Cotidiano
Paraguai: Ex-chanceler da ditadura será ministro de Catres
- Publicado em Terça, 20 Agosto 2013 16:41
Do Tercera Información
Na ditadura ele promovia a organização internacional que atuaou na Operação Condor para "limpar" a região dos comunistas, uma ação ocorrida em vários países da América do Sul. Durante sua pasagem pela chanceleria de Alfredo Stroessner, desapareceram na Argentina 2 perseguidos políticos. Eladio Loizaga Caballero foi o homem escolhido pelo recém-empossado Horacio Cartes como ministro de Relações Exteriores. Loizaga já era seu principal acessor de relações internacionais. Suas primeiras diretrizes, como a aproximação com a Aliança do Pacífico (países de direita da região), e o afastamento do Mercosul, mostram a linha ideológica para onde está levando as relações internacionais do Paraguai.
O diplomata iniciou sua carreira como funcionário do Serviço Exterior na época da ditadura de Stroessner no Ministério de Relações Exteriores, e posteriormente foi secretário privado do general Andrés Rodriguez.
Comissão da Verdade
Segundo documentos da Comissão da Verdade e Justiça (CVJ) do Paraguai, Eladio Loizaga Caballero foi um dos promotores e um dos que elaborou a ata preparatória do XII Congresso Anticomunista Latinoamericano ((Walc). Isto, junto com Juan Manuel Frutos, Rúben Dário Osorio, Carlos Podestá, Adolfo Granada Campos e Aníbal Raúl Casal. Várias organizações juvenis, da linha oficial (Partido Colorado), somaram seu apoio, na época, à Liga Anticomunista Mundial (LAM).
Em outro momento, o mesmo comitê indicou a tarefa de difundir um culto à personalidade da pessoa do ditado ao determinar: "Encarregar o senhor Cristóbal Frutos da atualizaçãos da biografia do Excelentíssimo Senhor Presidente da República General do Exército Don Alfredo Stroessner, e realizar sua impressão em inglês e espanhol e sua posterior distribuição entre as personalidades participantes do XII Concresso da Walc (...) A reedição do boletim infortativo do Capítulo Paraguai para sua distribuição a autoridades nacionais, chefes militares, membros da Honorável Junta de Governo, Chefes militares, Membro da Honorável Junto de Governo e organismos auxiliares, Senadores e Deputados. Nesta hora de paz fecunda e construtiva do Paraguai... se reuniram em nossa cidade capital homens que em todas as regiões do mundo lutam para defender a liberdade e soberania de suas nações, contra a agressão imperialista do comunismo internacional que já escraviza a numerosos povos da terra". O texto assegura o compromisso de parte do empresariado nacional com a "luta antissubversiva".
Liga Anticomunista
Conhecida em Inglês como a World Anti-Communist League (Walc), a liga é uma organização internacional de extrema direita criada em 1966 em Taipei como um pacto entre Taiwan, Coreia do Sul e do Bloco Antibolchevique de Nações (Anti-Bolshevik Block of Nations) de Stetsko Yaroslav. Com o ditador Chiang Kai-Shek como presidente honorário vitalício e com financiamento direto do governo de Taiwan, foi criada para expandir a Liga Anti-Comunista da Ásia-Pacífico (Asian Pacific Liga Anti-Comunist League) - organização destinada a impedir o reconhecimento da Rpública Popular da China - e dar secretamente apoio financeiro a qualquer atividade anticomunista.
Também conhecida como Liga Mundial Anticomunista (LAM) ou Confederação Anticomunista Mundial (CAM), a entidade colaborou estreitamente com a implementação da Operação Condor na América Latina. O general Hugo Banzer, que impôs sua ditadura na Bolívia de 1971 a 1978, presidiu a seção latino-americana da LAM. Banzer organizou um plano para a eliminação dos opositores comunistas em 1975. O Plano Banzer foi apresentado como um modelo a seguir durante um encontro latino-americano da LAM, em Assunção, em 1977, na presença do ditador paraguaio Alfredo Stroessner. Uma moção que aprovava, da mesma forma, a eliminação na América Latina de sacerdotes e seguidores religiosos da Teologia da Libertação foi apresentada pela delegação paraguaia e adotada pela Conferência Mundial da LAM em 1978.
Outras denúncias
No início de 2012, o governo de Fernando Lugo anunciou uma lista de apoiadores do ditador beneficiados com terras de reforma agrária que devem ser destinada a trabalhadores rurais. Perante as acusações, Loizaga se defendeu assegurando que comprou legalmente os 8 mil hectares do Instituto Bem-Estar Rural (IBR), em 1980, próximo à Estancia La Patria (Departamento de Boqueron). De acordo com a lista apresentada por Lugo, o integrante da "seleção" de Cartes adquiriu 24 mil hectares em Eugene A. Garay, fronteira com a Bolívia. "Não é certo, está pago, titulado e dentro do marco legal", diz Loizaga. Ele negou ter recebido gratuitamente terras no Chaco.
Osama Bin Laden
Osama Bin Laden foi um dos grandes militantes da LAM. Para combater a presença soviética no Afeganistão, a LAM formou o comitê para um Afeganistão Livre, com sede na Fundação Heritage. A operação começou com a visita da então primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, e Lord Nicholas Bethell, diretor do MI6, a agência de inteligência brintânica.
Assim, se negociou o apoio logístico, economômico e militar aos mujahidins, combatentes islamitas que viajavam de todo o mundo para o Afeganistão. Um dos chefes dos mujahinins era Osama Bin Laden, e a ligação entre Bin Laden e o governo estadunidense era o xeique Ahmed Salah Jamjoon, gerente da empresa saudita Grupo Bin Laden.
Tradução de Rafael Zanvettor
http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/cotidiano/3486-paraguai-ex-chanceler-da-ditadura-sera-ministro-das-relacoes-exteriores
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