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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

24.2.08

A solução democrática da crise boliviana

Ninguém poderia esperar que uma oligarquia que se havia apropriado do Estado e dos bens fundamentais do país, que se considerava dona da Bolívia, fazendo rodízio no poder entre seus três partidos durante décadas, iria aceitar passivamente que a maioria indígena do país – 64% se consideram indígenas na Bolívia – lhes arrebatasse tudo isso.
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Os partidos da direita entraram em crise, perderam as eleições, conseguiram, no entanto, pelas estruturas oligárquicas que haviam construído , manter a maioria dos governos de estado – mesmo onde Evo ganhou – e no Senado, assim como maioria nos quatro estados da chamada “meia lua” – Santa Cruza de la Sierra, Tarija, Beni e Pando -, onde concentram seus grandes investimentos as empresas exportadoras, base econômica do poder da direita.
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A direita foi recuando, conforme perdeu o governo e a maioria no Parlamento, reagrupando forças nesses território, para tentar bloquear os avanços do novo governo, principalmente a nacionalização dos recursos naturais – que a direita tinha privatizado -, a reforma agrária e a convocação da Assembléia Constituinte para propor as bases de um novo Estado – plurinacional, intercultural, soberano, comunitário, com autonomias. Trata de manter os dois pilares materiais do seu poder econômico – os impostos sobre as exportações dos hidro-carburetos e o monopólio da terra. Para isso funciona seu projeto de autonomia.
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Acenam com a separação, mas sabem que, sem apoio – nacional e internacional – para isso, usam essa chantagem para tentar manter os estados que governam imunes ao imenso processo de democratização econômica, social e política e cultural que representa o programa do MAS.
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Sua mais recente iniciativa foi a convocação de uma consulta sobre a autonomia em Santa Cruza de la Sierra, o principal bastião econômico e política da direita, para o dia 4 de maio, como uma espécie de anúncio de ruptura política e institucional com o governo. E de desafio para um enfrentamento, buscando saber com que força conta o governo.
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O governo cumpriu com suas promessas e começou a mudar a cara da Bolívia, na direção da sua democratização, nacionalizando os hidrocarburos – o que lhe permitiu, de imediato, subir os impostos que recebe de 18 a 84% -, começando políticas sociais redistributivas - para as crianças e para os idosos, em primeiro lugar – iniciando o processo de reforma agrária, convocando a Assembléia Constituinte.
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Para esta convocação, o governo poderia propor a representação das comunidades dos povos originários, conforme reivindicação desses povos. Provavelmente obteria uma maioria de 2/3, necessária para aprovar seu projeto de Constituição, sem votos da oposição. No entanto, facilitar o boicote que certamente a oposição decretaria, em condições muito diferentes das da Venezuela. Neste país, uma vez recuperado o controle sobre a Pdvsa, o Estado tornou-se muito forte e o empresariado privada, débil. Tanto assim que ao boicotar as eleições parlamentaria, se enfraqueceu mais ainda, deixando ao governo uma folgada maioria parlamentar, sem que isso o enfraquecesse.
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Na Bolívia, pelo selvagem processo de privatização levado a cabo nos anos anteriores – chamado eufemisticamente de “capitalização” – o Estado se tornou muito fraco e a grande burguesia privada, muito forte. Caso boicotasse, política e economicamente, o governo, lhe assentaria um golpe muito forte e promoveria um processo de separação de fato, que levaria a uma crise institucional muito grave. A posição do governo foi convocar eleições pelos métodos tradicionais de representação, porque a alternativa seria levar a um enfrentamento, inclusive violento, sem que possa contar com segurança com as FFAA, além da crise nacional a que isso conduziria o país, um dos objetivos da direita, para tornar o país ingovernável quando um dia assume, pela primeira vez, a presidência da Bolívia.
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A compopsição da Assembléia Constituinte confirmou a maioria de votos que havia tido Evo Morales, sem no entanto a maioria absoluta, o que levou a situações de impasse com a oposição, que buscou travar e inviabilizar a nova Constituição. A posição do governo foi a de levar as diferenças a uma consulta popular final, que daria o formato final à Constituição. Sentindo que seria derrotada, a oposição passou a usar a violência, para cercar o edifício em que se reunia a Constituinte, em Sucre, agregando a reivindicação da transferência da capital política do país para essa cidade.
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Para romper o impasse e devolver à Assembléia Constituinte capacidade de funcionamento, o governo deslocou o lugar de seu funcionamento e foi aprovada, por maioria de votos o projeto da nova Constituição, que será submetido a uma consulta popular nacional. Além disso, Evo Morales propôs a todos os governantes – a começar por ele, mas também os governadores dos estados – que se submetam a um referendo revogatório.
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O governo coloca, assim, nas mãos do povo as duas decisões fundamentais – a sobre a nova Constituição e a sobre a legitimidade dos governantes atuais. A oposição se nega e quer fazer um referendo pela autonomia de Santa Cruz, um referendo que concebe a descentralização apenas para a direção dos estados e não para as comunidades – como o faz o projeto de Nova Constituição.
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Neste momento se reabriu um novo processo de negociações entre o governo e a direita, mas que costuma esbarrar nos três temas centrais para os quais o MAS foi eleito: o projeto de Constituição, a reforma agrária e a centralização dos recursos dos hidrocarburetos, para recompor o Estado boliviano e para políticas sociais.
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Postado por Emir Sader, 20/02/2008 às 17:54

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz