06/04/2013 07h54 - Atualizado em 06/04/2013 07h54
'A Justiça valeu', diz bispo de MT sobre desintrusão de terra indígena
Bispo de São Félix do Araguaia comemorou entrega de terra indígena.
Ato oficial de entrega da área ocorreu após 20 anos de conflito.
O bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, mostrou-se satisfeito com a entrega oficial da terra indígena de Marãiwatsédé, no nordeste de Mato Grosso, à etnia xavante nesta sexta-feira (5). Após 20 anos de conflito entre produtores rurais, índios e União, o dia foi marcado pela solenidade em que o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, transferiu definitivamente a posse dos 165 mil hectares aos ocupantes originais.
“Pelo menos nessa hora a Justiça valeu”, declarou Casaldáliga, hoje com 85 anos idade, ao G1. Mesmo com a voz vacilante, os sintomas do mal de Parkinson e o cansaço após um dia cheio de compromissos da Prelazia com autoridades indigenistas e do governo federal, o catalão retomou sua posição de defesa dos direitos dos povos indígenas que tanta insegurança lhe causou durante o processo de desintrusão de Marãiwatsédé, entre dezembro de 2012 e janeiro deste ano.
Durante o processo, no qual forças policiais nacionais cumpriram mandados judiciais de despejo contra a verdadeira cidade formada sobre a terra indígena, Casaldáliga chegou a sofrer ameaças de morte e precisou se retirar da região por um período. Tudo por conta de seu apoio histórico à causa indígena e de outras minorias.
A Polícia Federal precisou instaurar inquérito para investigar os autores das ameaças. Hoje, o sacerdote está muito mais tranquilo, segundo o padre Paulo Santos, que vive e auxilia o bispo em São Félix do Araguaia. Isso porque as ameaças cessaram e a Força Nacional de Segurança permanece trabalhando na região, explicou o padre.
Para o bispo emérito, o caso da desintrusão de Marãiwatsédé não só cumpriu o compromisso do governo com a justiça para com o povo xavante. Análise elaborada sobre o processo de desintrusão por Casaldáliga e os demais membros da Prelazia sugere ao governo federal que a conduta adotada para conduzir a situação delicada em Marãiwatsédé se torne modelo, exemplo para demais casos de atuação da política indigenista nacional.
O relatório produzido pela Prelazia foi oficialmente entregue ao ministro Gilberto Carvalho nesta sexta-feira pelo bispo efetivo da região, Dom Adriano. A ocasião também contou com a presença de representantes do Ministério da Justiça, da Fundação Nacional do Índio, do Ministério Público Federal e da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos.
http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2013/04/justica-valeu-diz-bispo-de-mt-sobre-desintrusao-de-terra-indigena.html
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