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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

8.5.14

As eleições não bastam (por Alberto Kopittke) « Sul 21 Sul 21


Data:8/mai/2014, 8h34min

As eleições não bastam (por Alberto Kopittke)

As pesquisas estão indicando que após as manifestações de julho mais de 70% das pessoas afirmam que querem mudanças no Brasil. O grande engano é que alguns acham que essa mudança está relacionada simplesmente a quem vai governar o Brasil a partir do ano que vem. 

É fato que o atual sistema político/eleitoral cumpriu um grande papel na consolidação do procedimento democrático brasileiro e chegamos ao mais longo período de eleições livres da história do país, com uma efetiva mudança de grupos políticos na Presidência. Porém, também é bastante claro, pelo o que vimos nas ruas em julho de 2013 e em todos os comentários sobre política, que o atual modelo político se esgotou.

Este modelo, que desde 1988 não sofreu nenhuma reforma substancial, é um dos frutos da transição democrática, do chamado pacto de transição, dirigido na verdade pelos próprios militares e as forças conservadoras, que haviam implementado um lento e gradual processo de desestruturação ou dizimação física de grande parte das forças políticas oposicionistas durante 20 anos.

Na verdade, o desejo de mudança é muito mais profundo e “radical”, no sentido de que está vinculado à raiz do sistema político: a própria legitimidade da representação. O desejo de mudança está com as ​baterias​ voltadas contra todo o atual sistema político brasileiro​.​

E o grande problema é que as eleições deste ano, em relação à composição dos nossos Parlamentos Estaduais e Federais, tende a não trazer nenhuma mudança significativa, que dialogue com esse desejo de mudança.

É fundamental perceber que existem duas versões sobre o “esgotamento”​ da política​: uma versão, conservadora e que demonstrou grande eficiência ao longo da história brasileira (sendo a base dos regimes autoritários), afirma que toda a política se esgotou, pois todos os políticos são corruptos e que portanto, deveríamos ser governados puramente por “especialistas” ou por um “salvador da pátria”, acima da política; outra versão, progressista, diz que precisamos diminuir a influência financeira no processo eleitoral, ampliar a participação de setores sociais que continuam sub ou sem representação, aumentar a identidade entre representante e representado e aumentar a capacidade de influência da política sobre os principais problemas do país, em especial as decisões econômicas​, enfim, tornar a política capaz de promover mudanças com a profundidade que se almeja.

Chegando a sétima eleição geral desde a redemocratização já é possível perceber problemas crônicos do atual modelo político, que não serão modificadas por pequenas reformas ou questões pontuais: 1) o sistema partidário está se esvaziando ideologicamente (de defesa de bandeiras, a partir de um projeto político claro, fruto de determinadas concepções de mundo);  2) o ambiente político continua afirmando uma sociedade machista (as mulheres nunca alcançaram mais do que 15% das cadeiras do Congresso); 3) o Poder econômico tem se tornado o elemento mais importante para determinar quem se elege; entre outros.

Em seis legislaturas, nosso Congresso, comprometido com os seus “pactos fundadores”, já demonstrou que não tem a mínima disposição em modificar as regras do jogo. E como as suas características estão se consolidando a cada nova eleição, é provável que essa probabilidade esteja cada vez mais distante de ocorrer, uma vez que a composição do próximo Congresso tende a ser menos ideológica, com mais influência do Poder financeiro e sem modificação na sua composição de gênero.

Apenas para apontar uma consequência claramente observável do engessamento do atual modelo eleitoral: possivelmente nenhuma das lideranças das mobilizações de julho de 2013, por exemplo, terá chance de chegar ao Congresso (e sabendo disso, possivelmente a maioria sequer se interesse de tentar).

A crise do atual sistema político/eleitoral é o assunto mais importante que deve ser tratada nessas eleições. É fundamental combater a descrença na política, debatendo as possibilidades de reforma-la, discutindo os seus principais problemas e possíveis soluções.

É claro que nenhum sistema político/eleitoral pode ser tão flexível a ponto de mudar suas regras a cada novo processo eleitoral, se tornando casuísta e possivelmente manipulável. Porém, nenhum sistema político/eleitoral pode ser inflexível a ponto de não se adaptar para ampliar e reenergizar sua própria legitimidade.

Possivelmente não será o próximo Congresso, assim como ​não o foram o​s outros seis, que m​odificará as regras do jogo, mas podemos fazer a sociedade sair mais consciente de que precisamos “parar o país” para discutir seu sistema político/eleitoral, fazendo uso da única forma democrática disponível para os casos de inação do Poder Constituído: ativar o Poder Constituinte.

Alberto Kopittke é advogado e vereador de Porto Alegre

http://www.sul21.com.br/jornal/as-eleicoes-nao-bastam-por-alberto-kopittke/

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz