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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

31.12.10

O encanto e os riscos do Ano Novo

O encanto e os riscos do Ano Novo

qui, 2010-12-23 16:54 — admin

Celebrar o ano novo tem este significado: colher as sementes de bondade espalhadas na terra durante o ano passado e garantir que sejam semeados novos brotos de paz e justiça

 

30/12/2010

Marcelo Barros

Em todas as culturas e nas mais diversas religiões, as pessoas sentem uma profunda e misteriosa atração pelas novidades. Tudo o que é novo suscita admiração e desperta interesse. Isso revela uma vocação para se renovar permanentemente e é característica do ser humano.

Na natureza, há animais capazes de pressentir se vai chover ou estiar. Ao despontar da madrugada, o galo canta. Ao mudar das horas, o jumento relincha. No entanto, somente o ser humano é capaz de contar o tempo. Só a humanidade faz história e, assim, faz do futuro (aquilo que há de vir) possibilidade do novo. Há pessoas que pensam: “o tempo resolve”. Infelizmente, isso não é verdade. A passagem do tempo não acarreta por si mesma e mecanicamente uma evolução para melhor. A mera mudança de tempo traz envelhecimento e não novidade ou solução. O que faz o tempo ser fecundo de algo novo é o amor. Santo Agostinho dizia que a história é grávida de Cristo porque Deus nos envia a espalhar no mundo sementes de solidariedade. Celebrar o ano novo tem este significado: colher as sementes de bondade espalhadas na terra durante o ano passado e garantir que sejam semeados novos brotos de paz e justiça.

Desde os tempos antigos, muitas comunidades costumam festejar a mudança de ano com um banho regenerador que simboliza renovação interior. Por isso, até hoje, multidões se aglomeram nas praias para saudar o novo ano. Em outras culturas, as pessoas vestem roupas novas para simbolizar que assumem posturas novas de vida. Há também regiões do mundo nas quais o ano novo é celebrado com refeições cultuais. Existem alimentos específicos do ano novo, como, por exemplo, em alguns países da Europa, saborear ostras. Estas vêm fechadas e se abrem, assim como o mistério do tempo que, na noite do 1º de janeiro, pode iniciar uma época nova para quem a acolhe.

Todos estes costumes e ritos são válidos, desde que não vivamos o ano novo apenas como um dia que o calendário traz e, assim como chega, em breve, terá passado. As Igrejas cristãs costumam falar em “ano da graça de 2011”. É um modo de dizer que o importante do tempo não é a contagem quantitativa, mas a sua densidade. A regra beneditina ensina aos monges que o tempo nos é dado como “um prazo a mais para a nossa conversão”. Paulo escreveu à comunidade cristã de Roma que “a escuridão da noite quase passou e o dia está chegando. Devemos, então, ser como pessoas que despertam na madrugada e organizam suas vidas não como quem vive na escuridão da noite e sim à luz do dia (Rm 13, 13).

Viver à luz do sol é um modo de dizer que temos de ser lúcidos (o próprio termo lucidez vem de luz), aprimorar o espírito crítico e refinar a consciência para saborear a vida como algo sempre novo e que nos leva à comunhão com os outros e com a natureza.

Neste primeiro dia do ano, o Brasil assistirá a posse da nova presidente da Republica e dos governos estaduais, renovados ou reeleitos. Dificilmente o poder reforma profundamente a si próprio. Sem dúvida, as transformações sociais e políticas mais substanciais virão não dos governos e sim da sociedade civil e dos movimentos do povo organizado. Uma das promessas de campanha da presidência eleita é valorizaras organizações da sociedade civil e aprimorar as regras para a participação de todos na política. Justamente, o que nos faz esperar um bom governo é este respeito e mesmo apreço pela sociedade civil. Graças a Deus, nunca mais voltaremos aos governos que criminalizavam os movimentos populares, como, aconteceu na época da ditadura militar e mesmo nos primeiros governos civis que vieram depois. Ao desejar ao povo brasileiro um ano novo cheio de graças, peço a Deus que ilumine nossos governantes a fortalecerem o diálogo entre Estado e nação. Que a nossa presidente e nossos governadores sempre se ponham como representantes e defensores, principalmente, das parcelas mais frágeis e sem voz da nossa população, abertos à novidade que nos atrai para mais vida. A todos, feliz ano novo.

Marcelo Barros é monge beneditino e escritor. Tem 37 livros publicados, entre os quais “O Amor fecunda o Universo (Ecologia e Espiritualidade) com co-autoria de Frei Betto. Ed Agir, 2009.

http://www.brasildefato.com.br/node/5392

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz