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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

30.3.11

Nota de Rodapé: É melhor contar a verdade, Clarín

29 de março de 2011

 

É melhor contar a verdade, Clarín

 

O diário argentino resolve reescrever a verdade ao narrar o bloqueio feito por sindicalistas a sua gráfica,

e os jornais brasileiros embarcam na onda, cometendo uma falsificação indesculpável


O jornal argentino Clarín queixa-se que o governo da presidenta Cristina Kirchner incentiva ataques à imprensa ao não debelar o bloqueio feito na gráfica do diário. O piquete foi realizado entre sábado e domingo últimos pela Central Geral dos Trabalhadores (CGT) e teve a intenção, segundo a empresa, de impedir a circulação de matéria desfavorável ao presidente da CGT, Hugo Moyano.


O maior diário do país vizinho reclama que o governo não cumpriu a tempo ordem judicial que determinava que se garantisse a distribuição da edição dominical. A ministra de Segurança, Nilda Garré, afirma que deu conta do que foi solicitado pelo Judiciário e que a liberdade de expressão não foi afetada.

 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpw8Qy1n79zGudDNqOyzbdPx3GPqKdNnJnseqU79BmmWeFahgsKG_E9q6sPC5I94LL69JdwXxlnA__ZQGhZyK2HGPlDQbm5u7A2yWiLGqR02U1GcX1Rwh75LR0bgBRdIAVpCeJ/s320/276920der3g56.jpg

Capa do Clarín mencionada no texto

 

Até aí, difícil dar fé à versão de qualquer uma das partes, dado que a política da Argentina é das mais complexas de que se tem notícia. Independentemente do que tenha ocorrido, infeliz a declaração do editor de Clarín, Ricardo Roa, de que o jornal nunca passou por esse problema, “nem mesmo nos tempos de ditadura” - a versão de Roa é apoiada por editorial do jornal O Estado de S. Paulo desta terça-feira, 29.

Oras, Clarín, oras, Estadão, vamos falar a verdade: o jornal nunca deixou de circular nos tempos de ditaduras porque sempre as apoiou.

Qualquer argentino se recorda ou viu na escola a fantástica capa de 4 de maio de 1982, que estampava “Já estamos ganhando”, numa alusão a um suposto triunfo na Guerra das Malvinas. “Porque lutamos por uma ideia grande, porque nossos soldados a estão defendendo, porque agora todos sabemos apertar os dentes”, estampava a edição daquele dia, um clássico do “jornalismo”, rapidamente desmentido pelas mortes de soldados que sequer tinham o que comer no gélido sul do país.

Antes disso, no dia do último golpe, em 24 de março de 1976, o Clarín contava em letras garrafais: “Novo governo”. Na sequência, informava que “a prolongada crise política que aflige o país começou a ter seu desenlace nesta madrugada com o afastamento de Maria Martínez de Perón como presidente da nação.” O país ficou menos aflito nos próximos sete anos: 30 mil mortes e centenas de milhares de torturados, centenas de crianças raptadas e adotadas ilegalmente. Entre essas crianças, investigam os argentinos, figuram os filhos da dona do Grupo Clarín, a Rede Globo vizinha. Então, Clarín, convém não falsear a realidade dos fatos.

Indignação seletiva

A indignação seletiva é um fenômeno interessante. A Associação Nacional de Jornais (ANJ), que deveria representar as publicações impressas brasileiras, está em polvorosa com os ataques a seu fraterno Clarín. Afirmou que a atitude dos sindicalistas é “intolerante e antidemocrática” e acusa cumplicidade de Cristina Kirchner. Em outubro passado, quando a Revista do Brasil foi impedida de circular por decisão do Judiciário a favor do PSDB, a ANJ não deu um pio a respeito de intolerância ou ataque à democracia. Não entendi.


João Peres é jornalista e colunista do NR

 

http://www.notaderodape.com.br/2011/03/e-melhor-contar-verdade-clarin.html

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz