O que aconteceu na Fiesp durante protesto contra a PEC do teto foi legítima defesa. Por Kiko Nogueira
Saiu barato para a Fiesp.
Na noite de terça, dia 13, um grupo de manifestantes invadiu o prédio na Paulista e lançou rojões e fogos de artifício no interior.
O portão principal foi forçado. Algumas vidraças foram quebradas. Duas mulheres acabaram detidas — uma delas, uma menor, por desacato. Foram levadas à 78ª DP, na Avenida Estados Unidos.
As pessoas estavam ali protestando contra a PEC do Teto dos Gastos, que foi aprovada no Senado e deve ser promulgada na próxima quinta-feira.
Em nota, a entidade registrou que "lamenta profundamente o episódio. E lamenta ainda mais que uma minoria violenta ainda acredite que a depredação seja uma maneira razoável de manifestar posições políticas ou ideológicas".
O edifício na Paulista tornou-se cartão postal do golpe, uma Bastilha para o Brasil dos dias de hoje.
As manifestações coxas pedindo o impeachment e o "fim da corrupção" se concentravam lá. Idiotas úteis acamparam em frente à federação durante meses, posando para fotos com outros idiotas úteis.
Durante um tempo, ganharam almoço.
Paulo Skaf, industrial sem indústria, foi aliado de primeira hora de Michel Temer quando o impeachment era um brilho em seus olhos.
Skaf aparece na delação premiada de Cláudio Melo Filho, da Odebrecht:
"Michel Temer, em uma oportunidade, esteve disponível para ouvir tema de interesse da Odebrecht. Este foi o caso de uma viagem institucional que seria realizada por Michel Temer a Portugal, país em que a Odebrecht tem atuação.
Entreguei nota a Michel Temer sobre a atuação da companhia em Portugal. Esse exemplo deixa claro a espécie de contrapartida institucional esperada entre público e privado.
Do total de R$ 10 milhões prometido por Marcelo Odebrecht em atendimento ao pedido de Michel Temer, Eliseu Padilha ficou responsável por receber e alocar R$ 4.000.000,00. Compreendi que os outros R$6.000.000,00, por decisão de Marcelo Odebrecht, seriam alocados para o Sr. Paulo Skaf."
Guilherme Boulos, coordenador do MTST, diz que "o dano na fachada da Fiesp é muito pouco perto do dano que a Fiesp está causando há muito tempo ao povo do Brasil".
Para Boulos, "a Fiesp foi quem bancou inclusive essa PEC que congela investimentos sociais do povo brasileiro, defende perda de direitos trabalhistas, defende a reforma da previdência".
Quando a Bastilha caiu, havia apenas sete prisioneiros, um deles um lunático que achava que era Júlio César ou, dependendo da hora, Deus. Os dias de glória da prisão haviam ficado para trás, mas ela era um símbolo do antigo regime.
A Fiesp ainda vai durar muitos anos. Quinze minutos depois do ataque, já estava iluminada com a bandeira do Brasil. Fazer escândalo por causa de vidros quebrados é desonesto. O que aconteceu lá foi legítima defesa.
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