Depois de amanhã, 28, o golpe militar contra o governo de Honduras, chefiado por Manuel Zelaya, completa um mês. O golpe interrompeu quase 30 anos de ordem constitucional, iniciada em 1981, com a eleição pelo voto popular de Roberto Suazo Córdova, primeiro presidente civil em mais de um século.
A quebra do governo constitucional mereceu condenação unânime da comunidade internacional (inclusive do governo brasileiro) e, internamente, fez surgir a Frente Nacional Contra o Golpe de Estado, que vem coordenando as lutas pelo restabelecimento da normalidade constitucional no pequeno país centro-americano.
Como democrata, defendo a continuidade do governo de Zelaya, cujo mandato deve se estender até o ano que vem. E saúdo os novos tempos que vêem na atitude golpista dos militares e civis hondurenhos (capitaneados pelo ex-presidente Roberto Micheletti) como um anacronismo nesta América Latina que caminha pela trilha democrática, após derrotar as experiências autoritárias das décadas de 60 e 70.
O povo hondurenho tem se comportado de forma exemplar, enfrentando com destemor os golpistas e denunciando as violações dos direitos humanos, que geraram quatro assassinatos e 1.158 detenções ilegais (até ontem), número que deve se elevar com a repressão aos apoiadores da tentativa de Zelaya de voltar ao país, na última sexta-feira.
O golpe significou, também, a perseguição a representantes do movimento social, os atentados à liberdade de expressão, que alcançaram 14 meios de comunicação e quatro organizações sociais, a militarização de instituições públicas e o ressurgimento dos esquadrões da morte, desativados desde o fim dos anos 70.
O movimento popular desmoralizou os argumentos dos golpistas de que Zelaya se preparava para se perpetuar no poder, ao querer mudar a Constituição do país, com a convocação de uma Assembleia Constituinte.
Ao contrário do que alega o governo 'de fato', a Assembleia Constituinte não iria beneficiar Zelaya, já que seria votada durante as eleições presidenciais e beneficiaria somente o próximo presidente.
O próprio Micheletti já tentou mudar a Constituição em 1985, dois anos depois de ela ser criada. Na época presidente, ele pediu uma Constituinte para mudar os artigos 373, 374 e 375, mecanismos de reforma e defesa da Constituição que o seu governo 'de fato' usa hoje em dia para defender o golpe.
Na verdade, o que explica a deflagração do golpe militar é a mudança de orientação do presidente Zelaya, cujo mandato teve início em 2006, mesmo ano em que entra em vigor em Honduras um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.
Em 2007, o presidente Manuel Zelaya visita Cuba, na primeira visita oficial de um mandatário hondurenho à ilha em 46 anos. No ano seguinte, Honduras une-se à Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) – uma aliança de líderes latino-americanos chefiada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Zelaya disse que a falta de apoio internacional para combater a pobreza forçou-o a buscar a ajuda venezuelana.
Aí, o golpe começou a ser tramado.
Nota do distribuidor:
O governador do estado do Maranhao, Dr.Jackson Lago, sofreu tambem um golpe semelhante ao de Honduras, aqui, articulado pela camarilha da familia Sarney, que a cada dia sofre denuncias da Policia Federal Brasileira, e recolocaram no poder a sua filha ROSEANA SARNEY, em março de 2009.
Esse mesmo senador Sarney é que articula a não entrada da venenzuela no Mercosur, e passado mais de um ano, o senado brasileiro ainda nao votou sua entrada.
Infelizmente aqui a imprensa silenciou. O poder central foi solidario à camarilha (como esta sendo o pentagono..em Honduras).
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