O PRBS nas eleições gaúchas de 2014
O PDT decidiu ter candidatura própria ao governo do Rio Grande do Sul em 2014. Terá como candidato o atual deputado federal Vieira da Cunha. Trata-se de um trabalhista de quatro costados, um brizolista de primeira linha, parlamentar competente, combativo e experiente. A decisão pela candidatura própria, contrariando o desejo de alguns pedetistas instalados em secretarias do governo Tarso Genro, como Afonso Motta (ex-RBS) e Ciro Simoni, está baseada numa estratégia midiática: catapultar Vieira ao Piratini graças à visibilidade do jornalista Lasier Martins, durante muitos anos estrela da RBS.
Lasier Martins concorrerá ao senado pelo PDT. Por que não ao governo? Porque Lasier trocou a fartura da RBS por uma aventura. Quer ter grandes chances de ser eleito e, se possível, carregar Vieira para o governo. Lasier, na verdade, acredita que, concorrendo ao senado, está eleito. Para ficar com Lasier e fazer sua aposta o PDT terá de romper com o PT, aliado mais natural, e associar-se com partidos à direita, como o DEM. A justificativa está na ponta da língua: se o PT faz esse tipo de aliança, por que o PDT não faria?
Algum pedetista ingênuo poderia observar: para ser diferente.
Outra questão é: Lasier Martins tem toda essa bala na agulha?
Será fácil vendê-lo como candidato de um partido de centro-esquerda depois de ele ter ficado famoso como comentarista político conservador?
Ou sua visibilidade e sua credibilidade junto à classe média bastam?
Essas perguntas não implicam qualquer animosidade em relação a Lasier. Muito menos um julgamento. São constatações. Outra consequência da decisão do PDT é uma possível polarização entre dois ex-jornalistas da RBS: Lasier Martins (PDT) e Ana Amélia Lemos (PP). Poderá se configurar, se a reeleição de Tarso Genro não decolar, uma disputa num segundo turno entre Lasier Martins, através de Vieira da Cunha, e Ana Amélia Lemos.
Nem Ana Amélia nem Lasier Martins são candidatos oficiais da RBS.
Mas nunca deixarão de ser, de algum modo, representantes da casa. Obviamente terão apoio da RBS. Fazem parte de uma história. Não deixam de, certamente, aos olhos dos ex-patrões, de ser móveis da mansão.
Quem será mais RBS: Lasier ou Ana Amélia? A saída de Lasier da RBS é mais recente. Ainda deve ter alguma camisa dele ou uma gravata esquecida nos estúdios da RBS-TV. O casamento acabou, por excesso de tempo, faz muito pouco. Ana Amélia tem feito um bom trabalho como senadora. Mostra independência e firmeza. Parece não se sentir em dívida com a empresa onde passou décadas. Uma coisa fica clara: a política vive de visibilidade. A mídia parece disposta a cobrar o escanteio e a correr para fazer o gol de cabeça.
O Rio Grande do Sul perde ou ganha com isso?
Poderemos ter uma dominação do PRBS?
Como dizia Jean Baudrillard, os meios de comunicação, que existiam para cobrir o acontecimento, não se respeitam mais e tomam-se pelo acontecimento. Nada de novo. O PRBS, contudo, está mais saliente do que nunca. Sem precisar colher assinaturas para se legalizar como partido.
Indivíduos, inclusive jornalistas, têm direito de querer os holofotes da política. Partidos buscam pessoas com capital de visibilidade. Os eleitores são sensíveis a muitos estímulos. Nem sempre o programa é o mais importante. Salvo o programa de rádio ou de televisão.
É a política na era da mídia.
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