Este post é uma tentativa de mostrar outra perspectiva àqueles que se encontram compreensivelmente perdidos em meio a tanto barulho. Não é voltado para aqueles que só sabem responde com "chola mais", "acabou a mortadela?" e similares, pois estes já se fecharam ao diálogo há muito tempo. O post é, enfim, para os MUITOS que são bem intencionados, veem o massacre da mídia todo dia e acham sinceramente que a manifestação do dia 13 é "apartidária", "contra a corrupção".
Ontem à noite, a PM de SP invadiu a sede de um sindicato que fazia ato em apoio a Lula; hoje, a sede da UNE amanheceu pichada. Houve também ameaça de incêndio contra o Instituto Lula e sedes do PT e do PCdoB foram atacadas em BH e SP.
Já estamos vivendo o fascismo.
O curioso é que os fascistas, numa inversão estratégica, afirmam que esquerda é que é violenta. Pois não estou vendo ataques ao Instituto FHC ou às sedes do PSDB e do DEM. (E NEM QUERO.)
Por outro lado, qual é a saída? Eles partiram para a violência e adotaram todas as táticas de intimidação possíveis, além de paralisarem o governo ao se recusarem a votar qualquer coisa no congresso que não seja o impeachment. A mídia, em paralelo, ataca a esquerda (e só ela) o tempo inteiro, transformando qualquer besteira em "evidências gravíssimas", ao passo que evidências gravíssimas contra a direita são transformadas em trivialidades e esquecidas.
Não, a violência não é a saída. Mas a passividade também não. A esquerda não tem a visibilidade que a mídia oferece, mas não pode ficar invisível.
Pois bem: a oposição adora dizer que governa "responsavelmente" e que o "bem do país é sua prioridade". Mas não é isso que demonstra: que responsabilidade é essa que a leva a parar o país porque perdeu nas urnas? Graças à crise política, o país está parado. E aí a oposição diz que é porque o governo não age.
Ora, ora, ora. Vamos recapitular, então? Depois de perderem nas urnas, o PSDB e Aécio:
1) Disseram que houve fraude. Auditoria do próprio partido concluiu o oposto.
2) Pediram recontagem de votos. Depois voltaram atrás.
3) Pediram a cassação da chapa vencedora. Depois trocaram de estratégia.
4) Ajudaram a eleger Eduardo Cunha para a presidência da Câmara por saber que ele se opunha ao governo.
5) Passaram a lutar por impeachment.
6) Voltaram a tentar a cassação da chapa vencedora quando o impeachment perdeu força.
7) Desanimaram do impeachment no final do ano.
8) Na volta do congresso, decidiram reativar o impeachment.
9) Anunciaram que não votarão em mais nada antes de aprovarem o impeachment.
10) Passaram a tentar viabilizar o PARLAMENTARISMO (pois têm maioria no congresso e passariam a governar o país.).
11) Disseram que Dilma tem que renunciar para acabar com a crise política. Crise que eles mesmos criaram.
12) Anunciaram apoio formal à manifestação pelo impeachment.
Em resumo: para o PSDB, fazer oposição é tentar derrubar o governo eleito. Como disse um leitor no twitter, "o PSDB é a mãe no supermercado que deixou um filho na fila do TSE e outro na fila da Câmara. Onde andar mais rápido ele passa."
E por que insistem em pedir renúncia? Porque sabem que, constitucionalmente, não têm base para derrubar Dilma.
Mas será que eles acham que Dilma saindo tudo ficará numa boa? Dilma não é Collor. Este não tinha apoio ALGUM na população. Ora, se o povo não se calou nem quando os militares estavam torturando e matando, iria agora se calar diante de um golpe "branco"?
E então surgem alguns dizendo "Estamos vivendo a maior crise econômica da nossa História!".
É mesmo?! Ok, vamos ver se é:
O governo FHC apelou TRÊS vezes para o FMI (http://bit.ly/21opPXm ) Em cada vez, FMI fez exigências que foram contra o interesse do povo e que foram atendidas pelo governo. A inflação no governo FHC NUNCA esteve "sob controle". Ao contrário, ela vinha SUBINDO quando ele saiu (http://bit.ly/21opZOr). O governo FHC abriu ZERO universidades públicas em 8 anos. E cogitaram fechar as federais. Na gestão FHC, a telefonia teve reajuste de 580%. Não, não é erro de digitação: QUINHENTOS E OITENTA. (http://bit.ly/21oqbNM).
O BNDES, no governo FHC, serviu para cobrir um rombo colossal nas contas da GLOBO, como comprovou o TCU (http://bit.ly/21oqzvB). Aliás, sob FHC, o BNDES deu 579 MILHÕES à Globo. Todas as outras concorrentes, JUNTAS, receberam apeans 229 milhões.
"Ah, mas NUNCA houve tanta corrupção quanto sob o PT!"
É mesmo, jovem?
A privataria tucana custou 100 BILHÕES ao país. O escândalo do Banestado, sob gestão tucana, custou 42 BILHÕES ao país. O do banco Marka, outros 2 bilhões. O Trensalão tucano, 570 milhões.
Aliás, nem o esquema na Petrobrás foi obra do PT. Ele já operava na era FHC. Sabe quem disso isso? O PRÓPRIO FHC: http://bit.ly/1R2uSbY
Mas sabem por que eles tentam dizer que a manifestação de amanhã é "contra a corrupção"? Porque esta é SEMPRE a tática pra derrubar governos. Fizeram a MESMA coisa com Getúlio em 54. Fizeram a MESMA coisa no Chile. Fizeram a MESMA coisa com Benazir Bhutto no Paquistão. A mídia e a direita insuflando a população contra um governo democraticamente eleito é uma das táticas mais velhas de golpismo. Vejam o documentário Manufacturing Consent. E A Revolução Não Será Televisionada.
Então sejamos francos. A luta não é "contra a corrupção". O propósito é derrubar o governo. Simples assim.
O mesmo Alckmin que vai sair amanhã pra protestar contra a corrupção é do governo do MERENDÃO e do TRENSALÃO.
O mesmo Serra que vai sair amanhã pra protestar contra a corrupção é aquele em cuja gestão surgiu a máfia das ambulâncias (sanguessugas).
O mesmo Aécio que vai sair amanhã pra protestar contra a corrupção é aquele em cujo governo os aviões do estado eram táxi de celebridade e em cuja gestão a verba publicitária para as empresas de sua família eram colossais. O do aeroporto na fazenda do tio.
Acabar com a corrupção? Não me façam rir. No governo PSDB, o procurador engavetava tudo. A PF não tinha verba nem independência. Nada era investigado; ninguém era punido.
E é por isso que o Noblat, jornalista que vem servindo quase como porta-voz do golpismo, tuitou ontem que é preciso derrubar logo Dilma antes que a Lava-Jato chegue em outros políticos.
Mas, por favor, não acreditem em mim. Vão até o Google e confirmem tudo o que falei. E então, com honestidade intelectual, reflitam sobre o que expus aqui.
Eu ainda acredito que argumentar racionalmente é a saída.
O que se viu nas ruas foi de fato um caloroso abraço no fascismo. Mas isso não aconteceria sem uma sólida base no ignorantismo adubado pela mídia.
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