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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.8.09

"E Deus queira que ganhe o Partido dos Trabalhadores nas próximas eleições, para que não voltem outros governos".

(Rafael Correa, na Unasul, sobre documento dos EUA que lamenta a impossibilidade de ter bases militares em Recife, sob o governo Lula; 29-08)
 

"Bases dos EUA na Colômbia ofendem dignidade e inteligência" - Carta Maior

Internacional | 29/08/2009 | Copyleft
 

"Bases dos EUA na Colômbia ofendem dignidade e inteligência"

Em entrevista concedida no Equador, Eduardo Galeano fala sobre o significado do projeto de instalação de bases militares norte-americanas na Colômbia e sobre o atual momento da América Latina. Ao mesmo tempo em que região vive um tempo aberto de esperança, diz o escritor uruguaio, a independência ainda é um projeto inacabado. "Há uma espécie de renascimento que é digno de celebração em países que não chegaram ainda a ser independentes, apenas começaram um pouquinho a sê-lo. A independência é uma tarefa pendente para quase toda a América Latina", afirma.

"A presença norteamericana em bases militares da Colômbia não só ofende a dignidade da América Latina, mas também a inteligência". A afirmação é do escritor uruguaio Eduardo Galeano, em entrevista concedida em Quito a Fernando Arellano Ortiz, de Cronicón (Observatório Latinoamericano). Para Galeano, América Latina vive um tempo aberto de esperança, mas adverte que a independência da região ainda é uma tarefa inacabada.

Depois de 200 anos da emancipação da América Latina, pode-se falar de uma reconfiguração do sujeito político nesta região, levando em conta os avanços políticos que se traduzem em governos progressistas e de esquerda em vários países latinoamericanos?

Galeano: Sim, há um tempo aberto de esperança, uma espécie de renascimento que é digno de celebração em países que não chegaram ainda a ser independentes, apenas começaram um pouquinho a sê-lo. A independência é uma tarefa pendente para quase toda a América Latina

Com toda a irrupção social que se vem dando ao longo do hemisfério, se pode dizer que há uma acentuação da identidade cultural da América Latina?

Galeano: Sim, eu acho que sim e isto passa certamente pelas reformas constitucionais. Ofendeu a minha inteligência, além de outras coisas que senti, o horror deste golpe de Estado em Honduras que invocou como causa o pecado cometido por um Presidente que quis consultar o povo sobre a possibilidade de reformar a Constituição, porque o que queria Zelaya era consultar sobre a consulta, nem sequer era uma reforma direta. Supondo que fosse uma reforma da Constituição, que seja bem vinda, porque as constituições não são eternas e para que os países possam realizar-se plenamente têm que reformá-las.

Eu me pergunto: o que seria dos EUA se seus habitantes continuassem obedecendo à sua primeira Constituição? A primeira Constituição dos EUA estabelecia que um negro equivalia às três quintas parte de uma pessoa. Obama não poderia ser Presidente porque nenhum país pode ter como mandatário as três quintas partes de uma pessoa.

Você reivindica a figura do presidente Barack Obama por sua condição racial, mas o fato de manter ou ampliar a presença norteamericana mediante bases militares na América Latina, como está acontecendo agora na Colômbia com a instalação de sete plataformas de controle e espionagem, não desdiz das verdadeiras intenções desse mandatário do Partido Democrata, e simplesmente segue ao pé da letra os planos expansionistas e de ameaça de uma potência hegemônica como os EUA?

Galeano: O que acontece é que Obama não definiu muito bem o que quer fazer nem em relação à America Latina, as relações nossas, tradicionalmente duvidosas, nem tampouco em outros temas. Em alguns espaços há uma vontade de mudança expressa, por exemplo, no que tem a ver com o sistema de saúde que é escandaloso nos EUA, se você quebra a perna, tem que pagar até o fim dos teus dias a dívida com esse acidente.

Mas em outros espaços não, ele continua falando de "nossa liderança", "nosso estilo de vida" em uma linguagem excessivamente parecida com as dos anteriores. Me parece muito positivo que um país tão racista como esse e com episódios de um racismo colossal, descomunal, escandaloso, ocorridos há quinze minutos em termos históricos tenha um presidente seminegro. Em 1942 ou seja médio século, nada, o Pentágono proibiu as transfusões de sangue negro e aí o diretor da Cruz Vermelha renunciou ou foi renunciado porque se negou a aceitar a ordem dizendo que todo sangue é vermelho e que era um disparate falar de sangue negro, e ele, Charles Drew, era negro e um grande cientista, o que fez possível a aplicação do plasma em escala universal. Então um país que fizesse um disparate como proibir o sangue negro ter agora Obama como presidente é um grande avanço. Mas por outro lado, até agora eu não vejo uma mudança substancial. Aí está, por exemplo, o modo como seu governo enfrentou a crise financeira. Pobrezinho, eu não gostaria de estar na sua pele, mas a verdade é que acabaram recompensando os especuladores, os piratas de Wall Street que são muitíssimo mais perigosos que os da Somália porque estes assaltam apenas aos naviozinhos na costa, mas os da Bolsa de Nova York assaltam todo o mundo. Eles foram finalmente recompensados; eu gostaria de começar uma campanha em princípio comovido pela crise dos banqueiros com o lema: "adote um banqueiro", mas desisti porque vi que o Estado assumiu essa responsabilidade. E da mesma forma com a América Latina, que parece não ter muito claro o que fazer.

Os EUA estiveram mais de um século dedicados à fabricação de ditaduras militares na America Latina. Então, na hora de defender uma democracia como no caso de Honduras, diante de um claríssimo golpe de Estado, vacilam, tem respostas ambíguas, não sabem o que fazer, porque não tem prática, lhes falta experiência, há mais de um século trabalham no sentido oposto, então compreendo que a tarefa não é fácil. No caso das bases militares na Colômbia, não só ofende a dignidade coletiva da América Latina, mas também a inteligência de cada um de nós, porque que se diga que sua função vai ser combater as drogas, por favor, até quando! Quase toda a heroína que se consome no mundo provem do Afeganistão, quase toda, dados oficiais das Nações Unidas que todo mundo pode ver na internet. E o Afeganistão é um país ocupado pelos EUA e como se sabe os países ocupantes tem a responsabilidade do que acontece nos países ocupados, portanto tem algo que ver com este narcotráfico em escala universal e são dignos herdeiros da rainha Vitória que era narcotraficante.

Não se pode ser tão hipócrita

A rainha britânica que introduziu por todos os meios no século XIX o ópio na China através de comerciantes da Inglaterra e dos EUA

Galeano: Sim, a celebérrima rainha Vitória da Inglaterra impôs na China ao longo de duas guerras de trinta anos, matando uma quantidade imensa de chineses, porque o império chinês se negava a aceitar essa substância dentro de suas fronteiras que estava proibida. E o ópio é o pai da heroína e da morfina, justamente. Então aos chineses lhes custou muito, porque a China era uma grande potência que podia ter competido com a Inglaterra no começo da revolução industrial, era a oficina do mundo, e a guerra do ópio os arrasou, os converteu em uma piltrafa, aí entraram os japoneses como anel ao dedo, em quinze minutos. Vitória era uma rainha traficante e os EUA, que tanto usam a droga como pretexto para justificar suas invasões militares, porque disso se trata, são dignos herdeiros desta feia tradição. Me parece que já é hora que acordemos um pouquinho, porque não se pode ser tão hipócrita. Se vão ser hipócritas que o sejam com mais cautela. Na América Latina temos bons professores de hipocrisia, se querem podemos em um convênio de ajuda tecnológica mútua emprestar-lhes alguns hipócritas nossos.

Há exatamente nove anos, você disse em uma entrevista concedida em Bogotá a mim a seguinte frase: "Deus livre a Colômbia do Plano Colômbia". Qual é agora sua reflexão em relação a esse país andino que enfrenta um governo autoritário entregue aos interesses dos EUA, com uma alarmante situação de violação de direitos humanos e com um conflito interno que segue sangrando-o?

Galeano: Além disso, com problemas gravíssimos que se foram agudizando com a passagem do tempo. Eu não sei, te digo, quem sou eu para dar conselhos à Colômbia nem aos colombianos, além disso sempre estive contra esse costume ruim de algumas pessoas que se sentem em condições de dizer o que cada país tem que fazer. Eu nunca cometi esse pecado imperdoável e não vou cometê-lo agora com a Colômbia, só posso dizer que tomara que os colombianos encontrem seu caminho, tomara que o encontrem, ninguém pode impor-lhes de fora, nem pela esquerda, nem pela direita, nem pelo centro, nem por nada, serão os colombianos que devem encontrá-lo. O que eu posso dizer é que eu testemunho as coisas.

Se há um tribunal mundial que alguma vez chegue a julgar a Colômbia pelo que se diz da Colômbia: país violento, narcotraficante, condenado à violência perpétua, eu vou dar testemunho de que não, de que esse é um país carinhoso, alegre e que merece um destino melhor.

Reivindicando a memória de Raúl Sendic

Há muitos anos, talvez umas quatro décadas, havia um personagem em Montevidéu que se reunia com um jovem desenhista chamado Eduardo Hughes Galeano com o propósito de lhe dar idéias para a elaboração de suas caricaturas, chamado Raúl Sendic, o inspirador da Frente Ampla do Uruguai.

Galeano: E o dirigente guerrilheiro dos Tupamaros, mesmo se naquele momento ainda não o era. É verdade, quando eu era criança, quase catorze anos, e comecei a desenhar caricaturas, ele se sentava a olhar e me dava idéias, era um homem bastante mais velho que eu, com certa experiência, e ainda não era o que foi depois: o fundador, organizador e dirigente dos Tupamaros. Me lembro o que disse a Emilio Frugoni que naquela época era dirigente do Partido Socialista e diretor do semanário em que eu publicava umas caricaturas precoces, assinalando para mim: "Este vai ser ou presidente ou grande delinqüente". Foi uma boa profecia e terminei sendo grande delinqüente.

O fato de que hoje a Frente Ampla está governando o Uruguai e que um ex-guerrilheiro como Pepe Mujica tenha possibilidade de ganhar as eleições constitui uma reivindicação à memória de Sendic?

Galeano: Sim e de todos os que participaram em uma luta longa para romper o monopólio de dois, exercido pelo Partido Colorado e pelo Partido Nacional durante quase toda a vida independente do país. A Frente Ampla surge há pouco tempo no cenário político nacional e me parece muito positivo que esteja governando agora, aparte de que eu não coincida com tudo o que se faz e além disso creio que não se faz tudo o que se deveria fazer. Mas isso não tem nada que ver porque finalmente a vitória da Frente Ampla foi também uma vitória da diversidade política que eu creio que é a base da democracia. Na Frente coexistem muitos partidos e movimentos diferentes, unidos claro em uma causa comum, mas com suas diversidades e diferenças, e eu as reivndico, para mim isso é fundamental.

O que representa para você como uruguaio o fato de que um dirigente emblemático da esquerda como Pepe Mujica, ex-guerrilheiro tupamaro, tenha amplas possibilidades de chegar à Presidência da República?

Galeano: Com alguma sorte, não vai ser fácil, vamos ver o que acontece, mas eu acho que é um processo de recuperação, as pessoas se reconhecem justamente no Pepe Mujica porque ele é radicalmente diferente dos nossos políticos tradicionais, na sua linguagem, até no seu aspecto e tudo o mais, por mais que ele tratou de se vestir como cavalheiro fino, não cai bem nele, e expressa muito bem uma necessidade e uma vontade popular de mudança. Acho que seria bom que ele chegasse à Preisdência, vamos ver se isso acontece ou não. De qualquer maneira, o drama do Uruguai como o do Equador, certamente, país em que estamos conversando neste momento, é a hemorragia de sua população jovem. Ou seja, a nossa é uma pátria peregrina; no seu discurso de posse o presidente Rafael Correa falou dos exilados da pobreza e a verdade é que há uma enorme quantidade de uruguaios muito mais do que se diz, porque não são oficiais as cifras, mas não menos de 700 ou 800 mil uruguaios em uma população pequeniníssima, porque nós no Uruguai somos 3 milhões e meio, essa é uma quantidade imensa de gente fora, todos ou quase todos jovens, então ficaram os velhos ou as pessoas que já cumpriram essa etapa da vida em que a gente quer que tudo mude para se resignar a que não mude nada ou que mude muito pouco.

Tijolos coloridos para armar mosaicos

Depois de seus reputados livros "As veias abertas da América Latina", publicado em 1970, e "Espelhos", editado em 2008, que relatam histórias da infâmia, o primeiro sobre nosso continente e o outro de boa parte do mundo, há espaço para continuar acreditando na utopia?

Galeano: O que faz "Espelhos" é recuperar a história universal em todas suas dimensões, em seus horrores, mas também em suas festas, é muito diferente de "As veias abertas da América Latina", que foi o começo de um caminho. "As veias abertas" é quase um ensaio de economia política, escrito em uma linguagem não muito tradicional no gênero, por isso perdeu o concurso da Casa das Américas, porque o jurado não o considerou um livro sério. Era uma época em que a esquerda só acreditava que o sério era o chato, e como o livro não era chato, não era sério, mas é um livro muito concentrado na história política econômica e nas barbaridades que essa história implicou para nós, como nos deformou e nos estrangulou. Em compensação, "Espelhos" tenta abordar o mundo inteiro recolhendo tudo, as noites e os dias, as luzes e as sombras, são todas histórias muito curtinhas, e há também uma diferença de estilo. "As veias abertas" tem uma estrutura tradicional, e a partir daí eu tentei encontrar uma linguagem própria minha, que é a do relato curto, tijolos coloridos para armar os grandes mosaicos, um estilo como o dos muralistas, e cada relato é um pequeno tijolo que incorpora uma cor, e um dos últimos relatos de "Espelhos" evoca uma recordação da minha infância que é verdadeiro; é que quando eu era pequenininho acreditava que tudo o que se perdia na Terra ia parar na Lua, estava convencido disso e me surprendeu quando chegaram os astronautas à Lua porque não encontraram nem promessas traídas, nem ilusões perdidas, nem esperanças rompidas, e então eu me perguntei: se não estão na Lua, onde estão? Será que não estão aqui na terra, esperando-nos?

Tradução: Emir Sader

28.8.09

ERA DAS UTOPIAS

DOMINGO - 30 de agosto, 23h30
programa sobre o documentário Era das Utopias
 
SEGUNDA, 31 de agosto, às 20h30
ESTRÉIA - ERA DAS UTOPIAS Utopia. O substantivo vem das palavras gregas ou e topos, que significam sem lugar. Refere-se a um lugar ou posição ideal, ainda não atingido. Sonho impossível de realizar. Ideal inatingível.

A utopia pela igualdade entre os homens inspirou gerações. O mundo soviético inspirou os sonhadores. Com o fim da II Guerra Mundial, os Estados Unidos são a potência emergente. O american way of life passa a ser o modelo de civilização, quase uma norma. O mundo assiste a um confronto cultural, social, religioso, político e ideológico.

Foi nessa época, há vinte anos, que Silvio Tendler começou a catalogar e organizar as utopias de sua geração. Para Silvio Tendler, utopia é a palavra mais utilizada nesses últimos tempos e é um assunto que sempre o fascinou. "Eu sempre trabalhei muito na questão das ideologias, na questão da história, e corri atrás desta construção pelo mundo afora. São vinte anos de pesquisa em torno destas questões ideológicas que pautaram minha geração". A construção, a qual Tendler se refere, é Era das Utopias - nova minissérie da TV Brasil, que estreia em agosto.

A série pretende retratar as principais transformações sociais, econômicas, culturais e artísticas após a Segunda Guerra Mundial; as utopias que foram criadas neste período e as barbáries que o pontuaram. A série descreve o desmantelamento das utopias vigentes em 1968 e a criação das novas utopias que se consolidaram no mundo contemporâneo.

Os primeiros capítulos tratam do surgimento da utopia socialista e todas as suas conseqüências durante o século XX. Já os capítulos referentes à utopia capitalista mostrarão a derrocada do Socialismo com a queda do muro de Berlim, em 1989; os desdobramentos gerados e, tantos outros fatos que nos levaram às novas utopias, derivadas do conflito entre novas tecnologias e velhas mazelas. Para Tendler, a luta das atuais gerações é a preservação do planeta. "Salvar o planeta dos danos causados pela utopia capitalista e pela utopia comunista é a nova utopia", afirma o diretor.

Era das Utopias mostrará algumas imagens de arquivo, além de imagens e entrevistas inéditas dos principais intelectuais, artistas e personagens do período, como: Apolônio de Carvalho, Albert Jacquard, Eduardo Galeano Ferreira Gullar, Gillo Pontecorvo, Jacob Gorender, Noam Chomsky, Jaguar, Augusto Boal, Edgar Morin, Sérgio Cabral, Susan Sontag, Tom Zé, entre outros.

Dono de um jeito de fazer cinema denominado de "câmera cidadã" por grandes colegas de profissão, Silvio conta que até começar a produzir o longa "Utopia e Barbárie" - que é a ancora da minissérie - percebeu que não se falava muito em utopia, até então. Hoje em dia, qualquer pessoa, pra falar sobre qualquer ideia, utiliza a palavra utopia. "Eu acho que a ideologia e a utopia têm uma relação íntima. É uma relação promíscua. Quando você está falando de utopia, você está defendendo ideias, quando você está falando em ideologia, você está defendendo utopias, então eu acho que é este casamento que é fundamental e que eu estou tentando trabalhar na Era das Utopias".

Lista de nomes dos entrevistados:

  • Adetokunbo Borishade – professora e pesquisadora da cultura afro-americana e africana.
  • Albert Jacquard –Geneticista francês.
  • Amos Gitai – Cineasta israelense.
  • Apolônio de Carvalho – Dirigente do Partido Comunista. Lutou na Guerra Civil Espanhola.
  • Carlos Alberto Moreira – biomédico
  • Carlos Eduardo Lins da Silva – jornalista
  • Carlos Walter Porto – Geógrafo
  • Chico de Oliveira – sociólogo
  • Clara Charf – Militante comunista.
  • Edgar Morin –Sociólogo.
  • Eduardo Bueno – jornalista e escritor.
  • Eduardo Galeano – Jornalista e escritor uruguaio.
  • Ferreira Gullar – poeta.
  • Frei Fernando – Frei dominicano, participou da resistência à ditadura militar.
  • George Yúdice – professor e escritor norte-americano.
  • Jacob Gorender –historiador e militante comunista.
  • Jean Marc Salmon – sociólogo francês.
  • Jorge Zabalza –combatente do grupo guerrilheiro uruguaio Tupamaros.
  • Leandro Konder – Filósofo.
  • Leonardo Boff – Teólogo.
  • Luis Fernando Veríssimo – jornalista e escritor.
  • Luiz Gê – ilustrador e professor de desenho.
  • Moacyr Felix – poeta.
  • Moacyr Scliar – Médico e escritor.
  • Muk Tsur – diretor do movimento de Kibbutz em Israel
  • Noam Chomsky – lingüista norte-americano.
  • Noel Gertel – jornalista
  • Raul Alvarez – engenheiro, membro do movimento estudantil mexicano de 1968.
  • Roberto Fernández Retamar – escritor cubano. Presidente da Casa das Américas.
  • Samuel Blixen – Jornalista, combatente do grupo guerrilheiro uruguaio Tupamaros.
  • Sergio Amadeu – sociólogo.
  • Susan Sontag – escritora norte-americana.
  • Toni Negri – filósofo italiano.
  • Wolfgang Becker – cineasta alemão.
  • Yves Lesbaupin – Ex-frei dominicano, participou da resistência à ditadura militar.
Ficha Técnica:
  • Direção e Roteiro: Silvio Tendler
  • Produção Executiva: Ana Rosa Tendler
  • Assistente de Direção: Nina Tedesco
  • Pesquisa: Renata Ventura
  • Assistente de pesquisa e produção: Gabriel Marinho
  • Edição: Bernardo Jucá / Fernanda Bastos / Nina Galanternick
  • Videografismo: Radiográfico
  • Trilha sonora: Lucas Marcier
  • Equipe Caliban: Alexander da Silva / Arthur Bastos / Bernardo Pimenta / Elisa Paiva

Estado, governo, partidos, democracia

27/08/2009

O Estado brasileiro é mais forte porque mais democrático.

A campanha eleitoral da oposição - tendo sua comissão de frente nas empresas privadas da mídia - concentra seu foco de supostas denúncias em um tema central: o governo confundiria o Estado com o governo, apropriando-se do Estado em função dos partidos que o apóiam. O jornal da família Frias chegou a colocar como manchete na sua primeira página que "O governo se reserva tal porcentagem do pré-sal", como se se tratasse de uma apropriação por parte de governo de receitas de um projeto de enorme transcendência, que mobiliza grande quantidade de recursos, para seu proveito, em lugar de fazê-lo para o Estado brasileiro.

Confusão faz essa imprensa despreparada teoóricamente e mesquinha politicamente, ao não se dar conta de como os destinos do Estado brasileiro estão em jogo na repartição dos recursos do pré-sal, não se tratando apenas de um problema de um governo de turno. Mas quando se trata de manter de pé campanha sistemática de acusações a um governo que, apesar disso ou talvez até mesmo também por isso, goza de mais de 80% de apoio da população, vale de tudo, pelo próprio desespero de não ver refletir nas pesquisas de opinião, o tempo, os espaços e o papel gasto na até aqui inglória luta contra o governo.

Para começar: o Estado brasileiro, no governo Lula, é muito mais democrático do que antes, em qualquer outro governo. Em primeiro lugar, porque atende as reivindicações de um numero incomparavelmente maior de pessoas do que qualquer outro governo. Atende seus direitos a emprego formal, a acesso a bens fundamentais, a escola, a habitação, a saneamento básico, a créditos, a energia elétrica, entre outros direitos elementares, mas que foram sempre negados à maioria da população.

Como conseqüência, o Estado integra a setores majoritários do povo, que nunca antes tinham se sentido participantes do Estado, do que é expressão o fato de mais de 80% da população apoiar o governo, não ocasionalmente, no momento de um plano econômico qualquer – como em momentos do Plano Cruzado do governo Sarney ou do Plano Real do governo FHC – mas estavelmente, no sétimo ano do governo, quando FHC tinha apenas 18% de apoio e Sarney algo similar.

O Estado dispõe de mais pessoal e mais qualificado, melhor remunerado, depois de ter passado pela sua demonização, pela desqualificação do servidor público e diminuição pelas políticas de Estado mínimo do governo da tucanalhada-demoníaca.

As empresas estatais são mais fortes e mais eficientes hoje. Tome-se o exemplo da Petrobrás no governo atual, em comparação com ao que tinha sido reduzida – "Petrobrax" – no governo FHC. Os levantamentos do IPEA revelam como o serviço publico é mais eficiente que as empresas privadas, como mostra da melhoria do Estado no governo atual.

A diminuição significativa do superávit fiscal, o freio nos processos de privatização – que previam a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, da Eletrobras, nos acordos assinados com o FMI na última das três crises com que o governo FHC vitimizou o Brasil fortaleceram o Estado.

Ao contrário dos governos tucanos, como o de Serra, que seguiu adiante as privatizações e, não fosse o Banco do Brasil ter comprado a Nossa Caixa, a teria vendido ao capital privado, como os tucanos tinham feito com o Banespa vendido a um banco estrangeiro, o Santander.

O Estado brasileiro é muito mais forte, porque muito mais respeitado no exterior, tanto na América Latina, como no conjunto do mundo, como se vê pelo prestígio de Lula, em comparação com a penosa imagem projetada por FHC e seus tristes ministros de Relações Exteriores.

O Estado é mais forte porque recuperou sua capacidade de indução do crescimento econômico, como se viu muito claramente na capacidade do governo e dos bancos públicos de promover a recuperação econômica do país na atual crise, muito maior do que qualquer uma que o governo FHC tenha vivido e, no entanto, o Brasil sai dela mais forte, ao contrário das anteriores, em que – como no caso da crise de 1999 – o país saiu enfraquecido – com as taxas de juros próximas de 50%, com o desemprego em níveis altíssimos, com um descontrole inflacionário, com um aumento exponencial da divida pública, com uma recessão de que somente o governo Lula pôde fazer com que saíssemos da crise.

O Estado é mais forte justamente porque o governo não confundiu governo e Estado. O governo é um instrumento de fortalecimento do Estado, mediante políticas de interesse nacional – como as políticas sociais, educativas, culturais, econômicas, a política externa independente, entre tantas outras – e não para atender interesses privados – como as escandalosas privatizações de FHC, que dilapidaram o patrimônio público ou como a privataria educacional que promoveu as faculdades e universidades privadas em detrimento da educação publica, universal e gratuita.

O Estado é mais forte, porque arrecada mais e melhor, canalizando recursos para o crescimento econômico e as políticas sociais. Porque diminuiu as taxas de juros, diminuindo a remuneração ao capital especulativo e a transferência de renda ao capital financeiro.

Assim, o Estado brasileiro é mais forte, não porque menos democrático, mas porque muito mais democrático, mais integrador, mais provedor de direitos, mais reconhecido no exterior e dentro do Brasil.

O Estado governa com os partidos que apóiam o governo Lula, um governo submetido pelos dois maiores plebiscitos públicos – as eleições de 2002 e 2006 -, em que, mesmo tendo a ditadura das empresas privadas da mídia contra, contou com o imenso apoio popular, que só cresceu desde então. Governa, portanto, com a delegação da grande maioria do povo. A oposição queria que ele governasse, como no governo FHC, com representantes diretos do grande capital, dos bancos, das corporações privadas, da mídia oligárquica, do capital estrangeiro.

Os governos estaduais dos outros partidos – como o de Olívio Dutra no Rio Grande do Sul – foram sistematicamente sabotados pelo governo FHC, ao contrário do governo Lula, que compartilha os recursos federais com governos da oposição, como os governos tucanos de São Paulo e de Minas Gerais, com governadores pré-candidatos à presidência pela oposição ao governo.

O Estado é mais forte no Brasil no governo Lula, a democracia é mais forte, porque o governo as promove como seus objetivos centrais. Passado o circo midiático, fica claro que foram os tucanalhas-demoníacos, que debilitaram o papel de controle tributário, favorecendo a sonegação fiscal como nunca no Brasil.

Um Estado forte é um Estado democrático, reconhecido e apoiado pela grande maioria da população. É um Estado que implementa políticas de caráter nacional, de interesse público, promovendo a prioridade das questões sociais e não a ditadura econômico-financeira de Malan-FHC-Serra.

O Brasil precisa ser mais democrático e não menos, como quer a oposição, adepta do Estado mínimo e dos cortes dos direitos sociais. O Brasil precisa reformar profundamente o Estado, não como quer a oposição, para deixar mais espaços para o mercado, mas para torná-lo efetivamente um Estado de todos e para todos.

Postado por Emir Sader às 06:12

http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=348

27.8.09

Urgente

Del Frente Nacional contra el Golpe de Estado
 

FAVOR DIVULGAR

Llamamiento a la Acción Mundial contra el Golpe de Estado en Honduras

El Frente Nacional contra el Golpe de Estado, hace un llamado a todas las organizaciones y personas solidarias y comprometidas con la democracia en el Mundo, para que se sumen a la protesta contra la dictadura instaurada por la oligarquía hondureña en complicidad con los sectores internacionales más conservadores y fascistas.

El día 28 de agosto se realizarán en embajadas de los Estados Unidos al rededor del mundo, plantones de protesta con los siguientes objetivos:

1. Manifestar el rechazo de la humanidad al golpe de Estado militar llevado a cabo en Honduras el día 28 de junio de 2009.

2. Exigir el inmediato retorno a la institucionalidad democrática del país, que incluye la restitución incondicional del Presidente legítimo Manuel Zelaya Rosales.

3. Exigir el castigo a los violadores de los derechos humanos.

4. Denunciar el apoyo y la complicidad de organismos de inteligencia nortemearicanos en el Golpe.

5. Exigir de la presidencia de Estados Unidos, una posición contundente en contra de la dictadura de Micheletti. Que incluye la interrupción inmediata de todo tipo de cooperación Militar, diplomática y económica.


Tegucigalpa 24 de agosto de 2009.

O papelão de Waldvogel e a desmontagem do factóide Lina - Carta Maior

Política| 26/08/2009 | Copyleft

A jornalista Monica Waldvogel reuniu no programa "Entre Aspas", da Globonews, o ex-secretário da Receita Federal (no governo FHC), Everardo Maciel, o presidente do SindiReceita, Paulo Antenor, e um advogado tributarista para discutir a "crise da Receita". Após uma introdução onde denunciou o "aparelhamento" da Receita e apresentou Lina Vieira como "vítima" deste processo, ouviu dos convidados que o aparelhamento foi feito, na verdade, por Lina Vieira. Para jornalista Luis Nassif, comentário inicial de Waldvogel foi "vergonhoso, antijornalístico e desonesto".

O programa foi ao ar nesta terça-feira (25). A apresentadora Monica Waldvogel iniciou o "Entre Aspas" com uma leitura apocalíptica sobre o "aparelhamento da Receita" pelo governo Lula, mostrando Lina Vieira como uma "vítima" de interesses poderosos (Sarney, Petrobras, etc.). Todas as teses da introdução de Waldvogel foram rejeitadas e rebatidas pelos participantes do programa. Ao final do mesmo, constrangida, a jornalista pergunta:

- Mas então houve uma manipulação da opinião pública?

Assista ao programa e tire suas conclusões:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16124

O jornalista Luis Nassif resumiu assim, em seu blog, o papel constrangedor de Waldvogel e a desmontagem do factóide Lina Vieira:

O comentário inicial lido por Mônica Waldvogel é vergonhoso, antijornalístico, desonesto, porque desmentido ao longo de todo o programa pelos três entrevistados convidados. A Globonews perdeu o rumo.

Os três convidados são unânimes em afirmar que politização ocorreu na fase de Lina Vieira, não agora. Mônica atropela as conclusões da mesa redonda, desrespeita os telespectadores ao antecipar conclusões falsas. Principalmente sabendo-se que a abertura sempre é feita após o programa, com base nas conclusões levantadas.

Paulo Antenor, presidente do SindiReceita, sindicato dos Analistas-Tributários da Receita Federal, denuncia o aparelhamento da Receita… por Lina. Mostra que o pedido de demissão coletiva dos antigos superintendentes foi apenas uma antecipação para demissões que ocorreriam. O advogado tributarista nega crise na Receita. Disse que está mais preocupado com as taxas de juros dos bancos e temas mais relevantes.

Mônica tenta se socorrer do ex-Secretário da Receita Everardo Maciel, da gestão FHC, pedindo que confirme a politização. Everardo diz que a politização ocorreu com Lina e que agora não há ingerência política, porque é atribuição do Ministro definir o Secretário.

Depois disso tudo, Mônica volta ao papo de que Mantega estaria pressionando para não apertar os grandes contribuintes. Os entrevistados negam. Everardo mostra que esse foco nos grandes contribuintes começou em sua gestão. Mônica diz que houve aumento na arrecadação dos grandes contribuintes na gestão Lina. Everardo desmonta com números.

Mônica vem com a história da opção do regime de caixa pela Petrobras foi manipulação. Everardo é incisivo: a Petrobras está certa. O factóide criado foi para justificar a queda da arrecadação na gestão Lina - embora admita que a queda tem muitos outros fatores deflagradores, entre os quais a crise.

Mônica: se fosse tão clara a possibilidade de mudar o regime no meio do ano, não haveria essa controvérsia.

Everardo: a regra é clara e foi feita em 1999 justamente para enfrentar o problema da desvalorização cambial.

Mônica: mas até agora a Receita está para soltar um parecer.

Everardo e os demais: já foi feito, concordando com a Petrobras. Essa prática existe há muito tempo, não existe qualquer ilegalidade ou manobra contábil.

Mônica, balbuciando: a lei foi feita. Houve então uma manipulação da opinião pública?

Todos concordam com a cabeça.

Aí ela deriva a entrevista para o caso Sarney, perguntando se é legítimo pressionar a Receita para abrandar a fiscalização.

O presidente do Sindicato disse que é impossível essa pressão, que nunca essa informação correu na Receita. Disse que sempre trabalhou próximo à chefia da Receita, tanto no governo FHC e Lula, e nunca viu esse procedimento. O chefe da Receita conversa com políticos todos os dias. Mas esse tipo de ingerência é novidade para a gente.

Everardo disse que se ocorreu, o momento certo seria na época em que foi feita. Se não fez, cometeu prevaricação.

Conclusão final dos três entrevistados: Lina foi um desastre para a imagem da Receita e caberá a todos os funcionários trabalharem para o resgate de sua imagem.

Assista o programa e depois volte à abertura.

PS - O programa é ao vivo. Então na abertura Mônica definiu conclusões que não foram avalizadas, posteriormente, pelos entrevistados.

26.8.09

Funeral de um lavrador

 

Morte e Vida Severina

"- Essa cova em que estás,
com palmos medida,
é a conta menor,
que tiraste em vida.
- É de bom tamanho,
nem largo nem fundo
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
- não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.
- É uma cova grande
para teu pouco defunto,
mas estarás mais ancho
que estavas no mundo.
- É uma cova grande
para teu defunto parco,
porém mais que no mundo
te sentirás largo.
- É uma cova grande
para tua carne pouca,
mas a terra dada
não se abre a boca

..."
(João Cabral de Melo Neto. "Morte e Vida Severina").
----------------------------------------

Tristemente, Elton Brum da Silva, "essa é a parte que te cabe deste latifúndio..."

 

Morte e Vida Severina - Cena do enterro do sem-terra

< http://www.youtube.com/watch?v=xAtbeDyH9P8 >

Protesto impede aula inaugural

Grupo RBS

O campus da UCS virou palco de protestos na noite de segunda-feira contra a criminalização dos movimentos sociais. O ato lembrou a morte do agricultor Elton Brum, integrante do MST, morto em confronto com Brigada Militar (BM) na desocupação da fazenda Southal, em São Gabriel. A manifestação também serviu para repudiar o promotor de Justiça do Estado Gilberto Thums, que iria palestrar na aula inaugural do curso de Direito.

Thums era convidado do Departamento Acadêmico (DA) Percy Vargas de Abreu e Lima, mas enfrentou resistência por ter sido o responsável pelo pedido de fechamento das escolas itinerantes do MST.

O cancelamento da aula inaugural do Direito foi considerado uma vitória pelos cerca de 80 manifestantes, entre acadêmicos e integrantes de movimentos sociais, que percorreram a universidade.

O vice-presidente do DA de Direito, Leonel Ferreira, critica a decisão de adiar a palestra. Segundo ele, o diretório havia até solicitado reforço à BM para a palestra de Thums, além de um carro blindado.

A coluna tentou conversar com Thums, mas ele não atendeu aos chamados no celular.

ROBERTO CARLOS DIAS (INTERINO)* | MIRANTE | Política - Pioneiro

 

25.8.09

Quem matou Elton Sem-Terra?

Marisa Formolo* Dia 21 de agosto, na desocupação da Fazenda Southal, foi morto um militante sem-terra. Em escaramuça travada em meio a lama da campina gaúcha, foi atingido covardemente por um tiro de espingarda calibre 12. Cenas que lembram as centenárias revoluções do povo gaúcho. Quem matou Elton Sem-Terra? É provável que a sociedade queira saber qual foi o soldado que atirou. Mas quem de fato matou Elton foi o Estado. Um Estado que tem justiça e ação policial rápida para os pobres, e morosa ou quase inexistente para a elite que detém o poder. Uma elite agrária que quer impedir a reforma agrária a qualquer custo, ao custo de vidas... Um Estado que se preocupa com o preço da comodities, mas que não consegue ver centenas de Eltons, que estão há mais de uma década na beira da estrada a espera de uma gleba de terra, num país de tanta terra na mão de poucos. Qual era o lugar de Elton Sem-Terra? A favela urbana? Qual é o lugar no mundo de um colono sem-terra? É o castigo da lona preta na beira da estrada? É evidente que é na terra devidamente dividida para multiplicar alimentos para o povo. Quem morreu na Fazenda Southal? Foi um homem quase indigente. Foi um lutador social que resistiu a ordem judicial na forma da lei. Quem morreu naquela fazenda foi um um pouco de cada um que lutamos para manter a esperança. Toda vez que falta comida na mesa do povo, porque a soberania alimentar que só se alcança com a reforma agrária está longe do nosso horizonte, morre um pouco da esperança... Toda vez que é negado ao estudante material mínimo para o aprendizado, para a higiene, para evitar contaminações nas escolas públicas, em nome da economia do Estado, morre um pouco mais da esperança... Toda vez que se descobre verdadeiros assaltos ao cofres públicos por meio da corrupção, morre muito da esperança... Toda vez que uma palavra é dita, e no dia seguinte negada por quem a disse, morre um pouco mais da esperança de cada pobre, de cada sem nada que vive neste mundo. Estas mortes anunciadas vão minando a nossa fé e esperança. Mas ainda temos uma reserva para os momentos mais duros como este que o Rio Grande do Sul vive. Temos que nos levantar, recuperar a esperança. É possível um mundo melhor, e um Estado dentro de um sistema que nos dê vida, não a morte. Esta crença reafirma que as lutas que Elton-Sem Terra representa valem a pena. É Lutar pela justiça, lutar pela vida. Talvez seja isso que Elton pensou até seu último minuto: acreditou que vale a pena lutar. * Marisa Formolo, é deputada estadual do PT, na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul

texto do blog do EMIR SADER

21/08/2009

A desmoralização da política

Um dos maiores consensos nacionais é a desmoralização da política e dos políticos. Esporte fácil, dos mais praticados nas rodas de conversa, alimentado pela imprensa e favorecido pelo comportamento dos parlamentares, que, no entanto não tem alterado em nada a composição do Parlamento – individualizado como a instância por excelência da política -, políticos acusados sistematicamente pela imprensa como pivôs de grandes escândalos – como Collor, Sarney, Renan, entre tantos outros – têm sido reeleitos sistematicamente. Ao mesmo tempo, outra instância que personifica a política – os governos – tem tido em geral grande apoio do eleitorado, nas eleições e nas pesquisas, salvo casos limites – como o de Yeda Crusius.

Ao mesmo tempo, as pesquisas sobre credibilidade colocam o Congresso sempre em posição muito ruim e a imprensa em posição de destaque. No entanto, os jornais baixam sistematicamente sua tiragem em um caminho sem volta para sua crise definitiva, enquanto suas vítimas privilegiadas são eleitos e reeleitos. E ao mesmo tempo, a imprensa, que teria muita credibilidade e fabrica – literalmente – a "opinião pública", é quem mais influenciaria a população, se choca com a vontade dos eleitores, que tem reiterado a maioria de partidos – como especialmente o PMDB – atacados centralmente pela imprensa. Quem tem mais apoio da população – como algum que outro acusado já disse: a imprensa, que não se sustenta no voto popular, ou os parlamentares, que são submetidos periodicamente à consulta da cidadania?

Em última instância: de onde vem a desmoralização da política? Quem se aproveita disso? Qual a credibilidade que a imprensa tem? Qual seu poder de influência? Como se constróem os consensos no Brasil?

Na transição da ditadura para a democracia, a política estava em alta, contra o poder militar, que sempre buscou desmoralizá-la: as cassações se faziam contra dois grupos de políticos, os supostamente subversivos e os corruptos. A derrota das eleições diretas para presidente – recordemos o papel da Globo, que tentou, até o ultimo momento, desconhecer a campanha, para finalmente aderir a contragosto, quando já era um consenso nacional – levou a que o novo regime não representasse claramente uma vitória da democracia contra a ditadura. A conciliação feita no Colégio Eleitoral – em que a oposição dependia de votos dos partidos do governo – deu a nova cara da democracia: uma conciliação entre o novo e o velho. No lugar do candidato natural da oposição - Ulysses Guimarães, o conciliador Tancredo Neves, tendo como vice o até poucas semanas antes presidente do partido da ditadura, José Sarney, que havia liderado a campanha da ditadura contra as eleições diretas, ao mesmo tempo que nascia um partido que saia no derradeiro momento do bloco do governo, o PFL, para somar-se ao carro vencedor e tentar distanciar-se do regime moribundo.

Uma chapa – Tancredo-Sarney -que expressava claramente a conciliação entre o velho e o novo.

As circunstâncias – morte de Tancredo e presidência de Sarney – consolidaram a presença do velho, pelo papel mais destacado que tiveram políticos centrais na ditadura – de que o caso de ACM é o mais significativo, embora não o único. A frustração do governo Sarney, restringindo a democratização ao plano político-institucional – no marco estritamente liberal, sem democratização econômica, social, midiática, cultural – recolocou o tema da desmoralização da política, de que Sarney foi uma expressão clara, por seu governo, por sua capacidade camaleônica de reciclar-se rapidamente da ditadura para a democracia, pelo poder oligárquico que mantêm no Maranhão e por sua capacidade de eleger-se, artificialmente, por outro estado como senador, assim como por seus vínculos estreitos e promíscuos com a grande imprensa – através de ACM, que distribuiu os canais de rádio e televisão pelo Brasil afora para a conquista do quinto ano de mandato para Sarney -, de que a propriedade do canal da Globo no Maranhão é um exemplo, além da transferência da sua influência para eleger filhos seus – Roseana e Zequinha.

Collor, na sua campanha, tratou de capitalizar essa nova desmoralização da política, aparecendo como um outsider, supostamente contra as oligarquias tradicionais da política – como desdobramento da "modernidade" que prometia, contra os "marajás" e a favor da abertura da economia, contra "as carroças", que seriam os carros fabricados no Brasil. Como isso, Collor colocava, pela primeira vez de forma aberta, dois eixos do consenso neoliberal, que se impunha na America Latina e no mundo: a desqualificação do Estado e a abertura para o mercado externo.

Seu caráter pretensamente bonapartista de governar, se exercia contra a política e os partidos – sua própria eleição por um partido de aluguel expressava a crise dos partidos tradicionais: recordar o pífio resultado de Ulysses como candidato do PMDB, assim de outros representantes de partidos, como Covas, Afif Domingos, Roberto Freire, entre outros. Collor buscava construir um novo bloco no poder, em torno da sua figura e do ideário neoliberal.

Collor viria logo se somar à lista de políticos coruptos – cuja lista incluía centralmente a Maluf, ACM, Sarney, Quércia, entre muitos outros. Mas a nomeação de FHC para comandar a economia por Itamar Franco, permitiu ao PSDB retomar a plataforma neoliberal, de forma mais articulada. Retomava também os pressupostos ideológicos do neoliberalismo: o Estado é o problema e não a solução, promoção da centralidade do mercado no seu lugar.

O neoliberalismio busca desqualificar o Estado, especialmente as regulações – que se contrapõe à livre circulação do capital, aos gastos em políticas sociais e em qualificação e melhor remuneração dos funcionários públicos, além da privatização das empresas públicas.

Um dos seus objetivos, portanto, é enfraquecer o Estado, considerando seus gastos como fonte inflacionária, pregando a diminuição constante dos impostos, para favorecer a transferência de recursos do Estado para o mercado.

O Estado e o conjunto da esfera política foram alvo sistemático das forças neoliberais, tendo a imprensa privada como agente fundamental dessas campanhas, valendo-se das denúncias – quase sempre reais – de casos de corrupção de políticos, da malversação de verbas estatais, da contratação de servidores públicos – sem atentar quando se trata de gastos socialmente inúteis ou quando se trata da prestação de serviço para a massa da população, como é o caso de professores, médicos, enfermeiras, assistentes sociais, entre outros.

Sempre se tenta tomar casos individuais para buscar criminalizar a totalidade da política e das ações do Estado. Toma-se casos particulares de comprometimento com a corrupção – como os casos de Severino, aliás eleito pela oposição contra o governo, de Sarney, de Renan (sempre deixando de lado os aliados atuais do bloco de direita, como é o caso, por exemplo, da ausência de Quercia, atual aliado de Serra, ou dos membros do DEM e dos próprios tucanos, como foram os casos de Artur Virgilio, Sergio Guerra, Tasso Jereissatti, Yeda Crusius – para tentar generalizar para todos os políticos. Toma-se eventuais irregularidades, por exemplo na distribuição do Bolsa Família, em alguns casos individuais, para se tentar desqualificar um programa que beneficia mais de 60 milhões de pessoas.

Um Congresso fraco não tem condições de definir leis que limitem a livre circulação do capital, o poder sem controle da mídia (como pode ser o caso da Conferência Nacional de Comunicação), a denúncia dos casos de corrupção de empresas privadas, de sonegação fiscal por parte dessas empresas, de controle sobre os ganhos gigantescos dos bancos privados, da superexploração dos trabalhadores pelas empresas privadas, da deterioração do meio ambiente por conglomerados privados urbanos e rurais – entre outras iniciativas. O Congresso fica voltado para casos que a imprensa privada escolhe como seu objeto privilegiado de denúncias – aqueles que buscam afetar políticas de alianças do governo, como se o PMDB e os políticos denunciados agora fossem menos corruptos quando eram aliados de FHC e não eram submetidos a essas denúncias. Tenta colocar o Estado e o governo na defensiva, quando tenta desqualificar programas sociais, gastos na contratação de servidores públicos, investimentos de infra-estrutura ou outros planos como os habitacionais, como gastos inúteis, que recairiam em aumento da tributação.

Tratam de criar o clima de que o Estado tem um papel essencialmente negativo, ao tributar muito e gastar de forma irresponsável. Era esse o discurso de FHC quando candidato, tendo como mote a idéia de que "o Estado gasta muito e gasta mal", que era um Estado falido. Quando terminou seus trágicos 8 anos de presidência, a dívida pública tinha se multiplicado por 11, o Estado tinha se desfeito, a preço de banana, depois de sanear as empresas com dinheiro público, de patrimônios fundamentais do Estado, como a Vale do Rio Doce, os gastos sociais tinham diminuído e, ainda assim, o Estado acumulava uma inflação alta e sem controle por parte do Estado. Nunca o Estado gastou tanto e tão mal, como quando governou o bloco tucano-demoniaco.

Estado e Congresso fracos significam mais espaço para se fortalecer o mercado, isto é, o espaço de domínio e controle das grandes empresas privadas. O bloco opositor termina aceitando que as políticas sociais do governo são positivas, mas tenta esconder que elas supõem tributação e redistribuição do ingresso através de um Estado regulador. Tem que reconhecer que o Brasil saiu antes e mais rapidamente da crise, mas tenta esconder que a indução à retomada do crescimento foi basicamente estatal. Denuncia casos de irregularidade no governo, mas busca esconder, por exemplo, o envolvimento da Sadia e do Unibanco, entre outras empresas privadas brasileiras, na compra irresponsável de subprimes, o que levou à sua falência e compra por outras empresas. Os maiores escândalos contemporâneos não se situam na esfera do Estado, mas no das grandes empresas privadas, como tem se tornado público no caso de algumas das maiores empresas privadas norteamericanas.

No caso do Brasil, tornou-se consensual a idéia de que o PMDB, por ter sido o partido majoritário desde o fim da ditadura militar, se vale do seu papel chave para a obtenção das maiorias pelos governos de turno, para se apropriar de cargos chave nos governos e no Congresso, onde desenvolve práticas fisiológicas. Foi assim nos governos Sarney, Collor, Itamar, FHC e agora no governo Lula. Quando se aliam ao bloco de direita, cala-se em relação a essas práticas, quando elas favorecem o bloco agora governista, se tornam alvos privilegiados das denúncias, tentando desarticular as alianças do governo no Congresso, dado que fracassaram ao tentar desqualificar a Lula com denúncias e ao se dar contra do imenso apoio popular que o governo tem.

Mas se a imprensa mercantil, com o controle monopólico na TV, nos jornais, nas revistas e nos rádios, forja a opinião pública, essa maioria do PMDB é o resultado, como um bumerangue, que retorna do tipo de despolitização que essa imprensa difunde. Ela costuma dizer que "o povo brasileiro não tem memória". Mas é essa mídia a que produz o esquecimento. Senão teria que dizer que:

- todas essas empresas apoiaram o golpe militar
- A grande maioria apoiou o governo Sarney
- A grande maioria apoiou o governo Collor
- Todas apoiaram o governo FHC do começo ao fim
- Todas apoiaram o Serra e Alckmin.

Tornaram-se instrumentos de propaganda do bloco de direita, que tenta reaver o controle do Estado brasileiro, contra um governo que detêm 80% de apoio da população, enquanto eles conseguem obter apenas 5% de rejeição do governo que atacam noite e dia.

Querem a política desmoralizada, em favor do mercado. O Estado mínimo, fraco, em favor da força das grandes empresas privadas. Um Congresso desmoralizado, para que não possa legislar sobre nada, deixando que as leis de oferta e de procura defina tudo na sociedade.

Postado por Emir Sader - 21/08/2009 às 16:16

promiscuidade entre os grandes proprietarios de terra, o poder judiciario e MP

"Extremamente profissional"

Em junho de 2003, no mesmo dia em que a ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulava a desapropriação das fazendas Estância do Céu, Santa Adelaide, Caieira, Posto Bragança e Salso Fazenda (13,2 mil hectares), de propriedade de Alfredo Southall, em São Gabriel, fazendeiros e prefeitos da região reuniram-se para um "ato de desagravo" ao fazendeiro. Durante o ato, a decisão da ministra foi lida, sob muitos aplausos, pela promotora Lisiane Villagrande (foto), do Ministério Público de São Gabriel.

A promotora Villagrande precisa explicar melhor suas relações com os fazendeiros da região de São Gabriel. As declarações que fez sobre o caráter "extremamente profissional" da ação da Brigada Militar que resultou no assassinato de Elton Brum da Silva, surpreenderam mesmo integrantes do MP Estadual. A promotora admitiu que foi mantida a uma "distância razoável" dos acontecimentos. Mesmo assim, não hesitou em destacar a "tranqüilidade" e o "profissionalismo" da Brigada.

Lisiane Villagrande é casada com Clarindo Veríssimo da Fonseca que, em parceria com seu pai e irmão, é proprietário de uma área de aproximadamente 450 hectares em São Gabriel, a 60 quilômetros da fazenda Southall.

Foto: Ministério Público Estadual

http://rsurgente.opsblog.org/

Sem terra é executado com tiro nas costas pela polícia gaúcha - Carta Maior

Política| 21/08/2009 | Copyleft
 

Sem terra é executado com tiro nas costas pela polícia gaúcha

O agricultor sem terra Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, foi morto na manhã desta sexta-feira, com um tiro de espingarda calibre 12 nas costas, disparado por um homem da Brigada Militar, durante ação de despejo na fazenda Southal que deixou dezenas de feridos. Primeira explicação da Brigada disse que Elton tinha sofrido um "mal subito". No final da tarde, MST divulgou fotos do corpo do sem terra, comprovando que ele foi atingido pelas costas. Em nota oficial, movimento responsabilizou o governo Yeda Crusius, o Ministério Público gaúcho e o Judiciário pelo assassinato.

PORTO ALEGRE - O sem terra Elton Brum da Silva foi morto na manhã desta sexta-feira (21) em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, com um tiro pelas costas, desferido por uma espingarda calibre 12 durante desocupação, pela Brigada Militar (a Polícia Militar gaúcha), da Fazenda Southall. O assassinato ocorreu por volta das 8 horas da manhã. Elton deu entrada no hospital quase duas horas depois. O MST, em nota oficial, lamentou com pesar o ocorrido e responsabilizou o governo Yeda Crusius (PSDB), o Ministério Público do RS e a Justiça. Não é a primeira vez que a Brigada Militar usa de truculência durante reintegrações de posse, aliás, a violência contra os movimentos sociais instaurada desde o início do Governo Yeda denota opção clara por tratar as questões sociais, como a Reforma Agrária, como caso de polícia.

"Eu não tava próximo tão próximo no momento dos tiros porque a gente se dividiu em dois grupos. Quando Elton foi atingido, ele estava na frente da trincheira e a cavalaria da Brigada entrou por trás, eram cerca de 80 deles, com espadas. A ação foi muito violenta, tem companheiro nosso com a perna cortada por espada. Quando eu ouvi os disparos, a gente tentou ver o que tinha acontecido, mas foi formado um cordão ao redor pelo batalhão. Nós não podíamos nem abrir os olhos, todos no chão, e eles continuavam batendo. Isso durou uns vinte minutos. Bombas de gás foram jogadas nas crianças, que estavam em grupo que tentávamos proteger. Depois que tudo acalmou, deixaram que nós entrássemos de 10 em 10 pessoas para recolher colchões e coisas do gênero. Foi aí que vimos que, onde aconteceram os tiros, havia uma lona preta, com muito sangue embaixo".

O relato é de Rodrigo Escobar, militante do MST, que esteve na ação em São Gabriel. Na conversa por telefone com Carta Maior, Escobar contou que muitas crianças foram levadas ao hospital e que os números de feridos divulgados pela imprensa durante o dia não são nem uma pequena amostra do que aconteceu na Fazenda Southall. Além disso, relatou que o comando da ação movida pela Brigada era confuso, e que nem os próprios oficiais presentes se entendiam. "Enquanto uns mandavam ir pra cima, outros diziam para recuar", disse. Quase duas horas depois, Brum chegou sem vida ao Hospital Santa Casa de Caridade, por volta das 9h40min da manhã. Uma mulher e uma criança também ficaram feridas no confronto, provavelmente com estilhaços do disparo que atingiu o militante.

Nas primeiras horas da manhã, as informações repassadas à imprensa pela Brigada Militar atribuíam a morte de Brum a um mal súbito. O assassinato só foi confirmado na metade da manhã. O ex-ouvidor agrário do Governo Yeda e também ex-ouvidor da Segurança Pública, Adão Paiani, disse que o sem-terra Brum foi morto pela Brigada Militar. Paiani relatou que foi procurado, na condição de ex-ouvidor da segurança pública, por um oficial da BM que assistiu à desocupação da fazenda. Esse oficial teria relatado que o manifestante foi morto durante discussão com um oficial da BM que atua na região da Fronteira. Brum teria dito alguns palavrões para o oficial, que revidou com um tiro de espingarda. O próprio oficial e alguns soldados teriam providenciado a remoção de Brum, ainda vivo, para o hospital de São Gabriel, numa viatura da BM. Ele não portava arma de fogo.

"Extremamente profissional"
Lisiane Vilagrande, promotora de São Gabriel, acompanhou a ação da Brigada durante a desocupação desde as 5h da manhã desta sexta-feira. Segundo ela, a ação "foi extremamente profissional. Em momento nenhum eu senti alguma tensão ou nervosismo por parte dos policias militares que executavam a ação. Foi tudo muito rápido". No entanto, a promotora não soube precisar a que distância acompanhou a ação. "Fiquei a uma distância razoável, em um ponto mais alto. Nós tínhamos uma visão, mas relativamente limitada. E, além disso, acho que para minha própria segurança, o coronel me manteve a uma distância adequada. Eu estava mais próxima do que a imprensa, mas eu estava bem distante do acampamento em si". A promotora apenas admitiu ter escutado tiros, e também testemunhou o uso de bombas de efeito moral, de som e de gás lacrimogêneo.

O ouvidor agrário do Ministério Desenvolvimento Agrário (MDA), Gercino Silva, saiu de Brasília no início da tarde rumo ao Rio Grande do Sul. Gercino esteve diversas vezes no Rio Grande do Sul, inclusive na época em que era discutida a desapropriação da Fazenda Southall. A avaliação dele ainda é aguardada. Para o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH), da Assembléia Legislativa do RS, deputado Dionilso Marcon (PT) "é de conhecimento público a truculência usada pela Brigada Militar nas ações de despejo. Mesmo assim, os poderes públicos optam por tratar as questões sociais, como a reforma agrária, como caso de polícia. Dias atrás a Brigada Militar já usou métodos de tortura física para inibir manifestações dos trabalhadores rurais no município de São Gabriel".

No final da tarde, o MST divulgou duas fotos do corpo de Elton Brum com perfurações nas costas, comprovando que foi baleado por trás, com uma espingarda calibre 12.

Fotos: Divulgação
 

24.8.09

Yeda Crusius

 

CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

O Rio Grande do Sul vive um dos momentos de maior ataque aos direitos já conquistados, após o fim da ditadura: o de livre organização e expressão.

 

Os movimentos sociais tem tido um papel civilizatório na sociedade brasileira ao questionar as profundas injustiças e desigualdades na nossa sociedade e propõem medidas concretas para tornar o país melhor para todos e todas e não apenas para uma minoria.

 

Setores conservadores da sociedade brasileira acusam os movimentos sociais de "violentos", "baderneiros", "foras da lei". Pretendem com isso assustar a sociedade para não reconhecer o quão justa é a luta destes setores. São frases como essas que nos remetem a uma época autoritária, não muito longínqua do nosso país: "Nós podemos proibir o poder público de negociar com o movimento, pois vamos entendê-los como sendo uma organização criminosa, porque os objetivos não são lutas pacíficas. Qualquer pessoa que faz o que eles fazem estaria na cadeia" (Gilberto Thums).

 

Ora, se o estado não reconhece e se recusa a ouvir uma parte da sociedade, como torná-lo mais justo? Por isso que os movimentos sociais se manifestam, para suas demandas serem ouvidas.

 

Nós, que fazemos parte dos mais variados movimentos sociais, que lutamos pela efetivação dos direitos conquistados e que reivindicamos a construção de novos direitos, não aceitamos ser chamados de terroristas ou de criminosos. Somos construtores de um outro mundo, melhor para todos e todas!

 

Neste sentido, mais uma vez se repete a ação truculenta da brigada militar do RS a mando do governo Yeda, que além de envolvido com a corrupção, nega o direito dos movimentos sociais de se organizarem e se manifestarem por lutas justas em busca de uma sociedade mais digna para todos e todas.

 

Queremos denunciar o assassinato do agricultor Elton Brum, 44 anos, pai de dois filhos, natural de Canguçu, durante o despejo da ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel. As informações sobre o despejo apontam que Brum foi assassinado quando a situação já se encontrava controlada e sem resistência. Há indícios de que tenha sido assassinado pelas costas. Morto a tiros pela polícia quando manifestava sua luta pela reforma agrária, assim como muitos, foi mais uma vítima da criminalização dos movimentos sociais.

 

Indignados/as com clima de terror instaurado no estado de RS, no que se refere a ação e  repressão dos movimentos sociais, não podemos aceitar essa situação calados, por isso nos manifestamos!

 

DCE/UCS, C.A de História, D.A de Pedagogia, Kizomba,

Marcha Mundial de Mulheres, Coletivo de Mulheres DCE/UCS,

UJS, Pastoral de Juventude, ENEFAR, CUT,

Sindiserv, CEPDH (Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos)

Juíza de Santa Maria bloqueia bens de cinco indiciados pelo MPF no RS

Governo estadual | 21/08/2009 | 18h37min

José Otávio Germano, João Luiz Vargas, Luiz Fernando Zachia, Frederico Antunes e Delson Martini foram atingidos pela decisão

Atualizada às 18h59min

A juíza da 3ª Vara Federal de Santa Maria Simon Barbisan Fortes determinou o bloqueio de bens de cinco autoridades gaúchas envolvidas no caso Detran. Os atingidos pela decisão são o deputado federal José Otávio Germano (PP), o presidente do TCE, João Luiz Vargas, os deputados estaduais Luiz Fernando Zachia (PMDB) e Frederico Antunes (PP), e o ex-secretário-geral de governo Delson Luiz Martini, conforme nota divulgada hoje no site da Justiça Federal.

"Os réus, indiciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeitas de práticas de improbidade administrativa, terão seus bens imóveis e aplicações financeiras bloqueados. Além disso, enquanto durar o processo, tais réus não poderão obter aposentadoria nos órgãos públicos a que vinculados", diz o texto.

A decisão tem por base o artigo 37, parágrafo 4º, da Constituição Federal de 1988, que prevê que "Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei".

Na nota, Simone afirma que "a medida independe da comprovação de origem ilícita dos bens, ou a existência de indícios veementes de dilapidação do patrimônio por parte do(s) réu(s). A indisponibilidade de bens prevista no art. 7º da Lei n. 8.429/92 e no art, § 4º da Constituição Federal, pressupõe, sim, a existência de fortes indícios de que o ato de improbidade tenha causado lesão ao patrimônio público ou o enriquecimento ilícito, no claro intuito de assegurar a futura execução forçada da sentença condenatória que vier a ser proferida, garantindo assim a efetividade do processo e o ressarcimento ao Erário".

As informações são do blog da Rosane e do Diário de Santa Maria.

Contrapontos

André Cesar, advogado de defesa do presidente do TCE, João Luiz Vargas, afirmou que desconhece a medida tomada pela Justiça de Santa Maria. Ele vai buscar mais detalhes antes de se manifestar.

José Antônio Paganela Boschi, advogado do deputado federal José Otávio Germano, do Partido Progressista, recebeu a notícia com naturalidade. Ele considera uma medida rotineira do poder judiciário em casos de improbidade administrativa

O deputado estadual Luiz Fernando Zachia, do PMDB, afirmou que está analisando a decisão do bloqueio dos bens junto com seu advogado. Por enquanto, ele preferiu não se manifestar.

Ricardo Giuliani, advogado do deputado estadual Frederico Antunes, do PP, ficou surpreso com a decisão. Ele avaliou que os despachos da magistrada neste processo não apontavam para o caminho do bloqueio dos bens. Anunciou que, na próxima segunda-feira, vai recorrer da decisão.

A reportagem da Rádio Gaúcha ainda não conseguiu contato com o advogado de Delson Martini, Noberto Flach.

22.8.09

REFORMA AGRÁRIA

21/08/2009 18:27
Apoio à mudança de índice para a reforma agrária
 
Por Zé Dirceu

O ministro da Agricultura e Pecuária, Reinhold Stephanes, pode ficar tranquilo e não deve se impressionar com a pressão recebida dos ruralistas para não assinar a portaria interministeral que, dentro de 15 dias, muda os índices de avaliação se uma propriedade rural é produtiva ou não para ser desapropriada com fins de reforma agrária.

A principal resistência dos ruralistas se origina não tanto na mudança, mas no fato de o governo decidir adotá-la depois de receber reivindicação nesse sentido das lideranças de trabalhadores rurais brasileiros, dentre as quais, de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).

Tranquilo, ministro! Esteja certo de que o apoio dos mais diversos setores da sociedade à mudança do índice -  velho, vigente no país há nada menos que três décadas e meia - é muito maior do que a resistência a ela. A sociedade brasileira está consciente de que é um absurdo a manutenção de um índice de produtividade fixado em 1975.

Afinal, há 35 anos nossa agricultura era outra e nem sonhava com o nível tecnológico e de capitalização que temos hoje. Muito menos com os novos métodos de plantio ou com as novas variedades de sementes. A resistência à mudança é liderada pela presidenta da CNA - Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu (DEM-TO) e pelo líder da bancada de de seu partido na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO).

 

21.8.09

A desmoralização da política



Um dos maiores consensos nacionais é a desmoralização da política e dos políticos. Esporte fácil, dos mais praticados nas rodas de conversa, alimentado pela imprensa e favorecido pelo comportamento dos parlamentares, que, no entanto não tem alterado em nada a composição do Parlamento – individualizado como a instância por excelência da política -, políticos acusados sistematicamente pela imprensa como pivôs de grandes escândalos – como Collor, Sarney, Renan, entre tantos outros – têm sido reeleitos sistematicamente. Ao mesmo tempo, outra instância que personifica a política – os governos – tem tido em geral grande apoio do eleitorado, nas eleições e nas pesquisas, salvo casos limites – como o de Yeda Crusius.

Ao mesmo tempo, as pesquisas sobre credibilidade colocam o Congresso sempre em posição muito ruim e a imprensa em posição de destaque. No entanto, os jornais baixam sistematicamente sua tiragem em um caminho sem volta para sua crise definitiva, enquanto suas vítimas privilegiadas são eleitos e reeleitos. E ao mesmo tempo, a imprensa, que teria muita credibilidade e fabrica – literalmente – a "opinião pública", é quem mais influenciaria a população, se choca com a vontade dos eleitores, que tem reiterado a maioria de partidos – como especialmente o PMDB – atacados centralmente pela imprensa. Quem tem mais apoio da população – como algum que outro acusado já disse: a imprensa, que não se sustenta no voto popular, ou os parlamentares, que são submetidos periodicamente à consulta da cidadania?

Em última instância: de onde vem a desmoralização da política? Quem se aproveita disso? Qual a credibilidade que a imprensa tem? Qual seu poder de influência? Como se constróem os consensos no Brasil?

Na transição da ditadura para a democracia, a política estava em alta, contra o poder militar, que sempre buscou desmoralizá-la: as cassações se faziam contra dois grupos de políticos, os supostamente subversivos e os corruptos. A derrota das eleições diretas para presidente – recordemos o papel da Globo, que tentou, até o ultimo momento, desconhecer a campanha, para finalmente aderir a contragosto, quando já era um consenso nacional – levou a que o novo regime não representasse claramente uma vitória da democracia contra a ditadura. A conciliação feita no Colégio Eleitoral – em que a oposição dependia de votos dos partidos do governo – deu a nova cara da democracia: uma conciliação entre o novo e o velho. No lugar do candidato natural da oposição - Ulysses Guimarães, o conciliador Tancredo Neves, tendo como vice o até poucas semanas antes presidente do partido da ditadura, José Sarney, que havia liderado a campanha da ditadura contra as eleições diretas, ao mesmo tempo que nascia um partido que saia no derradeiro momento do bloco do governo, o PFL, para somar-se ao carro vencedor e tentar distanciar-se do regime moribundo.

Uma chapa – Tancredo-Sarney -que expressava claramente a conciliação entre o velho e o novo.

As circunstâncias – morte de Tancredo e presidência de Sarney – consolidaram a presença do velho, pelo papel mais destacado que tiveram políticos centrais na ditadura – de que o caso de ACM é o mais significativo, embora não o único. A frustração do governo Sarney, restringindo a democratização ao plano político-institucional – no marco estritamente liberal, sem democratização econômica, social, midiática, cultural – recolocou o tema da desmoralização da política, de que Sarney foi uma expressão clara, por seu governo, por sua capacidade camaleônica de reciclar-se rapidamente da ditadura para a democracia, pelo poder oligárquico que mantêm no Maranhão e por sua capacidade de eleger-se, artificialmente, por outro estado como senador, assim como por seus vínculos estreitos e promíscuos com a grande imprensa – através de ACM, que distribuiu os canais de rádio e televisão pelo Brasil afora para a conquista do quinto ano de mandato para Sarney -, de que a propriedade do canal da Globo no Maranhão é um exemplo, além da transferência da sua influência para eleger filhos seus – Roseana e Zequinha.

Collor, na sua campanha, tratou de capitalizar essa nova desmoralização da política, aparecendo como um outsider, supostamente contra as oligarquias tradicionais da política – como desdobramento da "modernidade" que prometia, contra os "marajás" e a favor da abertura da economia, contra "as carroças", que seriam os carros fabricados no Brasil. Como isso, Collor colocava, pela primeira vez de forma aberta, dois eixos do consenso neoliberal, que se impunha na America Latina e no mundo: a desqualificação do Estado e a abertura para o mercado externo.

Seu caráter pretensamente bonapartista de governar, se exercia contra a política e os partidos – sua própria eleição por um partido de aluguel expressava a crise dos partidos tradicionais: recordar o pífio resultado de Ulysses como candidato do PMDB, assim de outros representantes de partidos, como Covas, Afif Domingos, Roberto Freire, entre outros. Collor buscava construir um novo bloco no poder, em torno da sua figura e do ideário neoliberal.

Collor viria logo se somar à lista de políticos coruptos – cuja lista incluía centralmente a Maluf, ACM, Sarney, Quércia, entre muitos outros. Mas a nomeação de FHC para comandar a economia por Itamar Franco, permitiu ao PSDB retomar a plataforma neoliberal, de forma mais articulada. Retomava também os pressupostos ideológicos do neoliberalismo: o Estado é o problema e não a solução, promoção da centralidade do mercado no seu lugar.

O neoliberalismio busca desqualificar o Estado, especialmente as regulações – que se contrapõe à livre circulação do capital, aos gastos em políticas sociais e em qualificação e melhor remuneração dos funcionários públicos, além da privatização das empresas públicas.

Um dos seus objetivos, portanto, é enfraquecer o Estado, considerando seus gastos como fonte inflacionária, pregando a diminuição constante dos impostos, para favorecer a transferência de recursos do Estado para o mercado.

O Estado e o conjunto da esfera política foram alvo sistemático das forças neoliberais, tendo a imprensa privada como agente fundamental dessas campanhas, valendo-se das denúncias – quase sempre reais – de casos de corrupção de políticos, da malversação de verbas estatais, da contratação de servidores públicos – sem atentar quando se trata de gastos socialmente inúteis ou quando se trata da prestação de serviço para a massa da população, como é o caso de professores, médicos, enfermeiras, assistentes sociais, entre outros.

Sempre se tenta tomar casos individuais para buscar criminalizar a totalidade da política e das ações do Estado. Toma-se casos particulares de comprometimento com a corrupção – como os casos de Severino, aliás eleito pela oposição contra o governo, de Sarney, de Renan (sempre deixando de lado os aliados atuais do bloco de direita, como é o caso, por exemplo, da ausência de Quercia, atual aliado de Serra, ou dos membros do DEM e dos próprios tucanos, como foram os casos de Artur Virgilio, Sergio Guerra, Tasso Jereissatti, Yeda Crusius – para tentar generalizar para todos os políticos. Toma-se eventuais irregularidades, por exemplo na distribuição do Bolsa Família, em alguns casos individuais, para se tentar desqualificar um programa que beneficia mais de 60 milhões de pessoas.

Um Congresso fraco não tem condições de definir leis que limitem a livre circulação do capital, o poder sem controle da mídia (como pode ser o caso da Conferência Nacional de Comunicação), a denúncia dos casos de corrupção de empresas privadas, de sonegação fiscal por parte dessas empresas, de controle sobre os ganhos gigantescos dos bancos privados, da superexploração dos trabalhadores pelas empresas privadas, da deterioração do meio ambiente por conglomerados privados urbanos e rurais – entre outras iniciativas. O Congresso fica voltado para casos que a imprensa privada escolhe como seu objeto privilegiado de denúncias – aqueles que buscam afetar políticas de alianças do governo, como se o PMDB e os políticos denunciados agora fossem menos corruptos quando eram aliados de FHC e não eram submetidos a essas denúncias. Tenta colocar o Estado e o governo na defensiva, quando tenta desqualificar programas sociais, gastos na contratação de servidores públicos, investimentos de infra-estrutura ou outros planos como os habitacionais, como gastos inúteis, que recairiam em aumento da tributação.

Tratam de criar o clima de que o Estado tem um papel essencialmente negativo, ao tributar muito e gastar de forma irresponsável. Era esse o discurso de FHC quando candidato, tendo como mote a idéia de que "o Estado gasta muito e gasta mal", que era um Estado falido. Quando terminou seus trágicos 8 anos de presidência, a dívida pública tinha se multiplicado por 11, o Estado tinha se desfeito, a preço de banana, depois de sanear as empresas com dinheiro público, de patrimônios fundamentais do Estado, como a Vale do Rio Doce, os gastos sociais tinham diminuído e, ainda assim, o Estado acumulava uma inflação alta e sem controle por parte do Estado. Nunca o Estado gastou tanto e tão mal, como quando governou o bloco tucano-demoniaco.

Estado e Congresso fracos significam mais espaço para se fortalecer o mercado, isto é, o espaço de domínio e controle das grandes empresas privadas. O bloco opositor termina aceitando que as políticas sociais do governo são positivas, mas tenta esconder que elas supõem tributação e redistribuição do ingresso através de um Estado regulador. Tem que reconhecer que o Brasil saiu antes e mais rapidamente da crise, mas tenta esconder que a indução à retomada do crescimento foi basicamente estatal. Denuncia casos de irregularidade no governo, mas busca esconder, por exemplo, o envolvimento da Sadia e do Unibanco, entre outras empresas privadas brasileiras, na compra irresponsável de subprimes, o que levou à sua falência e compra por outras empresas. Os maiores escândalos contemporâneos não se situam na esfera do Estado, mas no das grandes empresas privadas, como tem se tornado público no caso de algumas das maiores empresas privadas norteamericanas.

No caso do Brasil, tornou-se consensual a idéia de que o PMDB, por ter sido o partido majoritário desde o fim da ditadura militar, se vale do seu papel chave para a obtenção das maiorias pelos governos de turno, para se apropriar de cargos chave nos governos e no Congresso, onde desenvolve práticas fisiológicas. Foi assim nos governos Sarney, Collor, Itamar, FHC e agora no governo Lula. Quando se aliam ao bloco de direita, cala-se em relação a essas práticas, quando elas favorecem o bloco agora governista, se tornam alvos privilegiados das denúncias, tentando desarticular as alianças do governo no Congresso, dado que fracassaram ao tentar desqualificar a Lula com denúncias e ao se dar contra do imenso apoio popular que o governo tem.

Mas se a imprensa mercantil, com o controle monopólico na TV, nos jornais, nas revistas e nos rádios, forja a opinião pública, essa maioria do PMDB é o resultado, como um bumerangue, que retorna do tipo de despolitização que essa imprensa difunde. Ela costuma dizer que "o povo brasileiro não tem memória". Mas é essa mídia a que produz o esquecimento. Senão teria que dizer que:

- todas essas empresas apoiaram o golpe militar
- A grande maioria apoiou o governo Sarney
- A grande maioria apoiou o governo Collor
- Todas apoiaram o governo FHC do começo ao fim
- Todas apoiaram o Serra e Alckmin.

Tornaram-se instrumentos de propaganda do bloco de direita, que tenta reaver o controle do Estado brasileiro, contra um governo que detêm 80% de apoio da população, enquanto eles conseguem obter apenas 5% de rejeição do governo que atacam noite e dia.

Querem a política desmoralizada, em favor do mercado. O Estado mínimo, fraco, em favor da força das grandes empresas privadas. Um Congresso desmoralizado, para que não possa legislar sobre nada, deixando que as leis de oferta e de procura defina tudo na sociedade.

Postado por Emir Sader - 21/08/2009 às 16:16

NOTA PÚBLICA

 

 

O Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos (CEPDH) manifesta sua indignação à ação da Brigada Militar do estado do Rio Grande do Sul na desocupação da Fazenda Southal, que resultou na morte de Elton Brum da Silva, além de dezenas de pessoas feridas, na manhã do dia 21 de agosto de 2009, em São Gabriel.

 

O CEPDH manifesta seu apoio e solidariedade aos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e à família de Elton Brum da Silva e todos/as os/as feridos/as, manifestando-se ainda contra a criminalização dos movimentos sociais que está em prática no Rio Grande do Sul

 

A forma agressiva e truculenta da ação da Brigada Militar é inaceitável, pois reflete uma agressão à democracia e aos que se organizam para lutar por seus direitos fundamentais.

 

É de extrema importância que o relacionamento da sociedade com as forças da ordem seja marcado pelo respeito, e não pela agressão (como é próprio nos regimes ditatoriais).

 

Assim, esperamos que haja das autoridades competentes uma rigorosa investigação e punição dos responsáveis diretos e indiretos, com a maior brevidade.

 

 

Caxias do Sul, 21 de agosto de 2009.

 

 

Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos – CEPDH


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz