A memória de Sepé Tiaraju foi agredida mais uma vez  na terra do latifúndio!
    Na ocasião das  celebrações dos 250 anos de martírio de Sepé Tiaraju, líder indígena Guarani,  assassinado por soldados da Espanha e Portugal, em 07 de fevereiro de 1756, foi  erguido um monumento em sua homenagem, na cidade de São Gabriel - RS. O  monumento consistia num símbolo representativo dos Sete Povos das Missões e que  pretendia marcar o local onde espanhóis e portugueses massacraram o Povo  Guarani, devastaram suas terras, seu meio ambiente e as cidades missioneiras.  
O monumento, construído voluntariamente  por militantes e simpatizantes da causa indígena, havia sido abençoado  por centenas de pajés, Karaí e Kunhã Karaí de comunidades Guarani do Brasil,  Argentina e Paraguai. Debaixo dele rezaram pelos seus mortos, debaixo dele  rezaram pelo futuro dos Guarani, de seus descendentes e de todos os demais  povos. Rezaram por justiça, paz e solidariedade. Rezaram para que os homens e  mulheres vivam nesta terra de maneira que a "terra sem males" seja construída  através do amor e da fraternidade. O monumento já era um espaço sagrado no modo  de ver dos líderes religiosos indígenas e como tal também era percebido e visto  pela população simples e religiosa de São Gabriel, bem como dos romeiros que por  ali passavam para orar em memória do líder indígena que lutou e morreu  defendendo as terras gaúchas.
    Pois o monumento inquietava os donos do  latifúndio, os fazendeiros arrogantes que habitam e exploram as terras sagradas  do Rio Grande. Eles tinham medo do símbolo de resistência e vida que ali fora  plantado e como que encravado na memória daqueles que se colocam contra a  vida e contra a solidariedade, que se colocam contra a possibilidade de que  haja direitos iguais para todos, que se colocam contra a redistribuição de  bens e das terras. Estes senhores, patrocinadores da dor e da miséria, não  sossegaram e passados pouco mais de três anos das celebrações em memória de Sepé  Tiaraju decidiram, com a infra-estrutura da prefeitura municipal de São Gabriel,  destruir o que lhes causava dor e medo. Destruíram o monumento de Sepé Tiaraju,  líder índio Guarani e herói do Rio Grande.
    Repudiamos a mais esta violência contra  a memória dos Guarani, contra a história do Rio Grande do Sul, contra a  esperança de construção de uma "terra sem males". Para estes que aniquilaram o  monumento resta lembrar o Evangelho onde Jesus manda que sobre eles se  deve sacudir a poeira das sandálias, pois ali a terra é pedregosa e cheia  de ervas daninhas.
Porto Alegre, 07 de  maio de 2009
Roberto Antonio  Liebgott
Cimi Sul-Equipe Porto Alegre
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