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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

23.4.12

Carta Maior - Blog do Emir Sader - Fim das utopias e ditadura dos mercados?

22/04/2012

Fim das utopias e ditadura dos mercados?

O tema da mesa de debate na Bienal do Livro em Brasília colocou dois temas conexos. O alegado fim das utopias abriria caminho para a ditadura dos mercados.

O fim das utopias se ancoraria no fim do campo socialista e na redução do mundo ao horizonte do capitalismo, segundo a visão de Fukuyama, para quem tudo o que existisse no mundo se daria no marco da democracia liberal e da economia capitalista de mercado.

A passagem de um mundo bipolar para um mundo unipolar sob hegemonia imperial norteamericana expressaria esse cenário sem lugar para as utopias. Todos e tudo teria que ser reciclado para esse universo. Além dos que se valeram da circunstância para se bandear diretamente para as hostes vencedoras da direita, outros se refugiaram no liberalismo, como se fosse a versão mais “civilizada” do capitalismo.

O fim da URSS e do campo socialista fez com que Cuba conseguisse sobreviver, mas numa situação de defensiva, buscando sobreviver e, posteriormente, buscando os caminhos da readequação.

Para os que abandonaram qualquer possibilidade de ruptura com o sistema dominante, se reinserindo no seio do capitalismo, as utopias teriam terminado. Trata-se de convencer os demais. Mas principalmente contar com que as contradições inerentes ao capitalismo não aflorem de maneira aguda, desmentindo previsões e esperanças.

O fim das utopias trouxe consigo o abandono da esfera pública, do Estado, da política, de toda forma de ação coletiva e a entrega ao mercado. Desembocou assim na centralidade deste, diante de um Estado mínimo que renunciava a regulamentar a economia, a garantir os direitos elementares dos trabalhadores, a proteger o mercado interno, a induzir as modalidades de investimento.

O neoliberalismo produz isso – a ditadura dos mercados, considerados “os melhores alocadores de recursos”, entregando-se à lei da oferta e da procura a definição da repartição dos recursos econômicos. A crise de 2008 e seu segundo ciclo em 2011 desmistificaram esse clichê e quem, como a Europa, busca remédios de mercado aos males do mercado, aprofunda e estende sua crise.

Nem por isso as utopias voltam mecanicamente. Suas possibilidades residem nos que resistem às politicas neoliberais e a América Latina é o território privilegiado da construção de alternativas ao neoliberalismo. Reagindo contra o recorde negativo de ser o território mais desigual do mundo, pela primeira vez contando com uma maioria de governos progressistas, o continente promove políticas que priorizam as questões sócias e atacando a desigualdade e a miséria.

A construção de sociedades de igualdade, de solidariedade, de cooperação, é a via das utopias na era neoliberal.

Postado por Emir Sader às 11:49

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz