Fogos à hipocrisia
Em uma tentativa clara de mostrar que o julgamento do “mensalão” não será um juízo de exceção, como muitos suspeitam, o Supremo Tribunal Federal convocou uma sessão extraordinária para a manhã da última quarta-feira 17. O objetivo era analisar e dar rumo a casos pendentes. Calcula-se que ao menos 190 parlamentares estejam com processos atualmente em tramitação na Corte, por crimes como compra de votos, peculato, corrupção, formação de quadrilha e até crimes comuns, como homicídio, sequestro e tráfico de drogas. Nos últimos anos, quatro deputados federais e ex-deputados foram condenados pelo Supremo, mas nenhum foi preso até agora.
Bastariam esses números para estabelecer o anticlímax entre os que, de boa-fé ou cinicamente, tentam ver no julgamento do chamado mensalão o raiar de uma nova aurora no controle à corrupção. O Brasil mudou? Acordamos subitamente em um país mais rigoroso, mais cioso em relação ao trato com o bem público? Teremos daqui em diante punições exemplares para todo e qualquer corrupto, tenha ele desviado bilhões ou uma simples caneta do almoxarifado? Nos rankings internacionais de corrupção deixaremos nossa sempre vexatória posição e galgaremos postos rumo ao paraíso da honestidade?
No início da noite da quinta-feira 18 prosseguia a análise do derradeiro capítulo do julgamento do mensalão. O relator do processo, Joaquim Barbosa, como previsto, condenou em seu voto por formação de quadrilha José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e caterva. O revisor, Ricardo Lewandowski, também como imaginado, os absolveu. Os demais ministros devem encerrar o caso até a quinta 25.
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