Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

28.8.17

Brasil: quanto custa a soberania?

Opinião

Brasil: quanto custa a soberania?

por José Guimarães* — publicado 25/08/2017 15h59
Enquanto doa 220 bilhões de reais a sonegadores, o governo quer vender nossa água e até o espaço aéreo por meros 44 bilhões
Antonio Cruz/Agência Brasil
Michel Temer e Henrique Meirelles

Temer e Meirelles: o País na xepa

Quarenta e quatro bilhões. É o quanto vale o Brasil para o governo ilegítimo. Seu pacote de privatizações tem coragem de prever a venda até da Casa da Moeda. Sim, a Casa da Moeda. Uma das instituições mais antigas e respeitadas do País, criada ainda no Império, em 1694, e hoje uma das únicas empresas do mundo a dominar a tecnologia para a confecção não só de dinheiro, mas de passaportes e selos fiscais. Um símbolo da soberania nacional. E isso não é tudo. O governo pretende vender ainda o controle dos nossos recursos hídricos, com a privatização da Eletrobras.

Apesar do absurdo que esses dois fatos representam, o pacote de Michel Temer não para por aí. A intenção é vender na bacia das almas 57 empresas e serviços hoje sob controle do Estado, muitos deles estratégicos para o Brasil. É o caso da Eletrobras. Com a privatização da estatal, o governo pretende arrecadar 20 bilhões de reais. Um troco para uma empresa que conta com 114 termelétricas, 47 hidrelétricas, 69 usinas eólicas e gera mais de 47 mil megawatts de energia.

Mais importante do que esse serviço prestado, é o papel estratégico de regular a geração de energia elétrica no País, principalmente se considerarmos que praticamente toda a energia brasileira tem geração hídrica, de baixo custo de geração e com pouco impacto ambiental.

Leia Mais:
Privatização da Eletrobras é "pá de cal" no setor, diz Ildo Sauer
A privatização da Eletrobras: como isso me afeta?

Todos sabem que a nova fronteira do desenvolvimento, e mesmo da manutenção do padrão civilizatório atual, depende da geração de energia renovável, exatamente o caso da produção brasileira. Por isso a ânsia da iniciativa privada em controlar esse mercado. E esse governo, claro, está muito disposto a, mais uma vez, prestar seus serviços a quem controla o capital.

A cada dia fica mais claro que não foi por acaso que se perpetrou um golpe de Estado contra uma presidente honesta e legitimamente eleita. O que estava em jogo naquele momento, e continua em disputa agora, era a soberania do Brasil. É claro que o "deus mercado" não poderia permitir que um país periférico no capitalismo continuasse a deter o controle absoluto de suas reservas naturais – como água e petróleo – e, desta forma, fazer frente a interesses privados poderosos.

Não por acaso, a primeira medida aprovada após a chegada de Temer ao poder foi a mudança do regime de exploração do pré-sal. Pelo regime de partilha, quem decide quando e como explorar as reservas é o Estado. Claro que não poderia continuar assim. Por isso alteraram novamente a legislação para transferir essa decisão ao mercado. Com o regime de concessão, o governo até arrecada uma parte do lucro, mas fica fora das decisões estratégicas a respeito da gestão de uma de suas maiores fontes de riqueza.

E agora o governo pretende entregar o outro bem que hoje é o mais disputado no mundo, inclusive em guerras, o controle das nossas águas. Sim, pois a privatização da Eletrobras nada mais significa do que entregar ao mercado a gestão dos nossos recursos hídricos, uma vez que, como foi dito, a quase totalidade da energia consumida no Brasil vem dos rios.

O servilismo não tem limites. E o governo quer repassar também o controle do nosso espaço aéreo. Parece inacreditável. O pacote de privatizações prevê a concessão à inciativa privada do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Em qualquer lugar do mundo, o controle do espaço aéreo é considerado item sagrado da soberania. Por isso, não basta vender os aeroportos, inclusive os mais lucrativos, até porque está claro que não é disso que se trata, é preciso vender tudo que resta da nossa soberania.

Em nome de equilibrar as contas públicas, esse governo vende o País, e por um valor que sequer chega perto de cobrir as benesses que ele mesmo concede ao "andar de cima". Basta lembrar que cálculos da Receita Federal e da Controladoria da União mostram que apenas com o programa de refinanciamento de dívidas (Refis), sempre de grandes devedores, claro, o Tesouro vai perder mais de 220 bilhões de reais até 2020. Portanto, fica cada vez mais patente que o discurso da austeridade não passa de um mal disfarce para a venda pura e simples do Brasil. E por um trocado.

* Advogado, deputado federal (PT-CE), líder da oposição na Câmara



Nenhum comentário:


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz