"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"
Bancários confirmam participação na greve geral de sexta-feira
"Contra o desmonte de todos os direitos dos trabalhadores, vamos participar desse dia de luta, paralisações e mobilizações", anunciou Ivone Silva, presidenta eleita da categoria em São Paulo
por Redação RBApublicado 27/06/2017 10h38, última modificação 28/06/2017 19h33
JUCA VARELLA/SPBANCÁRIOS
Na quadra dos bancários, representantes confirmaram adesão da categoria ao movimento
São Paulo – Bancários de São Paulo cruzarão os braços na próxima sexta-feira (30), aderindo à paralisação convocada pelas principais centrais sindicais e movimentos sociais contra as reformas do governo Temer. A categoria se reuniu nesta segunda (26) em assembleia na quadra do sindicato e decidiu por unanimidade paralisar as atividades.
"Contra o desmonte de todos os direitos dos trabalhadores, vamos participar desse dia de luta, paralisações e mobilizações, que é a greve geral", afirmou Ivone Silva presidenta eleita do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, que toma posse em 8 de julho.
Ivone destacou que a assembleia referendou consulta feita pela entidade nos locais de trabalho, em que 80% de 13.666 bancários ouvidos votaram optaram pela paralisação contra a retirada de direitos promovida pelo governo Temer.
A atual presidenta, Juvandia Moreira, classificou as propostas de reforma trabalhista e da Previdência como "contrarreformas que desmontam direitos" e destacou suas consequências para os trabalhadores.
"Uma acaba com a aposentadoria. A outra, acaba com a carteira de trabalho. Vai transformar todo trabalhador em alguém que faz bico", afirmou Juvandia, que destacou ainda que, com a proposta fragilização dos vínculos trabalhistas, o trabalhador vai poder se associar a várias empresas sem saber ao certo a sua carga de trabalho e a remuneração ao final do mês. Ela criticou também outra cláusula da reforma que pretende excluir das convenções coletivas os trabalhadores que ganham mais R$ 11 mil.
Por sua vez, o presidente da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Roberto von der Osten, conclamou os bancários de todo o Brasil a cruzar os braços. "Se todos paralisarmos as atividades, construiremos uma grande greve."
A proposta de reforma trabalhista segue em tramitação no Senado. Após derrota na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) na semana passada, o projeto pode ser apreciado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta quarta-feira, última etapa antes de ser apreciado pelo conjunto dos senadores em plenário.
Já a reforma da Previdência está ainda em fase preliminar. O governo admite o desgaste com o atraso na votação e declarou que espera levar a proposta ao plenário em agosto, após o recesso parlamentar. Já os trabalhadores e movimentos pretendem resistir a esse calendário e barrar as mudanças pretendidas.
A CUT lançou na manhã desta quinta-feira (22), em São Paulo, durante reunião da Direção da Central, a plataforma 'Na Pressão' (napressao.org.br) uma ferramenta para cobrar autoridades como parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por meio de e-mail, telefone e das redes sociais será possível enviar mensagens e participar de campanhas cadastras no site. Já estão no ar as mobilizações de combate às reformas Trabalhista e Previdenciária e de defesa das Diretas Já!
Apenas na primeira hora de lançamento foram mais de sete mil e-mails enviados, o que comprova, conforme aponta o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, a necessidade de ter uma plataforma para chegar às bases parlamentares de maneira rápida e objetiva.
"As nossas ações no local de votação e de trabalho se faz muito mais eficaz do que a ida a Brasília onde sequer temos acesso aos deputados e senadores, enclausurados em seus gabinetes. Todas as vezes que conversamos com eles, dizem que o que os deixam com medo é justamente a pressão nas bases, então, a ideia é justamente furar o bloqueio e mostrar a indignação dessas bases", falou.
Secretário de Comunicação, Roni Barbosa, reforçou que o instrumento está aberto a qualquer organização que deseje defender a democracia. "A plataforma é construída pela CUT, mas não é feita apenas para nós e nossa base. Qualquer entidade que queira cobrar as autoridades e fazer uma campanha em defesa dos direitos trabalhistas e sociais pode entrar conosco para promovermos juntos essa luta", explicou.
Como funciona
O 'Na Pressão' é um banco de dados que permite acessar os contatos de autoridades que irão decidir sobre projetos e leis. Já estão cadastrados os contatos de parlamentares e ministros envolvidos com as Reformas Trabalhista e Previdenciária, além de ministros do STF, que tratarão da proposta de eleições diretas em caso de saída do ilegítimo Michel Temer (PMDB).
Quem acessar poderá ver a foto da personalidade e os meios para enviar mensagem. O site também disponibiliza uma sugestão de texto para encaminhar e permite refinar a busca por diversos critérios que vão desde gênero até região.
É possível acionar, por exemplo, apenas deputados de São Paulo ou acionar o botão ultrapressão para cobrar todos os parlamentares favoráveis à Reforma Trabalhista.
"O público não é imbecil, ele é tornado imbecil pela mídia comprada, direta ou indiretamente, para fazer este papel". A sentença é do sociólogo Jessé Souza, ex-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
Autor de "A tolice da inteligência brasileira" e "A radiografia do golpe", Jessé explica na entrevista a seguir, concedida ao jornalista Paulo Henrique Arantes, como e por quê pregadores do ódio ganham espaço no mundo, o papel da Globo no fenômeno Bolsonaro e a maneira como o capital financeiro se apossa do estado.
Por que a extrema-direita ganha espaço no mundo?
Eu acho que o avanço da direita tem a ver com uma relação de forças que é internacional. O capitalismo financeiro cria uma nova relação com a política que é desvalorizada para ser capturada. A política sempre foi influenciada pelo dinheiro, obviamente, mas você tinha contrapesos antes, os quais você não tem mais. O capital financeiro age globalmente, planetariamente, e a reação a ele é nacional, local, fragmentada, frágil.
O golpe no Brasil teve uma articulação internacional, foi o interesse do capital financeiro em se apropriar de tudo que possa rapinar: pré-sal, Petrobrás, destruir o capital tecnológico de empreiteiras, orçamento público, etc. Tudo com ajuda nacional da mídia e dos seus sócios internos. Dentre eles o aparelho jurídico do Estado que funcionou e funciona, com ou em consciência disso, como "advogados do capital financeiro" internacional. O capital financeiro quer uma captura direta da política e do Estado.
O primeiro motivo é que a própria realização de lucro do capital financeiro exige e vai exigir cada vez mais desigualdade. Isso reflete numa nova forma de expropriação do trabalho coletivo que é via orçamento – aliás pago pelos pobres e apropriado pelos rentistas -, e é precisamente o que acontece no Brasil, o golpe foi feito para isso. Agora, inclusive, a ação do capital financeiro ficou mais nítida no Brasil do que em qualquer outro lugar.
Como o capital financeiro se apodera da política?
Quando ele desvaloriza a política, as instituições políticas, usando a mídia e a balela da "corrupção seletiva", só dos políticos, escondendo a corrupção legal e ilegal do mercado que compra direta ou indiretamente a mídia e a própria política. Nesta quadra histórica, o dinheiro está se apropriando da política completamente.
A própria linguagem do dinheiro criminalizou a política. O Dória no Brasil é o melhor exemplo disso, e o Trump nos EUA, quando diz: "você deve me eleger porque eu não sou político". Você só pode dizer isso porque a "corrupção real", que é a do mercado, por meios legais e ilegais, é tornada invisível pela mídia.
A base de tudo tem a ver com isso: você tem que imbecilizar o público. O público não é imbecil, ele é tornado imbecil pela mídia comprada direta ou indiretamente para fazer este papel.
O populismo de direita que vemos hoje crescer no mundo todo carrega o risco de um novo fascismo?
O fascismo assumiu a forma que assumiu nos anos 30 pelas circunstâncias históricas. Eu acho que o que está acontecendo agora é sim uma forma de fascismo. Ele não precisa assumir a forma que assumiu na década de 30. Hoje ele exerce mais uma violência simbólica, "imbecilizando" o público, por exemplo, ao invés de usar majoritariamente a violência física, como o antigo fascismo, embora a violência física seja utilizada hoje em dia também.
Esses novos líderes, todos eles, têm a ver com a reação dos perdedores do capital financeiro que são a imensa maioria. O Bernie Sanders foi uma reação racional, que conseguiu forte penetração na juventude intelectualizada. O Trump é a resposta menos inteligente, emotiva, que pede um "bode expiatório", lá os mexicanos e aqui os pobres beneficiados pelo PT, o ódio, é a linguagem fascista sobre o medo. É a versão que está ganhando aqui.
Por que o discurso populista de direita, que prega o ódio, alcance tanta receptividade?
A base do fascismo no Brasil é a classe média. A mídia manipula o falso moralismo dessa classe para que sirva de "tropa de choque" dos interesses inconfessos das elites. O grande elemento aí, que é sempre esquecido, é a mídia. A mídia é o partido da elite que rapina o país.
A mídia representa, antes de tudo, interesses, mas "tira onda" de neutra. Como esses interesses elitistas são difusos, a mídia concentra e sistematiza esses interesses e dá boca para eles. O capitalismo, o dinheiro, não tem boca – a mídia é a boca do dinheiro, então ela vai manipular o povo a partir disso.
Não há um papel positivo na atuação da mídia?
Não sei se concordo contigo. De que papel e de que mídia você se refere? Não existiria Bolsonaro como opção viável sem a Rede Globo. Você tem que lembrar, apenas para ficar num único exemplo que pode ser multiplicado milhares de vezes, como eu me lembro, do jornalista Merval Pereira, no jornal da "Globo News", falando que vazamento ilegal não é nenhum problema real, que isso é "normal" e acontece sempre – imagine coisas assim ditas 500 vezes ao dia.
Como não existe contraposição de opiniões, você vai criando um terreno favorável a preconceitos contra os direitos individuais e, portanto, contra a própria democracia. Quando você cria o terreno, fica fácil para um cara como o Bolsonaro entrar, pois ele vai ocupar um espaço que foi "construído" para ele.
É a mesma coisa do Trump. Você criou esse discurso virulento com a criminalização da esquerda. Você criminaliza e torna suspeito todo discurso que tenta proteger os mais frágeis. E quando você criminaliza esse discurso, você abre espaço para a violência explícita. E quem fez isso foi a imprensa, não o Bolsonaro.
Dias atrás, outro exemplo entre milhares, eu vi, também na "Globo News" – que a classe média feita de tola assiste massivamente – a turma de "analistas" dizendo no Jornal das Dez que foi Cabral quem quebrou o Rio. É uma deslavada mentira. Quem quebrou o Rio foi a mídia, comandada pela Globo, associada à Lava Jato, que destruiu os empregos da Petrobrás e de toda sua cadeia produtiva que é vital ao Rio.
Foram bilhões de reais e milhões de empregos perdidos. Depois você diz que foi a propina do Cabral. É claro que Cabral perdeu a noção das coisas. Mas o que ele roubou é uma gota nesse oceano. É assim que você produz uma fábrica de mentira cotidiana. O público não tem defesa contra isso.
Alguns políticos evangélicos não se enquadrariam entre os populistas de direita?
É claro que sim, mas eu acho que temos de separar muito bem essas coisas. O fato de esses indivíduos serem demagogos de direita não significa que toda a clientela evangélica o seja. Ela está sendo obviamente cooptada, de novo pelo trabalho da imprensa.
Como esses evangélicos são de classes populares, isso vira mais um preconceito da classe média contra as classes populares, contra a "burrice" das classes populares etc. Isso é uma coisa ruim, e falsa: em termos de inteligência, a mais burra, melhor, a mais feita de tola de todas as classes foi a classe média, que a partir de agora vai ter obrigatoriamente de pagar muito mais que pagava antes por tudo. Já está acontecendo.
Para você apoiar a destruição do Estado via captura do orçamento para o rentismo e a privatização, agora muito mais cara, dos serviços que o Estado presta, você tem que ser uma entre duas coisas: rico ou otário. É essa a questão que as pessoas que têm que responder sem medo e com sinceridade.
Mais uma vez: as pessoas não nascem tolas, elas são feitas de tolas. E para mim a fábrica da tolice no Brasil é uma mídia que se apresenta como neutra e "serviço público" para, sorrateiramente, destilar seu veneno todo dia. Ela ganha dinheiro e poder com isso e representa os interesses de uma elite predatória.
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Esta terça-feira (20) será marcada por novos atos em todo Brasil contra as reformas trabalhista e daPrevidência. A mobilização, organizada por nove centrais sindicais também pede por eleições Diretas Já. A Central única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores Brasileiros (CTB), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central, CSP-Conlutas, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Intersindical estão unificadas na preparação para a Greve Geral do dia 30 de junho.
Com o avanço da reforma Trabalhista no Senado (PLC 38/2017), as centrais ampliaram o peso dado para os atos desta terça. Após as mobilizações dos dias 8, 15 e 31 de março, a centrais orientam suas estaduais e ramos a ampliarem a pressão sobre os parlamentares que irão votar o texto.
A CUT orienta que, nesta terça, pela manhã, as suas organizações filiadas, em conjunto com as demais centrais emovimentos sociais, organizem panfletagens em terminais de ônibus, estações de trem e de metrô; e caminhadas pelo centro das respectivas cidades para dialogar com a população.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, defende que a greve geral "é a celebração com conteúdo de classe".
Em São Paulo, a mobilização começa pela manhã, com concentração na Praça Patriarca, às 10h, para panfletagem e caminhada unificada das centrais. Às 17h, ocorre o ato unificado na Praça da Sé, com todas as centrais, além da Frente Brasil Popular e Frente Povo sem medo.
"Durante o dia, faremos uma caminhada pelo centro da cidade com comerciários, municipais, trabalhadores do ramo bancário, entre muitas outras categorias. Também ocorrerão assembleias nas portas de fábrica e, no final do dia, vamos fazer um 'arraiá' contra a retirada dos direitos nesta luta contra as reformas", afirmou o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.
Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, haverá, às 5h da manhã, um mutirão no Aeroporto Internacional Salgado Filho. Às 17h30, acontecerá um ato no Largo Glênio Peres, no centro da capital gaúcha.
O ato no Aeroporto visa pressionar os deputados e senadores gaúchos que integram a base do presidente ilegítimo Michel Temer, para que votem contra as reformas da Previdência e trabalhista.
Já o ato no final da tarde no Largo Glênio Peres "irá fortalecer a mobilização das centrais sindicais e movimentos sociais rumo à greve geral para mostrar a população". "Vamos parar novamente o Brasil para defender os direitos dos trabalhadores e impedir retrocessos civilizatórios", salienta o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
Em Florianópolis, haverá panfletagens pela manhã em fábricas e portas de escolas e um grande ato político e cultural, a partir das 16h30, em frente à Catedral Metropolitana.
"Dia 20 será o esquenta para a Greve Geral e vamos fazer uma manifestação que reunirá diversas categorias em defesa dos direitos que esse governo ilegítimo e esse Congresso com parlamentares golpistas querem roubar", falou a presidenta da CUT-SC, Anna Rodrigues.
Entidades ligadas a CUT também programam panfletagem e diálogo com a população em diversos bairros de Manaus (AM) e, em Fortaleza (CE), no aeroporto Pinto Martins, a partir das 4h30, além de mobilizações nas capitais do Pará, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte e Tocantins.
Também há manifestações programadas para Salvador, na Bahia, às 15h no bairro de Campo Grande; em São Luís do Maranhão, com concentração na Praça João Lisboa, às 16h; em Minas Gerais, com audiência públicas sobre a situação das hidrelétricas mineiras, às 14h30, na Assembleia Legislativa e diálogo com a população nas estações do metrô e de ônibus; e no Mato Grosso com panfletagem a partir das 7h30 no centro de Cuiabá.
Greve dos agentes de saúde
Também está marcada para a terça-feira o início da greve dos Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) e dos Agentes de Combate às Endemias (Aces) de todo os país.
Convocada pela Federação Nacional de Agentes de Saúde e de Combate às Endemias (Fenasce), a greve tem como pontos centrais de sua pauta de reivindicação o reajuste do piso salarial nacional, que está congelado desde que foi criado, em 2014, e a formação de uma mesa nacional de negociação para discutir o piso e as demais demandas da categoria. Os atos e manifestações serão descentralizados pelos Estados e municípios.
Mobilizações históricas
No dia 28 de abril, o Brasil parou em uma greve geralhistórica, que mostrou que o povo está disposto a lutar contra a retirada de direitos promovida pelo governo golpista. Nas principais cidades brasileiras, além da paralisação de trabalhadores de setores importantes, houve trancaços em avenidas e vias, além de manifestações durante todo o dia. As ruas vazias pela manhã, em decorrência da greve, contrastaram com grandes atos contra as medidas do governo golpista ao longo da sexta-feira.
Convocada como resposta as reformas da Previdência e trabalhista, a greve foi muito além dos sindicatos e envolveu toda a sociedade. Segundo as centrais sindicais, 40 milhões de brasileiros aderiram à greve em todo o país. Escolas e universidades públicas e particulares, bibliotecas e museus, por exemplo, não funcionaram. O movimento também não se limitou às capitais, e se espalhou por todo o Brasil, das metrópoles às cidades menores.
Além disso, as mobilizações contra os retrocessos também contam com o apoio da classe artística em todo Brasil. Os artistas já ocuparam as ruas de quatro cidades pedindo por Diretas Já neste ano. Na última sexta-feira (16), mais de 40 mil pessoas tomaram as ruas de Belo Horizonte em mais um ato por eleições " Diretas Já". A manifestação teve shows de diversos artistas e a participação maciça de estudantes que participam do 55º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (UNE). O ato se concentrou na Praça Afonso Arinos e seguiu em passeata até a Praça da Estação, onde aconteceram apresentações de artistas como Fernanda Takai, Erika Machado, Juarez Moreira, Chiquinho Amaral, Adriano Queiroga, Fábio Paladino e outros.
No dia 11 de junho, foi a vez de Salvador (BA). Um dos maiores cartões postais da Bahia ficou pequeno para aglutinar um verdadeiro mar de pessoas no Farol da Barra. Artistas consagrados no cenário nacional e internacional se uniram as centrais sindicais e mais de 80 mil trabalhadores baianos para exigir a saída do presidente Michel Temer e clamar por eleições diretas no país.
Em São Paulo, o ato aconteceu no dia 4 de junho. Mais de 100 mil pessoas ocuparam o Largo da Batata em um grande ato organizado por artistas, produtores culturais e grupos de carnaval, exigindo eleições Diretas Já e Fora Temer. Participaram vários nomes da música brasileira, como Tulipa Ruiz, Rael, Maria Gadú, Otto, Edgard Scandurra, Pitty, Paulo Miklos, Criolo, Emicida, Mano Brown, Chico Cézar e outros. Entre uma canção e outra, os artistas falaram da importância de eleições diretas como única saída para superar a crise política de maneira democrática.
Primeiramente digo "ex", porque apesar de dizerem ser vitalício, o cargo de membro do ministério público, aposentei-me para não ter que manter relação de coleguismo atual com quem reputo ser uma catástrofe para o Brasil e sobretudo para o sofrido povo brasileiro. Sim, aposentado, considero-me "ex-membro" e só me interessam os assuntos domésticos do MPF na justa medida em que interferem com a política nacional. Pode deixar que não votarei no rol de malfeitores da república que vocês pretendem indicar, no lugar de quem deveria ser eleito para tanto (Temer não o foi), para o cargo de PGR.
Mas, vamos ao que interessa: seu mais recente vexame como menino-propaganda da entidade para-constitucional "Lava Jato". Coisa feia, hein? Se oferecer a dar palestras por cachês! Essa para mim é novíssima. Você, então, se apropriou de objeto de seu trabalho funcional, esse monstrengo conhecido por "Operação Lava Jato", uma novela sem fim que já vai para seu infinitésimo capítulo, para dele fazer dinheiro? É o que se diz num sítio eletrônico de venda de conferencistas. Se não for verdade, é bom processar os responsáveis pelo anúncio, porque a notícia, se não beira a calúnia é, no mínimo, difamatória. Como funcionário público que você é, reputação é um ativo imprescindível, sobretudo para quem fica jogando lama "circunstancializada" nos outros, pois, em suas acusações, quase sempre as circunstâncias parecem mais fortes que os fatos. E, aqui, as circunstâncias, o conjunto da obra, não lhe é nada favorável.
Sempre achei isso muito curioso. Muitos membros do Ministério Público não se medem com o mesmo rigor com que medem os outros. Quando fui corregedor-geral só havia absolvições no Conselho Superior. Nunca punições. E os conselheiros ou as conselheiras mais lenientes com os colegas eram implacáveis com os estranhos à corporação, daquele tipo que acha que parecer favorável ao paciente em habeas corpus não é de bom tom para um procurador. Ferrabrás para fora e generosos para dentro.
Você também se mostra assim. Além de comprar imóvel do programa "Minha Casa Minha Vida" para especular, agora vende seu conhecimento de insider para um público de voyeurs moralistas da desgraça alheia. É claro que seu sucesso no show business se dá porque é membro do Ministério Público, promovendo sua atuação como se mercadoria fosse. Um detalhe parece que lhe passou talvez desapercebido: como funcionário público, lhe é vedada atividade de comércio, a prática de atos de mercancia de forma regular para auferir lucro. A venda de palestras é atividade típica de comerciante. Você poderia até, para lhe facilitar a tributação, abrir uma M.E., não fosse a proibição categórica.
E onde estão os órgãos disciplinares? Não venha com esse papo de que está criando um fundo privado para custear a atividade pública de repressão à corrupção. Li a respeito dessa versão a si atribuída na coluna do Nassif. A desculpa parece tão abstrusa quanto àquela do Clinton, de que fumou maconha mas não tragou. Desde quando a um funcionário é lícita a atividade lucrativa para custear a administração? Coisa de doido! É típica de quem não separa o público do privado. Um agente patrimonialista par excellence, foi nisso que você se converteu. E o mais cômico é que você é o acusador-mor daqueles a quem atribui a apropriação privada da coisa pública. No caso deles, é corrupção; no seu, é virtude. É difícil entender essa equação.
Todo cuidado com os moralistas é pouco. Em geral são aqueles que adoram falar do rabo alheio, mas não enxergam o próprio. Para Lula, não interessa que nunca foi dono do triplex que você qualifica como peita. Mas a propaganda, em seu nome, de que se vende regularmente, como procurador responsável pela "Lava Jato", por trinta a quarenta mil reais por palestra, foi feita de forma desautorizada e o din-din que por ventura rolou foi para as boas causas. Aham!
Que batom na cueca, Deltan! Talvez você crie um pouco de vergonha na cara e se dê por impedido nessa operação arrasa a jato. Afinal, por muito menos uma jurada ("Schöffin") foi recentemente excluída de um julgamento de um crime praticado pelo búlgaro Swetoslaw S. em Frankfurt, porque opinara negativamente sobre crimes de imigrantes no seu perfil de Facebook. Imagine se a tal jurada vendesse palestras para falar disso! O céu viria abaixo!
Mas é assim que as coisas se dão em democracias civilizadas. Aqui, em Pindorama, um procuradorzinho de piso não vê nada de mais em tuitar, feicebucar, palestrar e dar entrevistas sobre suas opiniões nos casos sob sua atribuição. E ainda ganha dinheiro com isso, dizendo que é para reforçar o orçamento de seu órgão. Que a mercadoria vendida, na verdade, é a reputação daqueles que gozam da garantia de presunção de inocência é irrelevante, não é? Afinal, já estão condenados por força de PowerPoint transitado em julgado. Durma-se com um barulho desses!
Eugênio José Guilherme de Aragãopossui graduação em Direito pela Universidade de Brasília (1982), mestrado em Direito Internacional da Proteção dos Direitos Humanos – University of Essex (1994) e doutorado em Direito (Rechtswissenschaft) – Ruhr-Universitaet Bochum (2004). Professor adjunto da Universidade de Brasília. Foi Procurador da República e Ministro da Justiça. Atualmente é advogado.
Em comentário na TV, o jornalista Bob Fernandes teceu críticas ao fato de Gilmar Mendes falar de "abuso" nas investigações da Justiça, somente agora que elas estão respingando no Planalto e no PSDB. Assista
Por Redação
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou em palestra nesta segunda-feira (19), no Recife, que se expandiu as investigações da operação Lava Jato para "além dos limites".
"Investigação, sim. Abuso, não", defendeu.
A fala de Gilmar Mendes chamou atenção pelo fato de ter sido feita só agora, depois de inúmeras prisões, quebras de sigilo, conduções coercitivas e outras atitudes da Justiça consideradas abusivas. Para o jornalista Bob Fernandes, o magistrado faz esse tipo de colocação agora pois as investigações começaram a atingir o PSDB.
"A Caixa de Pandora, da mitologia grega, continha todos males do mundo. Abriram a Caixa da Lava Jato em busca dos males de Lula e PT. Porém, mesmo contra intenção e desejo iniciais, estão sendo expostos males de tantos dos demais. Por isso querem enterrar a Caixa da Lava Jato", disse o jornalista em seu comentário de política na edição desta segunda-feira (19) do "Jornal da Gazeta", da TV Gazeta.
Uma gangue deu o golpe, assalta o Estado e o coloca a serviço do 1% mais rico
O modelo neoliberal trabalha ativa e conscientemente para neutralizar a ação do Estado e deixar que as regras do mercado se imponham de forma selvagem sobre o pais e sobre a população
por Emir Sader, para a RBApublicado 19/06/2017 10h53, última modificação 19/06/2017 11h28
FACEBOOK/VITOR TEIXEIRA
Governo Temer vira as costas para maioria da população
Um contingente de 14 milhões de desempregados, que podem representar cerca de 60 milhões de pessoas, se contamos os dependentes. E os que perdem suas casas – especialmente os do programa Minha Casa Minha Vida, mas todos em geral –, por não poder continuar pagando suas prestações. E os que se mudam para a casa de parentes, porque não conseguem pagar aluguel. E os que vão diretamente morar nas ruas, sem capacidade de ter um lugar próprio para morar. E os que perdem o Bolsa Família e ficam sem os recursos mínimos para comer todos os dias, para dar leite para os filhos. E os que trabalham sem careira assinada, precarizados. E os que trabalham com medo de perder o emprego. E os que aceitam trabalhar em quaisquer condições. E os que têm os salários atrasados e não sabem quando vão receber. Os que acumulam dividas. Mais os que não puderam seguir a universidade, os que não puderam continuar na escola técnica. Somados a todos os que perderam a esperança, os que perderam a confiança no Brasil, na democracia, na força do povo para manter seus direitos. Aos que têm medo do presente e do futuro. E aos que temem pela ameaças aos seus direitos.
Um Estado que protege os interesses do 1% mais rico e vira as costas para a grande maioria da população, deixa o povo desprotegido. Tira os seus direitos, antes de tudo o direito a um emprego, e o impede de lutar, de se organizar, de protestar. Joga a maioria dos trabalhadores no desamparo. Ao criar uma enorme massa de desempregados, enfraquece a capacidade dos trabalhadores e dos seus sindicatos, de defender seus direitos. Pressiona para que os trabalhadores aceitem ganhar menos com a chantagem do risco da perda do emprego.
É um Estado que abandona os brasileiros para se situar do lado dos ricos. Que protege os investimentos, os favorece, os privilegia, sem se importar se produzem bens e empregos. Que compra lá fora em lugar de incentivar a produção e o emprego aqui, que escancara o mercado interno aos gringos, que vende patrimônio nacional a preço de banana para empresas estrangeiras. Que reduz impostos dos ricos, fecha os olhos para a sonegação, mas cobra rigorosamente impostos dos trabalhadores e da massa da população. Que tira recursos da educação e da saúde, mas preserva os privilégios de todos os que ganham mais, no serviço público antes de tudo.
Uma gangue deu o golpe, assaltou o Estado e o colocou a seu serviço. Blinda os banqueiros que dirigem a economia, barganha com os ladrões que colocaram no Congresso com o dinheiro das grandes empresas privadas, intensificando a exploração dos trabalhadores e elevando seus superlucros.
O modelo neoliberal trabalha ativa e conscientemente para isso. Para neutralizar a ação do Estado e deixar que as regras do mercado se imponham de forma selvagem sobre o pais e sobre a população.
E quem defende o povo, se o Estado age sistematicamente contra ele e desarma suas formas de resistência? Quem defende e ampara o desempregados? Como se garante o direito humano inalienável ao trabalho? Como se protegem as pessoas contra a pior situação de todas, o abandono?
A diferença entre um governo que cuida das pessoas e um governo que cuida do mercado é abismal. Um cuidas das pessoas, dos seus direitos, do seu bem-estar. O outro cuida do capital, do dinheiro dos ricos, das suas fortunas.
Numa democracia, o Estado garante o direito das pessoas. Os governantes são eleitos para defender os interesses da maioria.
Num golpe, esses direitos são expropriados do povo e concentrados nas mãos dos golpistas e das elites a serviço de quem está o governo. Multiplicam o desemprego para desvalorizar o poder de negociação dos trabalhadores. Liberam a especulação financeira. Escancaram o país para o capital estrangeiro.
O povo brasileiro precisa urgentemente da democracia, não somente para recuperar sua liberdade política, mas também reaver seus direitos sociais e se defender do sofrimento e do desamparo a que o golpe o condena.
Salgo a caminar Por la cintura cosmica del sur Piso en la region Mas vegetal del viento y de la luz Siento al caminar Toda la piel de america en mi piel Y anda en mi sangre un rio Que libera en mi voz su caudal.
Sol de alto peru Rostro bolivia estaño y soledad Un verde brasil Besa mi chile cobre y mineral Subo desde el sur Hacia la entraña america y total Pura raiz de un grito Destinado a crecer y a estallar.
Todas las voces todas Todas las manos todas Toda la sangre puede Ser cancion en el viento Canta conmigo canta Hermano americano Libera tu esperanza Con un grito en la voz