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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

16.11.15

Pacto das Catacumbas: “por uma Igreja servidora e pobre”

16.11.2015
Mundo ]

Livro marca os 50 anos do Pacto das Catacumbas: "por uma Igreja servidora e pobre"


Cristina Fontenele
Adital

Neste dia 16 de novembro, celebram-se os 50 anos do Pacto das Catacumbas, importante acordo firmado por 42 padres conciliares numa celebração eucarística, na Catacumba de Santa Domitilla, em Roma [Itália], no ano de 1965. O Pacto, assinado nos últimos dias do Concílio Vaticano II (1962-1965), instou a Igreja Católica a renovar-se e a assumir o compromisso com os pobres e excluídos. Para memorar a data, o sacerdote brasileiro José Oscar Beozzo lança o livro "Pacto das Catacumbas – por uma Igreja servidora e pobre", pela Editora Paulinas.

Beozzo afirma à Adital que espera com a obra contribuir para o acolhimento e a discussão sobre o Pacto, gerando compromissos semelhantes na mudança da atual situação da Igreja. Para o autor, o Papa Francisco, em seus gestos e em sua preocupação com os pobres, segue em direção a uma Igreja pobre e servidora. "Nas suas propostas para a Igreja, ele retoma e atualiza as grandes linhas do Pacto", ressalta o autor, citando o exemplo da exortação apostólica Evangelii Gaudium e da encíclica ecológica Laudato Si', escritas pelo Papa.

reproducao

"Só podemos desejar que a recorrência dos 50 anos do Pacto das Catacumbas e do término do Concílio Vaticano II traga, para toda a Igreja, a primavera sempre insurrecional e seja um novo Pentecostes, como o desejava João XXIII, agora, declarado santo pelo Papa Francisco.", declara Beozzo em seu livro.

A obra relata a história e os compromissos assumidos no Pacto das Catacumbas, assim como a lista dos bispos presentes e concelebrantes. Além do período do Pacto, o livro retoma a trajetória histórica pós-Concílio, retratando a importância de Conferências Episcopais, como as de Medellín (Colômbia, 1968), Puebla (México, 1979) e Aparecida (Brasil, 2007).

"O que não foi possível alcançar no Concílio tornou-se realidade, três anos depois, na II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Medellín, na Colômbia, em 1968", diz o texto. O livro destaca ainda que Puebla, 11 anos depois, aprovou, como prioridade, a opção preferencial pelos pobres, enquanto Aparecida representou "uma vigorosa retomada da tradição eclesial latino-americana".

O autor apresenta os 13 compromissos assumidos nas Catacumbas, em diálogo com referências bíblicas e passagens do próprio Concílio Vaticano II. Entre as promessas firmadas pelos padres, em Domitilla, estão: "viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo o que se segue"; renunciar "à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos serem, com efeito, evangélicos)"; não possuir "imóveis nem móveis, nem conta em banco etc., em nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo em nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas".

Como testemunhos vivos do Pacto, o livro cita os gestos concretos de alguns sacerdotes, como o brasileiro Dom Helder Camara, no Recife [Estado de Pernambuco], que, rapidamente, deixou a residência oficial dos arcebispos, o Palácio de Manguinhos, para ir morar na sacristia da Igreja das Fronteiras, na periferia da cidade. Também Dom Antônio Fragoso, em Crateús [Estado do Ceará], que se deslocou para uma casa simples de um bairro popular.

A obra destaca ainda como outro resultado consistente do Pacto das Catacumbas o surgimento das comunidades eclesiais de base no meio dos pobres, que "desabrocharam, de maneira especial", nas pastorais sociais da Igreja latino-americana.

radiovaticana.va
As catacumbas de Santa Domitilla estão entre as mais extensas de Roma, com 17 quilômetros de galerias, em quatro andares e mais de 150.000 sepulturas.Abriga a única Basílica subterrânea em uma catacumba romana.

O autor

Padre José Oscar Beozzo é coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – Ceseep, membro e ex-presidente da Comissão de Estudos da História da Igreja na América Latina – Cehila, no Brasil e na América Latina (1974-2003). Foi assessor nacional das Comunidades Eclesiais de Bases (1981- 2001) e é dos sócios da Agência de Informação Frei Tito para a América Latina (Adital). Professor de História da Igreja da América Latina na Pós-Graduação da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da PUC-SP [Pontifícia Universidade Católica de São Paulo]. É autor de vários livros, dentre os quais "A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II: 1959-1965", também pela editora Paulinas.

Ficha técnica

Título: Pacto das Catacumbas – por uma Igreja servidora e pobre

Autor: José Oscar Beozzo

Editora: Paulinas

Páginas: 68

Ano: 2015

Para ler o livro clique aqui.

Leia também

O Pacto das Catacumbas e sua atualidade após 50 anos

Memória do Pacto das Catacumbas: 'uma Igreja pobre para os pobres'

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz