“O movimento anti-globalização é hoje potencialmente forte como nunca foi antes e, em escala planetária, a única força em alguma medida organizada que resiste à globalização, mas não ele sabe o que fazer com essa força.” A opinião é de Ignacio Ramonet, editor do jornal Le Monde Diplomatique em entrevista ao jornal Freitag, 25-01-2008.
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Para Ramonet “chegou a hora de movimentos, como o Fórum Social Mundial, deixarem de ser de resistência e entrarem em uma nova etapa de lutas”. Ramonet avalia que é chegado o momento dos movimentos colocarem na pauta o tema do poder. Valemo-nos aqui da tradução espanhola para a revista eletrônica Sinpermisso, 28-01-2007. A tradução é do Cepat.
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Eis a entrevista.
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Que futuro aguarda o Fórum Social Mundial?
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Infelizmente, os movimentos sociais internacionais no momento tem sido incapazes de encontrar uma forma de articulação mais consistente que lhes permita agir unitariamente. Não está em condições de fixar objetivos que sigam uma mesma linha.
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Isso impede os movimentos sociais de responder adequadamente à situação atual?
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Exato. Atravessamos diferentes fases. A primeira consistiu em definir a globalização. Em meados dos anos 90, ainda não existia o movimento porque não se sabia contra quem lutar. Foi preciso que muitos intelectuais e muitas forças políticas definissem conjuntamente o inimigo e, o inimigo era a globalização. Na segunda fase se juntaram todos do Sul ao norte na luta contra a globalização. Têm-se evidentemente a impressão de que essas êxitos – particularmente, a fundação do Fórum Social Mundial – acabou por paralisar o movimento. O movimento é hoje, potencialmente, forte, como nunca antes. É, em escala planetária, a única força em alguma medida organizada que resiste à globalização, mas ele não sabe o que fazer com essa força. Desperdiçaram-se oportunidades, ao menos eu vejo assim. Hoje estaríamos em condições de levar a cabo lutas em escala mundial. Lembre-se apenas das grandes manifestações contra a guerra no Iraque. Chegou a hora de que movimentos, como o Fórum Social Mundial, deixem de ser movimentos de resistência e entrarem em uma nova etapa com outras formas de luta.
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Por que afirma isso com tanta ênfase?
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A ofensiva ideológica da globalização prossegue. Constatamos que o movimento já não amedronta os dominadores. Apenas falam dele. Desde que a Attac entrou em crise na França, a imprensa francesa já não fala da Attac, tampouco fala do Fórum Social Mundial. Preocupa esse silêncio, porque demonstra que os outros tem ganhado a batalha e, desde logo, por causa da dispersão. Por isso, creio que as organizações principais que constituem o Fórum Social Mundial estão obrigadas a se colocaram a seguinte pergunta: O que será de nós? O que devemos fazer? Em torno de tudo isso, a questão do poder se torna importante. Todo o movimento se formou com a base na idéia que não se pode tomar o poder. Eu me pergunto se isso continua sendo verdadeiro. A experiência na América Latina mostra que com o poder nas mãos se pode fazer algo. Isso na Europa é mais difícil devido a camisa de força que se transformou a União Européia.
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