Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

10.2.08

Empresas de países ricos não consideram a mudança climática uma prioridade

Um estudo que incluiu pesquisas com mais de 500 grandes empresas no Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Japão, Índia e China, apresentou como resultado que só uma de cada dez companhias considera a mudança climática como uma prioridade. O estudo revela que as empresas esperam que os governos liderem a luta contra esse fenômeno ambiental e alertam que em um cenário de crise econômica mundial, como a que estaria configurando-se por esses dias, é ainda menos factível que se assuma a mudança climática como tema prioritário. .
Nada novo, se poderia dizer. Não é possível esperar, pelo menos hoje que sejam as grandes corporações as que liderem a luta mundial contra a mudança climática. Ainda assim é sua responsabilidade. Essa batalha a encabeçam os movimentos e organizações sociais ao redor do mundo, em sua luta pelo que chamam "justiça climática", e até agora seus pedidos e propostas tiveram muito pouco eco em quem tem o poder para tomar decisões. Não obstante, bem vale conhecer as cifras deste estudo, que põe números que desinteressam aos líderes econômicos dos países ricos na luta contra a crise climática. .
Só 5% das mais de 500 empresas consultadas, e nenhuma na China, consideraram a mudança climática como sua principal prioridade, ao mesmo tempo, que apenas 11% a colocou em segundo ou terceiro lugar, segundo o estudo da consultora internacional Accenture, que retoma o diário britânico The Independent. .
Em uma análise geral, a mudança climática ficou em oitavo no ranking de prioridades dos líderes empresariais. O aumento das vendas, a redução dos custos, o desenvolvimento de novos produtos e serviços, a concorrência por pessoal bem capacitado, o crescimento nos mercados emergentes, a inovação e a tecnologia estão na frente. .
A posição do mandatário estadunidense George W. Bush de que a mudança climática se enfrenta de melhor maneira mediante iniciativas voluntárias do mundo empresarial fica pelo chão. De fato, as empresas esperam que os governos indiquem as medidas necessárias para enfrentar a crise climática. Estão longe de tomar a iniciativa. .
O estudo acrescenta que a maioria das companhias afirma que está adotando algumas ações, que são no geral muito limitadas, para reduzir suas próprias emissões de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global. Entretanto, uma empresa de cada cinco não tomou nenhuma medida nesse sentido. .
Nesta mesma linha, cerca de 67% dos negócios perguntados reconheceram que têm um papel para cumprir na luta contra a mudança climática. No entanto, só quatro empresas de dez se sentem em posição de atuar na matéria. Na China, em particular, só 14% das empresas perguntadas manifestou sentir-se forte nesse sentido. .
O estudo conclui que "os empresários claramente estão buscando sinais de longo alcance sobre onde e como investimentos. São relutantes em fazer grandes investimentos em iniciativas vinculadas à luta contra a mudança climática até que esteja claro o alcance da futura regulação", segundo afirma o The Independent. .
A devastação da Amazônia e do bom senso
.
O noticiário recente sobre os números da devastação da Amazônia é mais uma demonstração da incapacidade, ou desinteresse da imprensa em tratar os temas realmente fundamentais neste começo de século. Ao lado dos conflitos originados no processo de globalização, de fundo religioso, econômico ou como resultado da expansão de guerras tribais remanescentes de milhares de anos, certamente o tema da defesa da biodiversidade – com a conseqüente mudança nas matrizes de energia e modelos econômicos de exploração dos recursos naturais – é um dos mais relevantes do nosso tempo. E a Amazônia, que tem 60% de sua área em território brasileiro, se coloca no centro dessa questão. .
A sobrevivência da Amazônia está ameaçada, e não é pelas razões tradicionais – garimpeiros, madeireiros etc. Segundo o Greenpeace, nos últimos 35 anos a Amazônia Brasileira perdeu 17% de sua cobertura vegetal. O ritmo do desmatamento se acelerou a partir dos anos 80, com o avanço da pecuária, e vem sofrendo novo impulso há cerca de dez anos, com a expansão das áreas de plantio da soja. A pecuária e a produção de grão estão comprovadamente relacionadas à perda da floresta, e não há sinais de que essas atividades econômicas tenham resultado em benefícios para a maioria da sociedade brasileira. .
Um modelo econômico baseado na exportação das chamadas commodities – produtos de baixo valor agregado, como minérios in natura e grãos –, além de ser concentrador de riqueza, representa uma verdadeira motoniveladora nas bordas da floresta: na visão de empreendedores ignorantes e irresponsáveis, sai mais em conta derrubar a mata do que recuperar as áreas degradadas que deixam para trás. Sai "mais em conta" porque eles ficam com o lucro e dividem o prejuízo com o resto de nós. . Celebração do agronegócio .
E o que a imprensa tem com isso? Tem que a imprensa nunca faz a conta certa dessa economia. Quase todo mês, a mídia faz a celebração dos grandes números do agronegócio, e omite o custo real para o País, que é remetido para as gerações futuras de brasileiros. Agricultores e pecuaristas que se valem da destruição do patrimônio natural que é de todos para obter seus lucros são bandidos e deveriam ter suas terras confiscadas, em vez de serem ungidos como heróis da mídia e ainda contarem com o benefício dos subsídios governamentais. .
Durante os recentes debates sobre os números do desmatamento em 2007, divulgados com alarde pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e pela ONG Imazon, junto com o Ministério do Meio Ambiente, os jornais fizeram muito alarde sobre o anúncio de que a devastação havia se acelerado no último trimestre. No entanto, faltou a ligação entre o crime e suas motivações. .
Faltou dizer, por exemplo, que há um conluio entre autoridades e produtores rurais em Estados como Mato Grosso e Rondônia para produzir o fato consumado da redução da cobertura florestal e assim justificar um novo contorno para a Amazônia Legal, excluindo esses territórios das áreas "protegidas" por lei. Houve uma breve citação, mas fora de contexto, de uma relação direta entre o desmatamento e outros sintomas de ausência da autoridade do Estado nas chamadas novas fronteiras agrícolas: nos municípios campeões de desmatamento, principalmente no Mato Grosso, Rondônia e Pará, é onde são registrados mais freqüentemente os casos de trabalho escravo. .
Esses municípios são também os mais violentos do País, segundo o Mapa da Violência divulgado semana passada pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana. Apenas O Estado de S.Paulo se demorou um pouco mais em observar essa coincidência, mas há um corte na imprensa que impede o leitor de relacionar os problemas sociais com o modelo econômico apoiado pela mídia. .
Da mesma forma como o noticiário escandaloso sobre crimes de grande repercussão forma no cidadão comum opiniões pouco civilizadas sobre criminalidade e Justiça, a divulgação espalhafatosa de dados sobre a questão ambiental produz todo tipo de emoção, mas não ajuda a formar a consciência da população. Já se disse neste Observatório que a imprensa não se dispõe a fazer a crítica do sistema econômico. Apenas eventualmente se refere a suas mazelas, com abordagens fora de contexto. A questão crucial da preservação da diversidade biológica e do imenso patrimônio das nossas florestas não pode continuar motivando apenas manchetes indignadas. .
A insanidade de alguns predadores precisa ser contraposta ao bom senso do interesse coletivo e de longo prazo. Em algum momento, a imprensa precisa começar a refletir sobre a necessidade de um modelo econômico que contemple o futuro de todos, e não apenas o lucro imediato de seus heróis sem caráter. .
Texto: Fonte: Luciano Martins Costa, do Observatório da I / Postado em 09/02/2008 ás 12:04

Nenhum comentário:


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz