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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

5.3.11

Carta Maior - Blog do Emir Sader - O mundo e nós

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04/03/2011

 

O mundo e nós

 

As editorias internacionais da imprensa brasileira estão, em geral, entre as piores de todas as publicações. É praticamente impossível seguir um tema mais além de momentos específicos, seja porque o espaço reservado é muito pequeno, seja porque a própria equipe de internacional costuma ser reduzida.

Me lembro de ter perguntado a editor de um jornal paulista sobre o porquê disso e ele me respondeu que era porque não havia interesse dos leitores. Claro círculo vicioso: se produz uma internacional desinteressante e não se recebe demanda por maior empenho nos temas internacionais. Eu disse a ele que naquela semana o jornal que ele dirigia por herança familiar tinha publicado uma matéria muito interessante sobre a confissão de militares norteamericanos de que inflacionavam os sucessos durante os combates de uma guerra, para dar a impressão que estavam no bom caminho e assim obter mais recursos do governo e do Parlamento. Ele simplesmente não tinha lido.

Mas, ao dar pouca importância e espaço para a cobertura internacional, as publicações podem se valer dessa falta de informações para enganar os leitores, usando de forma equivocada exemplos de outros países. Basta dizer que aqui mesmo na América Latina a imprensa usou vários países em diferentes momentos, como “modelos” de neoliberalismo de sucesso.
Em um certo momento o exemplo a seguir seria o México, até que a crise de 1994 – que os leitores não puderam entender, porque não lhes foi fornecida informações e analises concretos sobre a economia mexicana – terminou com essas ilusões. O primeiro país a assinar um Tratado de Livre Comércio com os EUA, ao invés de beneficiar-se desse suposto privilégio, era vítima dessa relação exclusiva.

Em seguida a Argentina ocupou esse lugar. Contava-se maravilhas sobre a política de paridade entre o dólar e o peso, até que a economia argentina implodiu de maneira espetacular em 2001/2002, provocando o maior retrocesso que o país viveu, revelando como a paridade era uma bomba de tempo, que finalmente terminou explodindo.

Um outro país que era muito citado como suposto modelo de neoliberalismo bem sucedido era a Coréia do Sul. Ao mesmo tempo não se davam as informações para que aquela referência pudesse ser controlada. A Coréia do Sul é um exemplo antineoliberal, em que o Estado teve sempre um papel muito importante, a ponto que a indústria automobilística é toda coreana e a metade dela é estatal. Bastaria isso para desmentir o uso que a imprensa fazia do caso coreano.

Ao mesmo tempo, as crises que detonavam os países antes considerados modelos eram sempre atribuídas a fatores conjunturais – Menem, Fujimori, PRI, Carlos Andrés Perez -, nunca ao esgotamento do modelo. Fôssemos depender da velha imprensa, não nos daríamos conta que foram surgindo governos de reação ao fracasso dos modelos neoliberais, que terminaram marcando toda a década recém terminada.

As editorias econômicas e principalmente os editoriais da velha mídia ainda não incorporaram o esgotamento do modelo neoliberal e o vigor dos modelos que os sucederam em tantos países da América Latina. A realidade avançou muito mais do que a capacidade das velhas cabeças dogmáticas pôde captá-la. Foi a imprensa alternativa, uma parte impressa, mas principalmente via internet, é que apontou para essas novas realidades e nos permite acompanhar esses processos inovadores.

Postado por Emir Sader às 03:00

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz