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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

31.1.13

Campanha contra agrotóxicos critica patrocínio do agronegócio à Vila Isabel | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

Campanha contra agrotóxicos critica patrocínio do agronegócio à Vila Isabel

31 de janeiro de 2013


Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST



Faz um bolo de fubá 
Pinga o suor na enxada
A terra é abençoada
Preciso investir, conhecer
Progredir, partilhar, proteger...

 


O samba acima é enredo da escola Vila Isabel para o desfile do carnaval de 2013, escrito por Martinho da Vila, Arlindo Cruz, André Diniz, Tunico da Vila e Leone.

A escola pretende com o tema Vila canta o "Brasil celeiro do mundo - 'Água no feijão que chegou mais um...", fazer uma homenagem à vida do homem simples do campo (clique aqui para ouvir o samba).

Segundo a carnavalesca Rosa Guimarães, que desenvolveu o tema “A vida no interior é simples, mas é uma festa. Tem sempre alguém querendo contar um ‘causo’, aquela mesa farta e muita fé em Deus e no trabalho para ter uma boa colheita. As pessoas recebem os vizinhos e amigos com muito carinho e tem sempre aquele fogão de lenha acesso para preparar os quitutes”.

No entanto, o desfile da Vila Isabel tem uma grande contradição: a escola é patrocinada pela Basf, empresa transnacional, fabricante de agrotóxicos e representante dos interesses do agronegócio, que tem interesses opostos aos do “homem simples do campo” retratado no samba enredo.

Representantes de diversos movimentos sociais, participantes da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida, em carta à Vila Isabel, elogiaram a letra do samba e a representação da vida camponesa, mas repudiaram o patrocínio.

“Em 2010, a BASF foi a terceira maior vendedora de agrotóxicos no Brasil, lucrando 916 milhões de dólares com a doença dos brasileiros e brasileiras. “Uma Escola que já nos presenteou com belos sambas falando de um mundo melhor não deveria se submeter ao interesse vil desta multinacional.” afirma a carta (clique aqui para ler a carta).

Nesta terça (29/01), representantes dos movimentos sociais signatários da carta entregaram o documento na quadra da escola à vice-presidenta Elizabeth Aquino. As entidades pediram que uma faixa da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos fosse estendida na quadra da agremiação. A faixa vai agradecer o esforço da escola de valorizar os pequenos agricultores brasileiros. Elizabeth concordou com a ideia, desde que não haja teor político e que a mensagem passe pelo crivo e aprovação do presidente da Vila Isabel, Cleber Tavares.

A contradição que se vê no desfile da Vila Isabel é a mesma que se vê no campo brasileiro: de um lado, o agronegócio, defensor da monocultura e do latifúndio com vasto uso de agrotóxicos; do outro, os movimentos sociais, os assentados, os Sem Terra, que buscam implantar a agricultura familiar com um modelo de produção mais igualitário e saudável.

Para o professor e escritor Luiz Ricardo Leitão, a escola está conseguindo equilibrar os dois lados. “Como qualquer tema, é sempre uma disputa e objeto das mais variadas leituras. A julgar pela letra, o tema da questão agrária está tratado de forma ponderada, pois ela fala em fazer bolo de fubá, semear o grão e saciar a fome com a produção, que é a proposta básica da atividade agrícola, defendida pelos movimentos sociais que se contrapõem à agricultura como um mero negócio”.

Venenos

A alemã Basf é a maior empresa química do mundo. A empresa tem um histórico de atentados ao meio ambiente e à vida humana. Durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa produziu o gás Zyklon B, usados nas câmaras de gás nazistas para matar milhões de prisioneiros.

Em 2010, a Basf foi a terceira maior vendedora de agrotóxicos no Brasil, lucrando US$ 916 milhões com vendas de veneno. Em 2001, a empresa causou um vazamento de 11 mil litros de Mollescal, um corrosivo destinado ao curtimento de couro no Brasil. Depois do acidente, forneceu informações falsas ao serviço de emergência sobre o grau de toxidade da substância, colocando em risco os profissionais envolvidos no atendimento à população.

OCenso Agropecuário do IBGE de 2006 mostra que a agricultura familiar é responsável por 70% do alimento que chega à mesa dos brasileiros, mesmo ocupando apenas 25% das áreas agricultáveis.

Apesar de receber 14% do crédito dado pelo governo à produção agrícola, ela agricultura familiar emprega nove vezes mais pessoas por área e ainda é responsável por um terço das exportações agropecuárias do país. O agronegócio, que recebe os outros 86% do crédito, concentra 75% das terras mas produz apenas 30% dos alimentos que compõem a alimentação da população, empregando somente 1,5 trabalhadores a cada 100 hectares.

Sem submissão?

O professor acredita que o patrocínio da Basf não é garantia de que o desfile da Vila Isabel seja mera propaganda da empresa e do agronegócio, pois não se pode subestimar o prestígio da escola, autora de enredos muitas vezes progressistas, como o de 2006 que garantiu o segundo título com Soy loco por ti América - A vila canta a latinidade.

“A letra, o primeiro elemento importante, que leva o samba à avenida, não é uma submissão aos desígnios do agronegócio. E também no plano alegórico, espero eu que a escola saiba equilibrar esse embate entre interesses dos oligopólios e interesses da população, dos trabalhadores rurais”, acredita.

Elizabeth Aquino, vice-presidenta da escola, em reunião com representantes de movimentos sociais que realizaram a entrega da carta, afirmou que o desfile não será propaganda da Basf. “A Vila Isabel pegou recursos da Basf para que fizéssemos um carnaval mais grandioso. Somente com o repasse da Prefeitura nenhuma agremiação faz um carnaval competitivo. Mas todo nosso carnaval é a valorização do homem do campo. Não colocaremos na avenida nenhum maquinário agrícola top de linha. Nas fantasias e alegorias, retratamos a natureza e homem do campo, não são os grandes agricultores.

Imagem


Para a vice-presidenta da escola, o benefício que a Basf tem com o patrocínio é ganhar visibilidade. “A Basf nos ajudou financeiramente e em troca, é claro, não existe visibilidade maior que a proporcionada pelas escolas de samba. Nenhum outdoor que ela espalhe pelo mundo dará tanta visibilidade. O desfile do Rio vai para o mundo inteiro. Mas nós não estamos fazendo apologia nenhuma da Basf”. 

Essa visibilidade proporcionada pelo patrocínio, no entanto, é uma tentativa de confundir o público, pois passa a imagem de que a agricultura brasileira constitui um bloco único, no qual agricultores familiares, grandes latifundiários e empresas multinacionais prestam o mesmo papel de servir o país na luta para acabar com a fome e preservar o meio ambiente. Não há, nessa imagem, qualquer tipo de confronto entre as partes, mas uma sensação de unidade.  

“Esta é uma das iniciativas de comunicação mais ousadas da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF, que impactará diversos públicos, incluindo aqueles que não têm relação direta com o agronegócio. O Brasil é um líder na produção de alguns produtos e um gigante nas exportações, porém é preciso reforçar junto à sociedade a importância da agricultura e da tecnologia nela empregada para que tenhamos essa posição. Acreditamos que a parceria com a Vila Isabel, aliada à ação do vídeo, vai reconhecer e valorizar o produtor rural, de uma forma criativa e inusitada”, disse Maurício Russomanno, vice-presidente da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf para o Brasil, no pronunciamento oficial do patrocínio a Vila Isabel.

A Basf não é a primeira entidade ligada ao agronegócio que se utiliza de campanhas publicitárias com ícones brasileiros numa tentativa de unificar o campo brasileiro no imaginário da população. Em 2012, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade máxima do agronegócio, contratou o jogador Pelé para fazer comerciais sobre a importância da agricultura brasileira.

Segundo nota da CNA, o objetivo da campanha é "consolidar a imagem do agronegócio sustentável brasileiro no País e no exterior" e “divulgar as práticas sustentáveis adotadas pelos produtores rurais brasileiros, além de outras iniciativas que assegurem a boa qualidade do produto nacional".

Para Ricardo Leitão, essas estratégias publicitárias são formas de humanizar o agronegócio ao associá-lo com a agricultura familiar. “Esse é o jogo da ideologia: os representantes do oligopólio se apresentam como defensores de todos os segmentos agrícolas do país. Se o movimento popular investe na agricultura, o agronegócio vai se colocar ao lado dele, não contra. O agrotóxico é vendido como um produto para o conjunto dos agricultores, e não para um só segmento. É preciso desenvolver a ideia da unidade, até porque o agronegócio está estigmatizado pelo desmatamento, e é muito difícil se associar a um segmento que é responsável pelo desmatamento, pela deturpação do Código Florestal”.

Ainda é cedo para dizer se o desfile da Vila Isabel vai cumprir o seu objetivo, mas pelo fato da escola também dar espaço para que os movimentos sociais se manifestem e exponham seu ponto de vista, além do comprometimento da escola em tratar do homem da vida do homem do campo, é possível que os trabalhadores rurais recebam a homenagem que merecem.

“Tenho a impressão de que nesse caso específico, a estratégia publicitária do agronegócio pode falhar, e o veneno se reverter contra o envenenador. Não sei, talvez seja só otimismo meu, é esperar para ver”, afirma Ricardo Leitão.


http://www.mst.org.br/content/campanha-contra-agrotoxicos-critica-patrocinio-a-vila-isabel-do-agronegocio


29.1.13

#Charge – Enquanto isso, na Vila Liberdade, próximo a Arena do Grêmio… « Latuff Cartoons

#Charge – Enquanto isso, na Vila Liberdade, próximo a Arena do Grêmio…

Revista Pense Imóveis: Aumenta valor de imóveis no entorno da Arena do Grêmio http://revista.penseimoveis.com.br/especial/rs/editorial-imoveis/19,480,3943311,Aumenta-valor-de-imoveis-no-entorno-da-Arena-do-Gremio.html



http://latuffcartoons.wordpress.com/2013/01/28/charge-enquanto-isso-na-vila-liberdade-proximo-a-arena-do-gremio/

Tenho certeza que a vida dos municípios vai melhorar


Presidenta Dilma

Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2013

 

A presidenta Dilma Rousseff fez nos últimos dias anúncios que terão impacto direto na qualidade de vida de todos os brasileiros e brasileiras. Na segunda-feira (28), ela informou que o governo federal tem projetos de R$ 66 bilhões com as prefeituras (como pavimentação de ruas e obras de água e esgoto). 

Nesta terça-feira, Dilma Rousseff inaugurou em Sergipe duas grandes obras. A primeira foi a da Ponte Gilberto Amado, que faz a interligação do litoral sul do estado com o litoral norte da Bahia. Em seguida, no município de Barra dos Coqueiros, na região metropolitana de Aracaju, ela inaugurou um parque eóllico (produção de energia elétrica com ventos).

Na semana passada, Dilma fez um pronunciamento muito importante de rádio e televisão para dar uma ótima notícia: a redução do preço da conta de luz será maior do que se previa. A queda da tarifa de energia será, em média, de 18% nas residências e de até 32% nas empresas que vão gerar mais empregos.

Sabia mais:

Inauguração de grandes obras em Sergipe

http://www.dilma.com.br/site/noticias/view/dilma-a-vida-dos-municipios-vai-melhorar

Dilma garante mais investimentos nos municípios

http://www.dilma.com.br/site/noticias/view/dilma-destaca-investimentos-nos-municipios

Queda no preço da conta de luz será ainda maior

www.dilma.com.br/site/noticias/view/fe-no-brasil-e-energia-eletrica-mais-barata

Dilma encontra famílias de vítimas do incêndio em Santa Maria (RS)

http://www.dilma.com.br/site/noticias/view/dilma-encontra-familias-de-vitimas-de-incendio

Todo o conteúdo é produzido pelo PT e não tem vínculo com o Governo Federal.



A emoção útil e a charge infeliz - | Observatório da Imprensa | Observatório da Imprensa - Você nunca mais vai ler jornal do mesmo jeito

Terça-feira, 29 de Janeiro de 2013   |   ISSN 1519-7670 - Ano 17 - nº 731


TRAGÉDIA EM SANTA MARIA

A emoção útil e a charge infeliz

Por Sylvia Debossan Moretzsohn em 29/01/2013 na edição 731

“A vida muda rápido. A vida muda num instante. Você senta para jantar e a vida que você conhecia acaba de repente.”

É assim que a escritora americana Joan Didion abre O ano do pensamento mágico, livro no qual relata e reflete sobre suas emoções diante da morte súbita do marido, numa véspera de Ano Novo, logo depois de chegarem em casa, de volta de uma visita à filha única, recém-internada, e que morreria também algum tempo depois. Quando o livro foi lançado no Brasil, em 2006, a escritora deu entrevista ao Globo em que reiterava o seu aprendizado com aquela dupla perda: “Eu perdi a ideia de que é possível controlar as coisas”.

Nas horas imediatamente seguintes ao incêndio que vitimou centenas de jovens numa boate em Santa Maria (RS), choveram explicações para o que poderia ter evitado a tragédia: se a banda não tivesse utilizado efeitos pirotécnicos, se a casa tivesse revestimento acústico não inflamável, se os extintores funcionassem, se houvesse saídas de emergência, se os seguranças tivessem liberado logo a porta, se houvesse ali um bombeiro civil, se houvesse fiscalização adequada... sem contar outros conselhos tolos supostamente resultantes da lição daquela madrugada: os clientes devem verificar as condições de segurança dos locais que frequentam, como se isto fosse possível, e como se esta não fosse uma óbvia responsabilidade do Estado.

Do lado dos sobreviventes, a culpa típica de quem não entende como nem por que escapou: como conseguiram sair e tantos outros ficaram?, como não voltaram para salvar amigos, parentes, namorados?, o que poderiam – deveriam? – ter feito para livrá-los da morte? Do lado dos pais, a culpa de sempre: pois os filhos sempre estariam vivos, felizes e saudáveis caso ouvissem seus conselhos.

Se a lista de fatores que concorreram para a tragédia é correta e contribui para a apuração das responsabilidades – embora, a rigor, não haja fiscalização que impeça um comportamento inconsequente capaz de detonar uma catástrofe num ambiente fechado e lotado –, se evidentemente o que ocorreu não foi uma fatalidade – como pretendem os advogados dos donos da boate –, ainda assim a conclusão de Joan Didion poderia servir ao mesmo tempo de consolo e esclarecimento a quem viu a vida mudar num instante, assim de repente, imprevisivelmente: não é possível controlar as coisas.

A emoção mobilizadora

Mas para pensar assim é preciso já ter sofrido o desespero e a dor lancinante da perda, e ter sobrevivido a ela. Não só por isso, mas também por isso, a cobertura jornalística – especialmente a televisiva – de tragédias como essa não pode abrir mão de expor o sofrimento, e a questão sempre estará na definição do limite tênue entre o que é lícito ou não exibir: entre o que a dor pode informar e revelar e a sua exploração sensacionalista e desvirtuadora da capacidade de reflexão e mobilização. Entre o que nos comove e convoca a agir e o que simplesmente nos leva a chorar e a manifestar condolências.

Recorro aqui às indagações do repórter português Carlos Fino, que se tornou conhecido dos brasileiros quando trabalhava na RTP – Rádio e Televisão de Portugal – e cobriu a invasão americana ao Iraque, em 2003:

“Como é que se transmite o horror da guerra? Esta é uma de nossas contradições, não é? Brecht dizia:‘homem, olha bem nos olhos do outro homem e verás nele um irmão. As contradições que te consomem não são boas nem más, são a tua própria condição’. E assim vivemos, quer dizer, como é que damos o horror da guerra sem imediatamente sermos acusados de estarmos a comungar da sociedade do espetáculo e a explorar o sentimento alheio? Eu vou pôr a mão que eu vi decepada no mercado de Bagdá quando os americanos provocaram mais uma vítima colateral? Ponho a mão pra provocar desgosto e repulsa ou escondo essa imagem, não a edito, para não ferir os sentimentos das pessoas? Como é que se transmite isso? Eu não sei dar uma resposta precisa.”

Do mesmo jeito que não se pode cobrir uma guerra de maneira estritamente racional, apresentando-a na lógica do jogo de poder – “a continuação da política por outros meios”, na famosa definição de Clausewitz –, excluindo o sofrimento humano que esse jogo provoca, não é possível pensar na cobertura de uma tragédia como a de Santa Maria sem a exposição do drama vivido pelas pessoas.

Não se trata, é claro, da exibição da desgraça e da formulação de perguntas que provocam a voz embargada e o choro para o previsível close, ou do recurso de supressão do som ao fim dos telejornais que, de tão utilizado, já se tornou clichê – ainda mais se acompanhado da sucessão das fotos daqueles jovens sorridentes que já não existem mais. Trata-se de coisas como o depoimento da mãe de dois rapazes – um morto, outro em estado gravíssimo no hospital – ao programa Mais Você, de Ana Maria Braga,especialmenterevelador por pelo menos dois motivos: porque fala de uma mulher simples que gostava da apresentadora, colecionava suas receitas e pensava em um dia estar mesmo a conversar com ela, mas para falar de suas habilidades culinárias, e nunca naquela situação tão triste; e porque essa mulher simples usa esse espaço para esse grito de dor e revolta contra o absurdo que se abateu sobre ela e tantos outros, apresentando-se como uma porta-voz do sofrimento e do protesto coletivo.

Talvez esta seja uma forma de se explorar a única emoção útil, a da revolta, de acordo com o comentário de Luis Fernando Verissimo que encabeçava a página 3 do caderno “Metrópole” do Estado de S.Paulo de segunda-feira (28/1):

“Depois do choque, da incredulidade, da empatia emocionada com os que foram diretamente tocados pelas mais de 200 mortes da tragédia de Santa Maria, vem a revolta. Que no fim é a única emoção útil, a que tem – ou deveria ter – consequência. As outras são manifestações humanas de solidariedade. A revolta é dirigida a todas as causas evitáveis do horror. À imprudência, às falhas na fiscalização, à ganância. A revolta pede providências para que tragédias assim não se repitam. E pede responsabilização clara e exemplar dos culpados. Infelizmente, uma coisa que pouco se vê no Brasil.”

A charge fora de hora

Enquanto isso, no Globo o cartunista Chico Caruso publicava a sua charge de capa: a boate reduzida ao seu sentido etimológico original de “caixa”, uma arapuca gradeada como uma prisão lotada de pessoas desesperadas tentando inutilmente fugir dali, enquanto o fogo se alastra e a fumaça negra atravessa o teto. E a presidente Dilma, de blazer vermelho, levando as mãos à cabeça e gritando: “Santa Maria!”

Como de costume, o jornalista Ricardo Noblat reproduziu a charge no mesmo dia (28/1), em seu blog. No início da noite já colecionava mais de 200 comentários, quase todos furiosos, classificando-a de “lamentável”, “inoportuna”, “nojenta”, “lixo”, “imbecil”, “insensata”, “infeliz”, “aberração”, “oportunista”, “ridícula”, “desarrazoada”, “desproporcional”, obra de um “perfeito idiota”, e condenando o cartunista – e por extensão o colunista-blogueiro, pela divulgação – de fazer pouco da desgraça que comovia o país e de utilizar um momento de consternação para, mais uma vez, bater em Dilma e no PT.

Em resposta, Noblat repetiu algumas vezes este comentário:

“Os que criticam a charge do Chico Caruso perderam o bom senso, a se levar em conta a violência com que escrevem. O que a charge tem de chocante, de desrespeitosa com quem quer que seja? Dilma pôr as mãos na cabeça e dizer ‘Santa Maria’? Isso é um absurdo? Só enxerga nisso uma crítica à presidenta os fanáticos políticos de plantão. Aqueles que politizam tudo. Os que alugaram sua pena e sua mente a interesses partidários. Dilma não faz política quando grita ‘Virgem Maria’. Nem a charge sugere isso. Dilma revela seu desespero. Sua inconformidade. Que é nossa também. Ela não tem culpa alguma pelo que aconteceu. Foi solidária com todos os que sofrem. Esteve em Santa Maria. Sinceramente se comoveu com o que viu. O que tem mais na charge? A boate transformada numa prisão? As janelas gradeadas? As mãos crispadas dos que ali ficaram retidos clamando por ajuda? Mas não foi mesmo numa prisão em que a boate se transformou? Numa armadilha? Numa ratoeira? Perdão, mas vcs não sacaram nada, nadinha.”

Não há dúvida de que qualquer discurso comporta mais de uma interpretação, mas exatamente por isso o argumento de Noblat não se sustenta: porque a desqualificação de seus interlocutores ao final – “vcs não sacaram nada, nadinha” – supõe um sentido único e, a rigor, muito improvável, dada a sistemática postura do jornal contra o governo petista. E, também, por causa da identificação de toda contestação aos “fanáticos de plantão”, que “politizam tudo”.

Um chargista ocupa um espaço privilegiado para a crítica social e política bem – ou mal – humorada, para uma síntese que em geral nos faz rir de nós mesmos. Os comentadores indignados do blog do Noblat podem estar completamente enganados, mas é impossível desconsiderar os protestos contra a falta de sensibilidade nesse momento particularmente dramático da vida nacional.

***

[Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)]


http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a_emocao_util_e_a_charge_infeliz


Altamiro Borges: Santa Maria: canalhice de Chico Caruso

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Santa Maria: canalhice de Chico Caruso

Wilson Dias/ABr
Por Renato Rovai, em seu blog:

Noblat acaba de publicar no seu blogue, no espaço de humor, uma charge de Chico Caruso que é um insulto. Uma tentativa barata de agredir a presidente Dilma e politizar a tragédia de Santa Maria num momento de imensa dor.
Esse jornalismo urubu perdeu completamente a capacidade de enxergar limites e de buscar alguma razoabilidade para a sua ação. Vale tudo para agradar aos que lhes pagam o soldo. Vale tudo para construir um discurso de ódio contra as posições políticas das quais não compartilham.

Sinceramente, achei que só no limbo dos comentários anônimos fosse possível encontrar algo do nível desta charge do Chico Caruso publicada por Noblat.

Sou um ingêno. Esse pessoal que já havia transformado o acidente da TAM em um evento político, quer fazer o mesmo com Santa Maria.

São carniceiros que evocam o que chamam de liberdade de imprensa para esse tipo de coisa.

Espero que parentes das vítimas que se sentirem agredidos e que a própria presidenta tome uma atitude jurídica em relação a isso.

Humor. É esse o título da chamada da charge que você pode ver lá no Noblat, porque ela não entra no meu blogue.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2013/01/santa-maria-canalhice-de-chico-caruso.html?spref=tw

Jandira Feghali: Balas que atingiram Cícero queriam calar luta pela terra | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

Jandira Feghali: Balas que atingiram Cícero queriam calar luta pela terra

29 de janeiro de 2013


De Jandira Feghali
Deputada federal (PCdoB-RJ)
Para O Globo


Para alguns, o alagoano Cícero Guedes dos Santos, vendedor de bananas no Norte Fluminense, era apenas mais um agricultor da região.

Para tantos outros, este mesmo simples vendedor era uma resistência de peso na região de Campos dos Goytacazes, mais precisamente na usina Cambahyba, pelas bandeiras do Movimento dos sem terra (MST) e tantas outras que ainda tentam, dentro da Justiça, requerer democraticamente seus direitos.

Seu assassinato - diversos tiros na cabeça e costas - desbrava uma terrível realidade no campo, entranhada de capítulos de uma luta injusta, que caminha esquecida aos olhos do poder público.

A simbologia da morte de Cícero deixa uma mensagem no ar: que proteção têm aqueles que lutam por justiça social? Líder de movimento popular, o moreno de bigode ralo, com fala insistente, cheio de sonhos, não está mais aqui para ecoar uma opinião, firmar sua bandeira e travar batalhas pela reforma agrária no Estado do Rio. E por quê?

O próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já havia autorizado, no fim do ano passado, o assentamento das famílias que estavam presentes nas terras de um dos maiores latifúndios improdutivos do Brasil.

O complexo de sete fazendas, com 3,5 mil hectares ao todo, não produzia há 14 anos e, ainda assim, possuía um apelo negativo por ter sido palco de incinerações de corpos de 10 militantes políticos durante a ditadura civil-militar brasileira. A revelação veio até de ex-funcionários do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), como consta no livro "Memórias da uma guerra suja".

As terras de Cambahyba também são palco de denúncias graves de exploração de trabalho infantil, exploração de mão de obra escrava, falta de pagamento de indenizações trabalhistas, além de crimes ambientais. São aspectos nada relevantes para que a Justiça acelerasse o assentamento dessas famílias?

As balas que atingiram Cícero tinham uma estratégia clara. Calar o militante do MST é ceifar uma organizada campanha para assentar as mais de 100 famílias na "usina". O próprio Cícero não era beneficiário dessa luta, visto que ele fazia parte do assentamento Zumbi dos Palmares, ao norte de Campos.

O vendedor de frutas estava à frente de uma característica que o próprio poder público, responsável pela execução de suas tarefas, está mal acostumado: a vontade de realizar.
Nós, partidários de sua sede por guerrear através de sonhos, choramos sua perda tão violenta.

Embora sua ida tenha sido como um assassinato com ar de impunidade, a voz de um líder popular não pode deixar de ressoar. Seja através da Ordem dos Advogados do Brasil, pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, o grupo Tortura Nunca Mais ou o MST, vamos até o fim desta jornada que se inicia, na busca pelos culpados e por suas devidas punições.

O tombo do corpo de Cícero na terra de uma estradinha à beira da BR-356 não foi em vão. O próprio Rio de Janeiro - e o Brasil - precisa reconhecer isso, para que o medo de reivindicar não triunfe.


http://www.mst.org.br/content/jandira-feghali-balas-que-atingiram-cicero-queriam-calar-luta-pela-terra

Ex-presidente da UDR acusado de assassinar Sem Terra vai a júri popular | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

Ex-presidente da UDR acusado de assassinar Sem Terra vai a júri popular

29 de janeiro de 2013

 

Da Página do MST

 

Está marcado para a próxima segunda-feira (4/1) o júri popular que julgará o ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Marcos Prochet, acusado de matar o camponês Sebastião Camargo, de 65 anos, em 1998.

O trabalhador Sem Terra foi morto durante um despejo ilegal na cidade de Marilena, no Noroeste do Paraná, que envolveu cerca de 30 pistoleiros, entre eles Augusto Barbosa da Costa, integrantes de milícia organizada pela UDR, que também vai a júri na próxima semana. Além do assassinato de Camargo, 17 pessoas, inclusive crianças, foram feridas durante a ação truculenta. 

O latifúndio onde Camargo foi morto já havia sido declarado improdutivo pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Nesta condição, o então proprietário da fazenda Boa Sorte, Teissin Tina, estava negociando com o Incra a desapropriação da terra, que foi destinada à Reforma Agrária. Em 2001 o proprietário recebeu R$ 1,3 milhão pela desapropriação da área, que hoje é um assentamento.

Em novembro de 2012 dois Teissin Tina recebeu condenação a seis anos de prisão por homicídio simples; e Osnir Sanches, condenado a 13 anos de prisão por homicídio qualificado e constituição ilegal de empresa de segurança privada, utilizada para recrutar jagunços que executavam despejos ilegais e assassinavam trabalhadores rurais.

Demora injustificada da justiça - A demora nas investigações resultou na prescrição de vários dos crimes cometidos na desocupação forçada. Além disso, outros delitos foram injustificadamente descartados à época pelo Ministério Público.

Apesar de a lei brasileira estabelecer o prazo de um mês para a realização da investigação policial, neste caso a investigação demorou 25 meses, em que pese o fato de três dos delitos terem prescrito 24 meses depois de ocorridos os fatos.

A primeira sentença foi dada em 2007, nove anos depois do assassinato, quando houve a decisão de enviar para Júri Popular os quatro réus: Marcos Prochet, Teissin Tina, Osnir Sanches e Augusto Barbosa. Desses acusados, apenas Prochet apresentou recurso contra a decisão.

O recurso apresentado por Prochet foi extraviado por duas vezes, quanto tramitava no Tribunal, fato que atrasou em pelo menos três anos o julgamento. Quando o julgamento pelo tribunal do júri foi finalmente marcado, a defesa de Prochet utilizou uma manobra protelatória mudando de advogado um dia antes do julgamento, forçando o adiamento do ato.

As violações ocorridas do direito à vida, às garantias judiciais e à proteção judicial que marcaram o assassinato de Sebastião Camargo levaram a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), organismo ligado à Organização dos Estados Americanos (OEA), a responsabilizar o Estado Brasileiro pelo crime em 2011. 

Milícias, despejos ilegais e assassinatos - Sebastião Camargo foi morto em um período de grande repressão contra integrantes do MST no Paraná. Segundo dados constantes do processo, entre o fim da década de 90 e início dos anos 2000, a UDR organizou uma milícia armada que fez diversos despejos forçados ilegais e cometeu crimes de homicídio contra integrantes do MST.

Investigações feitas pela polícia apontam que essas milícias realizavam contrabando internacional de armas, tinham ramificações na Polícia Militar e atuavam de forma a impedir investigações dos crimes cometidos, pois contavam com a anuência de parlamentares brasileiros.

Em relação às milícias privadas no Paraná, a investigação aponta que o ex-coronel Copetti Neves também ocupa lugar de destaque. Neves comandou o Grupo Águia, tropa de elite da PM, que realizou despejos violentos contra o MST, utilizando como estratégia agir na madrugada, separando as crianças dos pais, com prisões arbitrárias e torturas contra militantes do movimento.

Mesmo tendo sido condenado em 2010 a 18 anos de reclusão por crimes como tráfico de drogas e de armas, o ex-coronel aguarda em liberdade o julgamento de recurso apresentado no Tribunal Regional Federal. Quando Neves foi preso, Marcos Prochet e outros ruralistas ligados à UDR foram visitá-lo na cadeia.

Outros casos - O julgamento dos assassinos de Sebastião Camargo é o quarto dos 16 assassinatos que vai a Júri no Paraná, apesar da maior parte ter ocorrido há mais de 10 anos. Além da condenação, em novembro de 2012, de dois envolvidos na morte de Camargo, a outra condenação por crime de conflito agrário ocorreu em julho do ano passado, quando Jair Firmino Borracha foi sentenciado pelo Tribunal do Júri a 15 anos de prisão pelo assassinato do sem-terra Eduardo Anghinoni, em 1999, no município de Querência do Norte/PR. Os outros crimes seguem impunes.

A condenação de Borracha também foi a primeira relacionada a milícias armadas no Paraná. Marcos Prochet esteve presente no julgamento, ao lado da família de Borracha. Participou, também, do julgamento do pistoleiro que assassinou Sebastião da Maia, em outubro de 2006, na Comarca de Loanda.

Ações trabalhistas movidas por “seguranças” contra a UDR reforçam o volume de provas sobre a formação de milícias armadas. No Paraná, a UDR já respondeu a oito ações perante a Justiça do Trabalho movidas por pistoleiros, reivindicando pagamentos por serviços de “proteção” a membros da entidade. As reclamações trabalhistas foram extintas por “ilicitude do objeto” do contrato de “trabalho”, já que pistolagem é crime, mas nunca houve investigação criminal detalhada sobre a organização dessas milícias no Paraná.

A ação de milícias armadas aparece como uma constante nas investigações dos despejos violentos e assassinatos por conflitos de terra no estado. Valmir Motta de Oliveira, conhecido como Keno, foi morto por pistoleiros em 2007 quando o MST ocupou a área da empresa Syngenta, em Santa Tereza do Oeste, para denunciar a transnacional pela realização de testes ilegais com transgênicos nas proximidades do Parque Nacional do Iguaçu. No Boletim de Ocorrência feito pela Polícia Militar, os pistoleiros informaram que foram contratados pelo Movimento de Produtores Rurais e a Sociedade Rural de Cascavel.


http://www.mst.org.br/content/ex-presidente-da-udr-acusado-de-assassinar-sem-terra-vai-j%C3%BAri-popular

Nota Pública do MOVIMENTO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS - Articulação Rio Grande do Sul | MNDH - RS



Marcelo Yuka no Caminho das Setas

‎"O que me chama atenção, nesse momento, é quando a classe média, a classe média alta e a classe alta começam a achar que podem escapar ou se proteger estando com arma..."

>> Marcelo Yuka por Marcelo Yuka no filme

[FOTO: Kate Mereand-Sinha / Creative Commons]

O comunista Oscar Niemeyer | Blog da Boitempo

O comunista Oscar Niemeyer

Por João Alexandre Peschanski.

No início de agosto, lá em 2005, veio a confirmação: Oscar Niemeyer me concederia uma entrevista no fim do mês. À época, trabalhava no semanal Brasil de Fato, pelo qual, me informava por telefone um dos funcionários do escritório do arquiteto, Niemeyer tinha grande simpatia. A ideia da entrevista era de um amigo, liderança do MST no Rio de Janeiro, e eu, talvez porque não estivesse muito confiante de que daria certo, havia topado. Niemeyer colaborou em várias oportunidades com o MST e, por isso, contava-me seu funcionário pelo telefone, estava entusiasmado. E eu, com menos de cinco anos de formado, aterrorizado!

Pensei: Não se entrevista o Niemeyer como se pega uma aspa de um político ou militante sobre a reforma agrária, os rumos da economia. Fui estudar. Fichei livros de arquitetura, conversei com arquitetos, vasculhei a arquitetura moderna e seus críticos, li as repercussões das construções modernistas nos mais variados campos científicos, da sociologia à saúde pública. Quando tomei o ônibus para o Rio, acompanhava-me meia dúzia de livros, que revisei cuidadosamente.

Quando cheguei, trinta minutos antes do combinado, em frente ao escritório do Niemeyer, no último andar de um pitoresco prédio na orla de Copacabana, revisava num papelzinho a ordem das perguntas que pretendia fazer, últimos retoques de um roteiro de entrevista que preparara por quase um mês. Subi. Esperei, já no escritório, a chegada do dirigente do MST e da Taís Peyneau, a fotógrafa. Nas paredes, aparentemente feitos à mão desenhos e rascunhos do arquiteto. A vista em ziguezague do mar, das janelas projetadas por Niemeyer. Funcionários, serenos, ocupados, debruçados sobre croquis e plantas. Assim que chegaram todos, fomos a uma sala privativa, prateleiras cheias de livros, alguns quadros e retratos.

“Vocês aceitam uma água de coco?” Todo de branco, misturando-se a meus olhos com as paredes do apartamento; era do Niemeyer a primeira pergunta. Estava sentado, com um boné do MST sobre o colo, que esfregava com os dedos. Pôs a mão no meu rosto; “Bem-vindo”. Sentia no meu bolso o papelzinho com as perguntas sobre Brasília, a sede do Partido Comunista Francês, o Memorial da América Latina. Lembrei do experiente jornalista José Arbex Jr., meu professor na faculdade, que um dia me confessara não saber o que perguntar ao Niemeyer, para uma entrevista coletiva organizada pela Caros Amigos.

Niemeyer conversou uns minutos com o dirigente do MST. A Taís fotografava: as mãos, um rascunho sobre a mesa, os livros, o arquiteto. Era minha vez. Mas… Foi Niemeyer quem falou: “Não vamos começar com a arquitetura. Falar de arquitetura é uma merda. Vamos falar de política. Você sabe, sou comunista”. E, por mais que minha inocência me tenha levado a fazer algumas perguntas sobre arquitetura, já quase no fim da entrevista, falamos de política.

           

* * *

A entrevista está na íntegra aqui; segue uma pequena seleção das ideias desse militante comunista. Niemeyer faleceu em 5 de dezembro de 2012, no Rio de Janeiro, aos 104 anos.

BF - Apesar da queda do muro de Berlim, da dissolução da União Soviética e, agora, da crise do PT, o senhor continua a ser comunista. De onde encontra motivação?

Oscar Niemeyer - Deste mundo de pobres que nos cerca e até hoje espera por uma vida melhor.

BF - O comunismo é a solução?

Oscar Niemeyer - O comunismo resolve o problema da vida. Faz com que a vida seja mais justa. E isso é fundamental. Mas o ser humano, este continua desprotegido, entregue à sorte que o destino lhe impõe.

BF – O senhor concilia arquitetura e comunismo, que parecem distantes…

Oscar Niemeyer - A vida é mais importante do que a arquitetura. A arquitetura não muda nada, mas a vida pode mudar a arquitetura.

BF – Na arquitetura, o senhor está trabalhando em algum projeto que traduza sua visão atual do Brasil e do mundo?

Oscar Niemeyer - Se eu fosse jovem, em vez de fazer arquitetura, gostaria de estar na rua protestando contra este mundo de merda em que vivemos. Mas, se isso não é possível, limito-me a reclamar o mundo mais justo que desejamos, com os homens iguais, de mãos dadas, vivendo dignamente esta vida curta e sem perspectivas que o destino lhes impõe.

BF – A arquitetura não tem função social?

Oscar Niemeyer - Deveria ter. Mas, quando ela é bonita e diferente, proporciona pelo menos aos pobres e ricos um momento de surpresa e admiração. Mas quanto lero-lero! Na verdade, o que nós queremos é a revolução.

***

Faltam 4 dias para o lançamento de Cypherpunks: liberdade e o futuro da internet, de Julian AssangeO livro já está em pré-venda, com desconto, nas livrarias SaraivaCultura Travessa. A versão eletrônica (ebook), pela metade do preço, está em pré-venda na Saraiva, Amazon e GooglePlay.

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João Alexandre Peschanski é sociólogo, coorganizador da coletânea de textos As utopias de Michael Löwy (Boitempo, 2007) e integrante do comitê de redação da revista Margem Esquerda: Ensaios Marxistas. Colabora para o Blog da Boitempo mensalmente, às segundas.


http://boitempoeditorial.wordpress.com/2013/01/28/o-comunista-oscar-niemeyer/


28.1.13

Nota

educação

"Não é a educação que faz as pessoas mudarem o mundo. A Europa tem o melhor nível educacional do mundo e é hoje profundamente conservadora e egoísta. O que faz as pessoas serem capazes de mudar o mundo para melhor é a consciência social, que pode ser propiciada por uma educação orientada para a consciência social." Emir Sader

25.1.13

Página/12 :: En el día del periodismo en España

EL MUNDO › REPUDIO GENERALIZADO ANTE LA MALA PRAXIS DE EL PAIS DE MADRID

En el día del periodismo en España

Antiguos trabajadores del periódico e intelectuales dejaron en claro su malestar por la publicación de la foto. Y el director del diario El Mundo dijo que a él le quisieron vender la imagen por 30 mil euros.

 Por Flor Ragucci

Desde Barcelona

Particular forma de celebrar el día del periodismo la del diario más prestigioso de España. Ayer, 24 de enero, mientras en Santiago de Compostela la Federación de Asociaciones de Periodistas (FAPE) conmemoraba la festividad de su patrón, San Francisco de Sales, el gran matutino se saltaba todos los códigos éticos de la profesión. “Llamamos la atención de los ciudadanos y de las instituciones sobre la importancia de que la libertad de prensa y el derecho de información mantengan su solidez como pilares fundamentales de la democracia”, rezaba el manifiesto que la FAPE leyó ante la talla escultórica del santo, en el altar de la Universidad de Santiago.

Desde que El País publicó la fotografía hasta que constató que, efectivamente, no correspondía a Hugo Chávez y, según explicitó en su web, “paralizó la distribución de su edición impresa y procedió a enviar una nueva edición a los puntos de venta”, transcurrió aproximadamente media hora. Tiempo más que suficiente para que el papelón trascendiera todas las fronteras y se volviera trending topic mundial en redes sociales como Twitter. No tardó en pronunciarse el director del diario El Mundo, Pedro J. Ramírez, que aprovechó para contar en su perfil de Twitter cómo el miércoles una agencia le había querido vender la foto del líder bolivariano en el hospital, por 30 mil euros. “Nosotros dijimos que no: cuando la veáis en otro medio ya diréis si acertamos”, concluía el mensaje.

En España, tanto El País como “Chávez” son los temas del momento. El perfil de la revista satírica Mongolia dice, por ejemplo: “Echas a 149 periodistas sin pérdidas y, claro, se te pasan cosas por un tubo”, haciendo referencia a los despidos masivos que el diario está llevando a cabo en el último tiempo. En la misma línea, antiguos trabajadores del periódico quisieron dejar claro su repudio a la mala praxis de El País a través de las redes sociales. Javier Valenzuela, ex redactor del diario y uno de los expulsados en la última reducción de plantilla que eliminó al 30 por ciento de los periodistas, expresó: “Sensacionalismo gore y falsedad, lo más bajo del periodismo. ¡Me duele!” y añadía: “El País hace el ridículo global con la falsa foto de Chávez, pero Cebrián (uno de los dueños del rotativo) seguirá diciendo que la culpa de su agonía la tiene Internet”.

Otro colega, Hermann Tertsch, que hace algunos años también abandonó el periódico ante la imposibilidad de expresarse libremente, se hacía ayer eco de las protestas y publicaba en Twitter: “Cuando la incompetencia logra eficacia sólo en rodearse de mayores incompetentes, acaba recogiendo la propia cagada por kioscos de madrugada”.

Además de los históricos periodistas que trabajaron en el diario de Prisa y que ven con preocupación la deriva que está tomando esta empresa en manos de Javier Moreno y Juan Luis Cebrián, algunos intelectuales se pronunciaron contra lo sucedido. El escritor sevillano Isaac Rosa, que es columnista habitual de otro importante diario de España, Público, señalaba en la red que “publicar una foto de Chávez entubado ya era caer bajo. Que encima se la cuelen por falsa dice poco (o mucho) del periódico global”.

El País tuvo que pedir disculpas en su página web a los lectores “por el perjuicio causado” y declaró haber abierto una investigación “para determinar las circunstancias de lo sucedido y los errores que se hayan podido cometer en la verificación de la fotografía”. Pero no parece que le vaya a servir de mucho. A través de un comunicado oficial, la Embajada de Venezuela en España expresó “su más firme rechazo a la campaña que el diario viene desarrollando contra el presidente Hugo Chávez, el pueblo y la democracia venezolana”. La misiva denunciaba la falta de ética del rotativo por publicar una fotografía falsa y venderla como imagen exclusiva, a la vez que declaraba: “Después del editorial del 13 de abril de 2002, donde El País justificó el golpe de Estado contra el presidente Chávez, poco de la cobertura de este diario sobre Venezuela nos ha sorprendido, pero con esta acción se sobrepasaron todos los límites, no sólo de la ética periodística, sino del más básico respeto a los derechos de un hombre que está batallando por su salud, de su familia y del pueblo venezolano”.

El periódico acompañaba la fotografía de Chávez con un texto que aseguraba que dicha imagen era el reflejo de un momento del tratamiento médico del mandatario en Cuba. Sin embargo, media hora más tarde, El País rectificaba alegando que “no había podido verificar de forma independiente las circunstancias en que fue tomada la imagen, ni el momento preciso ni el lugar”. Semejante falta dio pie a la delegación de Venezuela en España para denunciar que el diario “no hace el más mínimo esfuerzo por cumplir con su propio Manual de Estilo, empezando por los artículos 1.12 y 1.34, respecto a la obligada verificación de la información, el extremo cuidado que se exige en la publicación de fotos de archivos, así como los casos y formas en que se admite la no mención de la fuente”.

Por su parte, la ONG Periodistas por la Verdad – en cuyas filas militan periodistas con más de 25 años de trayectoria profesional – deduce que la grotesca publicación no fue un error involuntario, puesto que es imposible que un diario con 36 años de trayectoria no haya confirmado la autenticidad de la fotografía referida a una noticia tan delicada como es la referida a una figura pública internacional como la del presidente Chávez.

http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-212559-2013-01-25.html


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz