Por Frei Pilato Pereira - de Bagé, RS
A versão mais difundida sobre a origem do Dia Internacional da Mulher é de que em 8 de março de 1857, 129 operárias de uma fábrica de tecidos, de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica reivindicando melhores condições de trabalho e a manifestação foi reprimida com total violência pela polícia dos patrões. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada e elas morreram carbonizadas, num ato brutal e desumano. Pesquisas chegam a negar que isto realmente tenha ocorrido. Mas a história revela inúmeros fatos reais de violência contra a mulher. E outras versões sobre o Dia Internacional da Mulher também estão relacionadas à luta das mulheres por mais dignidade e respeito, e contra a violência sofrida por elas e seus filhos.
Desde que acompanho as celebrações do dia 8 de março, todos os anos, este dia é pautado pelo tema da violência contra a mulher. E tenho percebido que quando as mulheres também lutam contra outros tipos de violência, elas mais uma vez são vítimas da violência. E o que é pior, se trata de uma violência institucional. Como por exemplo, no dia 8 de março de 2006, um grupo de mulheres da Via Campesina ocupou um horto florestal da Aracruz celulose, para protestar contra a violência das monoculturas de eucaliptos que podem causar terríveis desastres socioambientais no Rio Grande do Sul. As mulheres foram reprimidas pela polícia, pela grande mídia e pela própria Justiça. Foram vítimas da violência institucionalizada quando lutavam contra a violência. A luta das mulheres sem terra, por exemplo, não poucas vezes foi respondida pelo Estado com violência e brutalidade policial. Ou seja, elas lutam contra a violência que sofrem ou a violência cometida contra seus filhos e acabam sofrendo muito mais violações, são agredidas e desrespeitadas por agentes do próprio Estado, que é a polícia.
Agora em 2008, na semana do Dia Internacional da Mulher, militantes da Via Campesina novamente fizeram protestos contra as monoculturas de eucaliptos. E desta vez denunciando algo muito mais grave que é a sutil invasão de multinacionais sobre terras da fronteira do Brasil. No município de Rosário do Sul, numa fazenda da multinacional Stora Enso, as mulheres roçaram eucaliptos e plantaram mudas de arvores nativas. Um gesto nobre de quem quer libertar o Pampa das garras das multinacionais e protege-lo para que seus filhos e as furas gerações possam ter terra e pão na mesa.
O movimento pedia a anulação das compras de terra feitas ilegalmente pela multinacional na faixa de fronteira e reivindicava essas terras para a Reforma Agrária, que resultaria em produção de alimentos. Desta vez a ação policial comandada por uma mulher, a governadora Yeda do PSDB, foi totalmente repressiva. Os policiais, na maioria homens, sem piedade e com voraz truculência, agrediram as mulheres e, inclusive crianças que acompanhavam suas mães. As mulheres relatam ações perversas de violência policial.
Além de apontar armas para mulheres acompanhadas de crianças, os homens da Brigada Militar bateram nelas, prenderam as lideranças e extraviaram seus pertences, como documentos, roupas e alimentos. Os policiais também privaram mulheres e crianças de se alimentar e beber água por várias horas e muitas delas tiveram que ser hospitalizadas por problemas de saúde causados pela agressão policial É inacreditável que isto ocorra num país que diz respeitar os direitos humanos. O mais contraditório é o fato de que esta ação de violência contra as mulheres foi comandada por uma mulher, a governadora do estado, Yeda Crusius.
Mulheres que lutam contra a violência, são vítimas da violência da autoridade que deveria lhes dar segurança e garantir a dignidade delas e de seus filhos. Já é sabido que muitas mulheres não denunciam a violência doméstica por medo de sofrerem ainda mais violência. O mesmo vem ocorrendo com a violência na sociedade. Mulheres vão às ruas protestar contra a violência e são vítimas da violência cometida contra elas pelo próprio Estado. Isto se chama repressão, muito comum na ditadura militar, algo abominável que infelizmente vem ocorrendo em plena “democracia”.
O que dizer desses policiais que agrediram as mulheres? Como diz o ditado popular: “homem que bate em mulher, não é homem”. Quem nasceu de uma mulher, só se torna seu agressor quando perde sua humanidade, sua dignidade humana. E, portanto, não é mais homem, é o pior dos animais. A violência contra a mulher é algo abominável e isto tem que acabar. Pois, o que se pode esperar das futuras gerações que crescem assistindo suas mães sendo agredidas? O filho que vê o pai agredir a sua mãe, cresce com raiva e ódio do próprio pai. O filho que vê a autoridade constituída, o Estado com seu aparato policial, agredir e maltratar sua mãe, também vai crescer com um sentimento de ódio cívico.
A governadora do Rio Grande do Sul deveria colocar a mão na consciência e se dar conta do grande mal que fez em mandar ou permitir a violenta ação policial contra as mulheres da Via Campesina no último dia 4 de março quando celebravam a semana do Dia Internacional da Mulher.
Frei Pilato Pereira, de Bagé (RS), é membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Serviço de Justiça, Paz e Ecologia dos Freis Capuchinhos.
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Represión en Río Grande do Sul - Brasil
Solidaridad con las mujeres que defienden la vida y la bio-diversidad
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Deseamos expresar nuestra solidaridad con las mujeres de Rio Grande do Sul-Brasil en su acción contra los "desiertos verdes". El 4 de Marzo, alrededor de 900 mujeres de Via Campesina de Rio Grande do Sul ocuparon 2 100 hectareas de la "Hacienda Tarumá" en Rosario del Sur. Las mujeres cortaron los eucaliptos y en vez de ellos plantaron arboles nativos en ese terreno inicialmente apropiado ilegalmente por la compañia de celulosa finlandesa-sueca Stora Enso. La policía atacó entonces violentamente la concentración pacífica e insultó y agredió a las 50 mujeresque se encontraban reunidas.
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Esta actividad se estaba realizando junto con muchas otras más en conmemoración del 8 de Marzo, Día Internacional de la Mujer puesto que son las mujeres las que más fuertemente se ven afectadas por la agricultura orientada a la exportación, modelo basado en la explotación de los recursos naturales y la exclusión de los pequeños campesinos por las grándes empresas transnacionales.
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En varios lugares del mundo los cultivos de eucaliptos así como otros monocultivos (desiertos verdes) destruyen el medioambiente e impiden a los pequeños agricultores el hecho de vivir y producir alimentos para todos.Condenamos firmemente todo tipo de violencia contra las y los campesinos mujeres y hombres que defienden su derecho a la vida y la alimentación de sus comunidades en una forma social y ecológicamente sostenible.
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Los miembros de Via Campesina alrededor del mundo promueven un modelo de agricultura campesina basada en la producción sostenible de los recursos locales en armonía con las culturas y tradiciones.Promovemos la equidad entre hombres y mujeres!Promovemos la soberanía alimentaria!
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Henry Saragih
Coordinador General de Via Campesina Internacional Jakarta, 07 Marzo 2007
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