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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

2.5.09

OBAMA, CUBA E A AMÉRICA LATINA

Mauro Santayana – JB – Domingo, 19.04.2009

 

O povo norte-americano não conheceu os dissabores do colonialismo, como os conhecemos. O povoamento do território começara pouco antes do confronto que, na Inglaterra, opusera os Comuns e os Stuart, e manteria a tensão política na Grã Bretanha até a Glorious Revolution de 1688, não deixando tempo para outras preocupações. No século 18, com a expansão imperial inglesa na África e na Ásia, Londres tampouco se preocupou com a América: ali só havia bons ingleses, conservadores de sua cultura e de suas crenças. Não havia por que temê-los, nem por que os tratar com arrogância.

 

As tensões internas nos Estados Unidos só se iniciaram com a expansão ao Oeste e ao Sul, que os levou a dizimar povos autóctones, a comprar territórios vizinhos, como os do Vale do Mississipi (incluindo a Luisiania), da França, e o Alasca, da Rússia, e a invadir estados soberanos, como fizeram com o México, no qual se apoderaram de 1,3 milhão km2. Pensando como europeus, os norte-americanos deles herdaram a idéia de supremacia sobre os vizinhos. Sentiam-se no direito de estender a “civilização”, substituindo os espanhóis na exploração dos bárbaros do Sul. É de se lembrar que “humanistas” da Europa aplaudiram a guerra contra os mexicanos, ocorrida entre 1846 e 1848.

 

Essa visão preconceituosa, aliada à ganância de lucro dos homens de negócios, separou a América do Norte dos povos latino-americanos. Os países que mais sofreram foram os menores, como os da América Central, que se transformaram em repúblicas bananeiras, exploradas pelas companhias norte-americanas, entre elas a famigerada United Fruit. Os países meridionais, ainda que distanciados, também sofreram e ainda sofrem seu domínio político e econômico. Há ainda a registrar sua freqüente intervenção nos assuntos internos latino-americanos, como na Guerra do Chaco entre o Paraguai e a Bolívia, e a promoção de sangrentos golpes de Estado, entre eles os do Chile, da Argentina e do Brasil.

 

Há um passivo difícil de ser liquidado. Ele é ainda maior no caso de Cuba. O governo Eisenhower não conseguiu entender o objetivo real da Revolução Cubana, que era, além de melhorar a vida de seu povo, o de derrubar Batista e impor a moralidade burguesa aos costumes de Havana, com o fechamento dos bordéis e o controle dos cassinos explorados pela máfia de Chicago. Poucos dos revolucionários (o Che entre eles) imaginavam ser possível um regime socialista na ilha. A pressão dos poderes de fato dos Estados Unidos levou o governo de Washington a iniciar sua hostilidade contra os revolucionários, hostilidade que cresceu no governo do presidente Kennedy, tão louvado pelos que não conhecem bem a raiz quadrada da História. Castigados primeiro pela ocupação direta dos Estados Unidos, amputado o seu território com o enclave na Baía de Guantánamo, que perdura em suas costas como bócio incurável; submetidos ao bloqueio econômico, os cubanos buscaram o apoio soviético. E foi esse apoio, aliado à posição de alguns governos latino-americanos da época, entre eles, de forma firme, o Brasil, que impediu Kennedy e seus sucessores de arrasarem o país e seu povo.

 

Raúl Castro aceitou negociar com os Estados Unidos, de “igual para igual”. Se isso vier a ocorrer, será a primeira vez. Desde que os americanos intervieram na guerra de independência de Cuba e, vencendo a Espanha, ocuparam a ilha, os cubanos são tratados com desdém. Qualquer seja a opinião que tenhamos de seu regime e de seus dirigentes, é admirável sua resistência ao longo de quase meio século. Raúl não se opõe a mandar para os Estados Unidos os dissidentes do regime que se encontram presos e suas famílias, e só exige que cinco cubanos, prisioneiros na Flórida, sob a acusação de espionagem, sejam devolvidos à pátria. Diante disso, será difícil continuar o bloqueio contra a ilha.

 

De qualquer forma é estranho que os Estados Unidos, que mantêm a prisão de Guantánamo, uma afronta aos princípios elementares de justiça; que confessadamente seqüestram e torturam cidadãos estrangeiros; que invadiram o Iraque e patrocinaram a farsa do julgamento e a oprobriosa execução de Saddam Hussein, falem de respeito aos direitos humanos em Cuba.

 

Resta saber se eles, sob Obama, estão decididos a respeitar a soberania de Cuba, nas negociações que se articulam, ou desejam simplesmente restaurar a democracia dos tempos de Gerardo Machado e Fulgêncio Batista, seus fiéis vassalos.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz