Islandeses optam por nova Constituição formulada pelos cidadãos
População também optou por maior controle do Estado sobre recursos naturais do país
22/10/2012
João Novaes,
Com dois terços dos votos apurados, 66% dos islandeses aprovaram, em plebiscito, uma profunda reforma constitucional. A população do país defendeu a adoção de uma nova Carta Magna redigida por um comitê de constituintes. A votação foi realizada neste sábado (20) e é apenas uma consulta popular, pois ainda precisa da aprovação do Congresso para se transformar em lei.
O plebiscito perguntava aos islandeses que respondessem “sim” ou “não” para seis perguntas. Além de aprovarem o projeto constitucional proposto pelo comitê, os islandeses também optaram, com 80% de apoio popular, por um maior controle do Estado na economia nacional, em especial sobre os recursos naturais do país. Agora, matérias-primas de atividades como a pesca e a energia geotérmica passam a ser considerados “propriedade nacional”, e multinacionais terão de pagar mais para usufruir da exploração desses recursos.
Segundo a votação, os próximos chefes de Estado não poderão se reeleger por mais de três vezes. Os habitantes também aprovaram a possibilidade de aprovar a realização de novos referendos caso 10% da população formalize o pedido através de coleta de assinaturas.
As perguntas contidas no plebiscito foram            formuladas por 25 membros do Congresso islandês, após terem            recebido 3600 comentários e 370 sugestões no site do projeto e            de suas representações em redes sociais.
            A taxa de participação da votação até agora foi calculada em            50% de um total de 235 mil cidadãos aptos a votar, de acordo            com a rede de TV RUV, muito abaixo dos 72,9% registrados no            ano passado, em outro referendo sobre se a população deveria            ou não indenizar os credores do banco Icesave, que faliu            durante a crise financeira de 2008. O povo optou por não pagar            a dívida, deixando a responsabilidade para o causador da            crise, o sistema financeiro.
            A quase falência econômica do país em 2008 em função da crise            financeira desencadeou movimentos sociais em prol de uma            futura constituição elaborada pelos próprios cidadãos.
            A constituição vigente foi adotada em 1944, depois que a            Islândia se tornou independente da Dinamarca.
            “Trata-se de uma recado muito claro para o Parlamento. A            maioria dos eleitores quer mudanças em todos os tópicos            abordados pela votação”, disse o economista Thorolfur            Matthiasson, da Universidade da Islândia para a agência Reuters.

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