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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

15.3.15

PT vê fim de um ciclo e debate construção de um novo bloco político e social no país

14/mar/2015, 21h51min

PT vê fim de um ciclo e debate construção de um novo bloco político e social no país

Para Tarso Genro, 5º Congresso pode e deve tirar uma carta política dirigida à sociedade brasileira, apresentando algumas propostas capazes de recoesionar nossa base política e social e formar um novo bloco político no pais. (Foto: Carol Bicocchi/PT/RS)

Para Tarso Genro, 5º Congresso pode e deve tirar uma carta política dirigida à sociedade brasileira, apresentando algumas propostas capazes de recoesionar nossa base política e social e formar um novo bloco político no pais. (Foto: Carol Bicocchi/PT/RS)

Marco Weissheimer

O PT quer aproveitar o 5º Congresso Nacional do partido, que será realizado de 11 a 14 de junho, para debater a necessidade de composição de um novo bloco político-social no país, a construção de um programa mínimo comum para esse bloco e para dar início a uma profunda reforma interna. Essas tarefas foram defendidas por vários dirigentes partidários – entre eles o presidente nacional da sigla, Rui Falcão – no seminário realizado neste sábado (14), na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que marcou o lançamento do 5º Congresso Nacional do PT no Rio Grande do Sul. "Precisamos refletir bastante sobre o que está acontecendo com o nosso partido neste momento. Temos dificuldades que precisam ser vencidas com um choque de realidade. Precisamos reler o nosso manifesto de fundação para lembrarmos algumas coisas", afirmou Rui Falcão.

Há determinados congressos partidários, assinalou o ex-governador Tarso Genro, que tem capacidade de abrir novos ciclos na história dos partidos. "Ainda não estamos aptos para fazer uma mudança dessa envergadura. Estamos no fim de um ciclo e ainda não temos acúmulo para reformar o projeto partidário. Mas esse nosso 5º Congresso pode e deve tirar uma carta política dirigida à sociedade brasileira, apresentando algumas propostas capazes de recoesionar nossa base política e social e formar um novo bloco político no pais", disse Tarso. Entre essas propostas, defendeu a reestruturação completa do Imposto de Renda adotando uma lógica progressiva onde quem ganha menos paga menos, o início imediato da Reforma Política, a taxação das grandes fortunas, promover a participação popular para elaborar políticas públicas e mudar o tratamento da dívida pública brasileira, afastando-se da atual política de juros.

Temos dificuldades que precisam ser vencidas com um choque de realidade. Precisamos reler o nosso manifesto de fundação para lembrarmos algumas coisas

Temos dificuldades que precisam ser vencidas com um choque de realidade. Precisamos reler o nosso manifesto de fundação para lembrarmos algumas coisas", afirmou Rui Falcão. (Foto: Carol Bicocchi)

Estender a governabilidade para além do Parlamento

O 5º Congresso, anunciou Rui Falcão, não será voltado para dentro do partido apenas, mas também pretende se abrir para a sociedade. "Para retomarmos a iniciativa política precisamos entender melhor a situação econômica e política do país. Parece que há um certo esgotamento do padrão de desenvolvimento que iniciamos em 2003. O Estado perdeu capacidade de financiamento, fato agravado pela crise internacional, pela queda no preço das commodities e na redução da arrecadação tributária", diagnosticou o dirigente nacional do PT. Rui Falcão também defendeu mudanças no atual modelo de governabilidade. "Precisamos estender a governabilidade para além do Parlamento. Para isso, precisamos criar um novo bloco político e social".

Além disso, sustentou que o partido deve caminhar na direção do auto-financiamento. "A nossa militância precisa contribuir regularmente para financiar o partido e não apenas na época do PED". O PT gaúcho tomou uma iniciativa nesta direção e lançou, durante o seminário, a campanha "Eu financio minhas ideias", uma iniciativa para garantir a sustentabilidade financeira do PT no Estado por meio da contribuição dos filiados. "Queremos um partido com ideias e sustentado por seus militantes", resumiu Ary Vanazzi, presidente do PT gaúcho.

Quanto ao tema da corrupção, o presidente do PT defendeu que o partido saia da defensiva e afirmou que, qualquer militante petista que comprovadamente estiver envolvido em algum ato de corrupção não terá lugar no partido, resguardado o direito de defesa e de um devido processo legal. "Precisamos reafirmar o nosso compromisso contra a corrupção que é endêmica no Brasil e está profundamente ligada ao atual modelo de financiamento empresarial de campanhas e candidatos". Rui Falcão também criticou o comportamento da mídia que promove uma cobertura seletiva dos casos de corrupção, alimentando diariamente um processo de criminalização do PT.

Seminário de lançamento do 5º Congresso Nacional do PT lotou plenário da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. (Foto: Carol Bicocchi - PT/RS)

Seminário de lançamento do 5º Congresso Nacional do PT lotou plenário da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. (Foto: Carol Bicocchi – PT/RS)

"É pelo exemplo que vamos recuperar a credibilidade"

Na mesma linha, Raul Pont, apontou o caráter sistêmico da corrupção no Brasil, que tem décadas ou mesmo séculos de existência. "Agora, querem jogar isso no nosso colo. Isso é inaceitável e precisamos fazer essa disputa na opinião pública. Sem nenhum pré-julgamento ou cerceamento do direito de defesa, não podemos repetir o que aconteceu conosco com o mensalão. O nosso estatuto estabelece no artigo 246 que o partido tem a função cautelar de afastar dos cargos partidários todo filiado envolvido em algum caso de corrupção, para que ele possa se defender e não contaminar o partido. É pelo exemplo que vamos recuperar a credibilidade", observou o petista gaúcho. Pont defendeu ainda que o PT assuma as suas responsabilidades pela atual crise política, especialmente quanto ao modelo de governabilidade construído nos últimos anos

Iole Ilíada, vice-presidente da Fundação Perseu Abramo, também questionou esse modelo de governabilidade baseado em um diagnóstico de uma correlação de forças desfavorável. "Ao apontarmos uma correlação de forças desfavorável para justificar o não avanço em algumas áreas, acabamos nos tornando reféns dessa correlação de forças. Essa é uma contradição interna que nos persegue desde o início dos nossos governos. Agora, vamos ter que mudar essa estratégia em um momento de grande adversidade". Na mesma linha, Tarso Genro sustentou que o atual modelo de governabilidade se esgotou. "Temos uma frente política desgastada e o partido não tem uma reflexão acumulada sobre qual o caminho que deve seguir daqui em diante. Nós precisamos sair deste 5º Congresso com um novo patamar político de debate que aponte na direção da necessidade de composição de uma nova maioria política e de um novo bloco histórico".

Presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi recebido por lideranças do partido no Estado. (Foto: Carol Bicocchi)

Presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi recebido por lideranças do partido no Estado. (Foto: Carol Bicocchi)

Stédile: pacto de composição de classe se rompeu

João Pedro Stédile, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), apresentou a análise de conjuntura que os movimentos sociais estão fazendo do atual momento político do país. Para ele, o pacto social inter-classes que permitiu a eleição de Lula e a implementação de um modelo neo-desenvolvimentista, nos últimos dois anos bateu no teto e não funciona mais. "Esse pacto de composição de classe se rompeu porque a estrutura da sociedade mudou e trouxe novos elementos. Há dois anos que a economia não cresce. As empresas multinacionais enviaram 90 bilhões de dólares para o exterior. E a perspectiva é ficar mais dois anos sem crescer, chegando a uma situação de recessão", avaliou Stédile.

Do ponto de vista político, a situação é ainda pior, acrescentou o líder sem-terra. "Temos uma Câmara onde dez empresas elegeram cerca de 70% dos deputados. As reais bancadas hoje são a bancada ruralista, a bancada evangélica, a bancada da bala, a bancada do Itaú e assim por diante. A burguesia está nadando de braçada. Controla o Congresso, o Judiciário e os meios de comunicação. A tática deles é ir sangrando o governo e colher os frutos em 2016 e 2018. E do lado da classe trabalhadora, nós estamos vivendo um longo período de descenso do movimento de massa". Diante deste cenário, Stédile apontou cinco desafios que o PT, na sua opinião, deve enfrentar:

– Retomar a formação política da militância. "Qual é o último curso de marxismo que o PT deu? – provocou. "As escolas do MST estão cheias de livros de Marx que ganhamos de petistas".

– Organizar a juventude.

– Construir meios de comunicação.

– Criar frentes de massa que queiram fazer lutas. "Dia 13 foi um belo ensaio disso", observou.

– Recompor uma frente de esquerda no Brasil. "O PT sozinho não vai dar conta da atual conjuntura. A dificuldade é que uma frente de esquerda implica mudar a estratégia. Se juntar para ganhar a eleição não resolve mais".

Na mesma direção, Renato Simões, deputado federal e dirigente nacional do PT, sustentou que as características que embalaram o chamado "lulismo", um fenômeno policlassista e suprapartidário, não funcionam mais. "Nós não fizemos reformas estruturais fundamentais como a Reforma Política e, sem ela, a lógica que nos trouxe até aqui não é mais sustentável. Não fizemos a Reforma Política e estamos colhendo os resultados. Tivemos uma queda de 50% da bancada sindical e um aumento das bancadas evangélica e da bala. O PT deixou de fazer luta política para se tornar um gerenciador de crises do governo. Agora, os mais pobres e os mais ricos estão nas ruas. Vamos ter que escolher que lado o cobertor vai cobrir", defendeu Simões.



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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz