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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

13.5.07

A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO VIVE

BRASIL DE FATO
Uma visão popular
do Brasil e do mundo

A Teologia da Libertação vive. Por isso, Ratzinger vem ao Brasil
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Principal objetivo é tentar frear o êxodo de fiéis na América Latina, região que abriga metade dos católicos do mundo; canonização de frei Galvão seria apenas um detalhe, na visão de teólogos da libertação, que acreditam que sua “opção preferencial pelos pobres” seja o verdadeiro alvo
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08/05/2007
Marcelo Netto Rodrigues
da Redação
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Pergunte a um católico comum por que o papa vem ao Brasil, e a ladainha será a mesma: “Bento XVI vem canonizar frei Galvão, o primeiro santo genuinamente brasileiro”. Tente perguntar a um leigo, e a sua resposta virá acrescida de uma sigla enigmática para os que não acompanham a história da Igreja: “Ele vem para a abertura da 5ª Conferência do Celam”.
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Agora, pergunte a representantes da Teologia da Libertação, e a jovial visita de Ratzinger transmuta-se em recado claro no qual frei Galvão é apenas o coadjuvante popular de um plano para conter o êxodo católico; e a Conferência, o palco principal para atacar os que vivem sob o prisma da “opção preferencial pelos pobres” – opção aliás germinada em Medellín (Colômbia), em 1968, durante a 2ª edição do encontro, e regada na reunião seguinte em Puebla (México), em 1979.
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Bento XVI não escolheu o Brasil por acaso para sua primeira viagem ao continente americano como papa. Sua estadia, mesmo que curta, pode traçar os rumos da Igreja na América Latina para os próximos dez anos. Isso porque tradicionalmente a fala inaugural da Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (Celam) – que será feita por Ratzinger no mesmo dia em que deixa o país, dia 13 de maio – serve para demarcar o terreno das discussões, que desta vez serão travadas por 280 bispos que permanecerão reunidos em Aparecida até o dia 31 de maio.
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E é justamente aí que entra a preocupação de Ratzinger, que pisará em território brasileiro pela terceira vez no dia 9 de maio – a primeira foi em 1985, logo após o processo contra o teólogo brasileiro Leonardo Boff, e a segunda, em 1990, para ministrar um curso a bispos brasileiros no Rio de Janeiro. Quase metade dos católicos existentes no planeta mora na América Latina. São 480 milhões de fiéis que pouco a pouco estão abandonado a Igreja Católica – de acordo com teólogos da libertação ouvidos pelo Brasil de Fato, por sua inteira culpa. E Ratzinger espera que sua fala tenha influência direta nas linhas de ação pastoral tiradas pelos bispos ao final do encontro.
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Como curiosidade dessa batalha entre a Igreja Católica e as igrejas neo-pentecostais, basta dizer que a Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo, acaba de anunciar a distribuição de camisinhas para seus fiéis, seguindo o exemplo do que já tem sido feito pela própria Universal na África do Sul.
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Tira-gosto
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Essa linha de argumentação sustenta em parte a opinião do padre João Pedro Baresi, comboniano alinhado à Teologia da Libertação. “A vinda de Ratzinger faz parte de um plano em que a maior preocupação é com o êxodo dos católicos”, mas não só isso. Para Baresi, o papa também vai aproveitar a viagem para tentar “dar um basta à Teologia da Libertação” - já que Ratzinger credita à Teologia da Libertação a responsabilidade pela perda crescente de fiéis desde sua afirmação na década de 1960 enquanto teologia.
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“O que o recém-empossado arcebispo de São Paulo dom Odilo Scherer disse dias atrás, de que o tempo dessa teologia passou, pode ser um tira-gosto disso”, acredita Baresi. E nesse contexto, a fala inaugural da Conferência do Celam é importantíssima para que o papa dê o seu recado. “A canonização de frei Glavão complementa o plano: “é a religiosidade popular católica usada para segurar o povo em êxodo.”
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Ainda sobre dom Odilo, Baresi complementa: “Que ele documente a sua declaração. Segunda coisa, o que importa não é a Teologia da Libertação, mas a libertação, como sempre fala Gustavo Gutierrez. Se alguém tiver algo melhor que contribua para o compromisso da libertação à luz da da fé, que indique”.
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Mas a declaração de Scherer não é a única pista deixada pelo papa atual no meio de seu trajeto à América Latina. A recente advertência do Vaticano ao jesuíta alinhado à Teologia da Libertação Jon Sobrino, que vive em El Salvador, soa como uma nova condenação de Ratzinger a essa chave de interpretação do Evangelho.
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Teologia da Libertação vive
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O monge beneditino Marcelo Barros defende que a Teologia da Libertação só estaria superada se as condições e motivos pelos quais ela nasceu tivessem passado. “Ora, todos sabemos que, ao contrário, a pobreza injusta e a desigualdade social aumentaram muito, como também se pode dizer que está mais organizada a ressurgência de movimentos populares, indígenas e camponeses, assim como, no mundo todo, cresce o número dos que se organizam para que um mundo diferente seja possível. Como muitas dessas pessoas são crentes, cristãos ou de outras religiões, não somente a Teologia da Libertação continua válida, como ela deixou de ser só latino-americana para ser mundial.”
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Barros, que pertence à Comissão Teológica da Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo, diz que tem ocorrido uma aproximação entre a Teologia da Libertação e a Teologia do Pluralismo Cultural e Religioso. “Isso significa que existe hoje uma Teologia da Libertação inter-religiosa e não somente cristã. Com uma ampla literatura não existente antes sobre Teologia Negra, Teologia Indígena, Teologia Feminista... Eco-teologia... que passam a ser considerados ramos novos da Teologia da Libertação.”
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O dominicano Frei Betto também foi contactado pela reportagem, mas foi informada por sua assessora que Betto estava em Cuba, e em virtude do acesso à internet ser dificultado pelo bloqueio dos Estados Unidos, ele não poderia responder.
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Leonardo Boff e Ratzinger: velhos conhecidos
A condenação de Boff em processo conduzido pelo então cardeal Ratzinger completa 20 anos; a única que coisa que mudou é que ele virou papa
08/05/2007
Marcelo Netto Rodrigues,
da Redação

O alemão Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI, é um velho conhecido do teólogo Leonardo Boff. Em setembro de 1984, na condição de cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé – novo nome dado ao antigo tribunal da Inquisição –, Ratzinger conduziu o interrogatório que culminou com a condenação de Boff a um ano de “silêncio obsequioso”, em razão de suas teses ligadas à Teologia da Libertação, apresentadas no livro "Igreja: Carisma e Poder".
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À época, Boff foi obrigado a sentar-se na mesma cadeira que Galileu Galilei sentou 400 anos antes. E escutou de Ratzinger as seguintes palavras: “Eu conheço o Brasil, aquilo que vocês fazem nas Comunidades Eclesiais de Base não é verdade, o Brasil não tem a pobreza que vocês imaginam, isso é a construção da leitura sociológica, ideológica, que a vertente marxista faz. Vocês estão transformando as Comunidades Eclesiais de Base em células marxistas”.
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Dom Paulo Evaristo Arns, que acompanhava Boff no tribunal, retrucou no momento apropriado. Referindo-se a um documento que, havia saído três dias antes, condenando a Teologia da Libertação, disse: “Cardeal Ratzinger, lemos o documento e ele é muito ruim. Não o aceitamos porque não vemos os nossos teólogos dizendo e pensando o que o senhor diz da Teologia da Libertação. Se quero construir uma ponte, chamo um engenheiro, e o senhor, para construir a ponte, chamou um gramático, que não entende nada de engenharia”.
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Mais de 20 anos após o encontro entre os dois no salão do Santo Ofício, no Vaticano, Leonardo Boff discorre em entrevista sobre quais seriam as reais razões que trazem – o agora – papa Bento XVI ao Brasil. Apesar do tempo, as motivações de Ratzinger, na opinião de Boff, continuam a ser as mesmas da época de sua condenação.
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Brasil de Fato – Na realidade, por detrás do discurso oficial, em sua opinião, por que Ratzinger vem ao Brasil nesse exato momento?
Leonardo Boff – Com ou sem o papa aconteceria a 5ª Conferência dos Bispos Latino-Americanos que se realiza a cada dez anos. A reunião iria se realizar em Quito, no Equador. Mas quando o atual papa soube da espantosa emigração de católicos que ocorre cada ano rumo a outras denominações evangélicas de cunho carismático e popular decidiu fazer a reunião no Brasil. Seguramente, a intenção é sustar esta sangria no corpo católico. Talvez chegue a acusar o engajamento dos cristãos em questões políticas e sociais, como a principal causa desta emigração católica. Mas esta explicação representaria falta de auto-crítica. Onde há igrejas engajadas como em São Paulo a saída é bem menor do que onde está ausente esta dimensão como é o caso claro do Rio de Janeiro. Nesta Igreja, as Comunidades Eclesiais de Base foram perseguidas e os teólogos da libertação proibidos de qualquer atividade. Impôs-se uma Igreja rígida com os dois ouvidos voltados para Roma e longe dos miseráveis. Eu falei na diocese do papa em Roma, perto do Vaticano, mas nunca pude dar uma palestra sequer, em 20 anos de atividade teológica, no Rio de Janeiro por causa da pronta proibição de dom Eugênio, hoje já aposentado. A causa principal da saída dos católicos é a falta de inovação no seio da Igreja, é a rigidez dogmática de seus ensinamentos, é a falta de bom senso nas questões de moral e de sexualidade onde ela mostra um rosto cruel e sem piedade, é a proibição de se fazer qualquer criação no campo litúrgico, mesmo em se tratando de culturas diferentes como aquela dos indígenas e dos afro-descendentes. A maioria dos católicos não está mais sentindo sua igreja como um lar espiritual. Ou sofre e tolera com dor a mediocrização a que todos estão submetidos ou simplesmente abandona a Igreja. O papa deve enfrentar-se com esta questão. Temo que siga o caminho mais fácil de culpabilizar os outros e não fazer auto-crítica sobre o tipo de presença que a Igreja está tendo na sociedade.
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O senhor acredita que Ratzinger irá aproveitar o simbólico 13 de maio – por coincidência mesmo dia em que João Paulo II sofreu o atentado em 1982 e dia de Nossa Senhora de Fátima para anunciar a beatificação de João Paulo II em Aparecida?
Boff – Não creio que fará aqui a beatificação de João Paulo II. Ele é um santo para os europeus, italianos, polones e os movimentos conservadores que sempre bajularam o papa. Lá é o ambiente adequado para a sua beatificação e santificação. Nós não contamos muito para o Vaticano, pois somos periféricos. Querem que cresçamos, mas desde que sempre submissos aos ditames emanados de Roma. Quer dizer, nos querem cristãmente colonizados e neocolonizados.
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Sobre as declarações de dom Odilo Scherer de que a "Teologia da Libertação já passou". O que o senhor teria a dizer a ele?
Boff – Suas declarações mostram o nível de desinformação e alienação que esse arcebispo tem a respeito das coisas internas da própria Igreja que ele, por profissão, deveria conhecer. Os teólogos da libertação que eram e são maioria no Brasil estão ainda vivos, produzem teologia e não se tem notícia que se tenham reconvertido à uma teologia distanciada do povo e da caminhada das comunidades. A Teologia da Libertação nasceu ouvindo o grito dos pobres e excluídos. Esses aumentaram no mundo inteiro. Bom seria se não existissem mais. Mas seu grito virou clamor. É o que faz com que a Teologia da Libertação mantenha vigência e continue pensando a partir dos crucificados para que possam ressuscitar. Se com o desaparecimento da Teologia da Libertação, como pensa o arcebispo de São Paulo, tivessem desaparecido também os pobres e os excluídos, então ele seria um sério candidato a prêmio Nobel de Economia. Conseguiu o feito messiânico de libertar a Terra de todos os filhos e filhas condenados e junto com isso libertado a Igreja da Teologia da Libertação.
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Leonardo Boff: o Vaticano está alienado da realidade da Igreja
Para o teólogo, condenação do jesuíta Jon Sobrino abre o caminho para a visita do Papa Bento XVI ao Brasil
26/03/2007
Eduardo Sales Lima,da redação
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Em entrevista, Leonardo Boff, téologo e o colunista do Brasil de Fato, avalia que a decisão do Vaticano de condenar o jesuíta salvadorenho Jon Sobrino no começo de março se relaciona com a visita do Papa Bento XVI ao Brasil. Segundo o religioso, um grupo de Igreja Católica guarda rancor da Teologia da Libertação e o Vaticano preocupa-se apenas com a hierarquia.
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Brasil de Fato: A condenação a Jon Sobrino é um recado da ala conservadora da igreja?
Leonardo Boff: Para mim é uma reação dos grupos no Vaticano que guardam rancor à teologia da libertação porque ela continua viva em todos os continentes, embora menos visível que antigamente. Provavelmente está por detrás o grupo da Colômbia com os Cardeais Alfonso Lopez Trujillo, Dario Castrillon Hoyos, e o Cardeal Barragan do México bem como o brasileiro que trabalha com eles, o bispo Dom Karl Josef Romer que montou o processo judicial contra mim. Eles querem limpar o caminho para a chegada do Papa ao Brasil. Só que puseram pedras demais e o efeito poderá ser contrário. Provavelmente o Papa deverá dar explicações ou então piorar ainda mais a condenação. Será um teste se ele pretende manter a paz e a unidade no campo teológico ou se prefere a ruptura dilaceradora em nome de uma ortodoxia rígida e distanciada do bom senso e do sentido da história de nossos provos crucificados pela injustiça.
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BF: Os argumentos dados pelo Vaticano para a condenação têm fundamento?
Boff: Os argumentos não se sustentam quando lemos os textos de Jon Sobrino. Ele mesmo, submeteu a vários especialistas na area da cristologia, seus vários livros, a Sesboué da França, a Gonzáles Faus da Espanha, a Carlos Palacio do Brasil e a outros. Ninguém deles achou qualquer erro ou risco para os fiéis.
Mas quando existe previamente o "furor condenatório" não valem as razões mas a vontade arbitrária das autoridades que se regem pelo autoritarismo patriarcal que preside as relações internas da Igreja. Sua condenação é uma ameaça a todos os teólogos que pretendem fazer teologia a partir dos pobres, ou como prefere Jon Sobrino, a partir das vítimas e dos povos crucificados.
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BF: O Vaticano sufoca as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs)?
Boff: Para o Vatincano as CEBs não existem. Eles se orientam pelo direito canônico. Este não prevê nada para elas. Talvez "pias associações" coisa que eles efetivamente não são. Em razão disso, nenhum representante das CEBs seja leigos, seja padres, religiosos/as ou bispos foram escolhidos para estarem presentes na V Conferência Espiscopal da América Latina e Caribe (Celam) em Aparecida. Isso mostra apenas o quanto o Vaticano está alienado da realidade concreta da Igreja. Para ele, na verdade, só conta a hierarquia. O resto são como "garis" da Igreja, simples leigos, frequeses de paróquias e consumidores de bens simbólicos que eles, os padres e hierarcas somente produzem.
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BF: Como a Teologia da Libertação aborda temas atuais como trangênicos e aquecimento global?
Boff: A teologia da libertação há muito vinha denunciando que a exploração que se move contra as pessoas, as classes, os países, os ecossistemas, se dirige também contra a Terra como um todo. Na opção preferencial pelos pobres, marca registrada da Teologia da Libertação, deve entrar a Terra, pois é o grande pobre, oprimido e devastado. O aquecimento global é resultado desta agressão sistemática da Casa Comum. A Teologia da Libertação tem elaborado toda uma ética do cuidado, da responsabilidade, da proteção e salvaguarda da herança que recebemos da Terra e do universo e uma verdadeira mistica do respeito e da reverência para com o Mistério da Criação, chamado a ser o Corpo da Trindade. Agora nos resta cuidarmos mais ainda, adaptarmo-nos às mudanças inevitáveis e minorar os efeitos maléficos.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz