O governador Tarso Genro assinou nesta quarta-feira (14), no Palácio Piratini, como parte das medidas de fortalecimento da Política Industrial do Rio Grande do Sul, oito novos convênios dos Arranjos Produtivos Locais (APLs). Selecionados em maio, após reuniões do Núcleo Estadual de Ações Transversais (Neat), os arranjos - que contemplam cinco novas regiões ao programa na metade sul do Estado - se unem aos 12 que já vinham recebendo apoio do Executivo. O conjunto de 20 arranjos apoiados reúne 18 mil empreendimentos, que empregam 307 mil trabalhadores em 19 regiões do Estado.
Ao destacar os novos APLs - enquadrados no edital 01/2013 da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI)-, o governador explicou que os convênios consolidam um política pública permanente de arranjos como instrumento de desenvolvimento local. "Estamos atuando em todas as áreas do desenvolvimento econômico, respeitando as características e especificidades de cada região e setor produtivo. A consolidação dos APLs é mais um exemplo dessa política e será fundamental para que o Rio Grande do Sul obtenha patamares de crescimento do PIB acima dos índices do país".
Elaborado de forma a valorizar iniciativas de diferentes segmentos econômicos, regiões do Estado e porte de empreendimentos, o edital estabeleceu critérios de avaliação a partir das principais políticas públicas existentes. "O Projeto APLs é prioritário na Política Industrial do Rio Grande do Sul. Consideramos que somente através do fortalecimento dos pequenos construiremos um grande Estado para todos", destaca o titular da Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), Mauro Knijnik.
O presidente da AGDI, Ivan De Pellegrin, chama a atenção para o fato de que, dos oito novos APLs, três fazem parte do que a Política Industrial gaúcha considera como Nova Economia: os APLs de indústria oceânica (APL do Polo Naval e Offshore do Rio Grande e APL do Polo Naval do Jacuí) e o de saúde avançada (APL do Complexo Industrial da Saúde). "Esses são setores ainda não consolidados na economia gaúcha, mas que apresentam elevado potencial de agregação de valor".
Será disponibilizado um total de R$ 21 milhões, em quatro anos, para apoio à governança, agenda de ações, elaboração de planos de desenvolvimento e projetos de simbiose e promoção comercial. Os recursos devem ser usados na estruturação e manutenção de uma entidade gestora que confira capacidade técnica para gestão de projetos do arranjo. "Com a consolidação da política estadual, o desafio agora é de que os APLs se consolidem como protagonistas do desenvolvimento em sua região", avalia o diretor de Produção e Inovação da AGDI, Sérgio Kapron.
Conferência
No evento, também foi lançada a 2ª Conferência Estadual de APLs, marcada para o final de outubro, na qual serão debatidas e propostas orientações para as políticas públicas voltadas aos arranjos. Foi assinado, ainda, o decreto que regulamenta o Fundo APL que, a partir de incentivos fiscais, possibilita que os arranjos recebam recursos para a realização de projetos.
Novos APLs
APL de Tecnologia da Informação e Comunicação da Região Central
Organizado desde a criação da Centrosoftware, em 2009, o APL se localiza no Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) Central e tem 34 empresas, tendo como entidade gestora a Associação Parque Tecnológico de Santa Maria (Tecnoparque). Oferecendo oportunidades aos jovens da região, o APL desenvolve ações sociais por meio de uma parceria com o Centro Marista de Inclusão Digital. O projeto de ensino de robótica para adolescentes carentes é desenvolvido a partir da sucata de computadores.
Para o coordenador do APL, Santos Viana, o setor de Tecnologia da Informação (TI) é importante para todas as áreas, fornecendo produtos para os mais diversos ramos. "O Governo do Estado passou a olhar a TI como política estratégica. Uma prova disso é a seleção de dois arranjos do mesmo ramo pelo edital".
APL de Agroindústria Familiar Vale do Rio Pardo
Tendo como entidade gestora a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o arranjo se destaca pela sua organização. No edital da AGDI de 2012, se organizou para tentar o apoio do Projeto APLs. Apesar de não selecionada, sua governança - constituída por aproximadamente 80 instituições - não deixou de funcionar, estruturando-se melhor para o edital deste ano.
"Fomos instigados a iniciar o movimento de arranjo pelo próprio Governo. Organizamos nossas instituições para conseguirmos o enquadramento no projeto", explica o gestor, Jesus Edemir Rodrigues. Vendo o programa como uma grande oportunidade, Jesus avalia que a parceria servirá para trabalhar a diversificação na região. O objetivo atual do APL é agregar mais empreendimentos, concentrando as demandas dos produtores da área.
APL do Polo Naval do Jacuí
Enquadrado entre as regiões prioritárias no Programa de Desigualdades Regionais, o APL estima que 6 mil empregos serão gerados a partir da instalação de empresas e de sua estruturação. A importância para a região é o destaque do arranjo, composto atualmente por 10 municípios. Localizado no Corede Centro-Sul, tem como entidade gestora o Consórcio Intermunicipal de Gestão Ampliada da Região Carbonífera (Ciga-Carbonífera).
Para o técnico da Secretaria de Indústria e Comércio da Prefeitura de Charqueadas - que participou da elaboração do Plano de Trabalho do APL -, Frederico de Souza, a expectativa para a parceria com o Governo do Estado é positiva. "Com o arranjo, conseguiremos juntar os interesses das pequenas empresas da região e, com isso, trazer uma melhora para toda a economia local".
APL de Tecnologia da Informação da Serra Gaúcha
Com boa experiência de organização, o APL pode servir de referência para os demais, tendo como entidade gestora a Associação do Polo de Informática de Caxias do Sul (Trino Polo), criada há 10 anos. O objetivo atual é fazer uma manutenção da governança, que já vem se destacando. Composto por 82 empresas, o arranjo chama a atenção pela forte atuação em tríplice hélice - aliança entre poder público, instituições de ensino e iniciativa privada.
Durante sua existência, 250 eventos já foram realizados - como cursos, palestras e workshops -, somando mais de 5 mil participantes. Para o gerente-executivo da Trino Polo, Edson Maletz, o primeiro projeto em parceria com o Governo do Estado será importante para o fortalecimento do APL. "Devemos dar continuidade ao que de bom está acontecendo, além de fazer com que as empresas saibam a importância da produção e inovação para a nossa região".
APL de Agroindústria Familiar Vale do Taquari
Trabalhando para estruturar a agroindústria como uma forma de fixar os jovens na região, o APL é composto por 13 municípios do Corede Vale do Taquari. Inicialmente com 20 empreendimentos aproximadamente, o arranjo tem como entidade gestora a Fundação Alto Taquari de Educação Rural e Cooperativismo. Com os recursos destinados pelo Governo do Estado, o APL pretende implementar mais ações na governança. "Fortaleceremos nossos vínculos, contrataremos um coordenador executivo e um auxiliar técnico. Além disso, investiremos na divulgação do arranjo", afirma a integrante da governança Eliane Kolchinski.
APL do Polo Naval e Offshore do Rio Grande
Destaque por alcançar a maior pontuação nos critérios do edital de seleção, o arranjo também é reconhecido pelo Governo Federal. Tendo como entidade gestora a Universidade Federal de Rio Grande (Furg), o APL conta com aproximadamente 60 empresas e se localiza no Corede Sul, atendendo os municípios de Rio Grande, Pelotas e São José do Norte.
O vice-reitor da Furg, Danilo Giroldo, ressalta a importância da nova parceria com o Governo do Estado. O arranjo estava organizado, mas sem financiamentos, o que mudará com o Projeto APLs. "Com o apoio do Estado, contrataremos técnicos e estagiários para a nossa governança e criaremos um site para divulgar nosso trabalho", afirma Danilo. O maior desafio agora será aumentar a quantidade de fornecedores locais.
APL do Complexo Industrial da Saúde da Região Sul
Apesar de composto por apenas quatro empresas, o APL tem uma grande importância para o Rio Grande do Sul. Com alto potencial inovador e tecnológico, suas indústrias produzem equipamentos hospitalares que se destacam na América Latina. Localizado no Corede Sul, a entidade gestora do arranjo é a Fundação Delfim Mendes Silveira.
Trabalhando para atender a crescente demanda gerada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o arranjo se estrutura para ter uma base sólida e continuar produzindo aparelhos inovadores para o mercado. "A ideia agora é agregar mais empresas e criar oportunidades. Assim conseguiremos dar mais visibilidade para a região", avalia o membro do comitê gestor do APL, João Carlos Deschamps.
APL Metalmecânico da Região Central
Organizado desde a criação da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism, entidade gestora) - em 2008 -, o arranjo tem extrema importância para a área. A carência de industrialização na região foi um dos fatores que levou a escolha do APL, localizado no Corede Central. A contratação de um gestor é a próxima meta do arranjo, que visa também aumentar o grupo de apoiadores do APL.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e Material Elétrico de Santa Maria (Simmmae), Julio Kirchhof, a tarefa de buscar novos integrantes para o arranjo era difícil, o que deve mudar com o apoio do Governo do Estado. "Trabalharemos para ampliar o nosso número de participantes. O amadurecimento e crescimento das empresas é muito importante para a região".
Texto: Bianka Nieckel
Foto: Caco Argemi/Palácio Piratini
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305
http://www.estado.rs.gov.br/noticias/1/114529/Governo-assina-convenios-e-atinge-meta-de-20-Arranjos-Produtivos-Locais-apoiados/0///
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