PAULO VANNUCHI
Governo deveria dialogar com movimentos e aliados sobre flexibilização do ajuste
São Paulo – Em comentário na Rádio Brasil Atual hoje (21), o analista político Paulo Vannuchi diz que estamos "caminhando, mais uma vez, para uma situação de dificuldades para Dilma", ao repercutir manifesto assinado por entidades sociais, acadêmicos e políticos, incluindo dois senadores do PT – Paulo Paim (RS) e Lindbergh Farias (RJ) –, divulgado ontem (20) com críticas ao ajuste fiscal proposto pelo governo.
Vannuchi observa que o movimento sindical, a CUT, setores do PT e até mesmo o ex-presidente Lula têm argumentado que o impacto produzido pelas Medidas Provisórias (MP) 664 e 665, que restringem o acesso a benefícios sociais e previdenciários, é pequeno, diante das necessidades do ajuste e que, portanto, as MPs "poderiam muito bem ser flexibilizadas".
O colunista avalia que o governo não leva em conta cálculos políticos ao não transigir das medidas e falha ao não proporcionar um debate com todas as forças, "conversar e divergir, de maneira civilizada", para conter o clima de insatisfação. "Quando fica no plano tecnocrático, da planilha e do número, você pensa que vai resolver problemas, mas produz problemas maiores."
Para ele, é arriscada a estratégia do ajuste baseada na perspectiva de que o desempenho da economia deva melhorar com tais medidas. Se der certo, Dilma se fortalece. "Ou, pode acontecer o contrário. Pode se confirmar uma recessão crescente, que muitos economistas preveem", alerta Vannuchi. "Daí não será a grande mídia que irá socorrer o governo."
"Se ajustes são necessários, que esses ajustes mostrem como haverá uma retomada do crescimento. Não é o que se mostra, até o momento, em que toda a argumentação de Joaquim Levy (ministro da Fazenda) se aproxima muito mais do discurso neoliberal de Marina e Aécio, que Dilma derrotou. Dilma eleita não pode implantar o programa que combateu no seu horário eleitoral."
Vannuchi cita o manifesto divulgado ontem, em que intelectuais e lideranças políticas criticam o ajuste fiscal, e diz que é hora de "estimular o debate, a discussão, o diálogo".
Ouça o comentário completo para a Rádio Brasil Atual:
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