Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

28.9.07

Ignorância?

Escrito por Wladimir Pomar Correio da Cidadania - 28-Set-2007
Na história da humanidade, a ignorância, seja a ingênua, seja a mal intencionada, tem sido responsável por muitas tragédias, das epidemias às guerras. É isso que me vem à mente, ao ler certos artigos a respeito da utilização, em escolas públicas e privadas, do livro didático "Nova História Crítica", supostamente de "viés marxista" ou "comunista". A partir daí, esses articulistas afirmam que a literatura dominante nas escolas médias brasileiras é de tendência socialista e fortemente anticapitalista. Seus exemplos mais fortes seriam, além da "Nova História Crítica", o antigo texto de Leo Huberman, "A História da Riqueza do Homem". Aparentemente, eles apenas pretendem mostrar que tais textos estão ultrapassados, são mentirosos e "ideológicos", correspondendo apenas a equívocos juvenis. Suponhamos que seja verdade que tais textos estejam superados. Suponhamos, mesmo, que eles contenham mentiras, possuam forte viés ideológico, e estejam carregados de equívocos. Mesmo que tudo isso fosse verdadeiro, por que sua leitura, ou a transmissão de seu conteúdo, não deveria mais ser tolerada? Só porque viveríamos numa época em que o capitalismo estaria demonstrando toda a sua "pujança e capacidade de gerar bem estar"? Isso não seria romper com toda a defesa que fazem da liberdade de expressão do pensamento? Fingindo atacar o conteúdo desses livros, o que esses articulistas pretendem é proibir que os jovens leiam e debatam qualquer conteúdo que ponha em dúvida a "pujança e capacidade de gerar bem estar" do capitalismo. Por isso são capazes de fazer a afirmação, sem qualquer comprovação empírica, de que os livros de teor socialista seriam predominantes nas escolas médias brasileiras. O que não passa de uma tentativa canhestra de intimidar, tanto os autores de "viés marxista", "comunista" ou "socialista", quanto pais e professores ainda avassalados por preconceitos sobre essas correntes de pensamento. Para quem pretende uma educação democrática e que estimule o senso crítico, pouco importa que livros como a "Nova História Crítica" e "História da Riqueza do Homem" tenham abordagens "marxistas". Como pouco importa que textos de Oliveira Viana e Joaquim Nabuco possuam fortes conotações monarquistas. Ou que os textos econômicos de maior predominância nas escolas brasileiras sejam de autores de correntes liberais e neoliberais. O que importa é que os alunos possam confrontá-los com a realidade do Brasil e do mundo, sob dominância capitalista. Se o marxismo morreu, o socialismo naufragou, e o comunismo não passou de uma quimera, por que temer que livros que se referenciam nessas correntes façam "mal" à juventude? Simples ignorância, ou medo de que os jovens descubram todos os aspectos da "pujança capitalista"?
Wladimir Pomar é escritor e analista político.

Nenhum comentário:


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz