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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

8.5.17

Um espectro ronda São Paulo, a Feira Nacional da Reforma Agrária

REFORMA AGRÁRIA

Feira do MST atrai 170 mil pessoas em São Paulo

Para dirigente, evento conseguiu comunicar para sociedade que a luta pela reforma agrária está intrinsecamente ligada à produção da alimentação saudável
por Redação RBA publicado 07/05/2017 20h09, última modificação 08/05/2017 11h26
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ENERGIA
Ativismo cultural e debates deram fôlego aos quatros dias de evento (Márcia Minillo/RBA)

Rute Pina, do Brasil de Fato – Nos últimos quatro dias, 170 mil pessoas passaram pela 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária, em São Paulo (SP), que se encerrou neste domingo (7). De acordo com a estimativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), organizador do evento, a feira este ano superou o sucesso de 2015, quando 150 mil visitantes passaram pela primeira edição da atividade. 

Antonia Ivoneide Melo Silva, dirigente nacional e integrante do setor de produção do MST, considera que o movimento conseguiu visibilidade mesmo com a pouca divulgação em grandes veículos de imprensa. "Na feira passada teve muita gente e teve informação da imprensa. Este ano, houve mais gente do que o outro e a grande imprensa não falou da gente — quando falou, foi para criticar. E o povo mesmo assim está aqui", comentou.

Segundo ela, além de desconstruir a imagem que a imprensa faz do movimento, a Feira conseguiu comunicar para sociedade que a luta pela reforma agrária está intrinsecamente ligada à produção da alimentação saudável. "O movimento que está aqui é o mesmo que luta pela terra porque as coisas não se separam, sem a posse da terra, nós não teremos produção saudável. A luta pela terra tem que casar com a luta pela produção e mudança do modelo agrícola", afirmou a dirigente. Segundo Ivoneide, o evento é a materialização da ideia da reforma agrária popular e do diálogo que as pautas do movimento fazem com a população.

Apoio do público

A artista plástica Caroline Harari, 58 anos, teve o primeiro contato direto com o MST neste domingo (7). Para ela, a feira desmistificou a ideia de que os militantes do movimento são "arruaceiros que entra nas propriedades quebrando tudo".

"Muitas vezes eu via, através da imprensa, o MST como uma entidade muito distante. Mas hoje, quando cheguei aqui, eu vi que são pessoas normais, gente simples que está lutando por um pedaço de terra e pelo direito de viver", disse Caroline.

Caroline contou que, na feira, encontrou "tudo o que o ser humano pode produzir", desde os produtos in natura aos mais elaborados, como geleias e artesanatos. Entre o público, produtos inusitados, como a cerveja artesanal "Fora, Temer" chamaram a atenção. Ainda segundo o MST, foram comercializadas 280 toneladas de alimentos.

Mesmo trabalhando há 30 anos com tratamentos de saúde por meio da aplicação de produtos e técnicas naturais, Suzane Barreto não conhecia o trabalho exercido pelo o MST na área. "Os sem-terra eu até gostaria de conhecer mais, se você quiser enviar algo para mim por e-mail, eu tenho interesse porque eu vejo falarem duas coisas, bem e mal… Mas não tenho nenhuma opinião formada", disse Suzane. Só de castanha ela levou dois quilos. Além disso, a naturopata comprou baru, sucupira e jenipapo.

Satisfação

Após três dias de viagem para chegar até São Paulo (SP), a feirante Josefa Cristina da Silva, do município de Mirante da Serra (RO), localizado a 2,7 mil quilômetros da capital paulista, mostrou satisfação com o último dia de vendas.

Na barraca de Rondônia os nove tipos diferentes de produtos feitos de cacau, principal produtos das lavouras do Assentamento Padre Ezequiel, fizeram  sucesso com o público da feira. Além deles, pimenta e banana também tiveram uma boa saída, garante a sem-terra. "Entre os produtos todos, o chocolate foi o que mais bombou aqui na feira", disse a agricultora que pretende voltar nas próximas edições da feira.

O coletivo de produção do assentamento Roseli Nunes, no município de Piraí, região sul do estado do Rio de Janeiro, comercializou banana, inhame, broa de milho, pimenta em conversa, pokã e doces.

O feirante Mário Bestetti pontuou a boa integração com os visitantes do evento. "Não tem explicação. Para você ver como é que estou aqui, sem voz. Você já pode ver que foi bom demais", disse ele com a voz rouca e falhada. Ele afirmou que, mesmo com a chuva em um dos dias do evento, o grande número de visitantes no final de semana superou a expectativa. "É muito importante por nós trazemos produtos de qualidade para a mesa das famílias brasileiras".

Diversidade

O químico Jorge Dreyer já havia participado da 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária em 2015. Neste ano, ele e sua esposa voltaram duas vezes: no primeiro dia, para comprar os produtos, como queijo e salame, e neste domingo, para almoçar nas tendas da Culinária da Terra — o prato escolhido foi o carreteiro, na barraca do Rio Grande do Sul. Para ele, a representação das diversidades regionais de todo o país foi o que mais chamou a atenção. "Eu acho que é importante para divulgar a cultura dos outros estados do Brasil, trazer os produtos que eles cultivam e produzem nos outros estados para o conhecimento das outras regiões", disse ele.

Já Caroline destacou, além da diversidade, os preços dos alimentos. "Infelizmente, aqui em São Paulo, a alimentação saudável, com produtos orgânicos, é muito caro. Já está muito caro comer com veneno. E aqui não. Temos acesso a produtos de primeira qualidade, acessíveis ao bolso de qualquer um. Poderia ter uma feira semanal que eu iria", finalizou a artista plástica.

O MST se prepara para uma nova Feira Nacional em 2018, também na capital paulista. O movimento mostrou o desejo de utilizar novamente o espaço do Parque da Água Branca para a terceira edição do evento, no próximo ano.

http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2017/feira-do-mst-atrai-170-mil-pessoas-em-sao-paulo

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FEIRA NACIONAL DA REFORMA AGRÁRIA

Um espectro ronda São Paulo, a Feira Nacional da Reforma Agrária

A disputa de projetos para a agricultura brasileira se apresentou para a sociedade na realização na mesma semana de duas grandes feiras.

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Se uma tem como público-alvo pessoas comuns, famílias que vivem em São Paulo e querem comprar uma variedade de alimentos diretamente dos produtores. Foto: Rica Retamal 

 

Por Igor Felippe Santos
Da Página do MST 


A disputa de projetos para a agricultura brasileira se apresentou para a sociedade na realização na mesma semana de duas grandes feiras. Na cidade de São Paulo, maior centro urbano do país, os acampados e assentados da reforma agrária, organizados pelo MST, promovem a 2ª Feira Nacional da Reforma Agrária. Em Ribeirão Preto, berço do agronegócio no interior paulista, associações dos grandes latifundiários realizaram uma das maiores feiras do segmento, a 24ª Agrishow.


A feira da reforma agrária, que envolve mais de 800 camponeses e camponesas de 23 estados, comercializa 280 toneladas alimentos para os paulistanos: arroz, feijão, tomate, mandioca, cebola, banana, abacaxi, queijos, leite, mel, suco de uva, produzidos em pequenas propriedades, a maior parte sem a utilização de agrotóxicos.


O evento do agronegócio exibe inovações tecnológicas para a produção em latifúndios, como tratores, colheitadeiras, podadoras, trituradores, escavadeiras, aeronaves, pulverizadores, voltados para a produção em grandes propriedades voltados para exportação, como soja, milho, carnes, algodão e etanol.


Enquanto uma feira expõe a produção de famílias de trabalhadores rurais de todas as regiões do país, que conquistaram a terra em um programa público de reforma agrária, a outra exibe máquinas modernas fabricadas por grandes empresas privadas, inclusive estrangeiras.


Se uma tem como público-alvo pessoas comuns, famílias que vivem em São Paulo e querem comprar uma variedade de alimentos diretamente dos produtores, a segunda é voltada para médios e grandes empresários que pagam em torno de 30 reais de ingresso para conhecer as novidades tecnológicas para renovar seus bens de produção e sobreviver em um mercado altamente competitivo.


Independente do juízo de valor que qualquer um possa fazer em relação às mostras, o caráter público da feira da reforma agrária é mais do que evidente. 


No entanto, o Jornal da Band, apresentado na noite desta sexta-feira (5/5), usa tom de denúncia para reportar a "polêmica" cessão de um parque público e acusa o apoio do governo municipal, estadual e federal à feira promovida por trabalhadores rurais que atuam no MST. 


E logo em seguida, sem demonstrar nenhum constrangimento, apresenta uma "reportagem", na realidade uma propaganda explícita, da mostra de tecnologia do agronegócio.


A cessão de um parque público pelo governo estadual para uma feira aberta de camponeses de todo o país e o apoio institucional para a promoção da produção de assentados por meio do programa público de reforma agrária geram "polêmica" para a Band.


No entanto, não gera qualquer polêmica o governo federal, governo estadual e prefeitura de Ribeirão Preto bancarem a Agrishow, que atende interesses eminentemente privados e ainda cobra ingressos para a entrada. Inclusive, não gera polêmica alguma o evento acontecer no chamado Centro da Cana, do Instituto Agronômico da secretaria de Agricultura e Abastecimento do governo estadual.


Ou seja, o governo do estado atuou com isonomia e cedeu espaços públicos tanto para a feira dos assentados como para os latifundiários. 


O procurador de Justiça Márcio Fernando Elias Rosa, secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo, atuou de forma republicana. Já o secretário do Meio Ambiente, Ricardo Salles, indicado pelo PP e ex-diretor da Sociedade Rural Brasileira, agiu como cão de guarda dos segmentos mais reacionários do latifúndio.


A reportagem claramente encomendada da Band tem objetivos claros: queimar o secretário Marcio Fernando, criar constrangimentos para o poder público e impor dificuldades para a realização das próximas feiras da reforma agrária. 


A Agrishow está na sua 24ª edição, mas a família Saad e os segmentos mais atrasados do agronegócio não querem uma terceira feira nacional da reforma agrária no Parque da Água Branca, no coração da cidade de São Paulo. 


Não admitem que os assentados tenham a oportunidade de mostrar à população a produção da reforma agrária. Não querem desvelar o potencial da pequena agricultura, que produz em quantidade e qualidade com apenas 15% do crédito investido pelo governo federal no Plano Safra. 


Não têm serenidade em acompanhar, com um raro sentimento de impotência, que milhares de pessoas que visitam a feira possam ver com os próprios olhos não apenas a farta produção, mas o rosto, as mãos, o cuidado e a dedicação de um povo trabalhador que costuma ser chamado nos noticiários de invasores, baderneiros e bandidos.  


Não suportam que aqueles que "invadem terra" melhoram de vida, obtém conquistas e, por meio da luta e do suor do próprio trabalho sem patrão, ocupem um parque no centro de São Paulo com a sua produção de alimentos, cultura, cara e coragem.


Não aguentam ver que a realidade fabricada pelos latifundiários e seus braços ideológicas na grande mídia cair por terra, diante da contradição imposta pela experiência concreta que a feira da reforma agrária proporciona a milhares de paulistanos desejosos de alimentos saudáveis de qualidade quando se deparam com os resultados da luta do MST e da reforma agrária popular.


Os cães ladram e a caravana passa. Até a próxima feira nacional da reforma agrária em 2018!


http://www.mst.org.br/2017/05/06/um-espectro-ronda-sao-paulo-a-feira-nacional-da-reforma-agraria.html

http://www.mst.org.br/II-feira-nacional-da-reforma-agraria/ 

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FEIRA NACIONAL DA REFORMA AGRÁRIA

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz