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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

24.2.08

AUDIÊNCIA PÚBLICA

Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul
COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, CULTURA, DESPORTO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
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A Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul,

Deputada Marisa Formolo

convida para a audiência pública em Caxias do Sul que debaterá demandas da região ligadas à educação, como: fechamento de EJAs, enturmação, obras paralisadas, forma do preenchimento de vagas em escolas, situação da UERGS, além de outras questões.

O evento acontecerá no Anfiteatro da Câmara Municipal de Caxias do Sul, em 27 de fevereiro de 2008, às 16h.

Sua participação é fundamental.

Cuba depois de Fidel

A eleição de Raul Castro como chefe de governo e de José Ramon Machado Ventura como segundo, obedece aos critérios que teve sempre Fidel Castro ao longo das mais de cinco décadas desde o início do processo insurrecional cubano. Representa confiança na velha guarda, naqueles que desde o primeiro momento acreditaram no processo revolucionário e se comprometeram com ele. São os casos do próprio Raul Castro e de Ramon Ventura. Os dois tem poucos menos que Fidel, pertencem à primeira geração dos revolucionários cubanos.
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Dos outros nomes mencionados, apenas Ricardo Alarcon pertence à geração imediatamente posterior. Era presidente da União Nacional de Estudantes de Cuba, a Une, no momento da vitória da revolução. Os outros – Carlos Lage, Felipe Roque – com diferenças de idade, pertencem politicamente à geração formada diretamente por Fidel ao longo das últimas décadas, pertencendo à geração que já nasceu depois do triunfo da revolução.
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Cuba tem uma nova direção política, sem Fidel. A direção que o sucede está composta por aqueles mesmos que compartilhavam com ele essa direção – tanto os que estiveram com ele desde o início do processo revolucionário, quanto aqueles que ele mesmo formou.
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A renúncia de Fidel a seguir na direção política de Cuba fecha um ciclo na revolução, mas precisa ser localizada na evolução interna desse país, para que nos demos conta exata do seu significado e das suas possíveis conseqüências. Fidel é a revolução, para todos os cubanos. Foi sempre o dirigente máximo e, ao mesmo tempo, o maior crítico dos problemas e dos erros da revolução, incluindo os seus próprios.
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Foi o dirigente máximo, porque foi quem melhor sintetizou as necessidades de direção do processo revolucionário. Foi – como Lênin – grande dirigente de massas, grande dirigente de partido e grande estadista. Só mesmo quem não conhece as condições concretas de luta pode questionar o fato de Fidel ter se mantido à cabeça do processo revolucionário e de Cuba ter mantido um Estado forte. Este se fez sempre necessário pela agressividade do maior império da história da humanidade – os EUA -, a 140 quilômetros de distância, sem nunca ter conseguido derrotar a revolução cubana, nem ter sucesso nos inúmeros atentados contra Fidel.
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Nenhum outro dirigente apresentou condições de direção política que pudesse substituir a Fidel. A revolução não se poderia dar o luxo de substituí-lo. Ele dirigiu a revolução e continua a ser a referência ideológica central. Cuba contou com ele no período mais difícil da revolução - o chamado “período especial”, particularmente os anos entre 1989-1994.
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Quando a sociedade cubana se tornava mais madura, mais complexa, se diversificavam as demandas, em especial das novas gerações, Cuba teve que enfrentar uma situação de retrocesso, restringindo a possibilidade de satisfazê-las.
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As condições de superação do “período especial” estão dadas, seja pela adaptação da economia cubana às novas condições internacionais, seja pelos acordos com a Venezuela e a China e pela descoberta de petróleo em Cuba. Com ou sem Fidel, com ou sem um eventual presidente democrata nos EUA, Cuba ia ter que promover readequações – de caráter econômico e político, principalmente.
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Raúl Castro representa a continuidade mais direta com Fidel, tem revelado no seu comportamento uma disposição de abertura ao debate e, ao mesmo tempo, a consciência de não ter o protagonismo de seu irmão, buscando abrir espaço para as novas gerações. Cuba viveria uma situação nova nestes anos. Agora não conta com Fidel como dirigente político e, principalmente, como líder de massas, fazendo com que seus discursos fossem as expressões determinantes no diálogo com o povo cubano.
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A transição institucional está realizada, concluída, com a eleição da nova direção do Estado cubano. Fidel continua na direção do Partido, mas já manifestou que limitará sua atuação aos artigos, mesmo se Raul afirmou que vai consultar sempre o irmão, reafirmando o lugar de referência ideológica do regime cubano.
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É com essa equipe que Cuba completará os 50 anos da revolução e enfrentará uma nova fase da sua história.
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Postado por Emir Sader às 17:26

Em Cuba, não se discute o retorno ao capitalismo

por jpereira — Última modificação 21/02/2008 02:49
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Em entrevista ao Brasil de Fato, o historiador cubano Ariel Dacal relata que os setores pró-capitalistas estão enfraquecidos na sociedade e que critica aqueles que prevêem a adoção do modelo chinês por Cuba: "A criação social anticapitalista tem muitas outras opções e caminhos", afirma.
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20/02/2008
Jorge Pereira Filho,da redaçao
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"Ilha de Fidel Castro". "Ditador insaciável". "Megalomaníaco". Essas são algumas das expressões usadas e repetidas pelos meios de comunicação conservadores para tratar, "imparcialmente", a decisão do presidente cubano, Fidel Castro, de rejeitar uma indicação à reeleição pelo Parlamento, no domingo (24).
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Enquanto o Jornal da Globo “lembrava” que os militares se sentiam ameaçados pela influência de Fidel e essa foi uma das justificativas para o golpe de 1964, a notícia de sua renúncia provocou comoção em Cuba. Em entrevista ao Brasil de Fato, o historiador cubano Ariel Dacal, morador de Havana, comenta que nesses momentos tende-se até a exagerar os feitos de Fidel. Mas não hesita em dizer: “É certo que o sistema cubano se personalizou muito em sua figura, mas isso – desde um ponto de vista histórico – está muito distante da noção de ditadura não só do povo cubano, mas também dos povos da América”.
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Ariel acompanha e participa do processo de discussões abertos pelo próprio governo em julho de 2007 para a população apontar e propor soluções a seus problemas cotidianos. Para ele, um aspecto positivo foi justamente o enfraquecimento de um discurso capitalista. “Apagou-se o discurso pró-capitalista que, durante algum tempo, parecia a única possibilidade de visão oposta”, avalia.
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Mas ao contrário do que ocorre nos bairros cubanos, a voz que prevalece na mídia corporativa é a de que, em Cuba, o povo quer o fim do socialismo e Raúl Castro trabalhará por um modelo econômico próximo ao chinês. Dacal comenta: “O problema dos que promovem essa visão, fora do Brasil ou em outros lugares, é a limitação em entender ou compreender que a criação social anticapitalista tem muitas outras opções e caminhos que vão além do modelo chinês”. Leia a íntegra da entrevista abaixo.
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Brasil de Fato - Como a população cubana reagiu ao anúncio de Fidel Castro?
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Ariel Dacal – Em sua mensagem, Fidel comentou que já em cartas anteriores havia anunciado a possibilidade de que não se reelegeria (leia a carta). Sabia que era necessário preparar o povo psicologicamente. E agiu corretamente. O impacto entre os cubanos foi emotivo. As pessoas, o povo em geral, sentiram as notícias. Mas ao mesmo tempo se esperava, era uma das alternativas já em vista para a maioria dos cubanos e cubanas e seria o mais positivo dado o estado de saúde de Fidel. É quase um consenso entre o povo aceitar que foi uma saída “elegante”, muito bem decidida e que apenas exalta a estatura moral e história de Fidel. Em momentos como este, no qual a emoção pesa mais que a racionalidade, faz-se uma leitura muito positiva da obra de toda vida de Fidel.
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A mídia corporativa explorou expressões como "mão dura", "ilha de Fidel Castro", "ditador que quase provocou a terceira guerra mundial... O povo cubano vê em Fidel um ditador?
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Não creio que o povo o veja como um ditador. Tudo depende do significado de quem tem as palavras e para quem as usa. Para o povo cubano, desde a consciência cotidiana, os ditadores são assassinos que instalam regimes de terror onde milhares de pessoas perdem a vida. Recorde-se que foi precisamente a Revolução Cubana que derrotou um regime ditatorial que tinha essas características, um dos primeiros ensaios do imperialismo yanqui que depois se expandiu por todo o continente. A obra encabeçada por Fidel é o contrário disso. Deu educação, saúde, elevou o orgulho nacional onde nunca esteve antes, foi uma referência de soberania e respeito à vida humana. É certo que o sistema cubano se personalizou muito em sua figura, mas isso – desde um ponto de vista histórico – está muito distante da noção de ditadura não só do povo cubano, como também dos povos da América.
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A mídia também tem divulgado que Raúl Castro seria mais inclinado a promover transformações em Cuba sob inspiração dos modelos de China e do Vietnam...
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Essa idéia está dentro da ampla margem de possibilidades de mudança em Cuba. Mas na realidade não há sinais de que estamos seguindo nessas direção ou em outra, neste momento. O problema dos que promovem essa visão, fora do Brasil ou em outros lugares, é a limitação em entender ou compreender que a criação social anticapitalista tem muitas outras opções e caminhos que vão além do modelo chinês que, diga-se de passagem, não tem nada de anticapitalista. Ignoram que a criação humana coletiva tem muito mais possibilidades do que as leituras positivistas e se reduzem a elas.
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Devemos esperar algum tipo de mudança de Cuba com relação à política externa ou seria ainda prematuro fazer qualquer avaliação de como seria o novo governo?
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O primeiro é ver a composição do novo governo e as medidas que vão tomar. Depois, é analisar sobre a marcha dos acontecimentos.
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Qual o significado prático da renúncia de Fidel à reeleição?
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O significado prático é que o governo de fato de Raúl Castro passará a ser governo de jure (pela lei). Ou seja, o que na prática já acontecia desde a enfermidade de Fidel no verão de 2006 agora é um fato consumado em sua totalidade legal com a renúncia anunciada ontem. Na realidade, abriu-se uma variável importante na complexa situação cubana. Mas em última instância creio que os impactos institucionais verdadeiros estão por chegar. O que é fato, do ponto de vista prático, é uma mudança de referência psicológica, moral, constituída por Fidel durante cinco décadas. O interessante é o efeito sociológico da renúncia o qual deve-se esperar um tempo mais longo para avaliar em sua dimensão real.
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Mas dentro desse efeito sociológico pode estar incluído o fortalecimento da oposição anti-socialista?
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Não creio que seja assim. Nesses momentos muitas são as forças que, com mair ou menor estímulo, apresentam-se na cena nacional. No entanto, repito que mais que a renúncia de Fidel, a questão é ver que tipo de mudanças vão ser decididas e o curso que vão tomar a depender das forças, tendências e visões que as conduzirão. Certamente, para pessoas iludidas, que reduzem o sistema cubano à figura de Fidel, a renúncia pode ser significativa. Mas não entendem que a rede institucional cubana e as demandas atuais são muito mais complexas do que essa suposta subordinação total à figura de Fidel. E claro que ele renunciou, mas não morreu. E sempre será uma referência moral, de importância e um mediador a partir de suas opiniões. Ele se manterá escrevendo suas reflexões o que lhe permitirá uma presença constante na cena.
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Desde julho de 2007, Raúl Castro incentivou um debate nacional sobre os problemas dos cubanos. Existe vontade popular de retorno ao capitalismo?
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Em Cuba, não se discute o retorno ao capitalismo. Na realidade, o processo de discussão em que o país está metido mostra um apoio ao socialismo. Uma das características mais interessantes de todos esses meses, quase um ano, de debates de idéias, é justamente que se apagou o discurso pró-capitalista que, durante algum tempo, parecia a única possibilidade de visão oposta. Claro, outra coisa seria discutir “de que socialismo estamos falando”, ou seja, a qualidade desse socialismo que, em algumas ocasiões – e não com más intenções –, reproduz imaginários e projeções nominalmente socialistas, mas muito contraditórias e que carregavam consigo a orelha peluda do liberalismo.
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Os cubanos temem uma intervenção externa dos EUA neste momento de transição?
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Com que condições reais conta o governo de Bush para cumprir esse plano? Não se deve subestimar o que pode fazer um império na decadência, mas creio que não dará um passo além da retórica. O governo Bush chegou ao extremo de seu cerco contra Cuba. A única opção que resta a ele é a agressão, mas não tem condições para se meter nessa investida. Além disso, o Pentágono sabe muito bem das condições defensivas de Cuba e a CIA (agência de inteligência dos EUA) tem conhecimento que este tipo de ação está longe de separar um povo; pelo contrário, pode uni-lo de forma contundente.
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Já é possível notar nos meios de comunicação conservadores uma ostentiva campanha contrária a Fidel Castro e ao regime socialista, O que os cubanos esperam, agora, da solidariedade internacional?
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Apoio, compreensão e vigilância constante para desmentir as campanhas difamatórias e evitar a coordenação de agressões de qualquer tipo contra Cuba. E o mais importante é que se compreenda e se conscientize que o povo cubano carrega sobre seus ombros uma enorme responsabilidade prática e moral com a luta de todos os povos oprimidos. A luta de Cuba é a luta de todos os oprimidos.

A solução democrática da crise boliviana

Ninguém poderia esperar que uma oligarquia que se havia apropriado do Estado e dos bens fundamentais do país, que se considerava dona da Bolívia, fazendo rodízio no poder entre seus três partidos durante décadas, iria aceitar passivamente que a maioria indígena do país – 64% se consideram indígenas na Bolívia – lhes arrebatasse tudo isso.
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Os partidos da direita entraram em crise, perderam as eleições, conseguiram, no entanto, pelas estruturas oligárquicas que haviam construído , manter a maioria dos governos de estado – mesmo onde Evo ganhou – e no Senado, assim como maioria nos quatro estados da chamada “meia lua” – Santa Cruza de la Sierra, Tarija, Beni e Pando -, onde concentram seus grandes investimentos as empresas exportadoras, base econômica do poder da direita.
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A direita foi recuando, conforme perdeu o governo e a maioria no Parlamento, reagrupando forças nesses território, para tentar bloquear os avanços do novo governo, principalmente a nacionalização dos recursos naturais – que a direita tinha privatizado -, a reforma agrária e a convocação da Assembléia Constituinte para propor as bases de um novo Estado – plurinacional, intercultural, soberano, comunitário, com autonomias. Trata de manter os dois pilares materiais do seu poder econômico – os impostos sobre as exportações dos hidro-carburetos e o monopólio da terra. Para isso funciona seu projeto de autonomia.
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Acenam com a separação, mas sabem que, sem apoio – nacional e internacional – para isso, usam essa chantagem para tentar manter os estados que governam imunes ao imenso processo de democratização econômica, social e política e cultural que representa o programa do MAS.
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Sua mais recente iniciativa foi a convocação de uma consulta sobre a autonomia em Santa Cruza de la Sierra, o principal bastião econômico e política da direita, para o dia 4 de maio, como uma espécie de anúncio de ruptura política e institucional com o governo. E de desafio para um enfrentamento, buscando saber com que força conta o governo.
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O governo cumpriu com suas promessas e começou a mudar a cara da Bolívia, na direção da sua democratização, nacionalizando os hidrocarburos – o que lhe permitiu, de imediato, subir os impostos que recebe de 18 a 84% -, começando políticas sociais redistributivas - para as crianças e para os idosos, em primeiro lugar – iniciando o processo de reforma agrária, convocando a Assembléia Constituinte.
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Para esta convocação, o governo poderia propor a representação das comunidades dos povos originários, conforme reivindicação desses povos. Provavelmente obteria uma maioria de 2/3, necessária para aprovar seu projeto de Constituição, sem votos da oposição. No entanto, facilitar o boicote que certamente a oposição decretaria, em condições muito diferentes das da Venezuela. Neste país, uma vez recuperado o controle sobre a Pdvsa, o Estado tornou-se muito forte e o empresariado privada, débil. Tanto assim que ao boicotar as eleições parlamentaria, se enfraqueceu mais ainda, deixando ao governo uma folgada maioria parlamentar, sem que isso o enfraquecesse.
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Na Bolívia, pelo selvagem processo de privatização levado a cabo nos anos anteriores – chamado eufemisticamente de “capitalização” – o Estado se tornou muito fraco e a grande burguesia privada, muito forte. Caso boicotasse, política e economicamente, o governo, lhe assentaria um golpe muito forte e promoveria um processo de separação de fato, que levaria a uma crise institucional muito grave. A posição do governo foi convocar eleições pelos métodos tradicionais de representação, porque a alternativa seria levar a um enfrentamento, inclusive violento, sem que possa contar com segurança com as FFAA, além da crise nacional a que isso conduziria o país, um dos objetivos da direita, para tornar o país ingovernável quando um dia assume, pela primeira vez, a presidência da Bolívia.
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A compopsição da Assembléia Constituinte confirmou a maioria de votos que havia tido Evo Morales, sem no entanto a maioria absoluta, o que levou a situações de impasse com a oposição, que buscou travar e inviabilizar a nova Constituição. A posição do governo foi a de levar as diferenças a uma consulta popular final, que daria o formato final à Constituição. Sentindo que seria derrotada, a oposição passou a usar a violência, para cercar o edifício em que se reunia a Constituinte, em Sucre, agregando a reivindicação da transferência da capital política do país para essa cidade.
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Para romper o impasse e devolver à Assembléia Constituinte capacidade de funcionamento, o governo deslocou o lugar de seu funcionamento e foi aprovada, por maioria de votos o projeto da nova Constituição, que será submetido a uma consulta popular nacional. Além disso, Evo Morales propôs a todos os governantes – a começar por ele, mas também os governadores dos estados – que se submetam a um referendo revogatório.
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O governo coloca, assim, nas mãos do povo as duas decisões fundamentais – a sobre a nova Constituição e a sobre a legitimidade dos governantes atuais. A oposição se nega e quer fazer um referendo pela autonomia de Santa Cruz, um referendo que concebe a descentralização apenas para a direção dos estados e não para as comunidades – como o faz o projeto de Nova Constituição.
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Neste momento se reabriu um novo processo de negociações entre o governo e a direita, mas que costuma esbarrar nos três temas centrais para os quais o MAS foi eleito: o projeto de Constituição, a reforma agrária e a centralização dos recursos dos hidrocarburetos, para recompor o Estado boliviano e para políticas sociais.
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Postado por Emir Sader, 20/02/2008 às 17:54

19.2.08

Mensaje del Comandante en Jefe

Queridos compatriotas:

Les prometí el pasado viernes 15 de febrero que en la próxima reflexión abordaría un tema de interés para muchos compatriotas. La misma adquiere esta vez forma de mensaje.

Ha llegado el momento de postular y elegir al Consejo de Estado, su Presidente, Vicepresidentes y Secretario.

Desempeñé el honroso cargo de Presidente a lo largo de muchos años. El 15 de febrero de 1976 se aprobó la Constitución Socialista por voto libre, directo y secreto de más del 95% de los ciudadanos con derecho a votar. La primera Asamblea Nacional se constituyó el 2 de diciembre de ese año y eligió el Consejo de Estado y su Presidencia. Antes había ejercido el cargo de Primer Ministro durante casi 18 años. Siempre dispuse de las prerrogativas necesarias para llevar adelante la obra revolucionaria con el apoyo de la inmensa mayoría del pueblo.

Conociendo mi estado crítico de salud, muchos en el exterior pensaban que la renuncia provisional al cargo de Presidente del Consejo de Estado el 31 de julio de 2006, que dejé en manos del Primer Vicepresidente, Raúl Castro Ruz, era definitiva. El propio Raúl, quien adicionalmente ocupa el cargo de Ministro de las F.A.R. por méritos personales, y los demás compañeros de la dirección del Partido y el Estado, fueron renuentes a considerarme apartado de mis cargos a pesar de mi estado precario de salud.

Era incómoda mi posición frente a un adversario que hizo todo lo imaginable por deshacerse de mí y en nada me agradaba complacerlo.

Más adelante pude alcanzar de nuevo el dominio total de mi mente, la posibilidad de leer y meditar mucho, obligado por el reposo. Me acompañaban las fuerzas físicas suficientes para escribir largas horas, las que compartía con la rehabilitación y los programas pertinentes de recuperación. Un elemental sentido común me indicaba que esa actividad estaba a mi alcance. Por otro lado me preocupó siempre, al hablar de mi salud, evitar ilusiones que en el caso de un desenlace adverso, traerían noticias traumáticas a nuestro pueblo en medio de la batalla. Prepararlo para mi ausencia, sicológica y políticamente, era mi primera obligación después de tantos años de lucha. Nunca dejé de señalar que se trataba de una recuperación "no exenta de riesgos".

Mi deseo fue siempre cumplir el deber hasta el último aliento. Es lo que puedo ofrecer.

A mis entrañables compatriotas, que me hicieron el inmenso honor de elegirme en días recientes como miembro del Parlamento, en cuyo seno se deben adoptar acuerdos importantes para el destino de nuestra Revolución, les comunico que no aspiraré ni aceptaré - repito- no aspiraré ni aceptaré, el cargo de Presidente del Consejo de Estado y Comandante en Jefe.

En breves cartas dirigidas a Randy Alonso, Director del programa Mesa Redonda de la Televisión Nacional, que a solicitud mía fueron divulgadas, se incluían discretamente elementos de este mensaje que hoy escribo, y ni siquiera el destinatario de las misivas conocía mi propósito. Tenía confianza en Randy porque lo conocí bien cuando era estudiante universitario de Periodismo, y me reunía casi todas las semanas con los representantes principales de los estudiantes universitarios, de lo que ya era conocido como el interior del país, en la biblioteca de la amplia casa de Kohly, donde se albergaban. Hoy todo el país es una inmensa Universidad.

Párrafos seleccionados de la carta enviada a Randy el 17 de diciembre de 2007:

"Mi más profunda convicción es que las respuestas a los problemas actuales de la sociedad cubana, que posee un promedio educacional cercano a 12 grados, casi un millón de graduados universitarios y la posibilidad real de estudio para sus ciudadanos sin discriminación alguna, requieren más variantes de respuesta para cada problema concreto que las contenidas en un tablero de ajedrez. Ni un solo detalle se puede ignorar, y no se trata de un camino fácil, si es que la inteligencia del ser humano en una sociedad revolucionaria ha de prevalecer sobre sus instintos.

"Mi deber elemental no es aferrarme a cargos, ni mucho menos obstruir el paso a personas más jóvenes, sino aportar experiencias e ideas cuyo modesto valor proviene de la época excepcional que me tocó vivir."

"Pienso como Niemeyer que hay que ser consecuente hasta el final."

Carta del 8 de enero de 2008:

"...Soy decidido partidario del voto unido (un principio que preserva el mérito ignorado). Fue lo que nos permitió evitar las tendencias a copiar lo que venía de los países del antiguo campo socialista, entre ellas el retrato de un candidato único, tan solitario como a la vez tan solidario con Cuba. Respeto mucho aquel primer intento de construir el socialismo, gracias al cual pudimos continuar el camino escogido."

"Tenía muy presente que toda la gloria del mundo cabe en un grano de maíz", reiteraba en aquella carta.

Traicionaría por tanto mi conciencia ocupar una responsabilidad que requiere movilidad y entrega total que no estoy en condiciones físicas de ofrecer. Lo explico sin dramatismo.

Afortunadamente nuestro proceso cuenta todavía con cuadros de la vieja guardia, junto a otros que eran muy jóvenes cuando se inició la primera etapa de la Revolución. Algunos casi niños se incorporaron a los combatientes de las montañas y después, con su heroísmo y sus misiones internacionalistas, llenaron de gloria al país. Cuentan con la autoridad y la experiencia para garantizar el reemplazo. Dispone igualmente nuestro proceso de la generación intermedia que aprendió junto a nosotros los elementos del complejo y casi inaccesible arte de organizar y dirigir una revolución.

El camino siempre será difícil y requerirá el esfuerzo inteligente de todos. Desconfío de las sendas aparentemente fáciles de la apologética, o la autoflagelación como antítesis. Prepararse siempre para la peor de las variantes. Ser tan prudentes en el éxito como firmes en la adversidad es un principio que no puede olvidarse. El adversario a derrotar es sumamente fuerte, pero lo hemos mantenido a raya durante medio siglo.

No me despido de ustedes. Deseo solo combatir como un soldado de las ideas. Seguiré escribiendo bajo el título "Reflexiones del compañero Fidel" . Será un arma más del arsenal con la cual se podrá contar. Tal vez mi voz se escuche. Seré cuidadoso.

Gracias

Fidel Castro Ruz

18 de febrero de 2008

5 y 30 p.m. --

Fundações realizam ato por reformas democráticas


Ocorre amanhã em Brasília o ato pela realização de reformasdemocráticas no país. O evento é uma realização das fundações JoãoMangabeira (PSB), Leonel Brizola - Alberto Pasqualini (PDT), MaurícioGrabois (PCdoB), Republicana Brasileira (PRB) e Perseu Abramo (PT).
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O ato contará com a participação dos presidentes dos partidos e líderesdas bancadas na Câmara e no Senado.O ato será realizado no Auditório Nereu Ramos da Câmara, a partir das 15h.
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O objetivo é criar uma coesão política em torno das necessidades das reformas democráticas, entre elas a política, a tributária, aeducacional, a agrária e a urbana, além de sistematizar o seu conteúdoe consolidá-las como prioridade da agenda política do país.
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No texto de convocação para o ato as fundações alegam que "o governo do presidente Lula já proporcionou ao Brasil importantes vitórias. Combase nestes êxitos o país precisa, agora, de novas conquistas. É imperativo que a democracia e a soberania avancem, que o desenvolvimento se acelere e que o povo progressivamente tenha uma vida melhor e digna".

A crise e a globalização

Escrito por Wladimir Pomar 18-Fev-2008 Tornou-se recorrente a suposição de que a crise norte-americana está associada a uma possível crise da própria globalização. Há quem recorra à situação da Europa e do Japão para procurar confirmar a tese de que a globalização capitalista, do mesmo modo que o capitalismo norte-americano, estaria passando por uma crise terminal. A estagnação japonesa, a perda de competitividade da indústria européia, a explosão dos preços do petróleo e a volatilidade das bolsas de valores seriam outros sinais evidentes de uma situação crítica. Essa análise talvez não leve em conta que o petróleo teve seus preços elevados, tanto pelo aumento da demanda internacional, maior do que o aumento da oferta, quanto pela desvalorização do dólar e por manobras especulativas. Nem que o Japão apresenta sinais de recuperação industrial. E que a Europa, apesar de tudo, tem conseguido manter um certo crescimento e participação ativa no comércio mundial. Mais do que isso, porém, talvez não tenha percebido que a globalização não é mais pautada exclusivamente pelos Estados Unidos, Europa ou Japão. Ela também é pautada pelos países emergentes, que elevaram sua participação na produção e no comércio mundial de forma considerável. A globalização mercantilista começou, no século XV, buscando especiarias para a Europa. Descobriu regiões de grande densidade populacional, que produziam o que os mercadores europeus procuravam, e também regiões de baixa densidade populacional, passíveis de serem ocupadas por migrantes europeus e escravos africanos, para a implantação de atividades produtivas em larga escala. Essa globalização criou as condições para a acumulação das riquezas que, três a quatro séculos depois, levou ao surgimento da manufatura e da indústria, e a profundas transformações sociais e políticas em quase todo o mundo. A globalização imperialista teve início no século XIX, buscando matérias-primas minerais e agrícolas para as fábricas, e mercados para os produtos das novas potências industriais. Reorganizou o mundo colonial da primeira globalização, e subjugou países e regiões antes não dominados, liquidando sua manufatura artesanal e grande parte de sua agricultura tradicional. Por outro lado, combateu o tráfico e o trabalho escravos, e transferiu elementos do modo de produção capitalista para aqueles países e regiões subjugados, implantando ferrovias, portos, oficinas de reparos, certas unidades industriais e o trabalho assalariado. Criou, assim, as condições, tanto para as guerras imperialistas, quanto para as revoluções anti-coloniais, nacionais e socialistas, que marcaram profundamente o século 20. A globalização do final de século 20 e início do século 21, ainda em curso, tem diferenças significativas em relação a essas globalizações anteriores, e nada indica que ela esteja se esgotando. Mas isso é assunto para o próximo comentário.
Wladimir Pomar é escritor e analista político.

18.2.08

TV Pública e TV Mercantil



A polarização imposta pelo neoliberalismo – estatal x privado - como acontece com quem reparte, fica com a melhor parte – a esfera privada –, mas para isso tem que fazer desaparecer o essencial – a esfera pública. A primeira armadilha montada pelo neoliberalismo é a camuflagem do verdadeiro sentido da esfera de que eles promovem a hegemonia: a esfera mercantil. Afinal de contas, esse é o objetivo das suas políticas: transformar tudo em mercadoria – direitos, água, empresas, informação. Privatizar é submeter ao mercado, mercantilizar.
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Por outro lado, o pólo oposto ao mercantil não é o estatal. O Estado pode ser dominado por interesses mercantis – como costuma acontecer – ou representar interesses públicos. Portanto, a esfera estatal, em si mesma, não tem uma determinação precisa. O que se contrapõe à esfera mercantil é a esfera pública, aquela que, ao contrario da mercantil, expressa os interesses gerais, enquanto a mercantil reflete sempre interesses particulares – de empresas, de indivíduos, de capitais. Os maiores embates contemporâneos ocorrem entre a esfera mercantil e a esfera pública. Quanto à esfera estatal permanece espaço de disputa entre as duas.
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Quando tratamos de mídia – e, no caso específico do Brasil, hoje – de TV, a mesma polarização se reproduz, sob formas específicas. Um dos pólos foi ocupado pela TV mercantil, que se orienta por critérios comerciais, suportada pelas agências de publicidade – intermediárias do seu financiamento pelas empresas privadas – e voltada para a conquista de audiência – suporte da publicidade. Esta tv se dirige aos consumidores que, em grande parte, ela mesma produz. É formada por empresas que visam o lucro, que se financiam através da publicidade. São empresas que competem entre si em busca de mais espectadores, mais publicidade, mais lucros.
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No outro pólo está a mídia pública - neste caso, a TV pública - que se apóia na esfera estatal, que lhe dá o suporte fundamental, procura defender os interesses gerais da maioria, especialmente aqueles que não estão no cerne da mídia mercantil. Sua audiência é dada pela grande maioria que não é visada pelos critérios comerciais da mídia. São espectadores interpelados – e, de certa forma, constituídos - como cidadãos e não como consumidores.
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Hoje, uma TV pública precisa lutar contra o pensamento único da mídia mercantil, monocórdia, repetitiva, cinzenta, mera reprodutora das pautas da imprensa produzidas nos grandes centros da globalização. Cada jornal parece repetir os demais e cada articulista quase se limita a oferecer uma nova versão aos editoriais do mesmo jornal. As grandes idéias, os grandes debates, os grandes temas contemporâneos não estão nessa mídia ou só aparecem para serem desqualificados. É uma mídia antidemocrática, propriedade de algumas famílias, cuja direção não é eleita, mas herdada por critérios de transmissão familiar, da qual os jornalistas são assalariados, contratados e descontratados segundo as decisões de uma direção que se sucede de geração a geração.
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É uma mídia antidemocrática porque se dirige ao seleto grupo da alta esfera do mercado, aos assinantes e leitores de grande poder aquisitivo, que as agências de publicidade querem atingir. Seus temas são aqueles da agenda desta elite. O tema principal é o da suposta carga excessiva dos impostos. Setores que não usam educação pública, nem saúde pública, nem segurança pública, nem transporte público, são os que preferem pagar menos impostos para poder gastar mais nos serviços privados, para ampliar seu consumo conspícuo e crescentemente escandaloso, para suas viagens ao exterior, etc. Desprovidos de qualquer sentimento de solidariedade social com as grandes maiorias – no pais mais injusto do mundo – , pouco lhes importa que uma parte da carga fiscal esteja destinada às despesas sociais.
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A mídia mercantil, ou seja, fundada no mercado, demoniza o Estado e, com ele, as despesas através das quais o Estado atende, ou deveria atender – e o mercado, certamente não atende, não quer e nem poderia atender - às muitas dezenas de milhões de pessoas que precisam da educação pública, da saúde pública, de saneamento básico, de transporte público, de cultura pública. Em suma, a mídia mercantil privilegia os consumidores e o seu poder de compra. A mídia pública precisa privilegiar os cidadãos e seus direitos.
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Para isso, ela necessita quebrar a visão totalitária que desqualifica o Estado em função do mercado, cujos interesses representa. Precisa produzir um outro discurso segundo o qual não cabe ao Estado subsidiar o grande capital privado – que já goza de tantos privilégios -, mas universalizar direitos. Um discurso que privilegia a democratização da sociedade e não incentivar o mercado, que só concentra renda e patrimônio. A TV pública precisa ser o instrumento intransigente da democratização da sociedade e do Estado brasileiro. E só há um caminho: conseguir quebrar o reinado do pensamento único na mídia mercantil brasileira.
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É necessário enfatizar as diferenças existentes entre a TV pública e a TV estatal. Em primeiro lugar, é preciso dizer que um governo, eleito e reeleito pela maioria dos brasileiros, tem a necessidade e a obrigação de se dirigir constantemente aos cidadãos, para informar suas políticas, explicá-las, debatê-las. Mais do que qualquer pesquisa de audiência - esta que a mídia mercantil utiliza para manter privilégios da publicidade governamental -, a mais ampla e democrática pesquisa é aquela das próprias eleições e elas deram ao governo um mandato pelo qual está obrigado a responder cotidianamente diante da cidadania. Portanto, não é crime, mas sua obrigação utilizar todos os espaços possíveis para informar, explicar e debater com os cidadãos. Aliás, a mídia mercantil se comporta como se fosse sua propriedade um espaço que, de fato, é concessão do Estado.
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Por outro lado, mais do que se diferenciar de uma TV estatal, a TV pública precisa se distinguir das TVs mercantis. Elas estão submetidas a lógicas diferentes, e até contraditoras, Graças a esta diferença substantiva, seus horizontes são diversos: uma visa o lucro e, a outra, quer a democracia.
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Postado por Emir Sader, em 16/02/2008 às 07:32

10.2.08

Escola de Formação Fé, Política e Trabalho 2008 da Diocese de Caxias do Sul em parceria com a UNISINOS

PROGRAMAÇÃO 2008
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Primeira etapa 15 e 16 de março de 2008
Tema: Visão histórica dos projetos de nação
Conteúdo: Era Vargas, JK, Ditadura/Golpe militar e Nova República
A relação da Igreja com estes projetos.
Assessoria: Profa. Dra. Eloísa Capovilla da Luz Ramos - Unisinos
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Segunda etapa 12 e 13 de abril de 2008
Tema: Elementos para entender a estrutura e ofuncionamento da sociedade
Conteúdo: Teorias e ideologias: capitalismo, socialismo, comunismo
Assessoria: Prof. MS Laurício Neumann - Unisinos
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Terceira Etapa 17 e 18 de maio de 2008
Tema: Metodologia e poder
Conteúdo: Pressupostos para um engajamento social
Assessoria: Prof. Dr. Pedrinho Guaresch - PUC/RS
Bíblia: Projeto de uma sociedade sem empobrecidos e excluídos
Assessoria: Dr. Pedro Kramer ESTEF
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Quarta Etapa 21 e 22 de junho de 2008
Tema: Contexto cultural na pós-modernidade na sociedade capitalista
Conteúdo: Conceito de cultura, modernidade e pós-modernidade.
Identidade cultural. A crise civilizacional e os novos valores.
Assessoria: Prof. MS Lucas Henrique da Luz - Unisinos
Profa. Dra. Marilene Maia - Unisinos
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Quinta Etapa 19 e 20 de julho de 2008
Tema: A crise contemporânea e as metamorfoses no mundo do trabalho
Conteúdo: A crise da sociedade do trabalho. A globalização econômica e suas repercussões: desemprego, precarização, terceirização, flexibilização, desregulamentação das leis. Os sindicatos na era da reestruturação. Impasses e desafios do novo sindicalismono Brasil. Legislação trabalhista (reforma trabalhista).
Assessoria: MS André Langer - CEPAT
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Sexta Etapa 16 e 17 de agosto de 2008
Tema: O princípio da cooperação nas relações humanas,de produção e sociabilidade
Conteúdo: Economia solidária: alternativa à crise do emprego ou nova cultura do trabalho? Políticas públicas e suas prioridades, políticas sociais.
Assessoria: Profa. MS Vera Regina Schmitz - Unisinos
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Sétima Etapa 20 e 21 de setembro de 2008
Tema: “Uma discussão sobre os Projetos Políticos para o Brasil”
Conteúdo: O nivelamento programático dos partidos políticos. O processo eleitoral, fundamental para a democracia, reduzido a uma disputa de poder entre pessoas ou grupos. A realidade político-partidária divorciada dos anseios da sociedade.
Assessoria: MS Cesar Sanson - CEPAT
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Oitava Etapa 18 e 19 de outubro de 2008
Tema: A dignidade humana e a biotecnologia
Conteúdo: Atuação diante dos avanços e conquistas da ciência e a necessidade de respeitar os critérios éticos deprioridade à vida
Assessoria: Prof. Dr. José Roque Junges – Unisinos
Conteúdo: A busca de um projeto ético mundial, planetário.
Assessoria: Prof. Dr. Luiz Carlos Susin
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Nona Etapa 15 e 16 de novembro de 2008
Tema: Sociedade sustentável e Fundamento ético de uma consciência planetária
Conteúdo: Conceito de desenvolvimento. Redefinição de uma necessidade básica. Biodiversidade. Valor da água. Dimensão espiritual da ecologia.
Assessoria: Prof. Dr Aloísio Ruscheinsky - Unisinos
Bíblia: Projeto de uma sociedade sem empobrecidos e excluídos
Assessoria: Dr. Pedro Kramer - ESTEF
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Décima Etapa 13 e 14 de dezembro de 2008
Tema: Desafios da relação “ética, fé e espiritualidade Política”
Conteúdo: A esperança e o sonho de um mundo novo. O sentido transformador da crise. Compaixão e indiferença. Luzes e caminhos que nascem do ESI.
Assessoria: MS Flávio Guerra
Seminário
As eleições municipais no contexto do Brasil que queremos
Data: 06 de setembro de 2008
Horário: 9 horas às 17 horas
Assessoria:
Prof. Dr. Osvaldo Biz - PUCRS
Prof. Dr. Laurício neumann - Unisinos
Número de Participantes: 70 participantes.

Inscrição: A inscrição para participação na Escola deverá ser feita através da ficha, e enviada pelo correio, fax ou correio eletrônico para a Coordenação Diocesana de Pastoral (ver endereço anexo). As pessoas deverão inscrever- se até o dia 03 de março de 2008. Os inscritos serão selecionados e a sua participação será confirmada até o dia 10 de março de 2008.

Hospedagem: no Centro Diocesano de Formação Pastoral .Custos: O custo total para cada participante será de R$ 75,00 por etapa. A taxa corresponde à hospedagem, pagamento da assessoria e aos materiais.
O custo será dividido em três partes:
1ª) A pessoa participante - 30%
2ª) A paróquia ou entidade - 30% mais o transporte
3ª) A Diocese - 40% (Campanha da Evangelização e Cáritas)

Horário: A Escola inicia as atividades de cada etapa às 8h30min do primeiro dia, sábado, e finaliza às 14 horas do último dia, domingo.
Duração: Março de 2008 a dezembro de 2008 =10 etapas.
Carga horária: O curso terá a duração de 170 horas/aula. Cada etapa terá o equivalente de 17 horas/aula, incluindo a preparação prévia e leituras complementares sobre o tema.
Certificação: Os participantes que obtiverem igual ou mais de 75% de freqüência receberão certificado da UNISINOS.

Responsabilidade: Cáritas Diocesana

É o Estado, estúpido!

O clima político brasileiro continua agitado, com a reiteração das polarizações produzidas desde as denúncias de 2005 sobre o que a imprensa convencionou chamar de “mensalão”. De um lado, os partidos de oposição, com seu núcleo coesionador – PSDB e DEM – acompanhados de partidos aliados, como o PPS e tendo no bloco monopolista da grande mídia privada seu carro-chefe -, de outro o governo e expressões da mídia alternativa.
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Pela tensão, pela violência dos ataques, pela reiteração das acusações, poderia parecer que o país vive um clima de forte polarização social e política, com dois projetos de sociedade em oposição frontal. Mas quando se olha para os fatores estruturais, constatamos que existe um modelo econômico consensual entre as grandes forças políticas – as mesmas que se envolvem diretamente nesses embates -, políticas sociais que não são questionadas, porque representam inquestionavelmente uma melhoria de vida da massa pobre do país e que incentiva a expansão do mercado interno. Enquanto isso, o país vive um período de poucas convulsões sociais, como se a energia se perdesse pelas beiradas do caldeirão social, canalizada para a violência cotidiana e não para grandes lutas populares.
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Então de onde vem e a que corresponde essa virulência da oposição ao governo? Por que até mesmo uma parte significativa do grande empresariado, atendido pelo modelo econômico, se soma à campanha opositora? Por que a afirmação de setores radicalizados da esquerda de que se trata de um governo neoliberal não consegue dar conta do enfrentamento central do campo político em todo o período político atual? O que está em jogo? O que se disputa, além de cargos eleitorais?
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O neoliberalismo reconstruiu o campo político, concentrando todas as energias negativas no Estado – responsável pela estagnação econômica, pela falta de dinamismo, pelo confisco dos recursos dos indivíduos, pela ineficácia nas políticas sociais, etc., etc. O Estado mínimo deveria concentrar seus recursos e esforços no incentivo à expansão do capital que, nos seus desdobramentos – dado o dinamismo e o protagonismo central que passou a ser atribuído às empresas, uma forma de designar ao mercado – produziria crescimento econômico, modernização tecnológica, diminuição da arrecadação tributária, expansão do mercado externo, geração de empregos, aumento da capacidade de consumo, etc. etc. Como já se disse tantas vezes, um Estado mínimo para a grande maioria – que depende de políticas sociais – e um Estado máximo para o capital, com a privatização dos lucros e, quando houver prejuízos, sua socialização.
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O que incomoda centralmente à oposição, refletido nas manchetes e campanhas da imprensa opositora, presente nos seus colunistas, soldados das causas do bloco direitista de oposição? A alta taxa de juros? A lentidão na reforma agrária? O incentivo aos agro-negócios e o uso extensivo dos trangênicos? A injusta tributação, que concentra renda, ao invés de redistribuir? A repressão às rádios comunitárias? A falta de demarcação das terras indígenas? A não abertura dos arquivos da ditadura?
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Não. O foco reiterado da oposição está nos “gastos excessivos do governo”, na contratação de mais funcionários públicos, na carga tributária, no que chamam de “aparelhamento do Estado” - que na realidade se trata da designação por critério político no preenchimento de cargos -, as normas que disciplinam atividades econômicas, etc. Em suma, tudo o que seja fortalecimento do papel do Estado, seja pelo aumento de seus funcionários, pela sua melhor remuneração, pelo combate à terceirização e formalização dos contratos, pelo incentivo ao consumo popular, pelo papel regulador do Estado.
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A “livre circulação do capital” segue sendo a utopia da direita. Que o capital circule e a sociedade se povoará de felicidades! Que o Estado seja reduzido à sua mínima expressão: sem impostos, sem funcionários, sem leis, sem instituições políticas, sem partidos, que as eleições sejam o mais parecido possível a um shopping-center e os candidatos a vendedores de mercadorias, a ideologia reduzida a marketing, o cidadão transformado em consumidor, os direitos em bens negociáveis na compra e venda, a sociedade identificada com o mercado.
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O que está em disputa – daí o tom virulento, pela importância que segue tendo – é o Estado, o aparato de Estado, que deveria continuar se debilitando, como aconteceu em toda a década anterior. Que siga a privatização, chegando a hora da Petrobrás, do Banco do Brasil, da Eletrobrás, da Caixa Econômica Federal. Que o Estado siga servindo única e exclusivamente aos interesses das grandes corporações privadas – da indústria, dos bancos, da terra, da mídia, do comércio.
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A plataforma da direita tem, como primeiro item, a diminuição dos impostos, base econômica do Estado. Daí a campanha contra a CPMF, contra o “inchamento” do aparelho de Estado, contra as normas estatais – que atrasariam, por exemplo, com as normas ambientais, a liberação de licenças de investimentos, contra os aumentos de salários dos servidores públicos. Pela independência do Banco Central, pelo superávit fiscal.
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Menos Estado, em ultima instância, porque o Estado organiza os cidadãos, que são sujeitos de direitos. Menos Estado e mais mercado, que organiza consumidores, medidos não por direitos – que não são reconhecidos pelo mercado -, mas pela capacidade de consumo.
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As classes dominantes que sempre detiveram poder sobre o Estado, ressentem não poder fazê-lo a seu bel prazer. Na última vez que haviam perdido o controle sobre o aparelho de Estado – no governo Jango, de 1961 a 1964, há quase meio século – se puseram imediatamente a preparar o golpe militar, com o apoio desses mesmos órgãos de imprensa – Folha de São Paulo, Estadão, Globo, entre outros. Recuperaram o poder sobre o Estado, que foi militarizado e se colocou completamente à disposição do grande empresariado privado nacional e estrangeiro.
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Conseguiram transitar de forma impune à democracia liberal, tanto militares, quanto empresários, incluindo os órgãos da imprensa que haviam pregado o golpe militar e apoiado a ditadura. Encontraram em Collor e em FHC seus novos heróis, este, quando afirmou o que acreditavam fosse uma frase definitiva: o sociólogo das elites brancas dos jardins paulistas disse que ia “virar a página de getulismo”, conclamando à vingança tardia de 1932. Fizeram o que bem entenderam, se apropriaram de várias das maiores empresas estatais brasileiras a preço de banana – saneadas pelo BNDES, que ao mesmo tempo lhes emprestava a juros baixos para comprar as empresas. Puderam ter mão de obra precária, financiamentos generosos, chegaram a mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax, preparando-a para se tornar empresa “global” e privatizá-la.
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Acostumadas a usar o Estado como “comitê executivo das classes dominantes” – conforme a expressão de Marx no Manifesto Comunista – acusam o golpe de perder esse controle absoluto. Seguem ocupando espaços determinantes no aparato de Estado – a começar pelo estratégico Banco Central -, além de serem contemplados por créditos fáceis e incentivos amplos, mas para quem sentia o Estado como seu território, para nomear a quem quisessem, privatizar o que desejassem, acusam o golpe e se tornam raivosamente e totalitariamente opositores furibundos.
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Não perdoam aos que os derrotaram duas vezes, não importa que se vingam ao ver políticas suas reproduzidas no governo que os derrotou. Não lhes basta.
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A campanha de denúncias morais vai na mesma direção de criminalizar o Estado, quando os maiores escândalos contemporâneos são protagonizados por empresas privadas, entre elas os bancos. Não importa o que seja, como seja, são os neo-conservadores no Brasil, defensores do mercado contra o Estado – o verdadeiro tema de disputa, cuja importância explica a virulência das agressões opositoras, na sua ânsia de recuperar o que consideram seu, por definição – o Estado brasileiro.
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Postado por Emir Sader às 09:15

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ERA (E É) ESPIÃO DA CIA ?

* Sebastião Nery (Tribuna da Imprensa)
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Quem pagou
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Acaba de chegar às livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais: "Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura", da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editado no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro). Quem "pagava a conta" era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas: "Consistente e fascinante" ("The Washington Post"). "Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA" ("Spectator"). "Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente" ("The Times").
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Dinheiro da CIA para FHC
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"Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap". Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro "Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível", da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O "inverno do ano de 1969" era fevereiro de 69.
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Fundação Ford
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Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.
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Agente da CIA
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Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro "Dependência e desenvolvimento na América Latina", em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos. Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma "personalidade internacional" e passou a dar "aulas" e fazer "conferências" em universidades norte-americanas e européias. Era "um homem da Fundação Ford". E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.
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Milhões de dólares
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1 - "A Fundação Farfield era uma fundação da CIA... As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos... permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas" (pág. 153).
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2 - "O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça..." (pág. 152). "A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria" (pág. 443).
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3 - "A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares... Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos... com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos" (pág. 147).
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FHC facinho
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4 - "Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante" (pág. 123).
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5 - "Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil" (pág. 119).
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6 - "A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana" (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.
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E pensar que esse pústula nos governou (e quebrou o Brasil) por oito anos!
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Empresas de países ricos não consideram a mudança climática uma prioridade

Um estudo que incluiu pesquisas com mais de 500 grandes empresas no Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Japão, Índia e China, apresentou como resultado que só uma de cada dez companhias considera a mudança climática como uma prioridade. O estudo revela que as empresas esperam que os governos liderem a luta contra esse fenômeno ambiental e alertam que em um cenário de crise econômica mundial, como a que estaria configurando-se por esses dias, é ainda menos factível que se assuma a mudança climática como tema prioritário. .
Nada novo, se poderia dizer. Não é possível esperar, pelo menos hoje que sejam as grandes corporações as que liderem a luta mundial contra a mudança climática. Ainda assim é sua responsabilidade. Essa batalha a encabeçam os movimentos e organizações sociais ao redor do mundo, em sua luta pelo que chamam "justiça climática", e até agora seus pedidos e propostas tiveram muito pouco eco em quem tem o poder para tomar decisões. Não obstante, bem vale conhecer as cifras deste estudo, que põe números que desinteressam aos líderes econômicos dos países ricos na luta contra a crise climática. .
Só 5% das mais de 500 empresas consultadas, e nenhuma na China, consideraram a mudança climática como sua principal prioridade, ao mesmo tempo, que apenas 11% a colocou em segundo ou terceiro lugar, segundo o estudo da consultora internacional Accenture, que retoma o diário britânico The Independent. .
Em uma análise geral, a mudança climática ficou em oitavo no ranking de prioridades dos líderes empresariais. O aumento das vendas, a redução dos custos, o desenvolvimento de novos produtos e serviços, a concorrência por pessoal bem capacitado, o crescimento nos mercados emergentes, a inovação e a tecnologia estão na frente. .
A posição do mandatário estadunidense George W. Bush de que a mudança climática se enfrenta de melhor maneira mediante iniciativas voluntárias do mundo empresarial fica pelo chão. De fato, as empresas esperam que os governos indiquem as medidas necessárias para enfrentar a crise climática. Estão longe de tomar a iniciativa. .
O estudo acrescenta que a maioria das companhias afirma que está adotando algumas ações, que são no geral muito limitadas, para reduzir suas próprias emissões de gases de efeito estufa, que provocam o aquecimento global. Entretanto, uma empresa de cada cinco não tomou nenhuma medida nesse sentido. .
Nesta mesma linha, cerca de 67% dos negócios perguntados reconheceram que têm um papel para cumprir na luta contra a mudança climática. No entanto, só quatro empresas de dez se sentem em posição de atuar na matéria. Na China, em particular, só 14% das empresas perguntadas manifestou sentir-se forte nesse sentido. .
O estudo conclui que "os empresários claramente estão buscando sinais de longo alcance sobre onde e como investimentos. São relutantes em fazer grandes investimentos em iniciativas vinculadas à luta contra a mudança climática até que esteja claro o alcance da futura regulação", segundo afirma o The Independent. .
A devastação da Amazônia e do bom senso
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O noticiário recente sobre os números da devastação da Amazônia é mais uma demonstração da incapacidade, ou desinteresse da imprensa em tratar os temas realmente fundamentais neste começo de século. Ao lado dos conflitos originados no processo de globalização, de fundo religioso, econômico ou como resultado da expansão de guerras tribais remanescentes de milhares de anos, certamente o tema da defesa da biodiversidade – com a conseqüente mudança nas matrizes de energia e modelos econômicos de exploração dos recursos naturais – é um dos mais relevantes do nosso tempo. E a Amazônia, que tem 60% de sua área em território brasileiro, se coloca no centro dessa questão. .
A sobrevivência da Amazônia está ameaçada, e não é pelas razões tradicionais – garimpeiros, madeireiros etc. Segundo o Greenpeace, nos últimos 35 anos a Amazônia Brasileira perdeu 17% de sua cobertura vegetal. O ritmo do desmatamento se acelerou a partir dos anos 80, com o avanço da pecuária, e vem sofrendo novo impulso há cerca de dez anos, com a expansão das áreas de plantio da soja. A pecuária e a produção de grão estão comprovadamente relacionadas à perda da floresta, e não há sinais de que essas atividades econômicas tenham resultado em benefícios para a maioria da sociedade brasileira. .
Um modelo econômico baseado na exportação das chamadas commodities – produtos de baixo valor agregado, como minérios in natura e grãos –, além de ser concentrador de riqueza, representa uma verdadeira motoniveladora nas bordas da floresta: na visão de empreendedores ignorantes e irresponsáveis, sai mais em conta derrubar a mata do que recuperar as áreas degradadas que deixam para trás. Sai "mais em conta" porque eles ficam com o lucro e dividem o prejuízo com o resto de nós. . Celebração do agronegócio .
E o que a imprensa tem com isso? Tem que a imprensa nunca faz a conta certa dessa economia. Quase todo mês, a mídia faz a celebração dos grandes números do agronegócio, e omite o custo real para o País, que é remetido para as gerações futuras de brasileiros. Agricultores e pecuaristas que se valem da destruição do patrimônio natural que é de todos para obter seus lucros são bandidos e deveriam ter suas terras confiscadas, em vez de serem ungidos como heróis da mídia e ainda contarem com o benefício dos subsídios governamentais. .
Durante os recentes debates sobre os números do desmatamento em 2007, divulgados com alarde pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e pela ONG Imazon, junto com o Ministério do Meio Ambiente, os jornais fizeram muito alarde sobre o anúncio de que a devastação havia se acelerado no último trimestre. No entanto, faltou a ligação entre o crime e suas motivações. .
Faltou dizer, por exemplo, que há um conluio entre autoridades e produtores rurais em Estados como Mato Grosso e Rondônia para produzir o fato consumado da redução da cobertura florestal e assim justificar um novo contorno para a Amazônia Legal, excluindo esses territórios das áreas "protegidas" por lei. Houve uma breve citação, mas fora de contexto, de uma relação direta entre o desmatamento e outros sintomas de ausência da autoridade do Estado nas chamadas novas fronteiras agrícolas: nos municípios campeões de desmatamento, principalmente no Mato Grosso, Rondônia e Pará, é onde são registrados mais freqüentemente os casos de trabalho escravo. .
Esses municípios são também os mais violentos do País, segundo o Mapa da Violência divulgado semana passada pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana. Apenas O Estado de S.Paulo se demorou um pouco mais em observar essa coincidência, mas há um corte na imprensa que impede o leitor de relacionar os problemas sociais com o modelo econômico apoiado pela mídia. .
Da mesma forma como o noticiário escandaloso sobre crimes de grande repercussão forma no cidadão comum opiniões pouco civilizadas sobre criminalidade e Justiça, a divulgação espalhafatosa de dados sobre a questão ambiental produz todo tipo de emoção, mas não ajuda a formar a consciência da população. Já se disse neste Observatório que a imprensa não se dispõe a fazer a crítica do sistema econômico. Apenas eventualmente se refere a suas mazelas, com abordagens fora de contexto. A questão crucial da preservação da diversidade biológica e do imenso patrimônio das nossas florestas não pode continuar motivando apenas manchetes indignadas. .
A insanidade de alguns predadores precisa ser contraposta ao bom senso do interesse coletivo e de longo prazo. Em algum momento, a imprensa precisa começar a refletir sobre a necessidade de um modelo econômico que contemple o futuro de todos, e não apenas o lucro imediato de seus heróis sem caráter. .
Texto: Fonte: Luciano Martins Costa, do Observatório da I / Postado em 09/02/2008 ás 12:04

5.2.08

31ª ROMARIA DA TERRA

Juventude - Luta e Resistência em defesa da Vida
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Mais de 15 mil romeiros e romeiras reuniram-se em Três Passos para celebrar a 31ª Romaria da Terra, neste dia 05 de fevereiro. Neste ano, a romaria tem como tema de reflexão a realidade e as perspectivas da juventude, celebrando também os 25 anos da Pastoral da Juventude Rural.
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A concentração ocorreu junto ao Santuário dos Mártires, Pe. Manuel Gonzáles e Adílio Daronch eseguiu em caminhada até a linha São Francisco, na propriedade da família Steinner. Durante a caminhada cenários retrataram a realidade da juventude e a memória da luta dos mártires da terra, dentre outros, ChicoMendes, Roseli Nunes, Ir. Dorothy.
O deputado Dionilso Marcon (PT) presente na Romaria, reafirmou a importância da permanência dos jovens nas pequenas propriedades rurais. “É fundamental promover políticas públicas nas áreas da agricultura, do lazer e, sobretudo, para qualificar os ensinos técnico e superior para estes jovens”, frisou o parlamentar, que defende o fortalecimento das universidades públicas federais e da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).
Na parte da tarde segue a programação com o momento cultural e político e encerramento previsto para às15h30, com benção e distribuição de mudas e sementes nativas e anúncio do local da 32ª Romaria da Terra, em 2009. Jornalista responsável: kiko Machado / Coordenação Romaria

O que será de nós? O que devemos fazer? Pergunta Ramonet sobre o FSM

“O movimento anti-globalização é hoje potencialmente forte como nunca foi antes e, em escala planetária, a única força em alguma medida organizada que resiste à globalização, mas não ele sabe o que fazer com essa força.” A opinião é de Ignacio Ramonet, editor do jornal Le Monde Diplomatique em entrevista ao jornal Freitag, 25-01-2008.
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Para Ramonet “chegou a hora de movimentos, como o Fórum Social Mundial, deixarem de ser de resistência e entrarem em uma nova etapa de lutas”. Ramonet avalia que é chegado o momento dos movimentos colocarem na pauta o tema do poder. Valemo-nos aqui da tradução espanhola para a revista eletrônica Sinpermisso, 28-01-2007. A tradução é do Cepat.
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Eis a entrevista.
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Que futuro aguarda o Fórum Social Mundial?
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Infelizmente, os movimentos sociais internacionais no momento tem sido incapazes de encontrar uma forma de articulação mais consistente que lhes permita agir unitariamente. Não está em condições de fixar objetivos que sigam uma mesma linha.
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Isso impede os movimentos sociais de responder adequadamente à situação atual?
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Exato. Atravessamos diferentes fases. A primeira consistiu em definir a globalização. Em meados dos anos 90, ainda não existia o movimento porque não se sabia contra quem lutar. Foi preciso que muitos intelectuais e muitas forças políticas definissem conjuntamente o inimigo e, o inimigo era a globalização. Na segunda fase se juntaram todos do Sul ao norte na luta contra a globalização. Têm-se evidentemente a impressão de que essas êxitos – particularmente, a fundação do Fórum Social Mundial – acabou por paralisar o movimento. O movimento é hoje, potencialmente, forte, como nunca antes. É, em escala planetária, a única força em alguma medida organizada que resiste à globalização, mas ele não sabe o que fazer com essa força. Desperdiçaram-se oportunidades, ao menos eu vejo assim. Hoje estaríamos em condições de levar a cabo lutas em escala mundial. Lembre-se apenas das grandes manifestações contra a guerra no Iraque. Chegou a hora de que movimentos, como o Fórum Social Mundial, deixem de ser movimentos de resistência e entrarem em uma nova etapa com outras formas de luta.
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Por que afirma isso com tanta ênfase?
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A ofensiva ideológica da globalização prossegue. Constatamos que o movimento já não amedronta os dominadores. Apenas falam dele. Desde que a Attac entrou em crise na França, a imprensa francesa já não fala da Attac, tampouco fala do Fórum Social Mundial. Preocupa esse silêncio, porque demonstra que os outros tem ganhado a batalha e, desde logo, por causa da dispersão. Por isso, creio que as organizações principais que constituem o Fórum Social Mundial estão obrigadas a se colocaram a seguinte pergunta: O que será de nós? O que devemos fazer? Em torno de tudo isso, a questão do poder se torna importante. Todo o movimento se formou com a base na idéia que não se pode tomar o poder. Eu me pergunto se isso continua sendo verdadeiro. A experiência na América Latina mostra que com o poder nas mãos se pode fazer algo. Isso na Europa é mais difícil devido a camisa de força que se transformou a União Européia.

Mais trabalho em situação subumana ... no RS

Ação do Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho e emprego detectou, a 38 quilômetros do centro de Uruguaiana, pela BR 472, uma propriedade rural que mantinha dez pessoas entre trabalhadores e familiares – conforme a subdelegada do MT no município, Ana Maria Torelly, - em condições subumanas. Entre os mais castigados pelo tratamento estavam o capataz e quatro alambradores. A notícia é do jornal Correio do Povo, 03-02-2008.
Nenhum deles soube dizer quanto recebiam e quando teria sido o último pagamento. Dormia em alojamento improvisado, junto a sacas de fertilizantes, agrotóxicos, veneno e outros químicos utilizados em lavoura de arroz, além de não haver banheiro e água potável para beber.
O estabelecimento pertence a quatro sócios, dos quais é arrendatário de boa parte da área. Trata-se de um negócio rural apresentado, aparentemente, uma situação jurídica complexa, acrescentou Ana Torelly. Na segunda visita de inspeção, realizada sexta-feira, dia 01-02-2008, além de fiscais do Ministério do Trabalho, também estiveram no local o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.
O arrendatário já havia oferecido melhores condições aos empregados faltando, porém, o registro em Carteira de Trabalho e outras exigências previstas em lei. Também uma arma sem registro foi encontrada de posse do empresário rural.
Ana Torelly revelou que a equipe de fiscais especializados em segurança e saúde ficou impressionada com a capacidade de dominação dos proprietários sobre os trabalhadores. Da mesma forma com que se surpreenderam com a existência de comportamento dessa espécie em uma região considerada de excelência na relações patrões e empregados.

'Cuba vai mudar, mas do seu jeito'. Entrevista com Ignacio Ramonet

O espanhol Ignacio Ramonet, diretor do jornal francês Le Monde Diplomatique, talvez seja o não-cubano que melhor conheça Fidel Castro e as entranhas de Cuba. Autor do livro Fidel Castro: Biografia a duas vozes (a maior entrevista já concedida pelo cubano), ele descarta transformações abruptas na ilha após a passagem de poder à nova geração. As mudanças, diz, serão diferentes daquelas vistas na China ou no leste europeu. Com a saúde debilitada, Fidel deu sinais que poderá abrir mão da presidência neste ano. O jornalista espanhol amigo de Fidel diz quem são e o que farão os líderes cubanos da nova geração. A reportagem e a entrevista são de Ricardo Mendonça e publicadas pela revista Época, 18-01-2008.
Eis a entrevista.
Fidel está com 81 anos, afastado poder há mais de um ano e, ao contrário do que muitos previam, principalmente nos EUA, isso não resultou em nenhuma mudança substancial do regime. O senhor tem alguma explicação?
Sim. Acredito que essas análises que os EUA faziam eram baseadas sobre seu próprio desejo, não sobre a realidade. Todos os observadores sérios sabiam que o regime era mais sólido do que dizia a administração dos EUA. A prova disso é o que tem ocorrido agora. Já estamos no pós-Fidel, em certa medida. Ele não está mais governando e, como você disse, não há nada excepcional. A situação é estável, não há protestos, as instituições são sólidas, tivemos eleições municipais, haverá eleições legislativas agora em 2008 e, depois disso, será escolhido o novo presidente.
Não são eleições viciadas?
Há um partido único e podemos pensar que isso não corresponda a uma sociedade sofisticada. Eu comentei isso com Fidel. Cuba é hoje um país com alto nível cultural, um nível educacional muito alto, muitos cientistas, técnicos, engenheiros, médicos. Então o partido único não é suficiente para refletir a sofisticação, a variedade, a pluralidade da sociedade cubana. Mas há um sistema de funcionamento democrático que merece ser bem observado. Os candidatos não podem ser apresentados pelo partido. Eles surgem da sociedade e são votados nas assembléias populares. Essas pessoas podem ser oponentes ao sistema, podem ser membros do partido. Mas muitos não são nem uma coisa, nem outra. São pessoas normais. Há pastores protestantes que são deputados, há sacerdotes, militantes cristãos que não concordam com a pena de morte, com algumas decisões.
Mesmo assim, continua sendo partido único.
O partido único se justifica no contexto de hostilidade que vive Cuba. Sempre que pensamos na evolução que poderia ocorrer em Cuba, temos que perguntar como irão evoluir os EUA com relação a Cuba. Irão suprimir o embargo econômico? Irão suprimir a pressão diplomática? Irão suprimir a ameaça militar, com invasões, terrorismo e apoio aos grupos que cometem atentados e sabotagens? Se pensarmos nisso, veremos que, apesar de tudo, em Cuba há um processo eleitoral muito interessante.
Raúl Castro, o irmão de Fidel que interinamente preside a ilha, tem idade avançada e dificilmente será sucedido por alguém que tenha participado da revolução de 1959. É razoável esperar algo diferente de um dirigente que não tenha participado da revolução?
Certamente. O mais provável é que o próximo presidente seja Raúl. Mas Fidel mesmo disse que Raúl não é a verdadeira sucessão, é a continuidade. O mais importante para a revolução é quando a nova geração assumir o poder. Mudanças evidentemente irão ocorrer, pois o contexto político não é mais o mesmo, Cuba não está mais isolada. Tem excelentes relações com Brasil, Argentina, Venezuela, Equador, Bolívia e Chile, entre outros.
Quem são esse possíveis substitutos da nova geração?
Carlos Lage (atual vice-presidente) tem uma trajetória interessante, pois vem da direção da juventude estudantil. Felipe Perez Roque (atual ministro das Relações Exteriores), foi presidente da federação de estudantes universitários e secretário pessoal de Fidel por muito tempo. Os dois têm excelentes relações com Raúl e Fidel. Há outros: Abel Prieto, ministro da Cultura, Ricardo Alarcón (presidente da Assembléia Popular), um homem muito culto. Todos são conscientes da necessidade de proteger a identidade e a independência de Cuba. Não estou falando de modelo econômico, mas filosófico.
E do ponto de vista econômico?
Há muita gente especulando se Cuba irá adotar o modelo chinês ou vietnamita. Desde 1959 Cuba tem tido aliados indispensáveis para resistir a pressão dos EUA. Mas separe que Cuba nunca adotou um modelo de maneira mimética: nunca foi semelhante à União Soviética. A organização da economia foi diferente, o setor agrícola foi preservado em cooperativas voluntárias, nunca de maneira violenta. Em muitos setores foram conservados os proprietários privados, como o de tabaco. Cuba sempre foi por uma via particular. Estou convencido que nessa nova etapa Cuba tratará de definir também uma via singular.
O senhor acha que o regime pós-Fidel, mesmo conduzido por pessoas de sua confiança, responderá às reivindicações reprimidas por mais participação democrática e oportunidades econômicas?
Isso é verdadeiro, Cuba tem muitos problemas na vida cotidiana. Problemas com alimentação, habitações e também com o transporte público. Mas neste momento, esses três problemas são os temas sobre os quais está trabalhando o governo. Num contexto geopolítico diferente, a sociedade irá evoluir. As novas gerações são conscientes que estamos em outra época.
Em Cuba há pena de morte, dissidentes presos, restrições para deslocamentos, inexistência de organizações independentes. Por tudo isso, o senhor não classifica Fidel como ditador?
Há pena de morte, é verdade, mas não é aplicada mais há cinco anos. Há uma moratória. O próprio Fidel me disse que, filosoficamente, é contra. Com relação aos dissidentes, é preciso ser prudente. De fato, há pessoas detidas, mas não pelo que pensam, mas pelo que fazem: organizar grupos financiados pela embaixada dos EUA. Fora isso, todas as personalidades importantes da dissidência estão em liberdade e têm suas atividades, como Martha Beatriz Roque, Vladimiro Roca e Oswaldo Payá. Quando você fala em penas altas, é preciso levar em consideração que Cuba é um dos países que mais sofre com o terrorismo. Grupos anti-cubanos de Miami já fizeram 3.500 mortos nos últimos 40 anos. E com relação a Fidel, ele se manteve muito tempo no poder, mas porque Cuba está sob muita hostilidade. Fidel é produto da história, fundador do Estado cubano, teórico da revolução, além de líder carismático. Ele é a estratégia da resistência cubana. Mas o sistema não está pensado para que outro dirigente fique 40 anos no poder.
Logo no começo da biografia-entrevista de Fidel, o senhor descreve o gabinete dele e cita um busto de Abraham Lincoln. Não lhe pareceu estranho a presença da estatueta de um presidente americano naquele local?
Fidel Castro, curiosamente, tem grande admiração por Lincoln. Não sei se você se lembra, mas a primeira viagem de Fidel após a revolução de 1959 foi para os EUA. Ele foi visitar o Congresso e se inclinou na frente da imensa estátua branca de Lincoln. É porque Lincoln foi o libertador dos escravos. Para Fidel, foi uma figura muito importante. Mas Fidel nunca escondeu sua admiração por John Kennedy, Jimmy Carter ou Bill Clinton. As relações sempre foram difíceis com Ronald Reagan e Bush filho.

Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz