Diário Liberdade - [Atualizado 02h45] De maneira inesperada e ilegal, a Polícia Militar de São Paulo iniciou a invasão e o despejo dos moradores da comunidade do Pinheirinho. Na operação, que pegou de surpresa os moradores, participaram cerca de 2 mil policiais militares, convocados em cerca de 33 municípios, incluindo a Rota e Tropa de Choque, que utilizaram 220 veículos, um carro blindado e dois helicópteros Águia, além de 40 cães e 100 cavalos, armamentos letais como pistolas e automáticas, balas de borracha e gás lacrimogêneo e pimenta. Os policiais afirmam que permanecerão ali até segunda-feira para impedir tentativas de retorno dos moradores.
Segundo moradores que informaram a Agência de Notícias das Favelas, podem haver sete mortes. Um diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos afirma que houve 5 moradores mortos. Um policial e um morador, segundo ele, estão em estado grave. Mais de 18 pessoas foram presas, celulares, telefones e internet foram cortados no local. Crianças e idosos foram cercados e violentados no interior da ocupação e deslocados com violência. Pertences foram destruídos e aos moradores não foi permitido levá-los consigo. O advogado da ocupação, Toninho, foi atingido por um disparo de bala de borracha e em seguida foi preso. A informação que nos chegou direto do Pinheirinho é que todas as lideranças e principais ativistas envolvidos na resistência foram presos, alguns brutalmente espancados, como testemunhou um de nossos colaboradores. O clima foi de guerra civil. Um massacre de contornos fascistas, promovido por diversas polícias despreparadas, que protagonizaram uma barbárie contra o povo despossuído que há anos ocupou aquela região para sobrevivência. Esta operação criminosa irá, por fim, beneficiar o capitalista, também criminoso, Naji Nahas, que inclusive deve milhões à prefeitura. Os hospitais locais se negam a dar informações à imprensa e, segundo eles, a prefeitura está centralizando as informações e é responsável por anunciar o número oficial de óbitos e feridos. Um de nossos repórteres que esteve no local afirmou que oito carros foram incendiados e que os conflitos deverão permanecer nos próximos dias, dada a revolta que se espalhou pelas comunidades e favelas do município de São José dos Campos. Por sua vez, o governador Geraldo Alckmin disse, por meio de sua assessoria, que considerou legítima a ação da Polícia Militar na desapropriação, segundo informou a Rádio CBN. O governador afirmou ainda que caberá à prefeitura do município a remoção e o alojamento das famílias que foram retiradas do terreno. De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura de São José dos Campos, que também é ligada ao PSDB, "cerca de 25% das pessoas" que viviam no local foram para os abrigos disponibilizados, que foram improvidados como no vídeo abaixo: Domingo, 22 de janeiro de 2012 Atualização de 20h30: Segundo Diário Liberdade apurou com Pedro Santinho, um dos dirigentes da Fábrica Ocupada Flaskô, que acompanhou o massacre do Pinheirinho in loco, não há confirmação oficial da morte da mulher, mas ela recebeu pelo menos um tiro a menos de 5 metros, quase a queima roupa, quando estava cercada por vários policiais, e foi carregada desacordada e sangrando para a ambulância. Segundo porta-vozes da comunidade, o hospital local já confirmou três mortes, mas o hospital não se pronunciou à imprensa. Atualização de 20h15: Em uma assembleia organizada pelas lideranças da comunidade do Pinheirinho, o dirigente Marrom confirmou que são sete mortos, entre elas, uma criança de três anos. Uma mulher perdeu o filho durante a desocupação. Segundo Marrom, o governo federal pediu intervenção mas o comandante da Polícia Militar não obedeceu. Atualização de 19h45: Informação dada pela Fábrica Ocupada Flaskô: Pedro Santinho, que está em frente ao Pinheirinho, relatou transtornado, por telefone, que a polícia acabara de matar uma mulher à tiros na área de triagem em frente, onde várias pessoas estão confinadas. Uma ambulância a levou. Atualização de 19h35: Na capital paulista, o movimento de protesto e solidariedade à ocupação Pinheirinho, que tomou conta de todas as faixas da Avenida Paulista no sentido Pacaembu nas últimas horas, está agora em torno de 150 a 200 pessoas. Tornou-se difícil organizar o movimento em função da forte chuva. Apenas três viaturas, com cerca de dez policiais, foram empregadas para acompanhar a manifestação. O movimento, que se reuniu no vão do MASP desde 17h, chegou a ter mais de 300 participantes, segundo relataram colaboradores e relatos em redes sociais. O movimento, que estacionou em frente ao Tribunal Regional Federal, realizou ali uma série de intervenções de dirigentes sindicais, estudantis, partidários e de movimentos sociais diversos. Atualização de 19h20: Marrom, um dos líderes da comunidade do Pinheirinho, confirmou a morte de três pessoas durante o massacre operado pelas forças policiais às 6h da manhã. Ainda não há os nomes e nem confirmações de órgãos oficiais. Atualização de 19h05: Neste momento os moradores se aglomeram atrás das grades onde estão confinados e assistem os tratores passando por cima das casas. Os moradores que gritavam contra o trator são respondidos com tiros de balas de borracha, enquanto fios elétricos estão sendo cortados dos postes pela empresa responsável junto com a Polícia Militar. Os moradores resistem atirando pedras contra a polícia, que protege o trator que destrói as casas. A trilha sonora, segundo informa Felipe Milanez, é de helicópteros, tiros, pedras no chão, o trator ao fundo e muitos gritos e tiros. Felipe relatou inclusive que a polícia jogou bomba de gás lacrimogêneo onde havia visto mulheres e crianças se escondendo, seguido de muitos gritos de crianças e mais sons de bombas. Na sequência a polícia atacou moradores que estavam fazendo recadastramento. Segundo informou o jornalista, no local onde estavam sendo encaminhadas as pessoas foram jogadas bombas de lacrimogêneo, provocando mais pânico, choros e gritos entre os moradores. Enquanto isso, a polícia seguiu jogando pimenta no local para expulsar os moradores de onde haviam sido encaminhados. Atualização de 18h50: Um de nossos colaboradores no Pinheirinho informa que, além do massacre ocorrido logo às 6h da manhã, moradores e moradoras do Campo dos Alemães, uma vila localizada ao lado da comunidade do Pinheirinho, foram às ruas armados e enfrentaram as forças policiais em solidariedade à ocupação. Este confronto foi intenso e há suspeita de que possa ter morrido muitas pessoas, já que tanto moradores quanto policiais utilizaram armas letais. Vários moradores e dois guardas municipais foram gravemente feridos, segundo informou. O colaborador relatou também que o morador Buiú foi gravemente ferido e há suspeita de que ele possa ter falecido no hospital, já que sofreu um tiro que atravessou a barriga e as costas. Atualização às 18h30: Um colaborador de Diário Liberdade que está na Avenida Paulista participando do protesto, convocado em solidariedade à luta e resistência dos moradores da comunidade do Pinheirinho, relatou que houve cerca de 300 pessoas na manifestação e que tomaram todas as pistas da Avenida no sentido Pacaembu. A chuva apertou e os manifestantes se negaram a liberar uma faixa, como alguns policiais solicitaram. Os manifestantes marcharam rumo ao Tribunal Regional Federal.
Atualização às 17h45: Outro colaborador do Diário Liberdade nos ligou informando que os moradores afirmam ter ocorrido três mortes. Ele informou também que a dificuldade da apuração destas informações se dá em função dos principais dirigentes estarem presos e terem sido feridos, o que deixou os moradores com menos capacidade organizativa, além da surpresa da data e hora do despejo, sem aviso prévio e desrespeitando múltiplas instâncias da legalidade. Atualização às 17h10: Nosso repórter confirma que houve uma morte e muitos feridos, mas continuam as dificuldades de se apurar. Um líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) chamado Guilherme Boulos foi espancado por mais de dez policiais até ficar completamente ensanguentado e está gravemente ferido. Um sindicalista sofreu um tiro de bala de borracha na face e está no hospital, relatou. A Guarda Civil Municipal está coordenando a repressão e a polícia está usando pistolas letais e mirando e atirando em moradores que resistem, além de dar tiros ao alto para dispersar a resistência popular. Ao início da repressão, pela manhã, os helicopteros atiraram balas de borrachas e gás pimenta contra crianças e moradores. No total, há 16 moradores e ativistas presos, confirmados oficialmente. Atualização às 16h30: Neste momento a Polícia Militar está deslocando forçadamente os moradores para um acampamento de tenda logo ao lado da comunidade Pinheirinho. Os moradores que tentam resistir estão sendo presos ou são alvejados por balas de borrachas. Um repórter de Diário Liberdade quase foi atingido e nos informou que a polícia está mirando na cabeça da resistência. Segundo ele, não há sequer condições para apuração e confirmação dos números de mortos (se há) e de pessoas que se feriram gravemente, dado o caos instalado no local.
Massacre Neste domingo, por volta das 6h da manhã, sem aviso prévio, a Polícia Militar e suas tropas de choque e policiais improvisados atacaram a comunidade do Pinheirinho. As forças de repressão tornaram o local inacessível e foram convocadas as polícias de 33 municípios para promover o massacre. A operação para a desocupação do bairro, ordenada pelo judiciário comandado pelo PSDB, partido do governador Alckmin, contou com cerca de 2 mil policiais contra os cerca de sete mil moradores pobres da região. Houve resistência ativa das moradoras e dos moradores do Pinheirinho, localizado no interior do estado de São Paulo, em São José dos Campos. A polícia também rondou sistematicamente o Sindicato dos Metalúrgicos, organizado pela CSP-Conlutas, para impedir a chegada de solidariedade. Câmeras e celulares foram apreendidos pelas forças de repressão. Houve informações contraditórias de que políticos como o deputado Ivan Valante (PSOL), o senador Eduardo Suplicy (PT) e o líder socialista Zé Maria (PSTU) teriam sido isolados pelas forças de repressão na Escola Edgar, que, posteriormente, foram desmentidas pelas assessorias de imprensa dos parlamentares, que afirmaram que estavam em negociação na escola. Entretanto, houve jornalistas que confirmaram que os professores Almir Bento Freitas e Lourdes Quadros Alves foram detidos na Escola Edgar. Almir e Lourdes são diretores do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo). Os deputados federais Paulo Teixeira (PT) e Carlinhos Almeida (PT) foram ao local tentar uma solução negociada com o comando da polícia, sem sucesso. Censura na rede A rede social Twitter, como já é procedimento padrão, retirou a hashtag #Pinheirinho dos Trending Topics, que estava em primeiro lugar na pauta brasileira. Após a reclamação de centenas de usuários, a empresa responsável retornou com a hashtag aos Trending Topics. Testemunhos audiovisuais Incorporamos a continuação três sequências em vídeo da invasão e da repressão no Pinheirinho no dia de hoje: Vídeo 1 Vídeo 2 Vídeo 3 Reintegração de posse ilegal O Comando da Polícia Militar havia recebido uma ordem judicial determinando a suspensão imediata da reintegração de posse do Pinheirinho. A ordem foi assinada pelo juiz plantonista Samuel de Castro Barbosa Melo, da Justiça Federal, a mando do Tribunal Regional Federal. A ordem de reintegração foi determinada pela juíza cível Márcia Loureiro. A ordem de suspensão foi, portanto, anulada, já que um grande dispositivo policial participou na operação repressiva, na qual estão sendo utilizadas balas letais e balas de borracha contra as pedras jogadas pela população. O jornal O Vale informou que no local se vive um clima de guerra, com todas as entradas barradas e controladas por efetivos da polícia. Principais líderes populares já estão detidos, enquanto os moradores e moradoras fizeram barricadas com pneus ardendo para tentar deter o avanço da força repressiva. A luta da comunidade do Pinheirinho A comunidade do Pinheirinho é um terreno de mais de 1 milhão e 300 mil metros quadrados, situado em São José dos Campos, onde moram cerca de cerca de 7 a 10 mil pessoas desde 2004. A desocupação dos terrenos atende aos interesses dos capitalistas imobiliários e respondem à denúncia da empresa Selecta, do investidor libanês Naji Nahas, que deve R$ 15 milhões à prefeitura da cidade, sendo protagonizada pela Polícia Militar sob as ordens do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Na terça-feira, dia 17 de janeiro, a Justiça Federal ordenou deter a desocupação, enquanto a justiça estadual reclamava a incompetência dos tribunais federais para julgarem o caso. Manifestantes bloquearam a rodovia Dutra em solidariedade ao Pinheirinho No quilômetro 154, cerca de 40 manifestantes bloquearam a rodovia Dutra, na direção Rio de Janeiro, em solidariedade aos moradores do Pinheirinho. Foram cerca de 10km de engarrafamento e a Polícia Rodoviária Federal foi ao local para negociar com os manifestantes. Houve acordo entre os manifestantes e a polícia para efetuar a liberação de uma pista da estrada.
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