Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

15.9.16

Denúncia contra Lula tem "indisfarçável cunho político", diz Aragão

Operação Lava Jato

Denúncia contra Lula tem "indisfarçável cunho político", diz Aragão

Para o ex-ministro da Justiça, não caberia inserir Lula em apuração que o caracteriza como "comandante máximo" da corrupção na Petrobras
por André Barrocal — publicado 14/09/2016 19h30, última modificação 14/09/2016 19h47

Marcelo Camargo/ Agência Brasil/Fotos Públicas
O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão

O ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, em abril de 2016


A denúncia da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Lula extrapolou "limites" definidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e tem "indisfarçável cunho político". A opinião é do subprocurador-geral da República e ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, autor horas antes de uma dura carta aberta ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chefe maior da força-tarefa.

Segundo Aragão, a "República de Curitiba" (procuradores, policiais federais e o juiz Sergio Moro) podia investigar Lula apenas por dois fatos: a propriedade de um apartamento no Guarujá e a de um sítio em Atibaia.

A delimitação tinha sido fixada pelo STF quando do exame das conversas telefônicas entre Lula e a então presidenta Dilma Rousseff gravadas ilegalmente por ordem de Moro e por este utilizadas também de modo ilegal.

Não cabia, de acordo com Aragão, inserir o ex-presidente em uma apuração que agora o caracteriza como "comandante máximo" do esquema de corrupção na Petrobras.

"Uma denúncia não pode ser um cheque em branco. O objeto das investigações eram o tríplex e o sítio, a denúncia só podia tratar disso, não podia ser uma denúncia do 'fim do mundo'. Chega a ser hilário a gente ver essa turma falar que o Lula foi o chefe de tudo o que houve de errado desde 2003", afirmou. "Eles [os investigadores] perderam a noção do limite."

Para o ex-ministro, "é gritante a suspeição" da força-tarefa em relação a Lula. Razão para ele defender a decisão do petista de acusar a Lava Jato, perante as Nações Unidas, de abuso de autoridade.

E também para ele lamentar que a Secretaria de Direitos Humanos do governo Temer, Flavia Piovesan, um ativista de fama internacional, tenha desqualificado a acusação em Genebra, uma das sedes da ONU, nesta quarta-feira 14.

"O Brasil precisa hoje de um pacto para chegar até a eleição de 2018, mas só vemos incendiários em tudo o que é canto", disse Aragão. "Quem podia ter um papel nisso, pela posição que ocupa, é o procurador-geral, mas ele ajuda a botar lenha na fogueira. Ele espera incendiar o País?"

Janot foi alvo de críticas elegantes, porém contundentes, por parte do ex-ministro em uma carta aberta divulgada nesta quarta-feira 14 no blog do jornalista Marcelo Auler. Foi uma resposta ao discurso do procurador-geral feito durante a posse de Carmen Lúcia no comando do STF na antevéspera.

"Tem-se observado diuturnamente um trabalho desonesto de desconstrução da imagem de investigadores e de juízes. Atos midiáticos buscam ainda conspurcar o trabalho sério e isento desenvolvido nas investigações da Lava Jato", afirmara Janot.

Aragão é um crítico dos métodos da Lava Jato, como o uso indiscriminado de prisões como forma de arrancar delações premiadas por parte de acusados, bem como do espírito "moralista" da força-tarefa. E foi um dos responsáveis por Janot, de quem é amigo, ter chegado ao cargo atual.

"Diferentemente do Senhor, não fiquei calado diante das diatribes políticas do Senhor Eduardo Cunha e de seus ex-asseclas, que assaltaram a democracia, expropriando o voto de 54 milhões de brasileiros, pisoteando-os com seus sapatinhos de couro alemão importado" escreveu Aragão.

"Não fui eu que assisti uma Presidenta inocente ser enxovalhada publicamente como criminosa, não porque cometeu qualquer crime, mas pelo que representa de avanço social e, também, por ser mulher."

O ex-ministro acredita que o recado de Janot tinha como alvo o ministro do STF Gilmar Mendes, recentemente convertido em um cruzadista anti-Lava Jato – bastou a apuração aproximar-se do PSDB. Mas, disse, resolveu "vestir a carapuça" e aproveitar para expressar sua decepção com Janot.



Nenhum comentário:


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz