. matou estas pessoas?
Battisti - De jeito nenhum. Está muito longe da realidade. Na época desses assassinatos eu nem fazia mais parte dos PAC.


ISTOÉ - O sr. matou alguém?
Battisti - Eu nunca matei ninguém. Eu nunca fui um militante militar em nenhuma organização. Nem na Frente Ampla nem nos PAC, onde fiquei dois anos, entre 1976 e 1978. Saí dos PAC em maio de 1978, depois da morte de Aldo Moro (o ex-primeiro-ministro da Itália sequestrado e morto pelas Brigadas Vermelhas). Na época, milhares de militantes abandonaram os movimentos de luta armada. Foi um momento de debate muito importante na Itália.

ISTOÉ - O sr. repetiria que não matou ninguém na frente de Alberto, o filho do joalheiro Pierluigi Torregiani, que está na cadeira de rodas em consequência de um atentados dos PAC? Ele faz parte da campanha contra o sr. na Itália.
Battisti - É lamentável o que está fazendo o Alberto Torregiani. Ele sabe que eu não tenho nada a ver com isso. Porque eu já troquei muitas cartas com ele. Uma correspondência de amizade, de sinceridade e de respeito. Mas o Alberto Torregiani sofre pressão por parte do governo italiano porque ele, depois de tantos anos de luta, coitado, conseguiu uma aposentadoria como vítima do terrorismo. Desde 2004, tem uma pensão como vítima dos anos de chumbo na Itália. Eles estão fazendo pressão, já que podem tirar a pensão dele.

ISTOÉ - Por que o sr. entrou em contato com Alberto Torregiani?
Battisti - Sempre me sensibilizei com a situação do Alberto. Ele era um adolescente na época do atentado. Ao reagir ao ataque, o pai acabou acertando o filho, que ficou paraplégico.

ISTOÉ - E o Pietro Mutti, como o sr. entende a manifestação dele, depois de anos de silêncio?
Battisti - Ele repetiu, palavra por palavra, o que falou para o procurador Armando Spataro, em 1981. E, como outros "arrependidos", ele havia falado sob tortura. Agora, não posso afirmar que ele não foi ressuscitado pela máquina do governo italiano. Mas, mesmo se ele tiver reaparecido de verdade, ele não poderia fazer outra coisa senão repetir exatamente o que exige o procurador conhecido por ter chefiado o esquema de tortura na região de Milão. Naquela época, a tortura fazia parte do cotidiano da Itália. A Itália tem de reconhecer isso. Mas não pode. Porque a Itália é Europa. E a Itália não pode admitir que nos anos 1970 viveu uma guerra civil.

ISTOÉ - Mas era uma democracia. Não era uma ditadura.
Battisti - Havia uma democracia na qual a máfia estava no poder. Nós temos um primeiro-ministro que ficou décadas no poder e foi condenado por ser mafioso. Estou falando de Giulio Andreotti (líder do Partido Democrata-Cristão italiano, primeiro-ministro nos períodos de 1972-1973, 1976-1979 e 1989-1992). Havia também os fascistas, que nunca foram afastados do poder. E hoje, infelizmente, voltaram.

ISTOÉ - O que sobrou da militância?
Battisti - Eu continuo sendo um comunista de verdade, não no sentido partidário. As minhas ideias não mudaram. Continuo pensando que tem muita injustiça social, que a humanidade tem ainda muito a fazer para se desenvolver. Minha maneira de intervir nisso é através da escrita, do voluntariado. Na França, dei cursos de escrita para presos, ajudei a montar bibliotecas em comunidades carentes. Por meio dessas atividades, eu continuo minha militância.

ISTOÉ - Como encara a decisão final que está para sair do Supremo?
Battisti - O Brasil me concedeu meu refúgio político. O procurador-geral da República deu parecer favorável ao refúgio. Acho que o Supremo irá na mesma direção, que já tomou em outros casos.

ISTOÉ - O sr. está tranquilo ou ansioso?
Battisti - Não estou tranquilo porque a pressão é enorme. Está arrebentando comigo. As notícias, a mídia, eu não estou preparado para isso. Agora, uma coisa me surpreende de um lado: porque essa mídia que está fazendo todo esse barulho não se pergunta por que há essa reação exagerada da Itália. Essa histeria da Itália. Por que está acontecendo comigo? Por que o presidente e os ministros italianos estão reagindo dessa maneira pessoal?

ISTOÉ - Por que o sr. demorou 16 anos para falar que não matou ninguém?
Battisti - Porque os outros que confessaram, disseram que tinham matado de verdade. Se eu me defendesse, me diferenciaria e abriria uma brecha na doutrina Mitterrand, que impunha a mesma defesa para todos. Nada de sustentações individuais, como inocência, revelia, como alegações pessoais. Eu obedeço a essa norma de conduta. Em nenhuma das etapas desse processo reivindico a inocência. Fiz um documentário sobre os anos de chumbo na Itália e essa é a causa da vingança dos poderosos políticos italianos. Eu não posso me separar. Para dizer que sou inocente, tenho que renunciar a defesa dos advogados. Fiz procuração para outro advogado, que está me defendendo na França, para poder dizer, agora alto, que não matei ninguém e fui condenado à revelia. Para isso, tive de sair da defesa coletiva.

ISTOÉ - E por isso não foi feita essa defesa pontual?
Battisti - Exato. Acho que a Itália mente. O governo italiano está mentindo. A mídia italiana, em sua maioria, pertence ao Berlusconi. Estão mentindo. Pessoas estão manipulando, ou estão deixando manipular. Nunca fui ouvido pela Justiça italiana sobre esses quatro homicídios. Nunca. Não existe. Não fui ouvido nenhuma vez num inquérito, na fase de instrução.
 
 
Veja o restante da entrevista acessando o blog Defesa do Trabalhador: http://defesadotrabalhador.blogspot.com/

28.1.09

Por que a mídia privada não consegue ver o FSM?

Política| 28/01/2009 | Copyleft

Por que a mídia privada não consegue ver o FSM?

A mídia mercantil é um caso perdido para a compreensão do mundo contemporâneo. Não por acaso a crise atual a afeta diretamente. Não tardará para que comecem as quebras de empresa de jornalismo por aqui também. E eles serão vitimas da sua própria cegueira, aquela que lhes impede de ver os projetos do futuro da humanidade, que passeiam pelas veredas de Belém.

Mais uma vez a mídia privada não consegue ver o FSM. Os leitores que dependerem dela ficarão sem saber o que acontece aqui em Belém. Por que? O que impede uma boa cobertura, se a riqueza de idéias, a diversidade de presenças, a força dos intercâmbios – como não se encontra em lugar algum do globo – estão todos aqui? Há jornalistas, algum espaço é dedicado pela imprensa ao evento, mas o fundamental passa despercebido.

O fundamental não tem preço – diz um dos lemas melhores do FSM. Enquanto o neoliberalismo e o seu reino do mercado tentam fazer com que tudo tenha preço, tudo se venda, tudo se compre, ao estilo shoping-center, o FSM se opôs desde o seu começo a isso, opondo os direitos de todos ao privilégio de quem tem poder de compra, incrementando sempre mais as desigualdades.

Um jornalista da FSP (Força Serra Presidente) se orgulha de ter ido a todos os Foros de Davos e, consequentemente, a nenhum Forum Social Mundial. A espetacular marcha de abertura do FSM retratada com belíssimas fotos por Carta Maior, foi inviabilizada pela mídia mercantil.

A cobertura se faz com a ótica com que essa imprensa se comporta, com os óculos escuros que a impedem de ver a realidade. O FSM, como tudo, é objeto das fofocas sobre eventuais desgastes do governo Lula – a obsessão dessa mídia. Não cobrem o dia do Forum PanAmazônico, não deram uma linha sobre o Forum da Mídia Alternativa, não ouvem os palestinos, nem os africanos ou os mexicanos. Nada lhes interessa. No máximo aguardam para ver se Brad Pitt e Angelina Jolie vão vir.

Seu estilo e sua ótica está feita para Davos, para executivos, ex-ministros de economia. Lamenta a imprensa que a América Latina, a África e a China estejam tão pouco representados em Davos. Mas o que teriam a fazer por lá? Não se perguntam, nem querem saber. Seus jornalistas não são orientados senão para seguir os passos de Lula e seus ministros.

Temas como os diagnósticos da crise e as alternativas, a guerra e as alternativas de paz, as propostas de desenvolvimento sustentável – fundamentais no FSM – estão fora da pauta. Nem falar da crise da própria mídia tradicional e das propostas de construção de mídias públicas e democráticas.

A mídia mercantil é um caso perdido para a compreensão do mundo contemporâneo. Não por acaso a crise atual a afeta diretamente. Não tardará para que comecem as quebras de empresa de jornalismo por aqui também. E eles serão vitimas da sua própria cegueira, aquela que lhes impede de ver os projetos do futuro da humanidade, que passeiam pelas veredas de Belém.



Fotos: Eduardo Seidl
 
 

V Fórum Mundial de Juízes : Carta de Belém

V Fórum Mundial de Juízes : Carta de Belém

Os participantes do V Fórum Mundial de Juízes, reunidos em Belém (PA) entre os dias 23 e 25 de janeiro de 2009, adotam a seguinte carta:

Reconhecem que a dignidade da pessoa é o fim de toda a atividade humana e princípio jurídico fundamental; Defendem que o juiz tenha um perfil humanista e saiba conciliar razão e sentimento para construir uma sociedade mais justa;

Expressam compromisso com uma sociedade livre, fraterna, igualitária, pluralista, construída em ambiente sadio e comprometida coma defesa efetiva dos direitos fundamentais, reconhecidos na Constituição e Tratados internacionais;
 
Sustentam a universalidade dos direitos humanos e defendem o cumprimento das decisões das cortes internacionais de defesa dos direitos humanos e repressão aos crimes contra a humanidade;

Expressam solidariedade aos magistrados da Colômbia que são vítimas de atentados e ameaças graves. Essas violências representam a violação mais dramática da independência da magistratura. Também por isso os Estados têm obrigação de proteger a vida dos magistrados e de seus familiares. Cada forma de inércia ou de tolerância representaria objetivamente um tácito consentimento a essas violências;

Protestam, do mesmo modo, pela necessidade de que as autoridades assegurem o pleno funcionamento do Poder Judiciário, especialmente em Estados como o Pará e Maranhão, evitando-se que se repitam atos de violência já praticados contra a instituição seus operadores e o próprio jurisdicionado;

É dever do Estado, por outro lado, assegurar mecanismos eficazes para proteger as liberdades, entre as quais a de exercício dos mandatos associativos e sindicais da magistratura, sem o que estaria comprometido o funcionamento das entidades e também a autonomia que devem preservar perante os Tribunais;

Consideram, que é importante que se reconheça, definitiva e isonomicamente, em harmonia com os princípios constitucionais, o direito de afastamento dos juízes presidentes de associações para exercício de mandato associativo;

Apóiam a proposição de eleições diretas para os Tribunais e Conselhos da Magistratura, como forma de democratização do Poder Judiciário;
 
Defendem que a nomeação dos juízes dos Tribunais se dê por ato dos próprios Tribunais, sem qualquer intervenção do Poder Executivo;

Defendem a extinção do Quinto Constitucional nos Tribunais Brasileiros; Defendem a reforma processual com a finalidade de alterar o atual sistema de recursos, para valorização das decisões de Primeiro Grau;

Apóiam a aprovação da PEC n° 438/2001, como medida necessária para a erradicação do trabalho escravo, bem como a criação e adequado aparelhamento de comarcas do trabalho no sul e sudeste do Pará; Entendem que as indenizações decorrentes das ações civis públicas, que têm por objeto o tema do trabalho escravo, devem reverter para as comunidades lesadas;

Em face de tantos perigos, devemos prosseguir sustentando a bandeira de um sistema jurídico protetor, destinado a compensar juridicamente uma realidade de desigualdades que, sendo inerentes ao conjunto das relações sociais de trabalho, tendem a multiplicar-se e aprofundar-se na crise.

Renovamos nossos compromissos com a defesa dos princípios do Direito do Trabalho, em especial o da progressividade, com o constitucionalismo social, com os Direitos Humanos e com suas garantias.

Afirmam a necessidade da interpretação técnico-jurídica da lei de anistia para que se apurem efetivamente os crimes contra a humanidade, perpetrados pelos agentes do estado durante o período da Ditadura Militar. Afirmam a necessidade de que o Ministério Público promova a persecução criminal necessária para a responsabilização dos autores de crimes contra a humanidade praticados durante a Ditadura Militar no Brasil, com a criação de força tarefa para este fim.

Por fim, reafirmam os manifestos e deliberações externados nas edições anteriores do Fórum Mundial de Juízes.

Belém, 25 de janeiro de 2009.

Fórum Social Mundial: momento para mudar rumos ideológicos, diz Britto

Fórum Social Mundial: momento para mudar rumos ideológicos, diz Britto

Belém (PA), 27/01/2009 - "Essa nova edição do Fórum Social Mundial chega em um momento importante: o de dizer que é preciso pensar no social, que é preciso pensar na preservação dos direitos dos trabalhadores e nos princípios fundamentais que regem a sociedade". A defesa dos direitos mais básicos do cidadão foi feita hoje (27) pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, ao participar, em Belém (PA), da tradicional marcha que abre o Fórum Social Mundial. Para Britto, em tempos em que o capitalismo vem sendo questionado e com o enfrentamento a uma crise econômica grave, o mundo necessita de novas definições e de rumos ideológicos.

"É preciso buscar fontes alternativas de saber e de orientação da sociedade. Se não definirmos qual é o papel do mundo hoje, correremos o risco de transformar esse momento de definições em agravamento da visão capitalista de mundo", afirmou. O presidente da OAB percorreu as ruas de Belém desde a escadinha do Cais do Porto, juntamente com representantes dos mais diversos órgãos e entidades da sociedade civil, bem como de movimentos sociais.

O diretor do Conselho Federal da OAB, Ophir Cavalcante Junior, que acompanhou Britto na caminhada de abertura do Fórum, afirmou que este é o momento propício para escutar a voz da sociedade e conhecer os seus anseios e as lutas que deseja encampar. "É importante que tenhamos num universo grande, como é o da advocacia, a identificação das diversidades existentes na sociedade. A partir dessa visão é possível construir uma síntese, que mostrará, sem sobra de dúvidas, o que é o melhor para a sociedade, o que é melhor para a advocacia brasileira", afirmou. Também acompanhou a marcha o secretário da Comissão de Relações Internacionais da OAB Nacional, Joelson Dias.

A tradicional marcha marca a abertura do Fórum, que acontecerá até o próximo dia 1º em vários locais da capital paraense. A OAB realizará uma série de seminários jurídicos amanhã (28) e no dia 29, sempre no Hangar do Centro de Convenções. Entre os temas que serão abordados estão problemáticas relativas à região amazônica, a afirmação dos direitos sociais nas Américas,  aspectos da soberania e direitos dos povos. Além de Cezar Britto e de Ophir Cavalcante, participam do Fórum a secretária-geral do Conselho Federal da OAB, Cléa Carpi da Rocha, e a presidente da Seccional da OAB do Pará, Ângela Sales.

http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=15750

 

27.1.09

Marcha pela Paz abre Fórum Social Mundial 2009

 
Movimentos Sociais| 27/01/2009 | Copyleft

Marcha pela Paz abre Fórum Social Mundial 2009

O ponto de partida da caminhada foi a praça Pedro Teixeira (Escadinha) ao lado da Estação das Docas. Representando a vinda do FSM da Àfrica para a Amazônia, os povos indígenas da região foram recebidos pelos povos africanos e afrodescendentes e juntos compartilharam uma Ceia Sagrada. Dezenas de milhares de pessoas participaram da marcha. Segundo a polícia, cerca de 60 mil. Segundo organizadores, número de participantes foi bem maior, podendo chegar a quase 100 mil pessoas. Nem a chuva que caiu em meio à caminhada, tirou o ânimo dos participantes (Foto: Eduardo Seidl).

BELÉM - Mais de 100 mil pessoas e 5680 organizações devem participar do Fórum Social Mundial 2009 que inicia oficialmente nesta terça-feira (27) em Belém do Pará. Até 1° de fevereiro, representantes de movimentos sociais, povos tradicionais, organizações não governamentais, sindicatos e grupos religiosos de mais de 150 países estarão reunidos para celebrar a 9ª edição do encontro altermundialista, que retorna ao Brasil. Na pauta das principais discussões está a crise econômica mundial, as mudanças climáticas e as alternativas aos modelos de desenvolvimento. O Conselho Internacional do FSM decidiu realizar o Fórum na região amazônica em reconhecimento ao papel estratégico da região para toda a humanidade.

A região é uma das últimas áreas do planeta ainda relativamente preservada, em um espaço geográfico de valor imensurável por sua biodiversidade e que agrega um conjunto amplo e diverso de movimentos sociais que lutam por uma Amazônia sustentável, solidária e democrática. O FSM ocorre nos campi da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e terá mais de 2400 atividades - entre plenárias, conferências, palestras, oficinas, eventos esportivos e culturais - propostas por organizações de todo mundo. A atividade inaugural do FSM será a marcha simbolizando o encontro dos participantes com a cidade que acolhe o evento.

O ponto de partida será na praça Pedro Teixeira (Escadinha) ao lado da Estação das Docas. Representando a vinda do FSM da Àfrica para a Amazônia, os povos indígenas da região serão recebidos pelos povos da africanos e afrodescendentes e juntos compartilharão uma Ceia Sagrada.

Segundo os organizadores do ato, a celebração representa as boas vindas dos habitantes da Amazônia aos africanos e a passagem do espírito do último FSM centralizado, em Nairobi, no Quênia, para a cidade de Belém, representando toda a Pan-Amazônia. Em seguida, os indígenas darão início à marcha que passará pelas avenidas Presidente Vargas, Nazaré e Almirante Barroso até a Praça do Operário no bairro de São Brás, onde uma programação cultural será promovida por dezenas de etnias indígenas que vieram participar do FSM 2009. A expectativa é de que mais de 100 mil pessoas participem desta caminhada pela paz


Fotos: Eduardo Seidl
 
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15518

Presidentes latinoamericanos no Forum Social Mundial

 
Colunistas| 23/01/2009 | Copyleft
 

DEBATE ABERTO

Presidentes latinoamericanos no Forum Social Mundial

No dia 29, um ato reunirá Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa, Hugo Chavez e Lula, em Belém. O encontro expressa o estágio atual de luta antineoliberal e é um chamado ao FSM para que volte a articular forças de resistência social à esfera política, aquela da disputa hegemônica, que se torna central a partir da crise contemporânea.

O momento mais importante do FSM de Belém do Pará terminará sendo o ato do dia 29, no Hangar, que contará com a presença de Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa, Hugo Chavez e Lula – presidentes latinoamericanos que constroem, de distintas maneiras, modelos alternativos ao neoliberalismo. É uma presença inevitável, que marca como a América Latina se transformou, de "paraíso do neoliberalismo" a seu elo mais fraco, onde se começou a construir, efetivamente, o "outro mundo possível" pelo que luta o Forum Social Mundial.

No seu início, o FSM se delimitava expressamente em relação a governantes – assim como a partidos. A presença de presidentes como Lula e Hugo Chavez, por exemplo, era feita mediante atividades paralelas. Era ainda o momento de protagonismo dos movimentos sociais na luta de resistência ao neoliberalismo. O primeiro FSM se realizou em janeiro de 2001, em Porto Alegre. O primeiro governo progressista latinoamericano, o de Hugo Chavez, tinha sido eleito em 1998 e sobrevivia, solitariamente, sob forte ofensiva direitista. Foi ao longo desta década que foram eleitos Lula, Tabaré, Kirchner, Evo, Rafael Correa, Lugo – que representaram a passagem da luta antineoliberal a seu período atual, de luta por uma hegemonia alternativa, pela construção de modelos de superação do neoliberalismo.

A fundação do Movimento ao Socialismo (MAS) boliviano foi um momento determinante na luta por "um outro mundo possível", porque revelava, de forma explícita, a compreensão de que somente rearticulando a luta social com a luta política, seria possível dar inicio à construção de alternativas ao neoliberalismo. As forças sociais que tiveram essa compreensão, cada uma à sua maneira, puderam passar à fase atual, enquanto as outras perderam peso, se isolaram, ao permanecer numa atitude apenas de resistência.

Desde o último FSM realizado no Brasil, em 2005, os processos de integração regional avançaram, surgiram novos governos progressistas, enquanto o FSM foi ficando reduzido à realização dos foruns mundiais e regionais, sem propostas diante da crise neoliberal, diante das guerras imperiais, sem vincular-se aos processos – como os latinoamericanos – que efetivamente começaram a construção de alternativas ao neoliberalismo.

A presença dos cinco presidentes em Belém expressa o estágio atual de luta antineoliberal e é um chamado ao FSM para que volte a articular forças de resistência social à esfera política, aquela da disputa hegemônica, que se torna central a partir da crise contemporânea, do fim do governo Bush e dos avanços – concentrados hoje na América Latina – do pós-neoliberalismo.

O ato do dia 29 expressa a força atual da luta por "um outro mundo possível" no plano político, que junto à luta dos movimentos sociais e das outras forças políticas e culturais, são chamadas a desempenhar um papel permanente e decisivo na luta antineoliberal. Coloca-se para o FSM e as forças que o compõem um dilema essencial: permanecer na intranscendência do intercâmbio de experiências a cada ano ou dois anos ou avançar na construção de alternativas. A luta antineoliberal seguirá adiante e será tanto mais forte, quanto mais o FSM se acoplar às formas realmente existentes de construção do "outro mundo possível".


Secretario Executivo de Clacso, coordenador da Enciclopedia Contemporânea da América Latina e autor, entre outros, de "A nova toupeira" (sai na próxima semana).

http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4094

Palavras de ordem

Palavras de ordem

Uma ode ao Fórum Social de Belém

O mundo é complicado
Nossa tarefa também

Julgar sem pré-julgar
Demarcar sem excluir
Incluir sem forçar
Somar, fazer bonito
O mundo é infinito

Combater a indiferença
Respeitar a diferença
e o diferente.
Respeitar

Defender a mata sem esquecer o homem
Cultivar a terra sem derrubar a mata
Cultivar o homem

Amparar sem esperar
Esperar sem se iludir
Não desesperar, agir
Não sucumbir
Perseverar

Convencer, conversar
Persuadir sem mentir
Não sofismar,
Argumentar

Gritar abaixo o imperialismo
Viva o povo palestino
Mas ao anti-semitismo dizer não

Aplaudir a bravura
Mas repudiar a bravata
Não usar gravata

Gritar a Amazônia é nossa
Viva o povo brasileiro
Viva a cesta básica e o Prouni
Viva o luz para todos
Em plena floresta amazônica

Gritar abaixo os banqueiros
Que seja a riqueza de todo o povo brasileiro
Abaixo os juros
E a especulação financeira
Fora com o Deus mercado e o Deus dinheiro

Sonhar mas não dormir
Cada amanhecer é um novo dia
O fim de um descanso
Cada pequeno passo um avanço

Conceituar sem preconceitos
Refinar pensamentos
Provocar sem agredir
Polemizar
De vez em quando aplaudir

Perguntar e saber ouvir
Não ouvir sem perguntar
Questionar,
Sempre
Sempre duvidar,
Não simplificar, complicar

Entender é o que interessa
Para poder avançar
Saber, conhecer, decifrar
Interpretar
O saber é infinito
O universo também

O mundo é complicado
Nossa tarefa também

Bernardo Kucinski, janeiro de 2009

http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm?alterarHomeAtual=1

26.1.09

Abertura do Fórum Social Mundial 2009

O Forum Social mundial está de volta, agora em Belém...



Data:         27 de janeiro de 2009.
Hora:         8h30
Local:        Teatro Maria Sylvia Nunes (Estação das Docas).
Endereço:  Boulervard Castilho França, 707.

São mais de 100 mil pessoas e 5680 organizações, participantes  que já estão ocupando o coração da Amazonia para o FSM 2009 que acontece em Belém do Pará do dia 27 de janeiro até 1 de fevereiro.
A sociedade civil organizada em movimentos sociais, povos tradicionais, ongs, sindicatos e grupos religiosos de mais de 150 países de todos os continentes, se reúne para celebrar a 9ª edição do maior encontro altermundialista da humanidade e que retorna ao Brasil. Na pauta das principais discussões está a crise econômica mundial, as mudanças climáticas e as alternativas aos modelos de desenvolvimento.

O Conselho Internacional do FSM decidiu realizar o Fórum na Pan-Amazônia em reconhecimento ao papel estratégico que a região possui para toda a Humanidade. A região é uma das últimas áreas do planeta ainda relativamente preservada, em um espaço geográfico de valor imensurável por sua biodiversidade e que agrega um conjunto amplo e diverso de movimentos sociais que lutam por uma Amazônia sustentável, solidária e democrática.

O FSM ocorre de 27 de janeiro a 1º de fevereiro, nos campi da UFPA e UFRA e terá mais de 2400 atividades (plenárias, conferências, palestras, oficinas, eventos esportivos e culturais) propostas por organizações de todo mundo para mostrar que um outro mundo é possivel!!!!!


MARCHA DE ABERTURA  - Da África para a Amazônia
O Fórum Social Mundial convida toda a cidade de Belém para participar da grande caminhada de abertura simbolizando o encontro dos participantes com a cidade que acolhe o evento.
O ponto de partida será na praça Pedro Teixeira (Escadinha) ao lado da Estação das Docas, na qual, representando a vinda do FSM da Àfrica para a Amazônia, os Povos  Indígenas habitantes natos, serão presenteados pelos povos da africanos e afrodescentes e juntos  compartilharão uma Ceia Sagrada.
A celebração representa as boas vindas dos amazonidas aos africanos e a passagem do espírito do último FSM centralizado, em Nairobi, no Quênia, para a cidade de Belém, representando toda a Pan-Amazônia.
A despedida dos africanos será ritimada ao som de atabaques e berimbaus. 
Em seguida, os indigenas darão início a marcha que passa pelas avenidas Presidente vargas, Nazaré e Almirante Barroso até a Praça do Operário no bairro de São Brás, onde uma programação cultural será promovida exclusivamente por dezenas de etinias indígenas que vieram participar do FSM 2009. A expectativa é de que mais de 100 mil pessoas participem desta caminhada pela paz

O Dia da Pan-Amazônia
O segundo dia do FSM, 28 de janeiro, será dedicado a Pan-Amazônia e terá como tema "500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular"
No dia 28 de janeiro de 2009, segundo dia do FSM 2009, ocorre o Dia da Pan-Amazônia. Será um dia inteiro dedicado à temática regional, no qual os povos e movimentos da Pan-Amazônia poderão dialogar com o mundo e tecer alianças planetárias, em busca de uma outra Amazônia.
O Dia da Pan-Amazônia estará dividos em eixos temáticos que abordarão:
Mudanças Climáticas e Justiça Ambiental; Direitos Homanos, Trabalho, Migrações e o Fim da Criminalização dos Movimentos Sociais; e Terra, Território, Identidade, Soberania Alimentaria.

http://www.fsm2009amazonia.org.br/sala-de-imprensa/aviso-de-coletiva/aviso-de-coletiva-abertura-do-forum-social-mundial-2009

Vice-presidente do PT em PE é morto a tiros na Paraíba

Vice-presidente do PT em PE é morto a tiros na Paraíba
 
25 de janeiro de 2009 • 17h25 • atualizado às 17h30

O vice-presidente do PT de Pernambuco, o advogado Manoel Bezerra Matos Neto, 44 anos, foi assassinado a tiros em uma casa de veraneio da praia de Pitimbu, na Paraíba. Ele estava com a família quando dois homens encapuzados entraram na residência e atiraram várias vezes contra o advogado.

Manoel Bezerra morava em Itambé, em Pernambuco. Ele ficou sob proteção policial por um ano por ser um dos denunciantes do grupo de extermínio na cidade. Segundo o deputado federal Luiz Couto (PT-PB), o advogado sofria ameaças de morte há vários meses.

Matos Neto era membro da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e assessor do deputado federal Fernando Ferro (PT-PE). O presidente da OAB, Cezar Britto, pediu ao ministro da Justiça, Tarso Genro, uma indicação de um delegado especial da Polícia Federal para apurar o assassinato.

"É lamentável que um profissional do direito sofra uma violência tão grande. Vamos acompanhar de perto o caso, certos de que os assassinos e os possíveis mandantes do crime serão descobertos pela polícia", afirmou o presidente nacional da OAB.

fonte:  terra.com.br

25.1.09

Presidentes latinoamericanos no Forum Social Mundial

 
Colunistas| 23/01/2009 | Copyleft 
 
DEBATE ABERTO

Presidentes latinoamericanos no Forum Social Mundial

No dia 29, um ato reunirá Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa, Hugo Chavez e Lula, em Belém. O encontro expressa o estágio atual de luta antineoliberal e é um chamado ao FSM para que volte a articular forças de resistência social à esfera política, aquela da disputa hegemônica, que se torna central a partir da crise contemporânea.

O momento mais importante do FSM de Belém do Pará terminará sendo o ato do dia 29, no Hangar, que contará com a presença de Evo Morales, Fernando Lugo, Rafael Correa, Hugo Chavez e Lula – presidentes latinoamericanos que constroem, de distintas maneiras, modelos alternativos ao neoliberalismo. É uma presença inevitável, que marca como a América Latina se transformou, de "paraíso do neoliberalismo" a seu elo mais fraco, onde se começou a construir, efetivamente, o "outro mundo possível" pelo que luta o Forum Social Mundial.

No seu início, o FSM se delimitava expressamente em relação a governantes – assim como a partidos. A presença de presidentes como Lula e Hugo Chavez, por exemplo, era feita mediante atividades paralelas. Era ainda o momento de protagonismo dos movimentos sociais na luta de resistência ao neoliberalismo. O primeiro FSM se realizou em janeiro de 2001, em Porto Alegre. O primeiro governo progressista latinoamericano, o de Hugo Chavez, tinha sido eleito em 1998 e sobrevivia, solitariamente, sob forte ofensiva direitista. Foi ao longo desta década que foram eleitos Lula, Tabaré, Kirchner, Evo, Rafael Correa, Lugo – que representaram a passagem da luta antineoliberal a seu período atual, de luta por uma hegemonia alternativa, pela construção de modelos de superação do neoliberalismo.

A fundação do Movimento ao Socialismo (MAS) boliviano foi um momento determinante na luta por "um outro mundo possível", porque revelava, de forma explícita, a compreensão de que somente rearticulando a luta social com a luta política, seria possível dar inicio à construção de alternativas ao neoliberalismo. As forças sociais que tiveram essa compreensão, cada uma à sua maneira, puderam passar à fase atual, enquanto as outras perderam peso, se isolaram, ao permanecer numa atitude apenas de resistência.

Desde o último FSM realizado no Brasil, em 2005, os processos de integração regional avançaram, surgiram novos governos progressistas, enquanto o FSM foi ficando reduzido à realização dos foruns mundiais e regionais, sem propostas diante da crise neoliberal, diante das guerras imperiais, sem vincular-se aos processos – como os latinoamericanos – que efetivamente começaram a construção de alternativas ao neoliberalismo.

A presença dos cinco presidentes em Belém expressa o estágio atual de luta antineoliberal e é um chamado ao FSM para que volte a articular forças de resistência social à esfera política, aquela da disputa hegemônica, que se torna central a partir da crise contemporânea, do fim do governo Bush e dos avanços – concentrados hoje na América Latina – do pós-neoliberalismo.

O ato do dia 29 expressa a força atual da luta por "um outro mundo possível" no plano político, que junto à luta dos movimentos sociais e das outras forças políticas e culturais, são chamadas a desempenhar um papel permanente e decisivo na luta antineoliberal. Coloca-se para o FSM e as forças que o compõem um dilema essencial: permanecer na intranscendência do intercâmbio de experiências a cada ano ou dois anos ou avançar na construção de alternativas. A luta antineoliberal seguirá adiante e será tanto mais forte, quanto mais o FSM se acoplar às formas realmente existentes de construção do "outro mundo possível".


Secretario Executivo de Clacso, coordenador da Enciclopedia Contemporânea da América Latina e autor, entre outros, de "A nova toupeira" (sai na próxima semana).

23.1.09

A nova toupeira, de Emir Sader

A nova toupeira
os caminhos da esquerda latino-americana
Emir Sader


A América Latina irrompe o século XXI diante de um novo dilema. Se a independência e os projetos nacionalistas estiveram na ordem do dia em outros momentos históricos, hoje o desafio é superar as políticas falidas do neoliberalismo. Esse é o ponto de partida de Emir Sader, em A nova toupeira, os caminhos da esquerda latino-americana.

A toupeira, animal com problemas de visão, circula embaixo da terra sem fazer alarde e surge onde menos se espera. Sua figura ilustra passagens de obras de Shakespeare, Hegel e Marx. Para Sader, "tal imagem remete às incessantes contradições intrínsecas do capitalismo, que não deixam de operar, mesmo quando a "paz social" – a das baionetas, a dos cemitérios ou a da alienação – parece prevalecer".

Como aponta o autor, na virada para do terceiro milênio a América Latina surpreendeu o mundo ao contestar o modelo que até então reinava absoluto. Assim, foram eleitos os presidentes Hugo Chávez na Venezuela (1998), Lula no Brasil e Néstor Kirchner na Argentina (2003), Tabaré Vázquez no Uruguai (2004), Evo Morales na Bolívia (2006), Daniel Ortega na Nicarágua e Rafael Correa no Equador (2007) e Fernando Lugo no Paraguai (2008). Paralelamente, "a proposta norte-americana de um tratado de livre-comércio para as Américas, aprovada quase unanimemente em 2000, foi rejeitada e enterrada em 2005".

Diante deste quadro, A nova toupeira procura entender em que medida o neoliberalismo permanece hegemônico, analisando a natureza dos atuais governos latino-americanos e propondo um debate fundamental para a compreensão das questões políticas de nosso tempo.

O volume conta com caderno de imagens de líderes e revolucionários latino-americanos. Orelha de Michael Löwy.

Trecho de A nova toupeira
"O continente americano é o de maior grau de desigualdade no mundo – e, portanto, de injustiça –, situação que só se acentuou com a década neoliberal, mas os duros golpes sofridos pelo campo popular, tanto com as ditaduras quanto com as políticas neoliberais, não faziam pressagiar uma mudança tão rápida e profunda. Buscaremos compreender as condições que permitiram uma virada tão radical e transformaram o paraíso neoliberal em oásis antineoliberal num mundo ainda dominado pelo modelo neoliberal, assim como o potencial e os limites dessa virada, num marco continental e mundial."

Sobre o autor
Emir Sader nasceu em São Paulo, em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é jornalista, sociólogo e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-geral do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Paulicéia, publicada pela Boitempo, e organizou lado de Ivana Jinkins, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe (São Paulo, Boitempo, 2006), vencedor do 49º Prêmio Jabuti, na categoria Livro de não-ficção do ano. Tem publicados pela Boitempo os livros: A vingança da história, O poder, cadê o poder? – ensaios para uma nova esquerda e Contraversões – civilização ou barbárie na virada do século (em co- autoria com Frei Betto).

Ficha técnica

Título: A nova toupeira

Autor: Emir Sader

Orelha: Michael Löwy

ISBN: 978-85-7559-131-4

192 páginas

R$ 39,00


Boitempo Editorial Ana Maria Straube Assessoria de Imprensa + 55 11 3875 7285 + 55 11 8445 2524 imprensa@boitempoeditorial.com.br www.boitempoeditorial.com.br 


 

Desemprego é o menor no país em seis anos

Jornal Correio do Brasil
Desemprego é o menor no país em seis anos

Por Redação - do Rio de Janeiro


A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país caiu de maneira acentuada em dezembro do ano passado, marcando novo patamar recorde de baixa, mostraram dados divulgados nesta quinta-feira. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação das principais regiões metropolitanas do país caiu para 6,8% em dezembro, o menor patamar da série histórica iniciada em março de 2002.

Em novembro, a taxa havia sido de 7,6%. O recorde de baixa anterior havia sido registrado em dezembro de 2007, quando a taxa recuou para 7,4%. A queda foi mais acentuada do que o estimado por analistas consultados pela agência inglesa de notícias Reuters, que esperavam uma taxa de desocupação de 7,2% em dezembro, de acordo com a mediana de 19 estimativas.

O cenário revelado pelos dados do IBGE é bem melhor do que os números apresentados no início da semana pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que mostrou na segunda-feira o fechamento de 654.946 postos de trabalho com carteira assinada no último mês do ano passado. É preciso lembrar, porém, que as metodologias de cálculo dos dois índices são diferentes.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mede apenas os trabalhadores com carteira assinada, ao receber as informações das empresas sobre trabalhadores demitidos e contratados. Enquanto isso, o IBGE apura emprego formal e informal e pesquisa também as pessoas que embora desempregadas não estão procurado trabalho.

Outra diferença é que o Caged mede os dados do país todo, enquanto o IBGE concentra-se nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre. Em 2008, como um todo, a taxa média de desemprego ficou em 7,9%, ante 9,3% em 2007.

A pesquisa mostra ainda que o rendimento médio dos trabalhadores, de R$ 1.284,90, aumentou 0,5% quando comparada ao mês de novembro e 3,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em dezembro, os setores que mais contrataram, na comparação com o mesmo mês de 2007, foram educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social (7,3%); serviços prestados a empresas, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira (7,3%); e construção (6,5%).

 

22.1.09

O Fórum no portal da Amazônia

Colunistas| 22/01/2009 | Copyleft

DEBATE ABERTO

O Fórum no portal da Amazônia

A Amazônia e Belém, como sede desta edição do FSM, são o espaço privilegiado para discutir o tema planetário da sobrevivência da vida humana: como criar um ciclo virtuoso entre preservação ambiental e desenvolvimento humano.

Como diretor de TV da Carta Maior, fico antecipando as imagens que mostraremos ao mundo pela internet. Ao mundo? Sim, ao mundo. Nos outros fóruns houve momentos em que tivemos 150 mil computadores conectados simultaneamente em nossa transmissão. Recebíamos mensagens de nossos leitores dos quatro pontos cardeais do planeta: Austin, Texas, Tóquio, Japão, Berlim, Alemanha, Joanesburgo, África do Sul, Sidney, Austrália...Naturalmente, a maioria vinha do Brasil e de outros países da América Latina.

Imagino que poderemos mostrar imagens do rio Guamá, da Baía do Guajará, da cidade e de sua história, onde diversas culturas se cruzaram em confrontos nem sempre pacíficos.

Belém é o portal da Amazônia, para quem vem do leste; ou seu epílogo grandioso, para quem venha do interior. E a Amazônia é um tema mundial. Na Europa, onde hoje moro, é um tema privilegiado. Se tomarmos o rio Amazonas, o mais longo e caudaloso do mundo, como eixo desse espaço, ele abrange nove países, desde as enormes altitudes dos Andes, onde ele nasce, até a foz entre a ilha de Marajó e o estado do Amapá, onde ele deságua no Atlântico. Belém fica diante do outro lado da ilha de Marajó, ao sul, onde depois do rio Guamá corre o rio Pará. Assim como o Guaíba, que banha Porto Alegre, o berço do Fórum Social Mundial, o rio Pará também é motivo de controvérsia. Há quem não o considere rio, mas um estuário; ou quem o considere na verdade um braço ou canal do próprio rio Amazonas, avolumado pelo Tocantins e pelo Araguaia.

Mas ainda predomina, em muitos espaços, uma visão algo folclórica desse gigantesco território amazônico, baseada no exotismo. Por isso espero que, além de mostrar e debater o Fórum Social Mundial, seus temas, realizações e impasses, a nossa cobertura consiga expor mais sobre os embates que se dão nesse mundo extraordinário e atravessado por todas as tensões, contradições e reivindicações que perpassam toda a vida do planeta hoje.

É claro que a Amazônia e Belém, como seu portal e locus desta edição do Fórum Social Mundial, são o espaço privilegiado para discutir o tema hoje planetário da sobrevivência da vida humana, e do jogo a um tempo equilibrado e ousado entre a sustentabilidade do meio-ambiente e a sustentabilidade do desenvolvimento humano.

Várias vezes na Europa deparei-me com a sutileza de um tema que pode assim ser descrito: "ah, se os povos do terceiro mundo tiverem o nosso padrão de consumo [da Europa ocidental e dos Estados Unidos] o planeta não vai agüentar". Ou mais prosaicamente: "se todos os chineses e os indianos quiserem ter um automóvel, o mundo explode".

Junto com esses temas, aparece um outro, que sutil ou desabridamente coloca em dúvida a capacidade do Brasil e dos brasileiros (para não falar dos outros povos...) administrarem essa preciosidade planetária que é a Amazônia. Não se trata necessariamente da velha tese de que é preciso internacionalizar a administração da Amazônia; essa discussão pode aparecer sob a égide de que somos "nós" [os europeus, ou norte-americanos, através de seus governos ou de suas ONGs) que podemos dizer a "vocês", os latino-americanos, o que fazer com essas preciosidades que, por azares dos destinos e dos movimentos de independência do século XIX, ficaram em suas mãos e em seus territórios.

Esse é um sentimento que pode também, por outras vias, continuar justificando que os tesouros arqueológicos saqueados pelas potências do Norte em diferentes momentos do colonialismo/imperialismo ao Sul do planeta continuem em suas mãos, pois os povos dessas regiões "atrasadas" não teriam condições econômicas, físicas ou espirituais para preserva-los. É claro que esses sentimentos não são os únicos a prevalecer ao Norte do planeta, onde existe muita gente muito esclarecida e de espírito aberto ao diálogo entre culturas. Mas são fortes, e encontram eco entre nós, os do Sul, onde muita gente pensa mesmo que não temos condição de fazer nada, e que seria melhor se alguns bolsões de nossa vida (por exemplo, os bairros ricos de muitas cidades brasileiras) fossem anexados, por assim dizer, por algum país do "Norte desenvolvido"...

Parece-me, portanto, vital que nossa cobertura, da Carta Maior, ajude a situar melhor essa problemática em relação à Amazônia: como criar um ciclo virtuoso entre preservação planetária e desenvolvimento humano, o que supõe desenvolvimento energético também.

Uma coisa é certa: somente a presença humana administrada segundo valores que hoje não pertencem ao capitalismo que venceu a Guerra Fria pode ajudar a criar, na Amazônia e em outros lugares, condições de sustentabilidade. Caso contrário esse espaço poderá se tornar simplesmente uma reserva... para o narcotráfico, o banditismo organizado, ou as madeireiras clandestinas. E cabe às presenças soberanas dos países que detém os poderes de estado sobre esse espaço cuidar para que ele também não se torne pasto de multinacionais e laboratórios em busca de biodiversidade para implementar seus copyrights sobre tudo, como naquele caso em que uma multinacional sediada no Japão queria patentear o nome "cupuaçu"...

Mas é evidente que nada disso deve promover xenofobia ou cerceamento do diálogo em escala mundial sobre os destinos do planeta, e dentro dessa moldura, da Amazônia. Espero que nossa cobertura ajude a promover e a consolidar esse diálogo entre partes soberanas em seus direitos, inclusive à palavra sobre os destinos da humanidade. É com isso que lidamos, na Carta Maior: palavras e imagens. E esperamos continuar, com nosso lema "se hace camino al andar", do poeta Antonio Machado, a promover a solidariedade internacional.


Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior.

Bolivianos votam nova Constituição



22/01/2009

Bolivianos votam nova Constituição

O governo de Evo Morales foi eleito com três compromissos fundamentais: a nacionalização das empresas mineiras, a reforma agrária e a convocação de uma Assembléia Constituinte que aprovasse uma nova Carta Magna e desse partida para a refundação do Estado boliviano como um Estado pluriacional, multiétnico, multicultural. Quando comemora três anos de sua posse, Evo convoca referendo para aprovação da nova Constituição boliviana.

Os bolivianos votam no dia 25 na consulta sobre o projeto de nova Constituição do país. Mesmo derrotada fragorosamente em agosto passado – com o governo recebendo 2/3 dos votos - a oposição retomou sua ofensiva campanha contra o governo de Evo Morales. Os três principais temas escolhidos pela direita são os de que não se reconheceria a autonomia dos estados, o de que não haveria liberdade de cultos e de que não haveria o direito de ir e vir.

Uma análise mais detida do projeto de nova Constituição, aprovado por mais de 2/3 dos membros da Assembléia Constituinte, contando com votos da oposição, define direitos que, estes sim, preocupam a oposição basicamente empresarial. Vejamos alguns desses pontos:

Ficam estabelecidas 36 competências exclusivas dos governos estaduais, assim com são reconhecidos os direitos autonômicos de 36 povos indígenas.

É reafirmada a liberdade de cultos e a independência do Estado em relação à Igreja.

O parlamentar que faltar de maneira injustificada por mais de 6 dias de trabalhos contínuos e 11 descontínuos no ano, perderá o mandato.

Toda pessoa com mandato poderá perder seu mandato.

Os juízes do Tribunal Supremo de Justiça serão eleitos pelo voto universal.

Para ser nomeado ministro, a pessoa não pode ser diretor, acionista ou sócio de entidades financeiras ou de empresas que mantenham relação contratual com o Estado.

Nenhuma pessoa ou empresa privada boliviana poderá inscrever a propriedade dos recursos naturais boliviano na bolsa de valores.

Pertencem ao patrimônio do povo boliviano os grupos mineiros nacionalizados, suas plantas industriais e suas fundições, que não poderão ser transferidos ou adjudicados em propriedade a empresas privadas sob nenhuma forma.

A informação solicitada pelo controle social não poderá ser negada.

Fica proibida a internação, trânsito e depósito de resíduos nucleares e detritos tóxicos.

Declara-se a responsabilidade por danos ambientais históricos e a imprescritibilidade dos delitos ambientais.

Em nenhum caso a superfície máxima de terras poderá ser maior do que 5 ou 10 mil hectares (dependendo do referendo que se faz paralelamente à aprovação da nova Constituição).

O não cumprimento da função econômica e social ou a propriedade latifundiária da terra serão causas para a reversão da propriedade da terra, que passará a domínio e propriedade do povo boliviano.

Bastariam esses direitos, garantidos pela nova Constituição, para fazer com que o país ingresse numa nova etapa da sua história e que as elites tradicionais se mobilizem, valendo-se do monopólio privado da mídia e da hierarquia das igrejas, para tentar impedir esse novo caminho seja trilhado pelos bolivianos.

Aprovada a nova Constituição, os bolivianos votarão, em dezembro, para eleger as novas autoridades em todos os níveis – presidencial, parlamentar, estadual, etc. Terá concluído o processo de transição e começará a funcionar o novo Estado boliviano, refundado pelo governo de Evo Morales.

Postado por Emir Sader às 18:32

Obama e nós



19/01/2009

Obama e nós

A partir de agora já podemos escrever a expressão que os norte-americanos progressistas mais queriam poder escrever: "o ex-presidente G.W. Bush". Mas o que vem agora? Será revertida a onda direitista que tomou conta dos EUA há quatro décadas?

Desde a vitória de Richard Nixon, em 1968 - em plena guerra do Vietnã e das maiores mobilizações populares, pelos direitos civis e contra a guerra que a história do país tinha conhecido -, mobilizando o que ele chamou de "maioria silenciosa", os EUA viveram uma profunda e prolongada guinada à direita que já dura 40 anos, uma verdadeira contra revolução conservadora.. Seus pontos mais altos foram os 5 mandatos – 20 anos – de Reagan e Bush, pai e filho, que não foram radicalmente cortados apenas pelos três mandatos democratas – de Carter e Clinton -, mas apenas amainados.

Processou-se uma transformação profunda na sociedade norte-americana com essa contra revolução conservadora, desde os consensos de valores éticos e ideologia política, passando pela composição dos Tribunais de Justiça até a orientação da grande mídia e os temas prioritários de pesquisa, para chegar ao privilégio das escolas religiosas. A sociedade em sua globalidade virou-se para a direita. Momento essencial foi a campanha reaganiana de criminalização do aborto.

De um direito da mulher de dispor do seu corpo e decidir livremente sobre sua vida, passou a ser um suposto crime, com os conservadores assumindo a "defesa da vida" contra os que promoveriam a morte de inocentes. Dali em diante, em praticamente todos os grandes temas contemporâneos, deslocou-se o eixo para a direita. Um momento importante foi protagonizado por Clinton, que assinou formalmente o fim do Estado de bem estar social.

Os dois mandatos de G.W. Bush representaram o auge da hegemonia direitista, sob o patrocínio dos chamados neocons e fundado na doutrina bushiana de guerra permanente. Reivindicava-se, da forma mais sectária, a idéia da "missão predestinada" dos EUA de implantar a "democracias" pelo mundo agora, na ponta das baionetas, somado à promoção das doutrinas mais reacionárias na mídia, nas escolas, nas igrejas.

Por maior a ruptura que Obama pretendesse, um ou dois mandatos não seriam suficientes, tal o enraizamento que o pensamento conservador conseguiu na sociedade norte-americana. Pensemos que com tanta coisa a seu favor – apoio de menos de 10% de Bush, recessão econômica, problemas graves nas guerras do Iraque e do Afeganistão, apoio dos maiores jornais, de formadores de opinião importantes como Oprah, de Hollywood, com um desempenho muito bom na campanha – ainda assim Obama teve 52% contra 48 de McCain.

Vamos nos deter aqui no que pode mudar para nós, Brasil e América Latina. Como se vê pelas próprias declarações de Obama e da sra. Clinton, muitas posições conservadoras se cristalizaram nas posições norte-americanas, mais além do governo Bush. Se quer instalar também na política internacional a mudança que Obama prometeu e que o elegeu, ele teria que ir muito mais longe das tímidas medidas que promete.

Ter uma relação de diálogo com a América Latina e o Caribe é, antes de tudo, ter uma relação de reciprocidade. Cuba não coloca sequer a retirara da base naval de Guantanamo, nem tampouco a libertação dos 5 cubanos que faziam trabalho antiterrorista nos EUA e estão condenados a penas altíssimas, sem nenhuma justificativa, para normalizar as relações entre os dois países. Significar terminar unilateralmente o bloqueio norte-americano a Cuba, atitude unilateral e que tem quer terminada unilateralmente, com os dois países respeitando os regimes políticos escolhidos por cada um dos dois povos.

Reciprocidade significa também não se imiscuir nos assuntos internos de nenhum país do continente, seja ele Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador, Brasil, Colômbia, México, Nicarágua, Paraguai e todos os outros – como questão de princípio. O continente não tolera mais a atitude de tutores, de que os embaixadores dos EUA têm tido em relação aos países do nosso continente e não estamos mais dispostos a aceitar isso. A expulsão recente do embaixador dos EUA da Bolívia foi resultado da interferência aberta e reiterada na política boliviana, reunindo-se e incitando a oposição golpista a seguir nesse caminho. A escandalosa tentativa de golpe contra Hugo Chavez, presidente legitimamente eleito e reconfirmado pelo voto do povo venezuelano, teve participação direta do governo dos EUA.

O tom das declarações agressivas contra a Venezuela, acusada de fomentar e financiar as FARC, sem nenhuma prova concreta, não augura uma atitude substancialmente diferente. Séculos de relação de cima para baixo, acreditando que encarnam a liberdade no mundo, que sempre têm razão – levam a uma postura petulante.

No caso da América Latina, devem tentar construir um bloco ideal de alianças, que lhes permita dividir o bloco progressista atual e tentar romper o isolamento em que se encontram seus aliados – México, Colômbia, Peru. Para isso necessitar desesperadamente tentar separar o Brasil do bloco de integração latinoamericana e buscar juntar o Chile. Uma tarefa muito difícil, mas de que depende o sucesso dos EUA na região.

A impressão que se tem é que Obama não tem a mínima idéia do que é a América Latina e menos ainda o que ela é hoje. Repete os chavões que os informes dos seus assessores lhe dizem. Uma viagem bastará para que se dê conta que as coisas não tão são simples como o primeiro encontro – com o presidente mexicano, Calderón - lhe pode fazer crer.

Bush vai embora sem ter entendido nada, isolado e derrotado. Aqui também a herança de Obama não é nada leve.

Postado por Emir Sader às 12:05

Roda Viva - segunda-feira, 26 de janeiro de 2009 às 22h10

 
* Edição GRAVADA. Não aceita perguntas.
Robert Clark e Greg Gibson
fotógrafos

No centro do Roda Viva, uma dupla de entrevistados. Dois premiados nomes do fotojornalismo americano.

Um é de Nova York. O outro, de Washington.

Não trabalham juntos, mas têm uma coisa em comum: durante anos suas fotos marcaram páginas e capas das principais revistas e jornais americanos.

Washington Post, Vanity Fair, The New York Times, Life, National Ggeographic, Time, Newsweek, são algumas das publicações de prestígio internacional que recorreram ao trabalho deles.

Cada um ao seu modo, Greg Gibson e Robert Clark registraram em preto e branco ou a cores, situações, gestos, rostos, conflitos, momentos de comemorações e dramas que marcaram a vida e o mundo nas últimas décadas... Fizeram de suas fotos não apenas registros de fatos, mas também uma arte reveladora dos nossos tempos.

Participam como convidados entrevistadores:
Hélio Campos Mello, fotógrafo e diretor da Revista Brasileiros; Simonetta Persichetti, jornalista, crítica de fotografia, colaboradora do caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo e coordenadora da coleção SENAC de fotografia e Todd Benson, correspondente internacional da Agência Reuters.

Apresentação: Lillian Witte Fibe

O Roda Viva é apresentado às segundas a partir das 22h10.Você pode assistir on-line acessando o site no horário do programa.
http://www.tvcultura.com.br/rodaviva

20.1.09

MAIS MENSAGENS DE APOIO AO MST - janeiro de 2009

O saudoso Carlito Maia, com seu extraordinário senso de humor, já dizia que no futuro os estudiosos do atual período histórico vão perceber com clareza e afirmar com convicção que o século XXI, na história brasileira, vai ser o século da luta entre os sem terra e os sem vergonha.

Um abraço ao MST.

Leandro Konder, filosofo, PUC-RJ

 

 

AÇAO DA CIDADANIA DE BARBACENA- MG

 

companheiros ,

sao vocês os responsaveis pela esperança de tantos.

parabens e a luta continua.

tutuca (açao da cidadania de barbacena mg 

 

 

AO MST

Nestes 25 anos, muros caíram e se ergueram. A expansão capitalista – e, com ela, a crise – ganhou o planeta. Mas resistências surgiram contra a exploração e a dominação de classe; a opressão de gênero; a degradação ambiental; a opressão nacional; em defesa da cultura; por novas formas de internacionalismo; por métodos de luta e organização que aprofundem a participação popular na política. Em  tempos difíceis, o MST,  atuando nestas múltiplas frentes, ousou,  acertou muito e – o que é melhor – em boa companhia: com os que nada têm a perder a não ser os grilhões que os arrastam – e com eles a humanidade – para a barbárie. Mais do que parabéns, a solidariedade ativa.

Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida.

PUC-SP.

 

 

PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO

O MST é o mais profundo e, por isso, o mais importante movimento social brasileiro. Apoiá-lo em todas as suas frentes de luta é lutar pela transformação de nosso país em uma sociedade menos perversa e menos excludentes. Este é o dever de todo socialista e de todo democrata.
Roberto Amaral é escritor, vice-presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro e ex-Ministro da Ciência e Tecnologia

 

 

Caras companheiras e caros companheiros do MST,
 
             Gostaria de agradecer profundamente o convite para participar das atividades em comemoração dos 25 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Não poderei estar presente, mas gostaria de transmitir este meu agradecimento e manifestar meu orgulho por ser considerado um amigo de vocês.
             O MST mostrou, desde o seu nascimento,  que é possível lutarmos e construirmos uma sociedade radicalmente humana e igualitária;que é possível atuarmos, em todos os âmbitos da vida em sociedade, pautados pelos melhores valores surgidos ao longo da história humana, constituídos por religiões, por correntes filosóficas e por povos lutadores em busca da dignidade; que é possível tornar a prática da solidariedade, desde a interpessoal até a internacional, a essência mesma das nossas relações humanas, sociais, econômicas e políticas; que é possível mantermos sempre no nosso horizonte a perspectiva de uma sociedade livre e socialista e atuarmos, a cada dia e a cada minuto, de maneira coerente na construção compartilhada deste sonho coletivo.
             Posso afirmar que, desde antes de 1984, o MST mudou a minha vida, das gerações que vieram desde então e do próprio povo brasileiro.
             Desde quando a quarta fralda foi colocada na cruz da Encruzilhada Natalino,em 1979, foi selada uma ampla aliança histórica pela transformação radical da sociedade brasileira, pelo fim definitivo dos sofrimentos de nosso povo, dos povos latino-americanos e do Terceiro Mundo.
             O MST segue atuando como exemplo maior desta aliança estratégica.
             Estamos e estaremos sempre juntos, cotidianamente, na busca determinada pela realização deste sonho de todos nós.
 
                                    um forte, emocionado e fraterno abraço
 
                                                     Paulo Maldos
 
 

São 25 de luta, de vitórias, de derrotas.
É assim a vida!!!
O saldo é altamente positivo. É olhar e ver a organização da luta,
seus resultados, o aumento do nível de consciência ...
Cada nova ocupação é imediatamente acompanhada pela nova escola, tendo
na formação um de seus pontos principais.
Quem sabe disso, quem lê isso na grande imprensa?
E ainda assim o MST avança, a Reforma Agrária avança, a luta avança
para construir uma sociedade mais justa, fraterna, humana, onde o
homem/mulher seja irmão um do outro e não seu empregado.
Longa vida ao MST.

Raymundo de Oliveira

Sociedade de engenharia do Rio de Janeiro.

 

DE SUELI BELATO

Quantos momentos de educação e de cidadania eu poderia relembrar para
celebrarmos juntos os 25 anos do MST  e agradecer suas lições .
Mas vou recordar alguns ensinamentos que recebi com o testemunho de
uma grande liderança do MST, Roseli de Oliveira. a  Rose, da Fazenda
Anoni, a Rose do filme Terra para Rose.
A ocupação da Fazenda Anoni estava para acontecer. Também o filho de
Rose estava para nascer no final de outubro de 1985. Nas reuniões de
preparação, lá com as vizinhas e vizinhos do Município de Rondinha,
Rose confiava às amigas a  pressão que estava sofrendo sobre os riscos
que poderia acontecer ao nenê - o que a deixava em dúvida de ir junto
ou logo depois do nascimento do nenê para ocupação. As vizinhas então
responderam a Rose: "Ah Rose se você não vai - nós também não vamos".
Rose, então, não vacilou e  junto com o marido, filhos e suas vizinhas
partiu para Sarandi para transformar o latifúndio da Fazenda Anoni em
terra de produção de fartura e dignidade. Uma vez cortada a cerca da
propriedade improdutiva Rose entrou em trabalho de parto e lá no
Hospital de Passo Fundo com o nenê no colo decidiu que também filho
deveria ser tratado com responsabilidade comunitária e não como
propriedade particular. Então pediu que os 16 núcleos do Acampamento
da Fazenda Anoni opinassem o nome do seu filho. E assim o menino
recebeu o nome de Marco (o primeiro marco nascido no acampamento) Sepé
Tiaraju - em homenagem ao primeiro mártir da reforma agrária no Rio
Grande do Sul.
Em 1987 os agricultores de todo o país encontravam-se endivididados
com os Bancos. Muitas mobilizações se espalharam no país. Rose
colocou-se ao lado dos pequenos agricultores para que eles não viessem
a ser também trabalhadores sem terra. Foi numa mobilização de
agricultores que Rose e outros dois sindicalistas foram mortos no
Município de Sarandi.
A grandeza do Movimento está alicerçada  em ações de brava gente como
foi Rose e como são os companheiros e companheiras do MST. Sou uma
aprendiz do projeto vivido nas várias Escolas de Vida do MST. Parabéns
Amigos e Amigas,

Sueli Bellato

Brasilia

Das cônegas de santo agostinho

 


NOTA PÚBLICA

 

25 anos do MST

 

            A Coordenação Nacional da CPT vem a público para externar sua alegria pela comemoração dos 25 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, neste mês de janeiro.

 

São passados 25 anos que marcaram a História dos Movimentos Camponeses no Brasil. A organização e combatividade do MST, a clareza de suas estratégias de luta, as conquistas de novos espaços para o assentamento de famílias, e seu envolvimento com os grandes temas nacionais e internacionais lhe renderam o reconhecimento tanto nacional, quanto internacional. No Brasil não há quem não conheça o movimento. Pesquisa do IBOPE, em meados de 2008, sob encomenda da Vale, mostrou que 97% da população brasileira conhece o MST, o que levou o instituto a concluir, em suas considerações finais, que “o MST é um movimento já incorporado pela sociedade como uma das “instituições” brasileiras”.

 

Sua bandeira vermelha tremula de Norte a Sul do País. Seus bonés vermelhos circulam tanto nas grandes capitais, bem como nos mais distantes rincões do território nacional. E cobrem ou já cobriram a cabeça de milhares de pessoas simples, mas também de autoridades e de pessoas influentes em nossa Nação. Quando usado pelo Presidente da República provocou uma reação hipócrita daqueles que se consideram os portavozes da nacionalidade restrita a um pequeno grupo de privilegiados.

 

Seus acampamentos povoam as margens das rodovias, escancarando aos olhos de todos os que querem ver a escandalosa realidade agrária brasileira calcada sobre a histórica concentração de terras, deixando centenas de milhares de famílias sem a possibilidade de acesso à terra para viver e cultivar.

 

Se por um lado o movimento goza de imensa simpatia de diversos setores da sociedade brasileira, por outro é execrado e combatido com todas as armas possíveis - desde Decretos do poder Executivo que impedem a vistoria de áreas ocupadas, e criminalizavam lideranças, passando pelos inúmeros processos movidos contra elas no âmbito do poder judiciário, por CPIs no Legislativo nas quais se queria taxar de terroristas suas ações, chegando aos meandros do Ministério Publico, que no Rio Grande do Sul simplesmente propunha a extinção do Movimento e agora ao Tribunal de Contas da União, na tentativa de asfixiá-lo. Culmina na calúnia, perseguição, prisão e até mesmo na morte de muitas de suas lideranças. Destaque especial merece o massacre de Eldorado de Carajás quando 19 sem terra foram barbaramente assassinados, em 17 de abril de 1996.

 

 

Muitos temem o MST, e por isso deflagram campanhas para tentar isolá-lo e desmoralizá-lo.

 

Na realidade o MST deve ser temido por quem sempre apostou na preservação dos privilégios de uma pequena parcela da população brasileira que concentrou terras, renda e poder. Nestes 25 anos o movimento conquistou terra para mais de três centenas de milhares de famílias e inspirou o surgimento de novos movimentos de luta, não só no Brasil, como em outros países. Mas o que de melhor e de mais importante o MST conseguiu realizar foi ter aberto o caminho da cidadania e da dignidade para milhares e milhares de pessoas que nunca antes tiveram um lugar ao sol. No movimento elas encontraram espaço, começaram a ser reconhecidas, conseguiram levantar a cabeça e se fizeram respeitar. O movimento conseguiu dar a estes milhares de brasileiras e brasileiros, o que a sociedade nacional durante séculos lhes negou, o acesso à educação, à saúde, ao reconhecimento dos seus direitos. Desde o menor acampamento à beira da estrada, até o mais organizado assentamento acompanhado pelo MST, funcionam escolas para as crianças e adolescentes e uma equipe é encarregada pelos cuidados básicos de saúde. Adultos são alfabetizados. E hoje convênios com dezenas de Universidades abrem as portas do ensino superior a um grupo humano que antes não tinha nem condições de sonhar em chegar a este estágio. Centenas de processos de formação estão forjando novas lideranças que poderão ser sementes e fermento de uma profunda transformação da sociedade brasileira.

 

Mesmo reconhecendo as dificuldades e os conflitos que o movimento enfrenta, próprios a qualquer agremiação humana, a Coordenação Nacional da CPT não poderia deixar de reconhecer a grande riqueza que o MST trouxe à sociedade brasileira. Felicitando-o pelo transcurso desta data, a CPT deseja-lhe que continue firme ajudando a descortinar sempre novos horizontes para os homens e mulheres do campo e a plantar novas sementes de cidadania e dignidade.

 

A Coordenação Nacional da CPT

Goiânia, 19 de janeiro de 2009.

 

 

 

PARABENS

Parabéns. pela luta pela reforma agrária e pela luta contra o neoliberalismo, contra as privatizações, pela retomada da Vale do Rio Doce, por um novo modelo econômico no Brasil e por uma nova ordem mundial.

Clair da Flora Martins, advogada, ex deputada Federal presidente do Instituto Reage Brasil.

 

 

 

AO MST

O MST desempenhou um papel de grande relevância nesses 25 anos, ao chamar a atenção para a questão da reforma agrária e organizar a luta pelo acesso à terra. Com os movimentos populares em geral, participou ativamente da reconstrução da democracia brasileira, tarefa ainda em curso que exige sempre a unidade na diversidade daqueles que lutam por um país justo e democrático. Parabéns pelos 25 anos.

Ricardo Berzoini

Presidente nacional do PT- Partido dos Trabalhadores

 

 

O MST e a História.

Roberto Malvezzi (Gogó)

Membro da coordenação nacional da CPT

Das margens do rio são francisco, sertão da bahia.

 

            Primeiro foram os índios. Resistiram à escravidão branca, ao trabalho forçado. Atravessaram a história do Brasil resistindo, buscando distâncias da civilização branca que os extinguia. Hoje continuam presentes na luta por seus territórios. Nos seus territórios está seu futuro.

            Depois foram os negros. Resistiram. Aquilombaram-se. Atravessaram a história nos seus cultos secretos, nos territórios criados ao longo do território brasileiro. Hoje continuam presentes na luta por seus territórios. Nos seus territórios está o seu futuro.

            Depois, por volta de 1.800, foram os mestiçados do Nordeste. Um padre chamado Ibiapina propôs aos deserdados da região a vida conforme as comunidades cristãs primitivas. O cristianismo primitivo era sua ideologia. Ele era cearense e se chamava Ibiapina. De suas propostas surgiu Canudos, Caldeirão, Pau-de-Colher, seja por sua influência direta, seja pela influência de seus discípulos, como Conselheiro, Pe. Cícero, Beato Severino, Zé Lourenço, Quinzeiro e muitos outros. Foram esmagados, mas continuam vivos e o Nordeste continua a região mais rural brasileira.

            Por volta de 1930 surgiram as Ligas Camponesas, agora por influência da ideologia do Partido Comunista Brasileiro. Uma vez eliminadas, voltaram na década de 50 pela influência de Francisco Julião e se espalharam por todo o Nordeste. Esmagadas pelo regime militar, em seu lugar veio o sindicalismo rural brasileiro.

            Na década de 80 surge o MST. Ideologia laica, mas que soube compreender e acolher os que vinham de matriz religiosa. O MST, nesse sentido, é uma síntese da história da luta camponesa no Brasil. Influenciou a formação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) e outros.

            A chave histórica do MST é a “ocupação de terras”. As 370 mil famílias assentadas em 7,5 milhões de hectares é uma conquista gigantesca em qualquer país do mundo. Cada ocupação vale mais que marchas, manifestações, discursos e outras formas de marcar presença na sociedade. Só ela mexe com o coração do capital. Todas as outras ganham sentido quando essa existe.

            O futuro do MST depende também da sabedoria de seus dirigentes. A luta pela terra não morreu. Basta olhar para índios, quilombolas e comunidades tradicionais. É no campo que está o confronto com o grande capital em todo o mundo: alimentos, energia, biodiversidade, água, solos, territórios, enfim, todos os bens naturais estão em seu último estágio de apropriação privada. Essas vítimas históricas dos saqueadores de riquezas, territórios e do capital moderno dizem que a história continua. Na luta pela terra está o futuro do MST.

            Vida longa a esses lutadores brasileiros.

 

 

Deixo meu abraço aos companheiros do MST pelos 25 anos de Luta.

 

O Brasil deve a vocês a participação decisiva no processo de construção da democracia, seja pelo movimento se constituir em canal de organização social e política dos camponeses e dos pobres do país, seja pelos avanços na democratização da terra ou pela conquista da cidadania de milhões de brasileiros.

Aprendi com o Movimento que nada se conquista sem luta e que para lutar é preciso ter sonhos, senso de justiça, valores solidários e humanistas, além de muita determinação. E que a vitória está nas pequenas-grandes conquistas, que se expressam na construção da consciência em sua militância, mas também no despertar para a solidariedade na sociedade brasileira como um todo; nos gestos simbólicos, como o ostentar da bandeira do movimento por um militante, mas também nas grandes caminhadas com as quais se busca mobilizar o país para suas causas. Aprendi, enfim, que a vitória está nessa caminhada, pois mesmo se um dia tivermos alcançado progressos satisfatórios com relação à democratização da terra, ainda assim a mobilização será necessária para lutarmos contra outras injustiças que caracterizam nossa sociedade.  

Sinto-me parte constitutiva da história do Movimento. Sentimento que me faz ter orgulho da nossa história.

Ao MST deixo o meu agradecimento por tudo que fizeram e por tudo que ainda irão fazer por nosso país.

Rogério Sottili

Secretário Adjunto

Secretaria Especial dos Direitos Humanos

 

 

 

 

 

MENSAGEM AO MST

Tenho com o MST, e com
os primórdios do MST, há mais de 25 anos, uma relação de admiração e
compromisso, que continua até hoje.
Transmitam aos companheiros e companheiras do MST, que
ao longo deste quarto de século, com sacrifícios pessoais e coletivos
dificilmente quantificáveis, mantiveram alta a bandeira da luta pela
terra, associada à luta pelo socialismo, à luta pela libertação de toda a
classe trabalhadora, à luta pela soberania do nosso país, os meus
parabéns  por esta epopéia que é a história do MST até os dias de hoje. E
acrescento os votos de que a luta do MST continui com o mesmo vigor e a mesma determinação, fortalecendo cada vez mais, ideologica e  organizativamente,
a luta dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil pela liberdade, pelo
socialismo.
um grande abraço,

Curitiba, 19 de janeiro 2009,

Claus Germer

 Prof. da UFPR

 


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz