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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

2.5.09

CIA torturou durante todo governo Bush

Barbárie e impunidade

30/04/2009 11:33:15

 

De 2002 a 2005, os 007 da Agência Central de Inteligência (CIA) norte-americana utilizaram técnicas brutais e desumanas nos interrogatórios de islâmicos suspeitos de ter vínculos com organizações terroristas. A causar inveja aos franceses que torturaram os árabes da Argélia (1962) e aos brasileiros a serviço da ditadura iniciada em 1964.
 
Esses 007 da CIA só não conseguiram se igualar ao que fizeram, em Grozny (Chechênia), os russos da FSB (sucessora da KGB) e da Spetsnaz do Ministério do Interior. Desapareceram mais de 5 mil chechenos, na luta contra o terror iniciada em 1999 e finda em 2006. Do registro oficial consta que poderiam ser ligados ao terrorismo checheno, que ficou conhecido pelas ações sangrentas no Teatro Dubrovka, de Moscou, e em uma escola de Beslan: 334 mortes. 

Nesta semana, o semanal britânico Sunday Times entrevistou dois agentes da Spetsnaz que estiveram na Chechênia. Entre outras barbaridades, eles contaram que, nos interrogatórios e com marteladas, amassavam dedos ou quebravam joelhos dos acusados. Quanto aos desaparecidos, "explodiram e viraram pó", para evitar o encontro de corpos.

Relatório do comitê de inteligência do Senado americano revelou que, na era Bush, as técnicas empregadas pelos 007 da CIA estavam em flagrante violação à legislação interna e ao estabelecido no Artigo 16 da Convenção das Nações Unidas contra o Terror, subscrita pelos Estados Unidos. 

Acrescente-se que a então conselheira para questões de segurança nacional, Condoleezza Rice, autorizou, em 2002, e sem antes colher parecer jurídico obrigatório, o interrogatório do suspeito Abu Zubayda com emprego do waterboarding. O waterboarding consiste em acorrentar o interrogado numa maca inclinável. Os olhos são vendados e um pano é utilizado para cobrir-lhe a boca e o nariz. Uma mangueira de grosso calibre despeja água sobre a boca e o nariz do torturado, de modo a dar sensação, com a simultânea inclinação da cabeça, de afogamento em banheira. Em síntese, trata-se de uma simulação de afogamento, a produzir dióxido de carbono no sangue e tornar difícil a respiração. 

Abu Zubayda foi submetido a 83 sessões de waterboarding. Fora a sua colocação em contêiner cheio de insetos, que acreditava serem venenosos. Na justificativa do pedido feito a Condoleezza, em 2002, constava que Abu Zubayda dominava informações a respeito de iminentes ataques terroristas. 

Além do waterboarding, a CIA utilizou, sempre com autorização superior, outras técnicas covardes e inconcebíveis em uma democracia. Por exemplo, o walling, no qual o interrogado encapuzado era obrigado a manter os calcanhares encostados num falso muro. De surpresa, era puxado pelo peito e arremessado o tronco deslocado contra o muro, este dotado de aparelho a multiplicar o barulho provocado pelo impacto. 

Também era recorrente a privação de sono ou de alimentos, golpes no abdome, tapas na cara, estrangulamento simulado, palmadas com a as mãos em concha nas orelhas. A nudez era uma forma de constranger o interrogado na presença de agentes de outro sexo. Existia ainda o isolamento em contêiner e o wall standing: em pé, corpo inclinado e com os dedos das mãos apoiados em uma parede.

No supracitado relatório do Senate Intelligence Committee, presidido por John Rockefeller, ficou patente a responsabilidade de Condoleezza Rice: o parecer do Departamento de Justiça no sentido de não considerar o waterbording prática proibida veio depois do sinal verde dado por Rice. Recentemente ouvida no Congresso, a ex-secretária de Estado desconversou ao dizer que lembrava de uma discussão sobre o waterbording, mas não sobre empregos e implicações. 

Condoleezza recebeu as explicações sobre o waterboarding em reunião com o ministro da Justiça, John Ashcroft. Em 2003, o emprego do waterboarding foi revelado ao vice-presidente, Dick Cheney, ao secretário de Estado, Colin Powell, e ao ministro da Defesa, Donald Rumsfeld. Nenhum deles determinou a suspensão da prática. 

Para o Departamento de Justiça do governo Bush, nenhuma das técnicas poderia ser considerada como tortura. No waterboarding, concluiu-se pela inexistência de "dano mental prolongado", pois o "alívio era quase imediato, quando o pano de cobertura é removido. Segundo os "juristas" de Bush, a tortura apenas se caracteriza quando ocorre grave dor física ou sofrimento mental. Portanto, waterboarding, tapas na cara, golpes com o dorso da mão aberta e sem anéis ou soco-inglês, entre outras, eram ações legítimas no trato com suspeitas de terrorismo. 

Na segunda semana de abril, o presidente Barack Obama decidiu dar publicidade a quatro memoriais de torturas cometidas pela CIA, mas não encaminhou à Justiça a identidade dos executores das torturas. Agora, com o relatório do Comitê de Inteligência do Senado, tem-se os nomes dos responsáveis pelas autorizações pedidas pela agência. Ou seja, de Bush a Rice, passando pelo vice-presidente, ministros e secretários.

Wálter Fanganiello Maierovitch

Escreve na CARTA CAPITAl, São Paulo.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz