pergunta:
Emir Sader
30.10.09
hoje, dia 30, as 22h10
Nesta sexta-feira (30/10), às 22h10,
a TV Educativa do Paraná exibe mais uma
edição do Programa Projeto Popular.
Produzido, elaborado, e conduzido pelos movimentos sociais brasileiros,
o programa se dispõe a debater os grandes temas da sociedade mundial,
latino-americana e brasileira de forma interdisciplinar a partir do
movimento social brasileiro com vistas à elaboração de
um projeto popular de nação é o objetivo desse programa.
O programa nesta semana aborda a realização da I Conferencia Nacional de Comunicação.
Participam da discussão Elza de Oliveira (Professora da Universidade Positivo) e
Flora Neves (Professora do Departamento de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina-PR e
membro da Comissão Organizadora da Conferencia Estadual de Comunicação).
O Programa Projeto Popular é exibido às sextas-feiras, sempre às 22h10.
A iniciativa é fruto da parceria dos movimentos sociais brasileiros com a TV Educativa do Paraná
(Canal 9 da TV aberta - somente naquele estado -, ou 115 da SKY).
Os programas também podem ser vistos pela internet:
http://www.aenoticias.pr.gov.br/tv-aovivo.php
ou
http://www.rtve.pr.gov.br/modules/programacao/tv_ao_vivo.php
Informações: projetopopular@quemtv.com.br
28.10.09
PROGRAMAÇÃO CONFERÊNCIA MUNICIPAL COMUNICAÇÃO
1ª Conferência Nacional de Comunicação
Etapa Municipal Preparatória Caxias do Sul
29 de outubro de 2009
Plenário da Câmara de Vereadores
Programação
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8 horas Recepção e Inscrição
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8h30min Abertura
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9 horas Painel 1: Produção de Conteúdo
Prof. Dr. Álvaro Benevenuto Júnior
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9h40min Painel 2: Meios de Distribuição
Jornalista Clomar Porto
Empresário e Jornalista Paulo Cancian
Empresário Oli Paz da Costa
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11 horas Painel 3: Cidadania: Direitos e Deveres
Psicóloga Ivarlete Guimarães França
Professor e Advogado José Ferreira Machado
-
12h às 14h Intervalo
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14 horas Formação de grupos - discussão e apresentação de propostas referentes aos painéis
-
15h30min Plenária para apresentação das propostas por grupo
-
18 horas Encerramento
Declaración de las Organizaciones Campesinas en Solidaridad con el Pueblo Hondureño ante el Golpe Político-Militar
de la CLOC – Vía Campesina reunidos en Quito, Ecuador del 23 al 25 de
Octubre del 2009 en el marco de nuestros espacios de articulación de la
Comisión Internacional de Reforma Agraria Integral y del Encuentro de
las organizaciones de Sur América donde estamos participando más de 80
participantes de los países de Chile, Argentina, Paraguay, Uruguay,
Brasil, Colombia, Perú, Ecuador, Bolivia, Venezuela, Estados Unidos,
Madagascar, República Dominicana, Guatemala, Nicaragua, México, El
Salvador, Indonesia, y Filipinas.
Nos solidarizamos con las organizaciones campesinas de Honduras y al
pueblo en general en la que mostramos nuestra más profunda solidaridad y
al mismo tiempo ratificamos nuestro reconocimiento al Gobierno
constitucionalmente electo, Manuel Zelaya Rosales que fue electo
popularmente.
Condenamos enérgicamente todos los actos de muerte, persecución política
a los dirigentes populares, violación de los todos los derechos humanos
de la población hondureña como la libre circulación, acceso a la
información, condenamos todos las muertes perpetuados a miembros(as) del
Frente Nacional de Resistencia Popular.
Nosotros como hombres y mujeres del campo nos sumamos a la posición del
Frente de Resistencia a que no puede haber elecciones mientras no sea
restituido el Orden Constitucional de Honduras como asimismo la
restitución del legítimo Presidente el Señor Manuel Zelaya Rosales.
Este golpe cuenta con la complicidad de sectores reaccionarios de la
derecha, militares, líderes religiosos, empresarios etc.; pero éstos son
mandados por algunos sectores extremistas del imperialismo
Norteamericano, garantes de los politiqueros y militaristas, de lo
contrario ya se hubieran salido del país en desbandada ante la presión
popular.
Las organizaciones de la CLOC y Vía campesina, estamos convencidos que
este golpe fue a la lucha de los pueblos de América Latina y aquellas
expresiones populares que se han levantado en algunos países del mundo a
construir un nuevo proyecto popular.
Al pueblo hondureño y en especial a nuestros hermanos campesinos(as) les
enviamos nuestra solidaridad ya que todos los pueblos del mundo estamos
alerta para realizar acciones contra el Gobierno militar y dictatorial,
acciones que se llevaran a cabo durante el mes de noviembre a nivel
latinoamericano e internacional.
Exigimos a esta dictadura militar que no con sus actividades de presión,
espionaje y amenazas a la integridad física de nuestro dirigente
internacional de la COC- Vía campesina del mundo, el compañero líder y
dirigente de la resistencia Rafael Alegría, ellos y serán los
responsable de cualquier atentado a la vida del compañero y demás
hermanos que están en resistencia.
"Nadie debe obediencia a un régimen usurpador
El pueblo tiene derecho a la insurrección".
VIVA EL PUEBLO DE FRANCISCO MORAZAN Y EL CACIQUE LEMPIRA
GLOBALICEMOS LA LUCHA, GLOBALICEMOS LA RESISTENCIA
DEL PUEBLO HONDUREÑO
26 de octubre, 2009
Quito, Ecuador
FIRMANTES ORGANIZACIONES CAMPESINAS DE CLOC – VIA CAMPESINA –Sudamérica
RED DE MUJERES rurales de Uruguay
ANAMURI – Asociación Nacional de Mujeres Rurales e Indígenas, Chile
Confederación Ranquil, Chile
Mov. Campesino Paraguayo
Organización de Lucha por la tierra, Paraguay
CONAMURI - Coordinadora Nacional de Organizaciones de Mujeres
Trabajadoras Rurales e Indígenas, Paraguay
MNCI – Movimiento Nacional Campesino e Indígena, Argentina
APENOC, Argentina
MOCASE -VC – Movimiento Campesino Santiago del Estero, Argentina
COCITRA –Coordinadora de Organizaciones Campesinas, Indígenas y
Trabajadores Rurales de Argentina., Argentina
MST – Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra, Brasil
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, Brasil
MPA – Movimento de Pequenos agricultores, Brasil
MMC- Movimento de Mulheres Camponesas, Brasil
PJR – Pastoral da Juventude Rural, Brasil
CPT _ Comissão Pastoral da Terra, Brasil
FEAB _ Federação Estudantes de Agronomia do Brasil
CSUTCB – Confederación Sindical Única de Trabajadores Campesinos de Bolivia
MST-B – Movimiento Sin Tierra de Bolivia
CNMBS- Confederación Nacional de Mujeres Bartolina Sisa, Bolivia
Consejo Andino de Productores de Coca, Bolivia
CNA – Coordinador Nacional Agrario, Perú
CCP – Confederación Campesina de Perú
FEMUCARINAP – Federación de Mujeres Campesinas Indígenas de Perú
CNA – Coordinador Nacional Agrario, Colombia
FENSUAGRO – Federación Nacional Sindical Unitaria Agropecuaria, Colombia
FENACOA – Federación Nacional de Cooperativas Agropecuarias, Colombia
FENOCIN – Federación Nacional de Organizaciones Campesinas, Indígenas y
Negras del Ecuador
FENACLE – Federación Nacional de Trabajadores Agroindustriales,
Campesinos e Indígenas Libres del Ecuador
CNC – EA – Coordinador Nacional Campesino – Eloy Alfaro, Ecuador
CONFEUNASSC – Confederación Nacional del Seguro Social Campesino, Ecuador
CANEZ – Coordinadora Agraria Nacional Ezequiel Zamora, Venezuela
FNCEA – Frente Nacional Campesina Ezequiel Zamora, Venezuela
*************************************
Minga Informativa de Movimientos Sociales
http://movimientos.org/
27.10.09
29/10, das 8h as 18h - etapa municipal da CONFECOM
Etapa Municipal Preparatória – Caxias do Sul
Data: 29 de outubro de 2009
Horário: das 8 às 18 horas
Local: Plenário da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul
Rua Alfredo Chaves, 1323
Venha discutir e formular propostas para uma Política Nacional de Comunicação!
Comissão Organizadora
Contatos: Arminda Bertuzzi (54) 9181.4382, Cláudio Abreu (54) 9923.6734, Eloá Nespolo, (54) 9104.4872, Jeferson Ageitos (54) 8417.8322, Pedro Pozenato (54) 9609.5942 , Rosi Brogliatto (54) 8133.9930, Joaldo Nery (54) 9158.3263
Medalha a Tarso Genro
dia 28, quarta, 19h30 - palestra gratuita
26.10.09
A fria lâmina de uma CPI anunciada
O campo ideológico das entidades que representam os proprietários de terra está unido em torno de um ponto: Barrar a revisão dos índices de produtividade rural, mantendo os dados defasados do IBGE, que datam de 1975, como parâmetro para as desapropriações. A iniciativa é tão clara que só uma cobertura midiática enviesada pode ocultar sua real intenção: bloquear qualquer possibilidade de reforma agrária.
A CPI do MST no Congresso é a resposta dos setores mais reacionários da sociedade brasileira a uma conjuntura política que, ao contrário das anteriores, facilita o processo de emancipação dos trabalhadores rurais da tutela do proprietário da terra, permitindo-se pensar em projetos de democracia moderna no Brasil.
É importante lembrar que apesar de a repressão no campo não ter recuado – em alguns casos até houve agravamento – o aumento do espaço do debate político favorece o atendimento de demandas legítimas de movimentos sociais que, desde os anos 1980, se organizam pelas bases, assumindo um protagonismo salutar. Assim, como força reativa, o esforço de criminalização do MST obedece a um antigo procedimento ideológico, precisamente diagnosticado pelo sociólogo José de Souza Martins:
"demonstrar que a causa eficiente dos conflitos e lutas pela terra está na ação dos grupos e partidos comprometidos com a tese da reforma agrária", ocultando a violência do próprio capital, dos grileiros que, tal como a Cutrale, recebem incentivos financeiros e econômicos.
Caiado e Kátia Abreu, entre outros representantes do atraso, sentem saudades de antigos pactos políticos, pelos quais a burguesia (nacional e estrangeira), através de ampla aliança com diversificados setores civis e militares, atualizava seu modelo de desenvolvimento, mantendo as classes subalternas em seu lugar. Convém lembrar que não só os trabalhadores rurais foram atingidos pela política de extermínio desse bloco de poder. Também os povos indígenas se defrontaram com essa frente capitalista de destruição humana que teve (e tem) amplitude nacional.
Não devemos esquecer que a UDR de Ronaldo Caiado fez sucesso junto aos grandes e pequenos proprietários defendendo a propriedade da terra em si. Seus métodos políticos sempre primaram pela clareza e truculência. Em 1987, realizou um leilão de dez mil cabeças de gado de corte e reprodutores, e cavalos da raça manga-larga com o objetivo de mostrar aos constituintes a força do latifúndio, evitando que a Reforma Agrária fosse aprovada pelo plenário. Entre os que não concordaram com seus métodos, comentou-se, à época, que Caiado desestabilizou lideranças de cooperativas em todo o país para eleger pessoas ligadas à UDR.
Há quem acredite que os protagonistas da decantada "modernidade rural" teriam trocado o radicalismo da União Democrática Ruralista pelo diálogo em busca de resultados. Em artigo publicado aqui mesmo, em 8 de março de 2006, Maurício Hashizume apresentou os resultados da "dialogicidade" dos donos da terra:
"Nos últimos 20 anos, 1,5 mil lideranças de trabalhadores rurais foram mortas em conflitos no campo, de acordo com números da Contag. Desse total somente 76 casos foram julgados e apenas em 16 deles houve condenação."
No plano institucional o cenário não é alentador. Os planos do governo para controlar a CPI do MST devem esbarrar na capilaridade dos interesses rurais em diversas bancadas. Hoje, "para neutralizar os avanços da esquerda", ruralistas e industriais estão unidos em diversas partidos, alguns da base aliada. O braço parlamentar do extermínio deve mostrar sua força nas críticas aos sem-terra e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Aos que acenavam com voluntarismo sobre a política de alianças, esses dados devem levar a uma inflexão.
É hora da parcela progressista da sociedade civil reabrir as portas da história para que esse processo não tenha continuidade. De um lado estão trabalhadores assalariados, posseiros e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) como vítimas de toda sorte de violência. De outro, os mandantes, atores vinculados à produção em grandes propriedades, representando os interesses de sua classe. E é na fria lâmina dessa dialética que devemos intervir com firmeza e precisão.
Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior, colaborador do Correio do Brasil e do Jornal do Brasil.
Declaración de Quito sobre Reforma Agraria
Por una Reforma Agraria Integral, genuina y verdadera que solucione la crisis de los alimentos, el cambio climático, ¡Basta de Criminalización!
(Quito, 25 de octubre de 2009) Reunidos en Quito, Ecuador, representantes de países del mundo miembros de la Comisión Internacional de Reforma Agraria Integral, en el marco de la Campaña Global por la Reforma Agraria que impulsa La Vía Campesina, tras analizar la situación de la Reforma Agraria, la defensa de la tierra y el territorio para mejorar las condiciones de vida en el campo, concluimos lo siguiente.
La crisis de los alimentos y la crisis climática que estamos enfrentando son resultado de la aplicación de la tecnología de revolución verde y las políticas de comercio en la agricultura a nivel mundial. Las soluciones que promueven los gobiernos no favorecen a las comunidades indígenas y campesinos y trabajadores agrícolas. La presión que se está poniendo a los países tropicales para proteger los bosques como zonas verdes no contrarresta las emisiones de carbono que emiten las industrias de los países del norte, no beneficia a los campesinos, porque al final la solución es producir alimentos sanos y suficientes para nuestros pueblos.
La mala distribución de la tierra y el proceso de reconcentración de la misma en manos de pocos, en este caso de las corporaciones transnacionales que implantan monocultivos de soya y eucalipto en Brasil, palma africana en Colombia e Indonesia, caña de azúcar, piñon, hule. Estas corporaciones contaminan los ríos y privatizan el acceso al agua que pone en peligro la vida de las familias campesinas. Las corporaciones están comprando e invadiendo tierra comunal y familiar que históricamente ha servido para producir alimentos.
Por décadas, los campesinos y los pueblos indígenas del mundo estamos unidos para luchar por la reforma agraria para recuperar y defender nuestros territorios y hemos sido criminalizados por nuestra lucha. Esta criminalización de la lucha y la represión, en la que están involucrados la policía, el ejército, la seguridad privada de las empresas, se traducen en asesinatos, persecución judicial y un alto nivel de impunidad porque no se investiga, no se castiga a los responsables a pesar de las denuncias y las pruebas que se tienen. Tal el caso de Brasil, Indonesia, Honduras, Bangladesh, etc. En Guatemala, solo en este mes de octubre asesinaron a dos dirigentes comunitarios: Adolfo Ichich Chaman y Orlando Boror Set, así como al abogado defensor de los pueblos indígenas, Fausto Otzin Poyon, quienes fueron asesinados por empresas mineras transnacionales.
Después de un largo proceso de lucha de los movimientos sociales, la FAO declaró la importancia de la distribución de la tierra consignada en la Conferencia Internacional sobre Reforma Agraria en Porto Alegre en 2006: Declaración oficial de la Conferencia Internacional de Reforma Agraria y Desarrollo Rural.
Sin embargo, el seguimiento a esta declaración ha sido muy lento o nulo en muchos países, a excepción de Honduras y República Dominicana, donde las organizaciones encontraron apoyo de la FAO, los movimientos sociales y gobiernos para esta actividad. En el resto de países, la misma FAO y algunos gobiernos no tienen la intención de implementar este acuerdo.
Demandamos:
-
El cese inmediato a la represión de la lucha y la criminalización de los campesinos y los indígenas que son los productores de los alimentos del mundo.
-
Investigación, captura y enjuiciamiento de los responsables de los asesinatos de dirigentes campesinos e indígenas. Cese a la persecución judicial y libertad inmediata de los presos políticos.
-
Demandamos que el seguimiento a la declaración de la FAO sea basado en las propuestas formuladas por las organizaciones campesinas e indígenas.
-
Reafirmamos la necesidad de implementar una Reforma Agraria Integral como un elemento fundamental de la Soberanía Alimentaria.
-
Llamamos a la solidaridad internacional y a los pueblos del mundo a estar atentos al desenvolvimiento del proceso de las luchas por una reforma agraria integral.
Globalicemos la Lucha
Globalicemos la Esperanza !!!!
Reforma Agraria
Por la Defensa de la Tierra y el Territorio.!!!!
--
Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e
acredita-se estar livre de perigo.
25.10.09
A América Latina e o período histórico atual
25/10/2009
I. O período histórico atual foi aberto pela confluência de três viradas, todas elas de caráter regressivo:
- a passagem de um mundo bipolar a um mundo unipolar, sob hegemonia imperial norteamericana;
- a passagem de um ciclo longo expansivo do capitalismo a um ciclo longo de caráter recessivo;
- a passagem da hegemonia de um modelo regulador – ou keynesiano ou de bem-estar social, como se queria chamá-lo – a um modelo neoliberal, desregulador, de livre mercado.
O triunfo do bloco sob direção norteamericana levou, depois de muitas décadas, a um mundo unipolar, com uma hegemonia inquestionável de uma única superpotência e a derrota e desaparição da outra – situação nunca antes vivida no mundo. Todo o papel de freio relativo à expansão imperial dos EUA deixou de existir, foram possíveis as guerras das duas últimas décadas – algumas chamadas de "guerras humanitárias", violando a soberania de países, o que não acontecia desde o fim da primeira guerra mundial.
A irrupção de um mundo unipolar permite a apropriação militar e econômica pelo bloco ocidental e, em particular, pelos EUA, que puderam estender a economia de mercado a territórios insuspeitados como a China, a Rússia e os países do leste europeu. Permitiu incorporar à União Européia e à Otan a países antes membros do Pacto de Varsóvia. Configura-se assim um sistema mundial único, nos planos econômico, político e militar, sob direção norteamericana. Um único império mundial, mesmo se com contradições e disputas internas, reina no mundo. As guerras se dão desse bloco dominante contra zonas de resistência à sua dominação – Iugoslávia, Iraque, Afeganistão.
A passagem do ciclo longo expansivo – o de maior desenvolvimento capitalista, que Eric Hobsbawn caracterizou como a "era de ouro" desse sistema – ao ciclo longo recessivo tem repercussões importantes. Aquela ciclo teve a convergência dos três vetores fundamentais da economia mundial – os EUA (com a Alemanha e o Japão crescendo ao mesmo tempo que os EUA, fenômeno único), o campo socialista e economias da periferia (como México, Argentina e Brasil). Na sua convergência, produziram o maior ritmo de crescimento da economia mundial. Foi também o período de consolidação da hegemonia econômica norteamericana e do bloco ocidental.
A passagem ao ciclo longo recessivo não apenas significou a diminuição radical dos ritmos de crescimento, mas também a substituição do tema central do período anterior – o crescimento econômico – pelo de estabilização. De uma pata desenvolvimentista, a uma conservadora. Ao mesmo tempo que foi introduzida a temática da "ingovernabilidade" como central. Esta expressaria o conflito entre condições de produção da economia e demandas, como reflexo do ciclo longo recessivo e dos direitos acumulados ao longo das décadas de expansão econômica.
Esse conflito foi também o responsável pela irrupção de crises inflacionarias, especialmente nos países da periferia. Foi nesse hiato que se insinuou o FMI, com empréstimos em troca de cartas de intenções, que impunham duros ajustes fiscais, que preparam o caminho para Estados mínimos e políticas neoliberais.
O terceiro fator, a hegemonia de modelos neoliberais, com uma abrangência mundial que nenhum outro modelo tinha conseguido, teve a ver com essa transição de ciclo longo. Os programas neoliberais consolidaram uma nova relação de forças em escala mundial, iniciada com o fim da bipolaridade. A globalização e seus programas de desregulação, de abertura das economias, de privatizações, de precarização das relações de trabalho, de Estado mínimo, alteraram de forma radical a relação de forças entre os países do centro e da periferia, e entre as classes sociais dentro de cada país.
Intensificou-se a concentração econômica e de poder a favor das potências globalizadoras, em detrimento dos países da periferia. Estes, com Estados vítimas de acelerados processos de abertura econômica, viveram crises de caráter neoliberal, como foram os casos do México, da Rússia, dos países do sudeste asiático, do Brasil e da Argentina, em particular.
Modificou-se também radicalmente a correlação interna entre as classes em cada país, a favor das elites dominantes, com políticas neoliberais de precarização das relações de trabalho, com o aumento do desemprego aberto e da fragmentação do mundo do trabalho.
2. Na sua confluência de todos esses fatores essa mudança de período representa uma alteração de grandes proporções nas relações de força em escala mundial, com seus reflexos em cada região e em cada país. É preciso detalhar mais algumas das suas conseqüências.
A hegemonia dos EUA como superpotência representou que ele se tornou a única potência política mundial, que tem interesses em todas as partes do mundo, tem políticas para todos os temas e lugares. Sua superioridade militar se tornou incomensurável. A vitória na guerra fria significou também o triunfo ideológico da interpretação do mundo do campo vencedor.
Para o campo socialista o enfrentamento central da nossa época se dava entre o socialismo e o capitalismo. Para o campo imperialista, se daria entre totalitarismo e democracia. Teria sido derrotado o totalitarismo nazista e fascista, em seguida teria sido derrotado o totalitarismo comunista, agora se buscaria derrotar o totalitarismo islâmico e terrorista.
Com o triunfo do campo ocidental, desapareceram as alternativas no horizonte histórico contemporâneo, as propostas anticapitalistas. Cuba entrou no seu "período especial" diante do fim do campo socialista e da URSS, buscando evitar retrocessos. A China optou pela via de uma economia de mercado.
Democracia liberal passou a sintetizar democracia, economia capitalista se dissolveu no marco de uma suposta economia internacional ou economia de mercado. Foi uma vitória de uma visão do mundo e de uma forma determinada de vida – "o modo de vida norteamericano". Este se transformou no elemento de mais força na hegemonia dos EUA no mundo, praticando não deixando intacto nenhum rincão do mundo – da China à periferia das grandes metrópoles – imune à sua influência.
Se esse é o elemento de maior força, a esfera econômica está entre seus pontos mais débeis. A desregulação econômica promovida pelo neoliberalismo, propiciou a hegemonia acelerada e generalizada do capital financeiro sob sua forma especulativa, tendo como resultado a financeirização das economias. Esse processo costuma marcar as fases finais dos modelos hegemônicos, que desembocam em fases de hegemonia do capital financeiro, característico de momentos de estagnação, como o atual ciclo longo recessivo da economia. Uma hegemonia que é difícil de reverter, uma vez enfraquecidos os estímulos para os investimentos produtivos, o que define um horizonte econômico de instabilidade e de estagnação ou de baixos níveis de crescimento.
A crise atual, que afeta profunda e extensamente a economia dos EUA e se estendeu pelo resto do mundo, nasceu exatamente dessas debilidades – da hegemonia do capital financeiro – para depois se manifestar como recessão econômica aberta. Uma crise que produz uma recessão longa e profunda na economia dos EUA e dos países do centro do capitalismo, sem que tenha a capacidade de reverter a sua raiz – a financeirização da economia.
Ao mesmo tempo, apesar de ter se transformado em única superpotência, com forte predominância no plano militar, os EUA não conseguem resolver duas guerras ao mesmo tempo – Iraque e Afeganistão.
Nenhuma outra potência ou conjunto de potências consegue rivalizar com os EUA, apesar das debilidades que este apresenta. Da mesma forma que, apesar do seu esgotamento, o modelo neoliberal, como não é simplesmente uma política de governo, passível de ser mudada de um momento a outro, mas de um modelo hegemônico, que inclui valores, ideologia, cultura, além de profundas e extensas raízes econômicas, tampouco se divisa outro modelo, por enquanto, que possa sucedê-lo.
Assim, entramos em um período de enfraquecimento relativo da capacidade hegemônica dos EUA, e esgotamento do modelo neoliberal, sem que alternativas tenham ainda capacidade de se impor. Porque no momento em que o capitalismo revela mais claramente seus limites, suas vísceras, ao mesmo tempo os chamados "fatores subjetivos" de construção de alternativas para a sua superação, também sofreram grandes retrocessos.
Instaura-se assim uma crise hegemônica, em que o velho não se resigna a morrer e o novo morrer e o novo tem dificuldades para nascer e substituí-lo. Como busca sobreviver o velho? Baseado em dois eixos: as políticas internacionais de livre comércio, com as instituições que os multiplicam,como o FMI, o Banco Mundial, a OMC. E, dentro de cada país, na ideologia do consumo, do shopping-center, do mercado.
Mas tem contra si a hegemonia do capital financeiro sob sua forma especulativa, que não apenas bloqueia a possibilidade de retomada de um novo ciclo expansivo da economia, como promove instabilidade, pela livre circulação dos capitais financeiros. Mas, ao mesmo tempo, não surge um modelo alternativo ao modelo neoliberal.
A construção de alternativas se choca assim com uma estrutura econômica, comercial e financeira, internacional, que reproduz o livre comércio, propicio às políticas neoliberais. E como ideologias consolidadas nas formas de comportamento e de busca e acesso a bens de consumo na vida cotidiana das pessoas.
Pode-se prever assim que estamos em período mais ou menos longo de instabilidade e de turbulências, tanto políticas, quanto econômicas, até que se forjem as condições de hegemonia de um modelo pósneoliberal e de uma hegemonia política mundial alternativa a dos Estados Unidos.
3. A América Latina sofreu diretamente a passagem ao novo período histórico. Praticamente todos os seus países foram vítimas das crises das dívidas, entrando na espiral viciosa de crise fiscal, empréstimo e cartas de intenções do FMI, enfraquecimento do Estado e das políticas sociais, hegemonia do capital financeiro, retração do desenvolvimento econômico, substituído pelo tema da estabilidade monetária e dos ajustes fiscais. Afetados centralmente por essas transformações, a América Latina passou a ser o continente privilegiado dos experimentos neoliberais.
As ditaduras militares em alguns desses países, entre os que se situam aqueles de maior força, até então do campo popular, como o Brasil, o Chile, a Argentina, o Uruguai, haviam quebrado a capacidade de resistências dos movimentos populares a políticas concentradoras de renda. Isso preparou o caminho para a hegemonia de políticas neoliberais.
Essas políticas foram se impondo, desde o Chile do Pinochet e a Bolívia do MNR, passando pela adesão de forças nacionalistas, como no México e na Argentina, até chegar a partidos social-democratas, como os casos da Venezuela, do Chile, do Brasil, quase que generalizando-se a todos o espectro político. A década de 1990 foi a do predomínio generalizado de governos neoliberais, alguns prolongados no tempo – como os do PRI no México, de Carlos Menem na Argentina, de FHC no Brasil, de Albertu Fujimori no Peru, no Chile de Pinochet e da Concertação (PS-DC); outros entrecortados por movimentos populares que derrubaram presidentes, como na Bolívia e no Equador, ou que fracassaram, como na Venezuela (com AD e com COPPEI).
Paralelamente foram se dando crises nas principais economias da região: México 1994, Brasil 1999, Argentina 2001-2002. Até que começaram a surgir governos eleitos pelo voto de rejeição do neoliberalismo, começando com a eleição de Hugo Chavez em 1998, seguida pelas de Lula em 2002, de Tabaré Vazquez em 2003, pela de Nestor Kirchmer em 2003, de Evo Morales em 2005, de Rafael Correa em 2006, de Mauricio Funes em 2009.
Revelando como o continente sofria as conseqüências dos governos neoliberais, houve um claro deslocamento para a esquerda no voto nos distintos países que foram tendo eleições. Nunca o continente, nem qualquer outra região do mundo teve simultaneamente tantos governos progressistas ao mesmo tempo.
O que unifica a esses governos, além do voto que derrotou governos neoliberais – de Carlos Menem a Carlos Andrés Perez, de FHC a Lacalle, de Sanchez de Losada a Lucio Gutierrez – há dois aspectos comuns: a opção pelos processos de integração regional ao invés dos Tratados de Livre Comércio e a prioridade das políticas sociais. São os dois pontos de maior fragilidade dos governos neoliberais, cuja lógica de abertura das economias, privilegiou as políticas de livre comércio e os Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos, e a prioridade do ajuste fiscal e da estabilidade monetária, sobre as políticas sociais. São as políticas sociais que dão legitimidade a esses governos, que sofrem, todos, forte oposição dos monopólios da mídia privada, mas conseguiram até aqui se reeleger pelo voto popular, dos setores , mais pobres das nossas sociedades.
Esses governos têm diferenças entre si, embora se unifiquem pela prioridade dos processos de integração regional e das políticas sociais. Nesse marco comum, se diferenciam porque alguns deles – Venezuela, Bolívia, Equador – avançam mais claramente na direção da construção de modelos alternativos ao neoliberalismo. Já na estratégia que os levou ao governo, combinaram sublevações populares, saída eleitoral, mas depois se propuseram a refundar o Estado, apontando para uma nova estratégia da esquerda latinoamericana, nem a tradicional de reformas, nem a luta armada, mas a combinação das duas numa síntese nova.
No outro campo estão os países que privilegiam os Tratados de Livre Comércio - como o México, o Chile, o Peru, a Colômbia, a Costa Rica. O primeiro pais a seguir esse caminho, o México, assinou um Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos e com o Canadá, no entanto o privilegio aberto foi com os EUA, com quem o México passou a ter mais de 90% do seu comércio exterior.
A crise econômica atual permite medir o significado das duas formas distintas de inserção no mercado internacional. O México, por exemplo, país paradigmático por ter sido o primeiro – e, originalmente, deveria ser o caminho que os EUA apontavam para todos os países do continente – teve a pior regressão econômica entre todas as economias, com cerca de 10% menos no primeiro semestre deste ano. Paga um preço caro por ter privilegiado o comércio com os EUA, epicentro da crise, que tem uma recessão profunda e prolongada, com todas suas repercussões negativas para o México.
Enquanto que um país como o Brasil, com uma economia mais ou menos similar que a mexicana, pôde sair de forma mais ou menos rápida da crise, por ter diversificado o comércio internacional, a ponto que o principal parceiro comercial do Brasil já não os EUA, mas a China. Ao mesmo tempo o país intensificou o comércio intraregional – mais concentradamente com a Argentina e a Venezuela, mas intensificado com todos os países que participam dos processos de integração regional -, e principalmente, expandiu enormemente o mercado interno de consumo popular. Este foi o principal responsável pela superação rápida da crise, fazendo com que, pela primeira vez, durante uma crise, as políticas de redistribuição de renda e de extensão dos direitos sociais, se mantivessem, mesmo na recessão.
Depois de uma fase de relativamente rápida expansão de governos progressistas no continente, a direita recuperou capacidade de iniciativa e busca reconquistar governos, para colocar em prática governos de restauração conservadora. Desde a tentativa de golpe de Estado na Venezuela, em 2002, passando por ofensivas contra os governos do Brasil, da Bolívia, da Argentina, a direita tenta colocar sua força econômica e midiática a serviço da recomposição de sua força política, derrotada pelos governos progressistas.
Podemos prever que a crise hegemônica se prolongará por um bom tempo no continente, entre um mundo velho superado, mas que insiste em sobreviver - o dos programas neoliberais – e um mundo novo que tem dificuldades para sobreviver – o de governos posneoliberais. As próximas eleições – especialmente as do Brasil, Bolívia, Uruguai, Argentina, - definirão se esses governos são um parênteses na longa sequência de governos conservadores ou se consolidarão e aprofundarão os processos de construção de alternativas pós neolliberais, de que a América Latina é um cenário privilegiado.
Postado por Emir Sader às 05:47
24.10.09
"Deveríamos clonar Lula e espalhá-lo pela América Latina" - Carta Maior
"Deveríamos clonar Lula e espalhá-lo pela América Latina"
A frase de impacto é do ex-militante tupamaro e atual candidato à presidência do Uruguai pela Frente Ampla, José "Pepe" Mujica. Em entrevista publicada na revista Teoria e Debate, Mujica e Danilo Astori, seu candidato a vice, avaliam os desafios de um próximo governo de esquerda no Uruguai. Senador mais votado do país em 2004 e candidato à frente nas pesquisas para as eleições de 25 de outubro, Mujica passou mais de doze anos preso durante a ditadura militar. Um par destes anos, o possível futuro presidente uruguaio esteve praticamente enterrado vivo, no fundo de um poço. Ele e os companheiros submetidos a mesma tragédia ficaram conhecidos como os "reféns".
Clarissa Pont - Especial para Revista Teoria e Debate
Líder do Movimento de Participação Popular (MPP), Mujica recebeu o apoio de 1.694 delegados, mais de dois terços dos que estavam habilitados a votar na eleição interna da Frente Ampla. Na votação, que contou com 2.381 delegados, ele venceu o ex-ministro da Economia do governo Tabare Vásquez, Danilo Astori, atual candidato a vice-presidente. Nesta conversa com Mujica e Astori, em Buenos Aires, devido à campanha no país vizinho pelo grande número de uruguaios residentes na Argentina, ambos reiteram a necessidade de massificar as escolas de tempo integral e acreditam que "salvar a los gurizes", antes de mais nada, é a solução para resolver o problema de insegurança, principal preocupação dos uruguaios atualmente.
A Frente Ampla aparece com 42% das intenções de voto, contra 32% para o Partido Nacional, do ex-presidente centro-direitista Luis Lacalle, e 12% para o também de direita Partido Colorado, segundo pesquisa da Interconsult divulgada no final de setembro. Na pesquisa divulgada em agosto pelo mesmo instituto, a Frente Ampla somava 45% das intenções de voto. A queda é pequena, mas preocupa, porque reflete a mais recente controvérsia em torno de Mujica. No livro de entrevistas "Pepe, Colóquios", lançado na Feira do Livro de Montevidéu, Mujica ataca a classe política da Argentina e põe em dúvida alguns companheiros da Frente Ampla.
"Los kirchner son de izquierda, pero una izquierda que, mamma mía, és una patota"; "Carlos Ménem es mafioso y ladrón" y "los radicales son tipos muy buenos pero unos nabos", são algumas das pérolas de Mujica contra os argentinos. Segundo o jornalista Alfredo García, autor do livro publicado pela editora Fin de Siglo, tudo não passa de um mal entendido porque todas as linhas foram tiradas do contexto inicial das entrevistas.
Caso nenhum partido tenha mais da metade dos votos em 25 de outubro, acontecerá um segundo turno em 29 de novembro, na mesma data das esperadas eleições hondurenhas. No dia em que os uruguaios escolhem o novo presidente, votam também em um referendo onde a população decidirá se quer instalar uma Comissão da Verdade para julgar crimes do período da ditadura, o que depende da Justiça derrubar a Lei da Caducidade que protege os agentes da repressão.
Teoria e Debate Pepe, caso eleito, como será a atuação do governo uruguaio na Unasul, principalmente depois da reunião de agosto em Bariloche quando o debate sobre as bases militares estadunidenses na Colômbia se intensificou?
Mujica Na verdade, ainda não discutimos o problema com a equipe de governo, mas eu posso apenas te dizer algo muito simples. A única coisa para qual serve uma base militar é para nos complicar a vida, e com os meios materiais que uma grande potência tem é algo que eles podem fazer praticamente sempre. É lógico que eles não deveriam nos complicar a vida e, com isso, não precisaríamos de pelo menos umas quantas conferências internacionais e uns quantos documentos e tantas reuniões de imprensa e tudo mais.
Entendo, no entanto, que tampouco podemos entrar em conflito flagrante com os Estados Unidos, porque não deves desafiar quem não podes vencer. Tens que buscar ter a inteligência de, por meios diplomáticos, acalmar as vontades e fazer de tudo para tudo para que eles paguem o maior custo político por essas bases. Apenas gostaria de grifar que essa não é uma resposta de governo, é o que pensa o Pepe.
Teoria e Debate As eleições do dia 25 de outubro não decidem apenas a disputa eleitoral, mas apresentam dois referendos à população. Um deles é sobre a anulação da Ley de Caudicidad, que coloca obstáculos aos julgamentos de casos de violação dos Direitos Humanos durante a ditadura militar uruguaia, e o outro sobre o direito ao voto dos uruguaios que vivem fora do país. Os senhores acreditam que as perguntas do referendo têm influência sobre as eleições?
Astori Não acreditamos que isso vá prejudicar a proposta partidária eleitoral da Frente Ampla. É certo que a imensa maioria dos frenteamplistas está de acordo e apoiará os dois referendos, o que já foi comprovado em resultados de consultas de opinião pública. O interessante é que a legislação eleitoral uruguaia brinda o cidadão com a possibilidade de separar as duas escolhas e pronunciar-se autonomamente por sua decisão quanto ao candidato à presidência. E mais, de acordo com a regulamentação, apenas se vota por sim nos referendos, não existe opção por não. Obviamente, quando o eleitor não introduz o papel por sim, incrementa o número de pronunciamentos contra. As pesquisas de opinião pública indicam um apoio crescente às consultas. E, certamente, nós dois apoiamos os dois plebiscitos a lo largo y a lo ancho do país durante toda campanha eleitoral.
Teoria e Debate Tabare Vasquez, com o Plano Ceival, garantiu milhares de computadores para crianças e professores em todo o país. Existem planos de expansão para o projeto que incentivou a educação e serve de exemplo para a América Latina?
Astori O Ceival significa um computador para cada criança e professor e faz parte de um projeto maior, que é o Plano de Inclusão e Acesso à sociedade da informação e do conhecimento. E a resposta é afirmativa, o nosso plano de governo pretende expandir a iniciativa. Hoje, são 380 mil computadores, estão cobertos todos os alunos do primário e seus professores e esse número alcança os núcleos familiares destas crianças também. Projetamos, para o próximo período, alcançar as crianças do secundário.
Teoria e Debate Existem questões delicadas no plano de governo, se pensarmos na grande coalizão que a Frente Ampla representa nestas eleições?
Mujica Não planteamos o drama de consensuar porque minha preocupação de um sul desenvolvido é muito mais primitiva que isso. Se pudermos liquidar a indigência e cortar a pobreza pela metade, é por isso que vamos lutar no governo, eu não sei se estaremos pensando em direita ou esquerda. Depois, os outros é que vão julgar se fomos muito conciliadores. Mas há um tema com o qual nos comprometemos. O Uruguai é um país muito pequeno para ser comparado com a Argentina ou o Brasil, como os jornalistas gostam muito de tentar. Estamos entre dois colossos para a nossa dimensão, num mundo onde todos precisam de impostos e geração de emprego para prosperar. Na dimensão de mercado, nosso país não atrai ninguém e quem vem até à América Latina, se instala no Brasil ou na Argentina. Para podermos pretender que alguns capitais se instalem no Uruguai, necessitamos de clareza e certeza de certas regras que digam aos outros que somos um país muito sério. Nós não podemos nos dar ao luxo de mudar regras e nem devemos. Quando selamos um compromisso, temos que dejar el cuero en la estaca, que é a forma de apresentarmo-nos ao mundo como um país interessante.
Teoria e Debate Acredito que estas colocações sejam referências à polêmica das papeleiras na fronteira com a Argentina. A minha pergunta é, na verdade, se é possível um governo socialista com a Frente Ampla?
Mujica E o que é o socialismo? O que era e o que será amanhã? O nosso programa corresponde a uma aliança de partidos que apresenta historicamente um conjunto de reformas a favor de desenvolver uma sociedade e tentar de integrá-la o máximo possível. Alguns dentro dessa colisão podem ter visões mais socializantes, outros menos, mas estamos comprometidos a estabelecer um conjunto de reformas que ajudem a diminuir tanta distância na nossa sociedade. Pensar não é fazer, pensar é pensar, mas eu também não vou esconder meu pensamento para conseguir quatro votos.
Digo-te que meus sonhos me levam hoje a crer que, para construir algum dia uma sociedade melhor, necessitamos de um país rico materialmente e tremendamente incluído e culto. Não que por ter essas duas coisas se irá criar uma sociedade socialista, mas sem essa questão prévia de massificação de conhecimento e cultura e de riqueza compartida, não há condição. Não caminha isso de se igualar por baixo, temos que nos igualar por cima. Mas esse é o meu sonho, e eu tenho 74 anos, assim que, em todo caso, conquistar este sonho é para uma geração mais jovem que a minha.
Teoria e Debate Os senhores falavam sobre o fato do Uruguai conviver entre dois países maiores, a Argentina e o Brasil. Neste sentido, existem assimetrias intransponíveis para o Uruguai no Mercosul ou um próximo governo deve intensificar a presença do país no grupo?
Astori O Mercosul significa para nós uruguaios, e não apenas para os frenteamplistas, um projeto estratégico fundamental. O Uruguai é um país pequeno em tamanho físico, mas que tem uma potencialidade muito grande e que deve abrir-se ao mundo, não há outra possibilidade. O Mercosul e esta abertura marcam dois fundamentos absolutamente essenciais da convicção estratégica que temos. Obviamente, a abertura uruguaia começa na região, não caberia outra possibilidade racionalmente fundamentada. Nossa adesão e convicção em relação ao Mercosul estão fora de qualquer discussão. Mas também acreditamos, e não há soberba nisso, que o Mercosul sem o Uruguai se converte em outra coisa e não em uma aliança integracionista na região. E isso tampouco é incompatível com nossa visão de abertura igualmente importante em escala mundial, porque temos que multiplicar nossas possibilidades de inserção. O Pepe sempre diz que o mais inteligente é vender pouco a muitos, do que muito a poucos.
Do ponto de vista comercial, vamos continuar com a tarefa que iniciou Tabare Vasquez. O Mercosul tem problemas de assimetrias, e existem dois tipos de assimetrias: as estruturais e as políticas. E são elas que temos que encarar com paciência e convicção no trabalho conjunto.
Teoria e Debate Para encerrar, falando em questões estratégicas e políticas, como chegar a um acordo em relação às papeleiras na fronteira entre o Uruguai e a Argentina?
Mujica Eu posso responder esta pergunta em termos de hipóteses, e acredito que nunca se possa fazer nada contra a vontade do povo. Agora o mais importante é encontrar uma solução. E quando não se quer nenhuma solução, o tempo dá sua resposta. Nós reivindicamos sempre transformar os problemas em possibilidades, porque sei que além dos cartazes e das manifestações o povo necessita de trabalho e soluções econômicas. E não digo isso em tom ofensivo. Eu gosto de falar que sou admirador do presidente Lula. Em que sentido? Lula é um senhor presidente, com um grande número do parlamento que vota contra, e mesmo assim logra manejar um país com as dimensões do Brasil, com os problemas que tem. E por que ele consegue isso? Porque negocia, negocia e negocia, tem a paciência de um velho dirigente sindical. E esse é o espírito que devemos ter nesse tema. Aliás, aqui entre nós, deveríamos clonar o Lula pela América Latina.
Entrevista publicada originalmente na Revista Teoria e Debate
Fotos: Critica de la Argentina
23.10.09
em Caxias do Sul:
A caminhada na defesa dos servidores precisa continuar e convidamos a todos e todas para juntos fazermos uma campanha alegre, bonita e cheia de energia.
UCS anuncia corte de árvores (Ciro Fabres, Caxias do Sul) | Ciro Fabres
Quinta-feira, 22 de outubro de 2009
UCS anuncia corte de árvores
Cartazes anuncia cortes de araucárias ao lado do Quiosque de InformaçõesFoto: Tatiana Cavagnolli |
A UCS também vai cortar árvores. E encontrou uma forma peculiar de comunicar. Fixou cartazes nas árvores condenadas, que serão abatidas, segundo a universidade, porque apresentam risco de queda. Os pinheiros da foto acima já foram desbastados em suas copas, restam apenas os troncos, e ficam praticamente na fachada da Cidade Universitária, ao lado do Quiosque de Informações.
Segundo o cartaz, os cortes estão devidamente autorizados pela Semma, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. E, "para cada árvore retirada, serão plantadas 8 mudas". É de se observar ainda que o cartaz informa que "as árvores numeradas" serão retiradas. O número da árvore da foto acima é 29.
Finaliza o pequeno texto uma mensagem tranquilizadora: "A UCS-ISAM (Instituto de Saneamento Ambiental) trabalhando pela qualidade ambiental." Ainda bem.
Em uma rápida apreciação do motivo alegado pela UCS para os cortes, cabe a questão: não seria possível recuperar as árvores? Não é de se tentar até o fim, em vez de sair cortando diante da primeira especulação de que podem oferecer algum risco? Não aqui em Caxias, onde o corte de árvores é uma cultura.
Mas que momento, hein? Quem mais vai cortar árvores em Caxias? A Festa da Uva derrubou eucaliptos, o Jardim Botânico abateu pinus em uma área aproximada de dois campos de futebol, agora a UCS anuncia mais cortes. E os motivos são de todo o tipo. Impressiona a intensidade, o ritmo, a desenvoltura, o desembaraço dos cortes. E a cidade vai ficando mais devastada, menos verde, mais pelada, mais feia. Mais triste.
22.10.09
Editorial - Brasil de Fato 347
Brasil de Fato – edição 347 - de
editorial
O vandalismo da classe
dominante brasileira
HÁ DUAS SEMANAS, as elites dominantes brasileiras usaram todo seu arsenal a disposição: rádios, redes de televisão, jornais impressos, colunistas de plantão, jornalistas pré-pagos, parlamentares oportunistas, ruralistas e até autoridades judiciais para denunciar um vandalismo sem precedentes: a destruição de mil pés de laranjas por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Isso era inconcebível. "Queremos punição!" Bradavam, exigindo nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para criminalizar o MST e todos os que lutam por mudanças neste país. Afinal, nada melhor do que manter o mundo perfeito em que vivemos; não precisa mudar nada e muito menos lutar por mudanças.
Alguns mais afoitos chegaram a concluir: é o fi m do MST. Outros, com verso e prosa declaravam o fim dos movimentos sociais e da reforma agrária. E num só coro, todos clamavam: basta de vandalismo, desses pobres diabos do campo!
Mas a realidade brasileira e a luta de classes é bem mais dura do que seus confortáveis apartamentos e seus diferenciados rendimentos, pagos pelas empresas de comunicação (ou pelo povo?).
Independente das pacatas laranjas e das manipulações da Cutrale/Coca-Cola, detentora de 50 mil hectares distribuídos por mais de 30 fazendas, as duas semanas que se seguiram deram uma demonstração cruel do vandalismo estrutural e ideológico que domina as mentes e a política da classe dominante. Vamos recordar apenas alguns fatos, já que a memória tão curta da grande imprensa os calou:
1. Um incêndio mal explicado numa favela da região oeste de São Paulo deixou centenas de famílias sem absolutamente nada. Ninguém procura explicar porque, em pleno século 21, famílias de trabalhadores ficam expostas a essas condições de vida e riscos absurdos, na maior e mais rica cidade do hemisfério sul;
2. Enchentes e temporais transformam pacatas cidades do interior e grandes metrópoles em verdadeiros infernos. Mas ninguém explica para a população a causa das mudanças climáticas e das "vinganças" da natureza;
3. Oitenta e três trabalhadores da construção civil foram resgatados pela Polícia Federal, pois estavam trabalhando "em condições análogas à escravidão". Sabe onde? Nada menos do que numa hidrelétrica, na região dos Parecis (MT). Logo as hidrelétricas, que representam tanto progresso;
4. Fazendeiros armados atacam um acampamento dos povos indígenas Kaiowa-guaranis, na região de Dourados (MS), colocam fogo em seus barracos e pertences e os expulsam. Os indígenas perderam tudo, menos a dignidade. Não houve mortes, milagrosamente, porque realizaram a ação à luz do dia, certos da impunidade. Detalhe: as terras da fazenda são dos povos indígenas. Quem é o verdadeiro invasor?;
5. Não bastassem os fatos do Brasil rural, eis que a violência social emerge sem controle nas cidades. Num final de semana no Rio de Janeiro, um helicóptero derrubado, dezenas de mortos, entre moradores, traficantes e policiais. Oito ônibus incendiados. A notícia poderia ser algum distante cenário de guerra, mas não, é na "cidade maravilhosa". Muitos bairros do Rio vivem em guerra entre traficantes, polícia e milícias armadas e alimentadas pela classe dominante;
6. E a enfermidade social desse vandalismo estrutural, praticado pelas elites, aparece também nas atitudes pessoais de uma classe disposta a tudo para proteger seu patrimônio material. O irmão de um ex-governador de São Paulo, da "fi na flor" paulistana, assassina o próprio fi lho, por causa do mau uso do seu automóvel, e depois se suicida. Triste pobreza ética;
7. O capitalismo propagandeado pela imprensa é o melhor dos mundos. Na agricultura seria um sucesso, com suas empresas e seus venenos. Ledo engano. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) acaba de anunciar que neste mês a humanidade atingiu a marca de 1 bilhão de seres humanos que passam fome todos os dias. É mais do que vandalismo dos que controlam os estoques de comida, já que a produção existente é suficiente. É um verdadeiro genocídio acobertado pelas elites e por seus meios de comunicação.
Como se vê, os fatos nos remetem a uma boa reflexão sobre os vandalismos praticados todos os dias pela classe dominante. Isso nos ajuda a pensar sobre quem são os responsáveis e até quando se repetirão.
Uruguay: La cultura plebeya camino del gobierno
ALAI AMLATINA, 22/10/2009.- El más que probable triunfo de José Mujica,
quien será ungido presidente en la primera o segunda vuelta, o sea entre
el domingo 25 de octubre y el domingo 29 de noviembre, es de algún modo
la victoria de una manera plebeya de hacer política, en un país donde la
cultura de las clases medias ostenta una potente hegemonía.
A diferencia de países como Bolivia y Argentina, donde la cultura
popular del abajo siempre tuvo una fuerte impronta que marcó a fuego la
historia reciente, en Uruguay desde comienzos del siglo XX se impuso un
modo poco estridente, pacato y medido de expresar las opiniones y
movilizaciones de los sectores populares. Algunos han llamado
"institucionalización" a esa cultura, en tanto otros han hecho hincapié
en el predominio de una cultura política "amortiguadora" como forma de
explicar las particulares configuraciones de un país donde las capas
medias no sólo han sido cuantitativamente importantes, sino que pronto
se convirtieron en referencia obligada para el conjunto de la sociedad.
En este país, tener mucho está mal visto; mostrarlo supone un castigo
social inevitable. De modo que los de arriba han sido desde hace mucho
tiempo timoratos a la hora de alardear su riqueza. Y los de abajo, en
contrapartida, siempre mostraron una tendencia a no considerarse como
pobres sino como clases medias.
Dicho de otro modo, en Uruguay nunca existió una oligarquía, o sea una
clase que siendo económicamente dominante sea a la vez políticamente
gobernante. Ese dato crucial, hizo posible no sólo que surgiera una
elite encargada de administrar la cosa pública sin relación material
directa con la burguesía, sino que los de abajo tuvieran la capacidad de
influir en ese sector. El batllismo fue la expresión política más
acabada de esa estructura socio-política que diferenció al Uruguay al
punto de convertirse, mas en el imaginario que en la realidad, en la
Suiza de América.
José Mujica aspira a hacer batllismo desde el gobierno. O sea, a
implementar modos de conciliación de clases, en la tradición de la
política que impregna a todos los partidos uruguayos. Sin embargo, lo
que lo diferencia del resto de los candidatos –tanto de derecha como de
izquierda- es que, al decir de un político, es el político más parecido
al uruguayo medio. En Mujica se siente reflejados los pobres de la
ciudad y del campo, pero también una parte considerable de las clases
medias que han trabajado duro para forjar o sostener su condición, en un
período en que el ascenso social está vedado para las mayorías.
El indudable fervor que recoge Mujica no deviene de un programa de
gobierno. Está influido, eso sí, por la gestión de Tabaré Vázquez que,
guste o no, ha realizado una gestión considerablemente mejor que los
gobiernos anteriores, cuestión no demasiado difícil por cierto. El apoyo
a Mujica tiene una buena dosis de identificación afectiva con el
candidato, lo que supone fidelidades mucho más sólidas y duraderas que
los apoyos de carácter racional. Este es un primer cambio, de larga
duración en la política uruguaya.
El triunfo de Mujica frente a Astori en las internas de junio, pese a
que el ex ministro de Economía contaba con el apoyo de Vázquez y de los
medios, fue la victoria de un estilo de hacer política, pero mirado
desde la gente supuso una evidente identificación con un pasado, y un
presente, de hacer política pegado a la gente. O, por lo menos, esa es
la percepción de buena parte de quienes lo apoyan.
Algunos dirán "populismo", pero se equivocan. El vocablo nubla la
comprensión, impide ver la realidad, la enjuicio en base a
consideraciones desde arriba que suponen que el caudillo puede modelar
la realidad social y cultural a su antojo. No. La irrupción de Mujica en
la política uruguaya, a mediados de la década de 1990, supuso un aire
fresco en un sistema que pedía a gritos algún tipo de renovación. De
hecho, los principales políticos en el Uruguay pos dictadura fueron los
mismos que diez o quince años antes. Cero renovación.
Por último, hay que mirar no hacia el estrado sino hacia la calle, hacia
la gente, para comprender lo que está sucediendo en Uruguay. La novedad
mayor de esta campaña es que las extensas estructuras políticas del
Frente Amplio, cientos de comités de base que llegan a todos los barrios
y todos los rincones del país, han sido neutralizadas por iniciativas
espontáneas, por convocatorios a través de Internet y celulares sin
pasar por las lentas y pesadas orgánicas. Los grandes actos siguieron
siendo importantes, pero la novedad vino de ese tipo de convocatorias
inesperadas que algunos dirigentes atentos como Mújica supieron cazar al
vuelo.
Por otro lado, mirando la calle pueden verse –como siempre- una
abrumadora mayoría de clases medias apoyando al candidato del Frente
Amplio. Pero esas clases medias no son las mismas que fundaron la
coalición de izquierda casi cuatro décadas atrás. Se empobrecieron, sus
hijos y amigos emigraron, dejaron de soñar con la Suiza de América y en
ganar campeonatos de fútbol. De alguna manera, se hicieron algo más
plebeyas, lo suficiente como para apoyar a un candidato que encarna un
modo no tan tradicional de hacer política.
- Raúl Zibechi, periodista uruguayo, es docente e investigador en la
Multiversidad Franciscana de América Latina, y asesor de varios
colectivos sociales.
Más información: http://alainet.org
RSS: http://alainet.org/rss.phtml
pedido de solidariedade - Manifesto em defesa do MST
para ler e assinar:
Manifesto em defesa do MST
Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais
As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo.
Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.
Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos.
Bloquear a reforma agrária
Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola – cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 – e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário desloca-se dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.
Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.
O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências, as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos sociais e ambientais como única alternativa para a agropecuária brasileira.
Concentração fundiária
A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos, conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as fronteiras agrícolas do agronegócio.
Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente 193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no primeiro semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro semestre deste ano.
Não violência
A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os governos a realizar a reforma agrária.
É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais fortes, apoiados pela maioria da população brasileira.
Contra a criminalização das lutas sociais
Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.
Ana Clara Ribeiro
Ana Esther Ceceña
Boaventura de Sousa Santos
Carlos Nelson Coutinho
Carlos Walter Porto-Gonçalves
Claudia Santiago
Claudia Korol
Ciro Correia
Chico Alencar
Chico de Oliveira
Daniel Bensaïd
Demian Bezerra de Melo
Fernando Vieira Velloso
Eduardo Galeano
Eleuterio Prado
Emir Sader
Gaudêncio Frigotto
Gilberto Maringoni
Gilcilene Barão
Heloisa Fernandes
Isabel Monal
István Mészáros
Ivana Jinkings
José Paulo Netto
Lucia Maria Wanderley Neves
Luis Acosta
Marcelo Badaró Mattos
Marcelo Freixo
Maria Orlanda Pinassi
Marilda Iamamoto
Maurício Vieira Martins
Mauro Luis Iasi
Michael Lowy
Otilia Fiori Arantes
Paulo Arantes
Paulo Nakatani
Plínio de Arruda Sampaio
Reinaldo A. Carcanholo
Ricardo Antunes
Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira
Roberto Leher
Sara Granemann
Sergio Romagnolo
Virgínia Fontes
Vito Giannotti
Uruguay
Aprontá tu corazón
El Frente Amplio salió a la calle a pesar de la negrura del cielo y de la lluvia que amenazaba con seguir cayendo sobre la principal avenida de la capital. Desde 18 y Vázquez y hacia el obelisco cientos de miles de personas acudieron al Acto Final de nuestra fuerza política para escuchar las palabras de quienes el domingo seguramente serán elegidos Presidente y Vicepresidente de todos los uruguayos.
José Mujica: necesitamos construir una nueva cultura política
El Frente Amplio buscará acuerdos con todos los partidos políticos en lo grandes temas nacionales, aunque obtenga mayoría parlamentaria propia, anunció hoy el candidato presidencial José Mujica.
Audio: MUJICA POLITICAS DE ESTADO
Rosado esperanza
Miles de personas participaron de la marcha por la nulidad de la Ley de Caducidad, festejando "el último 20" en el que estará vigente la ley infame.
El reclamo por memoria, verdad y justicia se escuchó a lo largo de toda la movilización y fue un preámbulo de la victoria que obtendrá el domingo 25 de octubre el plebiscito de la papeleta rosada.
Cancion con todos
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.
Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.
Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz