Uma carga realmente difícil de esquecer
publicado em 3 de dezembro de 2013 às 10:41
Charge enviada pelo José Henrique Cerqueira Mariani, via Facebook
por Luiz Carlos Azenha
José Henrique, ao enviar a mensagem, disse que os mineiros ainda não esqueceram da apreensão do helicóptero da família Perrella no Espírito Santo, carregado com mais de 400 quilos de cocaína.
Acho difícil mesmo esquecer, dadas as discrepâncias nos depoimentos dos envolvidos, ouvidos pela Polícia Federal.
Segundo as especificações do fabricante, a carga máxima do Robinson R66 — os Perrella tem um helicóptero similar ao que aparece acima — é de 420 kg (tanque cheio).
Só de cocaína, segundo a PF, havia no helicóptero 440 kg. Acrescentem a isso o peso de piloto e co-piloto.
Das duas, uma: ou o helicóptero fez mais paradas entre Avaré (SP) e Antonio Claudio (ES) do que contaram piloto e co-piloto à PF (voando sempre com carga reduzida de combustível), ou não estava carregado de droga o tempo todo.
O bagageiro do helicóptero é relativamente pequeno. Tudo indica que parte da droga tenha viajado sobre os bancos traseiros — pelo menos é o que dizem alguns pilotos que se manifestaram nas redes sociais.
Se de fato isso aconteceu, é muito pouco provável que piloto e co-piloto simplesmente não soubessem de nada, já que a cocaína normalmente viaja naqueles tijolos facilmente reconhecíveis.
Na entrevista que deu ao Viomundo, o advogado Nicácio Pedro Tiradentes, que representa o piloto Rogério Almeida Antunes, disse que o cliente dele acreditava estar transportando insumos agrícolas. Não bate com o que o próprio Rogério disse à PF.
"Que questionado se perguntou o que era, respondeu que não; que questionado quanto receberia pelo transporte do ilícito, respondeu que seriam R$ 106 mil, mais as despesas da máquina; que pelo valor oferecido, imaginou que fosse droga, que Alexandre (copiloto) parecia estar desesperado; que resistiu em aceitar a proposta, mas depois acabou aceitando voar"
"Questionado se o senador (Zezé Perrella) ou alguma pessoa da empresa (Limeira Agropecuária) tinha conhecimento do voo realizado para transporte de droga, respondeu que ninguém sabia do transporte de droga, mas que eles autorizavam a realização de frete pelo interrogado, ao preço de R$ 2 mil a hora"
O Alexandre a que ele se refere é Alexandre José de Oliveira Júnior, de 26 anos.
O advogado Nicácio também disse, na entrevista que deu ao Viomundo, que o piloto já tinha viajado antes àquele destino no Espírito Santo e que a propriedade era dos Perrella, o que foi desmentido pela Polícia Federal.
Se o advogado fez isso intencionalmente — tinha conversado cinco horas com o cliente no dia anterior –, pode ter sido apenas uma estratégia para "despertar" a solidariedade dos Perrella em relação ao piloto — afinal, o empregado dos Perrella tinha até conquistado um cargo na Assembleia Legislativa mineira.
É importante destacar que, até agora, a PF sustenta que o deputado estadual Gustavo Perrella, do Solidariedade, não tem relação com o transporte da droga, muito embora ele tenha se enrolado bastante depois da apreensão, quando acusou o piloto de viajado sem autorização — ou de ter "roubado" o helicóptero — o que o próprio deputado, posteriormente, admitiu não ter acontecido.
O piloto está no centro de detenção provisória de Viana, perto de Vitória — que, aliás, visitei recentemente para uma reportagem. Vai ao ar na semana que vem e eu realmente sugeriria a todos que assistissem. Vale a pena!
Quanto ao destino final da cocaína, ou é o mesmo esquema tratado na reportagem abaixo ou é algo parecido: embarque marítimo para a Europa, comum em todos os portos da costa brasileira.
http://www.youtube.com/watch?v=ryftC1sP8Xg
http://www.viomundo.com.br/denuncias/uma-carga-realmente-dificil-de-esquecer.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário