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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

16.11.13

Por que o Fórum Social Mundial se esgotou - Carta Maior

13/11/2013 - Copyleft

Por que o Fórum Social Mundial se esgotou

Os erros teóricos são pagos de forma grave pela realidade, relegando o Fórum Social Mundial à intranscendência.

por Emir Sader em 13/11/2013 às 17:07

O Forum Social Mundial foi a primeira reação internacional à onda neoliberal que passou a devastar o mundo nas ultimas décadas do século passado. Era uma onda tão devastadora, que o lema do FSM era minimalista: Um outro mundo é possível. Estava buscando afirmar a desconformidade com as teses do fim da história e o Consenso de Washington.
   
Essas teses, nascidas na direita – Reagan e Thatcher – tinham se propagado para outras correntes – social democracia, nacionalismos -, revelando sua capacidade hegemônica. O FSM nasceu na contramão dessa onda e teve um sucesso imediato, demonstrando o potencial que a resistência a essa onda despertava.
   
Seu auge foram as mobilizações contra a guerra do Iraque, a maior das manifestações conhecidas até aqui, em que o FSM teve um importante papel convocador. A partir dali se iniciou um declínio do FSM, até sua intranscendência atual.
   
O próprio fato de não se fazer um balanço das manifestações e discutir a forma de dar continuidade à luta pela solução pacífica e não violenta dos conflitos mundiais, já revelava uma debilidade fundamental do FSM. A hegemonia de ONGs e de alguns teóricos ligados à concepção dessas entidades foi responsável pela decadência do FSM.
   
O FSM tinha nascido no marco de uma ambígua reação ideológica e política no fim da guerra fria e a posição frente ao Estado foi determinante para essa ambiguidade. É preciso recordar que o lema central de Reagan foi de que o Estado não era a solução, mas o problema.
   
Essa afirmação fez parte da nova hegemonia liberal, com sua vertente econômica do Estado mínimo – com a correspondente centralidade do mercado – e política, de promoção de uma chamada “sociedade civil”, com contornos imprecisos e fortemente permeáveis a interpretações ambíguas. ONGs e interpretações teóricas dentro do próprio FSM pregavam contra o Estado. Nesse campo ambíguo se confundiam ONGs, visões teóricas e o próprio campo neoliberal.
   
Não por acaso as ONGs tomavam como uma questão de princípio que os partidos não estivessem no FSM. O que chegou ao absurdo que presidentes latinoamericanos como Hugo Chavez, Evo Morales, Rafael Correa, Lula – tiveram que fazer atos paralelos nos FSM, fora da programação oficial.
   
Era uma representação gráfica de como o FSM se desguiava dos caminhos reais de superação do neoliberalismo. Que se dava pela ação dos novos governos, que rompiam com a centralidade dos ajustes fiscais do neoliberalismo e impondo a prioridade das políticas sociais. Que priorizam os processos de integração regional e os intercâmbios Sul-Sul, ao invés da proposta da globalização neoliberal dos Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos.

E, além disso, resgataram o papel do Estado, como indutor do crescimento econômico e como garantia dos direitos sociais. As próprias propostas do FSM, entre outras, de recuperação dos direitos sociais expropriados pelo neoliberalismo e a regulação da circulação do capital financeiro, só poderiam ser realizadas através de Estados. Renegando o Estado em favor de uma “sociedade civil”, as ONGs e intelectuais – em geral europeus ou latino-americanos, mas com uma visão eurocêntrica – perderam a pista de por onde avançava concretamente a superação do neoliberalismo.

Enquanto a América Latina, que havia sido vítima privilegiada do neoliberalismo, elegia e consolidava governos antineoliberais, o FSM, ao perder a sintonia com a história real, foi se esvaziando. As ONGs caracterizam os Foros como lugar apenas de troca de experiências entre distintos movimentos. Não passaram a ser sequer um lugar de debate entre os governos posneoliberais e os movimentos sociais.   
   
As ONGs e os teóricos da “sociedade civil” tiveram seu paradigma liberal, anti-Estado, superado pela realidade. Vários deles passaram a tomar governos progressistas latinoamericanos, como os de Evo Morales, de Rafael Correa, do Lula ou da Dilma, como seus inimigos fundamentais, prestando-se a servir à direita desses países.

Os erros teóricos são pagos de forma grave pela realidade, relegando o FSM à intranscendência e as visões equivocadas que se articularam em torno dele, aos graves erros políticos, eurocentristas e liberais.

http://www.cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/Por-que-o-Forum-Social-Mundial-se-esgotou/2/29535

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz