Livro marca os 50 anos do Pacto das Catacumbas: "por uma Igreja servidora e pobre"
Beozzo afirma à Adital que espera com a obra contribuir para o acolhimento e a discussão sobre o Pacto, gerando compromissos semelhantes na mudança da atual situação da Igreja. Para o autor, o Papa Francisco, em seus gestos e em sua preocupação com os pobres, segue em direção a uma Igreja pobre e servidora. "Nas suas propostas para a Igreja, ele retoma e atualiza as grandes linhas do Pacto", ressalta o autor, citando o exemplo da exortação apostólica Evangelii Gaudium e da encíclica ecológica Laudato Si', escritas pelo Papa.
"Só podemos desejar que a recorrência dos 50 anos do Pacto das Catacumbas e do término do Concílio Vaticano II traga, para toda a Igreja, a primavera sempre insurrecional e seja um novo Pentecostes, como o desejava João XXIII, agora, declarado santo pelo Papa Francisco.", declara Beozzo em seu livro.
A obra relata a história e os compromissos assumidos no Pacto das Catacumbas, assim como a lista dos bispos presentes e concelebrantes. Além do período do Pacto, o livro retoma a trajetória histórica pós-Concílio, retratando a importância de Conferências Episcopais, como as de Medellín (Colômbia, 1968), Puebla (México, 1979) e Aparecida (Brasil, 2007).
"O que não foi possível alcançar no Concílio tornou-se realidade, três anos depois, na II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Medellín, na Colômbia, em 1968", diz o texto. O livro destaca ainda que Puebla, 11 anos depois, aprovou, como prioridade, a opção preferencial pelos pobres, enquanto Aparecida representou "uma vigorosa retomada da tradição eclesial latino-americana".
O autor apresenta os 13 compromissos assumidos nas Catacumbas, em diálogo com referências bíblicas e passagens do próprio Concílio Vaticano II. Entre as promessas firmadas pelos padres, em Domitilla, estão: "viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo o que se segue"; renunciar "à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos serem, com efeito, evangélicos)"; não possuir "imóveis nem móveis, nem conta em banco etc., em nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo em nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas".
Como testemunhos vivos do Pacto, o livro cita os gestos concretos de alguns sacerdotes, como o brasileiro Dom Helder Camara, no Recife [Estado de Pernambuco], que, rapidamente, deixou a residência oficial dos arcebispos, o Palácio de Manguinhos, para ir morar na sacristia da Igreja das Fronteiras, na periferia da cidade. Também Dom Antônio Fragoso, em Crateús [Estado do Ceará], que se deslocou para uma casa simples de um bairro popular.
A obra destaca ainda como outro resultado consistente do Pacto das Catacumbas o surgimento das comunidades eclesiais de base no meio dos pobres, que "desabrocharam, de maneira especial", nas pastorais sociais da Igreja latino-americana.
As catacumbas de Santa Domitilla estão entre as mais extensas de Roma, com 17 quilômetros de galerias, em quatro andares e mais de 150.000 sepulturas.Abriga a única Basílica subterrânea em uma catacumba romana. |
O autor
Padre José Oscar Beozzo é coordenador geral do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular – Ceseep, membro e ex-presidente da Comissão de Estudos da História da Igreja na América Latina – Cehila, no Brasil e na América Latina (1974-2003). Foi assessor nacional das Comunidades Eclesiais de Bases (1981- 2001) e é dos sócios da Agência de Informação Frei Tito para a América Latina (Adital). Professor de História da Igreja da América Latina na Pós-Graduação da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, da PUC-SP [Pontifícia Universidade Católica de São Paulo]. É autor de vários livros, dentre os quais "A Igreja do Brasil no Concílio Vaticano II: 1959-1965", também pela editora Paulinas.
Ficha técnica
Título: Pacto das Catacumbas – por uma Igreja servidora e pobre
Autor: José Oscar Beozzo
Editora: Paulinas
Páginas: 68
Ano: 2015
Para ler o livro clique aqui.
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