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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

21.5.14

QUEM SÃO OS PURISTAS?

QUEM SÃO OS PURISTAS?

Marcos Bagno

Purista é quem defende a "pureza" da língua contra todas as formas inovadoras, sempre vistas como sinais de "decadência", "corrupção" e "ruína", não só da língua mas também, muitas vezes, dos valores morais da sociedade. O termo purista, não por acaso, surgiu na França no século XVII, no apogeu do regime absolutista, centralizado na figura de um rei todo-poderoso, de uma concepção de mundo e de sociedade doentiamente elitista, que só dava valor ao que vinha do topo do topo, da nata da nata.

O pai do purismo é o escritor Vaugelas (pronuncia-se vojlá). Ah, sim, desculpe a intimidade: Claude Favre, barão de Pérouges, senhor de Vaugelas (1585-1650)… Com esses títulos, evidentemente, ele só podia achar que a "boa linguagem" era a dos aristocratas. Ele escreveu, de fato, que o uso correto do francês devia se inspirar na língua falada pela "parte mais sadia da Corte". Então, não basta ser nobre, não basta ser aristocrata, é preciso ser mais nobre que a nobreza, mais aristocrata que a aristocracia… O espírito de Vaugelas se incorpora hoje em muitos paspalhos e sacanas que andam por aí atacando as "impurezas" do português brasileiro.

Hoje em dia, nenhum purista gosta de ser chamado assim, porque, com o tempo, o rótulo se tornou pejorativo. No entanto, com um grau maior ou menor de intolerância, esses que andam dando "dicas de português", escrevendo sobre a "falta de estilo" dos outros, chamando os brasileiros de "asnos", "imbecis" ou, pior, de "caipiras" e "índios" (como se fossem xingamentos) são todos inegavelmente puristas.

Uns se disfarçam com um aparente liberalismo, dizem que não se pode discriminar ninguém pela linguagem, etc., mas, no final, sempre acabam pregando a obrigação de se usar as formas mais conservadoras naquilo que chamam de "padrão culto formal", que nunca se preocupam em explicar o que é. Outros usam um humor duvidoso, conquistam o leitor com piadinhas sempre muito preconceituosas para nos convencer de que no Brasil se fala um português "de rua, de botequim ou de cama", como escreveu um deles.

A atitude irracional dos puristas fica evidente no absoluto desprezo que eles têm, não só pela linguística científica (o que é bem compreensível, sendo eles o que são), mas também pelo trabalho dos gramáticos e dicionaristas profissionais. O purista sempre recorre a fórmulas como "segundo a tradição gramatical", "nos melhores dicionários" e coisas parecidas. Mas essa alegação é retórica vazia. Os gramáticos e dicionaristas de verdade reconhecem, com frequência, as inovações que os falantes têm introduzido na língua e dão sua chancela a esses novos usos. Pergunte a um purista, por exemplo, se tanto faz usar "despercebido" ou "desapercebido". Ele vai dizer imediatamente que não, que cada uma das palavras tem sentido preciso e diferente. Mas no dicionário Houaiss a gente lê: "ante o emprego desses dois vocábulos como sinônimos por autores de grande expressão [...] a rejeição [da sinonímia] faz-se inaceitável".

Pior é quando eles querem reformar a língua no tapa, tentando impedir usos consagrados há séculos, presentes em todas as modalidades da língua, inclusive na melhor literatura. Típico exemplo: um desses supostos especialistas que, tornado célebre por sua onipresença na mídia, tirou do colete a regra bisonha de que a expressão "risco de vida" está errada e que só podemos falar de "risco de morte". Pronto: foi o que bastou para todos os repórteres da televisão começarem a falar de "risco de morte". É mole? Xô, fantasma de Vaugelas! T'esconjuro!

carosamigos


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz