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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

4.11.13

O capitalismo como religião

"No capitalismo como religião, a religião não é mais a reforma do ser, mas seu esfacelamento"
autor Walter Benjamin organização Michael Löwy tradução Nélio Schneider prefácio Michael Löwy orelha Maria Rita Kehl quarta capa Jeanne Marie Gagnebin
páginas 192 Peso 100 gr ano de publicação 2013 isbn 978-85-7559-329-5

O capitalismo como religião

Michael Löwy, Walter Benjamin

Coleção Marxismo e Literatura

R$ 42,00

O capitalismo como religião apresenta um recorrido por ensaios do filósofo Walter Benjamin, organizado e introduzido pelo sociólogo Michael Löwy. O livro traz textos surpreendentes, em particular os ditos de juventude, que vêm à tona com a liberação da obra benjaminiana para o domínio público. Löwy reuniu escritos de Benjamin inéditos em português ou difíceis de consultar, que contêm, em graus variados, uma crítica radical da civilização capitalista-industrial moderna.

Segundo o organizador, Benjamin ocupa uma posição singular na história do pensamento crítico moderno. É o primeiro seguidor do materialismo histórico a romper radicalmente com a ideologia do progresso linear: “Por sua crítica radical da civilização burguesa moderna, por sua desconstrução da ideologia do progresso – a Grande Narrativa dos tempos modernos, comum tanto aos liberais quanto aos socialistas –, os escritos de Benjamin parecem um bloco errático à margem das principais correntes da cultura moderna”.

Para esta antologia, Löwy escolheu textos que vão de 1912, quando Benjamin participa do movimento da “Jugendbewegung”, do qual se distancia no início da Primeira Guerra Mundial, até os anos mais decididamente militantes, no exílio, de 1933 a 1940. Segundo ele, trata-se de mostrar como Benjamin soube unir, na sua rejeição contundente ao capitalismo, impulsos oriundos tanto do romantismo alemão quanto do messianismo judaico e do marxismo libertário. “A maior parte desses escritos, que versam sobre temas que vão das armas químicas das guerras futuras à condição dos operários na Alemanha nazista, expressa um olhar lúcido, ora irônico ora trágico sobre o mundo ‘civilizado’ do século XX”, afirma no prefácio.

Entre os textos até então esquecidos e agora disponíveis ao público brasileiro, vale ressaltar o ensaio que dá título ao livro, “O capitalismo como religião”, um dos fragmentos mais intrigantes de Benjamin, escrito em 1921. Apesar de contar com apenas cinco páginas, incluindo notas e referências bibliográficas, esse texto revela como o capitalismo se tornou uma religião cultual, sem piedade ou trégua, que leva a humanidade para a “casa do desespero”. Nesse ensaio, Benjamin assimila num gesto ousado as reflexões de Friedrich Nietzsche, Max Weber, Georg Simmel e do teórico anarquista Gustav Landauer. Nota Löwy que, “não só nos documentos incluídos neste livro, mas no conjunto da obra de Benjamin, a crítica romântica da "zivilisation" capitalista está onipresente; como uma corrente elétrica, ela atravessa seus escritos e alimenta algumas de suas principais iluminações profanas”.

Para Maria Rita Kehl, autora da orelha do livro, o ensaio-título ilumina o sentido da melancolia benjaminiana: a sensação de que a ação política, assim como as outras dimensões da vida, estaria dominada pelo culto permanente da vida sob o capitalismo. “Benjamin entendeu a melancolia como efeito da anulação da potência política do indivíduo e sua classe social. A ‘coloração religiosa’ que o capitalismo imprimiu ao utilitarismo parece anular a perspectiva de transformação histórica. Daí a seleção de registros de experiências pré-capitalistas, assim como de textos que revelam o espanto de vários escritores diante da devastação em curso nos séculos XVIII e XIX: é no passado que Benjamin vai buscar indícios de diferença capazes de contradizer sua própria visão sombria do futuro”, afirma a psicanalista.

Segundo Jeanne Marie Gagnebin, autora da quarta capa, também deve ser mencionada a importância dos escritos ligados à redação da tese de livre-docência sobre a origem do drama barroco alemão assim como de várias resenhas de Benjamin, que tentam questionar o presente por uma retomada crítica da tradição histórica e literária. Já o artigo sobre o Instituto Alemão de Livre Pesquisa, escrito em 1937, esclarece a diferença entre a teoria crítica e o pragmatismo em voga nos Estados Unidos, onde Theodor Adorno e Max Horkheimer encontravam-se exilados.

A obra se insere na coleção Marxismo e Literatura, sob a coordenação de Leandro Konder e do próprio Löwy; a tradução dos dezessete ensaios de Benjamin selecionados foi feita diretamente do alemão por Nélio Schneider. O livro conta com um extenso índice onomástico e notas de tradução e edição, que auxiliam na compreensão do pensamento benjaminiano, que combina referências literárias e filosóficas, fazendo associações inesperadas, de maneira fragmentária. Na coletânea, foram incluídas várias imagens, como reproduções de documentos, quadros e fotografias.

Trecho do prefácio

O pensamento de Benjamin está profundamente enraizado na tradição romântica alemã e na cultura judaica da Europa Central; ele corresponde a uma conjuntura histórica precisa, que é aquela da época das guerras e das revoluções, entre 1914 e 1940. E, no entanto, os temas principais de sua reflexão são de uma surpreendente universalidade: nos dão instrumentos para compreender realidades culturais, fenômenos históricos, movimentos sociais em outros contextos, outros períodos, outros continentes. No começo do século XXI, em face de uma civilização industrial-capitalista, cujos “progresso”, “expansão” e “crescimento” conduzem numa velocidade crescente a uma catástrofe ecológica sem precedentes na história da humanidade, esses instrumentos constituem um precioso arsenal de armas críticas e uma janela aberta para as paisagens-do-desejo da utopia. Para Benjamin, só uma revolução podia interromper a marcha da sociedade burguesa rumo ao abismo, mas ele dava a respeito da revolução uma definição nova: “Marx havia dito que as revoluções são a locomotiva da história mundial. Mas talvez as coisas se apresentem de maneira completamente diferente. É possível que as revoluções sejam o ato, pela humanidade que viaja nesse trem, de puxar os freios de emergência”.


http://www.boitempoeditorial.com.br/v3/titles/view/335


Maria Rita Kehl e Michael Löwy | Walter Benjamin, intérprete do capitalismo como religião

http://www.youtube.com/watch?v=4st9V8wnayY

O sociólogo franco-brasileiro Michael Löwy, um dos maiores pesquisadores da obra de Walter Benjamin, esteve no Brasil em 2013 para debater "O capitalismo como religião", livro de ensaios inéditos de Walter Benjamin, organizado e comentado por Löwy.

No dia 25 de outubro, ele se reuniu com a psicanalista Maria Rita Kehl, que assina a orelha do livro, para um debate intitulado "Walter Benjamin, intérprete do capitalismo como religião", na Livraria Martins Fontes da Av.Paulista.

O livro mais recente de Maria Rita Kehl é "18 crônicas e mais algumas" (http://bit.ly/17BRJtb). Seu livro "O tempo e o cão: a atualidade das depressões" (http://bit.ly/1b6LBEJ) venceu o prêmio Jabuti de melhor livro do ano em 2010.

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Saiba mais sobre "O capitalismo como religião", de Walter Benjamin: http://bit.ly/1fqr4Sa
Leia a orelha do livro, assinada por Maria Rita Kehl: http://bit.ly/1bUpU0B
Leia "As armas do futuro", ensaio inédito de Benjamin extraído do livro e comentado por Michael Löwy: http://bit.ly/16VTdOK


Autores

Considerado um dos maiores pesquisadores das obras de Karl Marx, Leon Trotski, Rosa Luxemburgo, György Lukács, Lucien Goldmann e Walter Benjamin, tornou-se referência teórica para militantes revolucionários de toda a América Latina.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz