A pior notícia da semana – e não é o aumento do judiciário (por Henrique Britto Agliardi)
Nesta última terça-feira, dia 31 de maio de 2016, tivemos no Senado a aprovação da Medida Provisória (MP) 706, que promove mudanças no setor elétrico, gerando um aumento na conta de luz de todo o país entre 3 a 6%.
Essa informação parece ter um impacto pequeno, comparada com a recente aprovação de aumento para os servidores públicos que culmina em um custo total de 58 bilhões. Esse aumento nas contas de luz soma um total de "somente" 3.5 bilhões. Então, por que seria mais grave?
Porque o aumento nas contas de luz foi aprovado para subsidiar a empresa Eletrobrás¹.
Mas você sabe por que ela precisa de subsídio?
Porque foi retirada da lista de negociações da Bolsa de Valores de NY, o que ocorreu porque a agência reguladora internacional que a avalia não deu sua creditação por 2 anos seguidos e só o dará após serem resolvidas todas as investigações de corrupção envolvendo a Eletrobrás².
E você sabe por que elas não são resolvidas?
Porque dentro da Lava Jato, elas envolvem a Lista de Furnas, sendo Furnas uma usina no formato parceria público-privada da Eletrobrás. Essa lista contém o Aécio Neves, sobre o qual Rodrigo Janot recentemente solicitou abertura de investigações em função da Lista de Furnas e teve seu pedido devolvido pelo ministro Gilmar Mendes, sendo somente esta semana autorizado o prosseguimento da investigação. Mas além do Aécio Neves, há uma pessoa muito mais importante presente nessa lista: o próprio Gilmar Mendes.³
Segundo todas as notícias anteriores à retirada dos papéis da Bolsa de Valores, o rombo que a retirada causaria poderia chegar a 40 Bilhões, que poderia ser reposto a partir do Tesouro Nacional. Neste momento, essa projeção não está mais em nenhuma notícia recente, e todos os números das notícias falando da aprovação da MP 706 no Senado são consideravelmente menores do que os presentes nas notícias que informavam sobre a aprovação na Câmara. Mas todas essas mesmas notícias destacam que o texto aprovado na Câmara e no Senado é exatamente igual.
Na mesma linha, todas as notícias de grandes veículos envolvendo o pedido de investigação de Aécio apenas citam que ele teria recebido dinheiro de Dimas Toledo, "ex-diretor de engenharia de Furnas". Não destacam que a Lista de Furnas, que inclui Gilmar Mendes, é a lista de pessoas que teriam recebido dinheiro ilegal de Dimas Toledo. A investigação de Aécio é pela Lista de Furnas. E Gilmar não a aceitou em um primeiro momento.
Por que Gilmar não aceitou? Por que coube a Gilmar julgar alguém pelo mesmo crime que ele próprio foi acusado?
A investigação a respeito de Furnas implica em investigar também Gilmar Mendes.
E essa investigação tem sido postergada desde o começo, sendo anulados os pedidos prévios de investigação.
Os envolvidos não querem investigar seus próprios crimes, e o aumento de até 6% nas contas de luz de todas as pessoas, de todo o país, vai servir pra cobrir o rombo causado por sua tentativa de ocultar seus próprios crimes.
O aumento no salário dos servidores públicos é algo grave neste momento, mas faz alguma justiça para muitos segmentos que não tinham ajuste salarial compatível há anos.
Esse aumento nas contas de luz não se justifica em nada.
É literalmente sermos punidos pela corrupção alheia, tanto a corrupção da propina quanto a do não julgamento.
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1- http://www.plantaobrasil.net/news.asp?nID=94411
2- http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/05/1772524-bolsa-de-nova-york-suspende-negociacao-de-acoes-da-eletrobras.shtml
3- http://cartacampinas.com.br/2016/03/denuncia-contra-aecio-em-furnas-envolve-tambem-o-ministro-gilmar-mendes/
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Henrique Britto Agliardi é estudante de Medicina, já estudou Física e Publicidade, é coordenador geral do DCE da UFCSPA.
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