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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

21.12.16

um conceito peculiar de democracia...

O governo Sartori parece ter inaugurado, assim, um conceito peculiar de democracia que inclui o fechamento do Parlamento ao público e o uso de bombas de gás, balas de borracha e cargas de cavalaria com espadas em punho.

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21/dez/2016, 0h17min

Com Assembleia sitiada, Praça da Matriz vive novo dia de guerra. 'Defesa da democracia', diz Schirmer

Segundo dia de protestos na praça da Matriz contra o pacote de cortes e extinções do governo Sartori. Mais uma vez, Brigada Militar agiu com bombas de gás lacrimogêneo, cavalaria e balas de borracha. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Segundo dia de protestos na praça da Matriz contra o pacote de cortes e extinções do governo Sartori. Mais uma vez, Brigada Militar agiu com bombas de gás lacrimogêneo, cavalaria e balas de borracha. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer

A Praça da Matriz viveu um novo cenário de guerra nesta terça-feira (20), no segundo dia de votação do pacote enviado pelo governo José Ivo Sartori (PMDB) à Assembleia Legislativa, propondo a extinção de fundações, privatização de empresas públicas e de demissão de servidores, entre outras medidas. À tarde, durante uma visita à Assembleia Legislativa, o articulador político do governo e secretário de Segurança, Cezar Schirmer, defendeu o sítio da Assembleia Legislativa pelo batalhão de choque da Brigada Militar como uma medida de "defesa da democracia". O governo Sartori parece ter inaugurado, assim, um conceito peculiar de democracia que inclui o fechamento do Parlamento ao público e o uso de bombas de gás, balas de borracha e cargas de cavalaria com espadas em punho. Essa nova democracia fez disparar também a venda de leite de magnésia nas farmácias do Centro, utilizado pelos manifestantes para amenizar os efeitos do gás lacrimogêneo.

Pelo segundo dia, a Assembleia amanheceu cercada pelos pelotões de choque da Brigada Militar que deslocou cerca de 300 homens para fazer o cerco do Parlamento e do Palácio Piratini, medidas que, segundo o secretário Cezar Schirmer, foram tomadas para "defender a democracia". À tarde, as primeiras vítimas desse novo conceito de democracia foram policiais civis e servidores da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), que experimentaram o já tradicional protocolo do choque da Brigada em manifestações: bombas de gás, supostamente de "efeito moral", e balas de borracha que, em tese, deveriam ser lançadas abaixo da linha da cintura. Ou a regra foi descumprida ou o problema é de pontaria mesmo: um policial foi atingido no rosto e uma policial foi alvejada nas costas.

Terça-feire teve três sessões de disparos de bombas de gás contra servidores públicos. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Terça-feire teve três sessões de disparos de bombas de gás contra servidores públicos. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

O novo conceito de democracia anunciado pelo ex-prefeito de Santa Maria não contemplou também a categoria do diálogo, protestaram os servidores. Os funcionários de fundações e secretarias ameaçadas de extinção não foram consultados sobre o tema. O debate na Assembleia excluiu a participação do público, colocando o pelotão de choque da Brigada para bloquear as entradas de acesso. "Nunca vi tanto brigadiano no centro da cidade", ironizou um morador da região, no início da noite, quando a praça estava tomada por homens do Choque e da Cavalaria da Brigada. Cavalaria, aliás, que foi objeto de denúncias nas redes sociais por abuso de autoridade e de violência.

Nem a presença de colegas da área da segurança pública convenceu a Brigada Militar a mudar seus métodos de ação. Alem do policial baleado no rosto e da policial atingida nas costas, e das dezenas de bombas lançadas ao longo do dia na Praça da Matriz, integrantes da cavalaria da Brigada agrediram também um jornalista que trabalha na Assembleia e que publicou em sua conta no Facebook uma imagem das marcas em suas costas fruto de uma "chibatada" desferida por um soldado da Brigada a cavalo no início da noite.

Servidores da CEEE estiveram em peso na Praça da Matriz. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Servidores da CEEE estiveram em peso na Praça da Matriz. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

A tarde desta terça na Praça da Matriz teve duas sessões de bombas de "efeito moral", com direito a balas de borracha. Houve ainda uma terceira sessão, no início da noite, quando estudantes foram para a frente do pelotão de choque entoar palavras de ordem contra a existência da Brigada Militar. Um rojão lançado no chão, na direção dos policias, foi a deixa para uma nova sessão de bombas e cargas de cavalaria. Além de disparar contra os estudantes, a Brigada lançou bombas também em outras áreas da praça, aproveitando-se do incidente para tentar dispersar a manifestação. Nem o carro de som do ato escapou das bombas da Brigada, atingindo em cheio o operador de áudio do veículo.

No final da tarde, a Brigada ampliou os bloqueios para ruas que dão acesso à Praça da Matriz, como a Jerônimo Coelho e a Duque de Caxias, por causa do ato convocado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo na Esquina Democrática. Cerca de 200 pessoas iniciaram uma caminhada em direção da Praça da Matriz sem saber se conseguiriam chegar lá. A estratégia utilizada pelos organizadores do ato foi pedir aos manifestantes que se colocassem em fila atrás do caminhão que serviu de palanque aos oradores. A caminhada começou a subir a Borges em fileira até que se dividiu em duas colunas: uma seguiu em frente pela Borges entrando na Jerônimo Coelho, e a outra chegou a Praça da Matriz via a rua General Câmara. Essa caminhada, ao contrário das estimativas iniciais, acabou chegando sem problemas até a praça.

Ato promovido pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo saiu da Esquina Democrática em direção à Praça da Matriz. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Ato promovido pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo saiu da Esquina Democrática em direção à Praça da Matriz. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Ainda na parte da tarde, deputados da oposição foram até a praça para informar sobre o andamento da votação dos projetos e reafirmar seu apoio ao movimento dos servidores. O deputado Jeferson Fernandes (PT), disse que os projetos do governo Sartori "flertam com a corrupção" ao preverem o repasse para a iniciativa privada de serviços que, hoje, são prestados pelo setor público. Na mesma linha, o deputado Edegar Pretto (PT) lembrou uma frase de Ulysses Guimarães ao promulgar a Constituição de 1988: "Traidor do povo é traidor da Pátria" – fazendo alusão ao governador Sartori e ao seu pacote de projetos.

Após o último lançamento de bombas pela Brigada, no início da noite, diminuiu o barulho na praça por alguns instantes. Os servidores se reagruparam na praça na área em frente ao Palácio e seguiram acompanhando a votação do pacote que, para muitos, pode significar a perda do emprego às vésperas do Natal e do Ano Novo.

Galeria de imagens

Foto: Guilherme Santos/Sul21

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz