Eleições
06.05.2012 18:13
Hollande vence Sarkozy e socialistas voltam ao poder na França
François Hollande diz querer ter "uma presidência normal". Foto: AFP
PARIS, França (AFP) – O socialista François Hollande foi eleito presidente da França neste domingo 6 ao derrotar o atual chefe de Estado, o conservador Nicolas Sarkozy, no segundo turno das eleições francesas.
Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Hollande afirmou que a “austeridade não deve ser uma fatalidade” entre os diversos governos de uma Europa em crise.
“Hoje mesmo, responsável pelo futuro do nosso país, estou ciente de que toda a Europa nos observa”. “Na hora em que o resultado foi anunciado, tive a certeza que em diversos países europeus houve um sentimento de alívio e de esperança, de que, por fim, a austeridade não deve ser mais uma fatalidade”, disse Hollande, que obteve 52% dos votos.
“Neste 6 de maio, os franceses escolheram a mudança para me levar à presidência da República” e estou “orgulhoso por ter sido capaz de devolver esta esperança”. “Prometo ser o presidente de todos”.
“Envio uma saudação republicana a Nicolas Sarkozy, que dirigiu a França durante cinco anos e que por isto merece nosso respeito”.
Sarkozy reconheceu a derrota no início da noite e chamou Hollande de “novo presidente” que o “povo francês elegeu de forma democrática e republicana”.
O atual chefe de Estado assumiu “toda a responsabilidade pela derrota” e comunicou a seus partidários que não liderará a luta para as eleições legislativas, previstas para 10 e 17 de junho.
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“Não se dividam, permaneçam unidos. É preciso vencer a batalha das legislativas. Podemos ganhar. O resultado (deste domingo) foi honroso. Mas não vou liderar esta campanha”.
“Minha posição não pode ser a mesma. Meu compromisso com a vida do meu país será diferente agora”, disse Sarkozy.
Hollande se converte assim no segundo presidente socialista da V República Francesa fundada pelo general Charles De Gaulle em 1958, depois de François Mitterrand, chefe de Estado de 1981 a 1995.
Mais cedo, um de seus aliados, Jean-Marc Ayrault, afirmou que um dos primeiros atos de Hollande como presidente eleito será entrar em contato com a chefe do governo alemão, Angela Merkel, na noite deste domingo.
“Creio que ele entrará em contato com Merkel para discutir uma reorientação da Europa pelo crescimento, pela competitividade e pela proteção”, disse a jornalistas Ayrault, possível primeiro-ministro de Hollande.
O novo líder francês anunciou que renegociará o pacto fiscal europeu de ajustes e austeridade, elaborado por Sarkozy e Merkel, como parte de uma aliança batizada por ele de ‘Merkozy’, visando o acréscimo de um capítulo de apoio ao crescimento.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, afirmou na noite deste domingo que seu país “vai trabalhar junto” com a França “por um pacto de crescimento para a União Europeia”.
“Precisamos incrementar novas medidas de crescimento, e isto passa por reformas estruturais”, disse Westerwelle.
Hollande contou com o apoio incondicional do candidato da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon (11,10% dos votos no primeiro turno), da ecologista Eva Joly (2,31%) e do centrista François Bayrou (9,13%), mas a dirigente da Frente Nacional (FN, extrema direita), Marine Le Pen (quase 18%), defendeu o voto em branco, apesar de criticar Sarkozy com virulência.
No início da noite, Le Pen afirmou que Sarkozy e seu partido UMP foram os responsáveis pela vitória dos socialistas.
“Foi Nicolas Sarkozy que permitiu a vitória de François Hollande. Foram todos os dirigentes da UMP que não pararam de dizer que votar nos socialistas não seria tão ruim, tão dramático”.
Sarkozy passa a engrossar a lista dos líderes políticos vítimas da crise europeia, ao lado do socialista espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, do também socialista português José Socrates e do trabalhista britânico Gordon Brown, que pagaram nas urnas por sua política de austeridade.
A eles se somam o italiano Silvio Berlusconi (direita) e o socialista grego Giorgos Papandreu, forçados a sair por pressão da própria União Europeia.
A campanha na França, como as demais, foi marcada pela crise financeira que castiga duramente países como Espanha, Grécia, Itália e Portugal, e por questões como imigração e segurança nas fronteiras, com claro avanco da extrema direita.
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