No dia 07 de setembro, o Grito dos Excluídos alcança sua 13ª edição. A frase de efeito deste ano é “Isto não Vale! Queremos participação no destino da nação”, referindo-se ao Plebiscito Popular para reverter a venda da companhia Vale do Rio Doce – uma consulta que está acontecendo desde o dia 1º de setembro e termina do dia 9. Os caminhos e objetivos do grito e do plebiscito são os mesmos: gerar mobilização popular. As quatro perguntas do Plebiscito Popular são os eixos centrais desta marcha de excluídos e excluídas. Vale do Rio Doce, pagamento da dívida, tarifa de energia e reforma da previdência, são temas que devem se casar com as resistências específicas da região onde o Grito acontece.
De acordo com Rosilene Wansetto, da coordenação nacional do Grito, o processo em torno do plebiscito popular e os esforços do Grito dos Excluídos na verdade se somam. Foi assim em 2000, no Plebiscito sobre a Dívida e, mais tarde, em 2002, no plebiscito sobre a Alca.
Dentre os objetivos do Grito dos Excluídos está o de incentivo do protagonismo popular. “Queremos que o povo excluído possa construir a proposta do grito e seja o protagonista dessa participação”, comenta Rosilene.A organização do grito se dá com autonomia, de acordo com a especificidade de cada região. “Incentivamos que o grito se organize de forma autônoma e não seja dependente da estrutura nacional (...) Os movimentos sociais aprendem com essa forma de organização do Grito dos Excluídos”, afirma Rosilene.
De volta à periferia
Em Curitiba, o Grito dos Excluídos volta a ser organizado na periferia, a partir do trabalho das chamadas pastorais sociais da igreja. O local escolhido foi a fronteira entre a capital e São José dos Pinhais, cidade na região metropolitana. A região está pontuada por áreas de ocupação e por uma comunidade que reúne perto de 150 indígenas de diferentes etnias, forçados a migrar para a cidade e se tornar proletários.
São José dos Pinhais concentra ainda 2500 catadores de material reciclável. De acordo com Waldemar Simão Júnior, da organização do ato, o Grito é construído a partir do trabalho de base nestas regiões. Segundo ele, os problemas da comunidade são resultado direto da política econômica do governo se somam aos temas do plebiscito. “Trabalhamos questões como condições de acesso à saúde, que são limitadas na região, assim como o acesso à educação e saneamento”, diz.
Alguns estados preferem construir o Grito dos Excluídos no mesmo local do desfile do Dia da Independência. O que garante visibilidade nos meios de comunicação e cria uma marcha alternativa, questionando o aspecto oficial do 7 de setembro. Outros adotam os bairros da periferia, para atingir uma “equação entre a denúncia da realidade local e o protagonismo dos excluídos”, nas palavras de Rosilene.
“Não existe independência com tanta exclusão neste país. O 7 de setembro é um dia de lutas e não de comemoração. A realização do Grito na periferia é para solidarizar-nos com os excluídos e dar visibilidade às questões concretas dessas comunidades”, comenta Simão.
Urnas levadas à marcha
De acordo com Inácio José Werner, um dos organizadores do Grito dos Excluídos e do Plebiscito Popular em Cuiabá (MT), os movimentos sociais denunciam a degradação da Amazônia pelo agronegócio e os despejos de sem terra ocorridos em 2007 no Mato Grosso. “Vamos fazer um resgate de tudo o que aconteceu neste ano, dar um cartão vermelho para o que não vale e o cartão verde para o que vale”, comenta.
Werner confirma a construção conjunta do grito com o projeto do Plebiscito Popular, o que acontece na consulta direta à população. As urnas vão estar presentes na marcha do Grito. Outro local escolhido para a instalação de urnas do Plebiscito Popular foi o presídio Carumbé, durante o dia de visita dos familiares aos presos. “O Plebiscito Popular e o Grito dos Excluídos são instrumentos de diálogo, com temas de relevância que provocam o posicionamento das pessoas. Um diálogo aberto com a população”, afirma.
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