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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

8.3.11

Revista Galileu: uma irresponsável cobertura de meio ambiente « Somos andando

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Revista Galileu: uma irresponsável cobertura de meio ambiente

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http://somosandando.files.wordpress.com/2011/03/capa-galileu-marco1.jpg?w=347&h=456Irresponsável. É a palavra que melhor define a edição da revista Galileu de março, com a matéria de capa “Livre-se dos mitos verdes”. E essa crítica não é feita com base em nenhum ambientalismo xiita ou intransigente. É apenas uma breve análise das contradições que aparecem dentro da própria reportagem. Reportagem, aliás, taxativa demais para quem pretende desbancar mitos, ou seja, relativizar a questão. Não se relativiza algo colocando uma certeza absoluta no lugar de outra. Mas já na capa ela diz: “*Alimentos locais; *Sacolas de papel; *Carros elétricos; *Produtos recicláveis: NADA DISSO VAI SALVAR O PLANETA!”.

A revista peca exatamente no mesmo ponto que motivou sua pauta. Considera apenas um aspecto da questão e não consegue avaliar os “mitos” de uma perspectiva mais global e abrangente. Isso sem contar que usa como uma espécie de narrador-personagem o humorista Danilo Gentili, que já responde por demonstrações de preconceito tanto no CQC quanto no Twitter, além da falta de respeito aos entrevistados e a qualquer um que discorde de seu ponto de vista.

Vamos por partes. Vou tentar focar apenas nos aspectos principais, os mais gritantemente restritos, para não tomar muito o teu tempo e a tua paciência, caro leitor. Por isso, logo mais vou comentar os itens numerando-os conforme feito na revista, o que nos levará a lacunas na numeração, já que não abordarei todas. A reportagem é assinada por Guilherme Rosa, com fotografia de Victor Affaro e ilustrações de Alexandre Affonso.

Linha de apoio da matéria, na página 45: “Novas pesquisas mostram que bom mesmo é comer alimentos importados, dirigir carro usado…” e continua. Assim mesmo, sem margem pra dúvida ou questionamento. Sem interpretações divergentes ou possibilidade de pesquisas com métodos diferentes. E conclui: “Isso se você realmente quer evitar que o mundo vire uma estufa”. Ou seja, a culpa é toda tua, cara pálida.

Sempre tenho medo de interpretações que avaliem apenas um ponto de vista sobre determinados temas. Geralmente, uma viseira como aquelas de cavalo lhes impede de enxergar o todo. É o que acontece em praticamente todos os mitos “desmascarados” pela reportagem, que foca apenas na emissão de CO2 como a única responsável pelos problemas ambientais e pelo aquecimento global. E mesmo assim, cai em contradição. Seguem os mitos:

http://somosandando.files.wordpress.com/2011/03/nory.jpg?w=400&h=2751. “Coma só alimentos locais” – O texto diz que é muito mais negócio comer alimentos importados do que locais. O argumento é restrito à análise da quantidade de emissão de CO2, como se esse fosse o único aspecto a considerar. A defesa é de que a produção em grande escala produz menos gás carbônico e que o tipo de comida influencia mais que a distância do transporte, chegando ao ponto de afirmar que, se fulano come carne de boi local, ele prejudica mais o meio ambiente que o ciclano que come a fruta da estação que vem do outro lado do mundo. A comparação não é válida, porque, se o fulano gosta de carne, ele vai comer carne daqui ou da China. Vale, então avaliar qual dessas duas opções é a melhor. Isso sem contar que existem outros aspectos na questão, como o social e o econômico. Produção em larga escala geralmente utiliza menos mão-de-obra, favorece a exploração do trabalhador e prejudica a economia local. Sem falar nos próprios aspectos ambientais, como o uso de venenos, muito menor nas pequenas propriedades, que acabam produzindo um alimento mais saudável poluindo menos a terra e a água.

2. “Precisamos das conferências climáticas” – Alguém esqueceu no meio do caminho que as conferências não são atitudes para melhorar o meio ambiente, mas deveriam ser espaços onde se discutem e se decidem possíveis atitudes. O fato de não ser bem assim é outra história, mas não podemos confundir alhos com bugalhos.

3. “A energia eólica é a mais sustentável” – Como não se pode errar todas, nesse ponto a revista foi sensata. Critica as fontes de energia mais poluentes, baseadas em combustível fóssil sem cair na ingenuidade de defender a energia eólica como única fonte a ser utilizada, o que seria inviável em nossa civilização, mesmo que todos economizassem ao máximo.

4. “Proíba as sacolas plásticas” – Já aqui ela parte de uma perspectiva aparentemente sensata, ao relativizar a troca de sacolas de plástico pelas de papel, trazendo argumentos geralmente ignorados, como a produção do papel. Mas a abordagem parece esquecer todos os prejuízos do plástico, ignora o tempo de decomposição dos diferentes materiais e quase propõe liberar geral, como se o fato de outras soluções não serem absolutas fazer com que a solução inicial deixe de ser prejudicial.

5. “Recicle, recicle, recicle” – A reportagem defende que se queime grande parte do lixo, inclusive os recicláveis, como plástico e papel, como forma de reaproveitar a matéria-prima na geração de energia. Mais uma vez, a viseira atrapalha, e se esquece de falar na poluição e na liberação de gás carbônico causadas pela queima. Ou seja, funciona de forma exatamente inversa ao que defende a publicação e no ponto que ela mais enfoca, a liberação de CO2, que é muito alta com a queima que eles defendem

http://somosandando.files.wordpress.com/2011/03/cgeorges-seurat16801050b.jpg?w=490&h=368

7. “Compre um carro elétrico” – O argumento é que o carro elétrico não compensa quando a forma de obtenção de energia utilizada no país, que servirá de combustível para o carro, for suja. É evidente, mas isso não justifica que se deixe de cogitar a utilização desse tipo de meio de tranporte, certo? Cai em contradição quando diz que, nos países em que a energia é poluente, os resultados não foram positivos, “chegando em algumas situações a poluir mais do que o carro convencional”. Ou seja, se mesmo onde a energia é produzida de forma suja, o carro elétrico só deixa de valer a pena em algumas situações, imagina se forem feitos investimentos combinados tanto na geração de energia limpa quanto no desenvolvimento de carros elétricos! E mais, ela afirma que tais automóveis também são prejudiciais porque sua produção é poluente. Mas carros movidos a gasolina não são igualmente produzidos em fábricas, utilizando o mesmo tipo de material?

9. “O aquecimento global vai acabar com a Terra” – Essa é a melhor parte, que começa dizendo: “Nada disso, quem corre o risco de desaparecer é você”. Óbvio ululante! Parte-se do evidente pressuposto de que, quando se defendem medidas contra o aquecimento global, queremos preservar a nossa vida, nossa civilização, o que só será possível com respeito à natureza e convivência pacífica, com a consciência de que somos parte da natureza da Terra. Não imagino que alguém interprete a questão do aquecimento global como uma grande explosão que acabe com o planeta, mas ninguém quer que o ser humano deixe de existir. Aí o texto diz que não, o aquecimento global não é esse bicho papão, nós vamos só deixar de existir, mas o planeta continua. Ah tá! Teremos fome, desaparecimento de florestas, seca, tempestades, guerras, alagamentos, deslizamentos, furacões, doenças… Mas não precisamos nos preocupar, porque a crosta do planeta continuará aí. A revista trata o leitor como um retardado que não consegue fazer essa interpretação crítica. Aí está um bom resumo da falta de perspectiva e de abrangência da reportagem.

 

http://somosandando.wordpress.com/2011/03/08/galileu-a-irresponsavel-relacao-entre-imprensa-e-meio-ambiente/

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz