Professor de Jornalismo Gráfico desmonta versão de Serra atingido por fita crepe
22/10/2010 17:17, Por Redação, com colaboradores - do Rio de Janeiro e Porto Alegre
Desde o final da manha desta sexta-feira, o sitio do professor José Antonio Meira da Rocha na internet encontra-se fora do ar. O professor de Jornalismo Gráfico da Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Educação Superior Norte-RS (UFSM/CESNORS), campus de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil analisou um a um os quadros do filme que traz o momento em que um segundo objeto, além da bolinha de papel, teria atingido a superfície calva do candidato tucano à Presidência, José Serra. Ao constatar que sua página estava fora do ar, José Rocha as divulgou em outros sítios da internet e as coloca ao dispor das autoridades para posterior comprovação.
Chamou a atenção do professor o fato de o Jornal Nacional, exibido na véspera, dispensar longos sete minutos à tentativa de demonstrar que José Serra fora atingido por um rolo de fita adesiva. Contratou, a preço não revelado, o perito Ricardo Molina, cujo currículo inclui a tentativa de acusar o MST pelo massacre de Eldorado de Carajás; de garantir que o braço direito do ex-presidente Fernando Collor de Melo, PC Farias, suicidou-se; além de questionar as provas sobre a responsabilidade da família Nardoni na morte da menina Isabela. Estava evidente a tentativa dos meios conservadores de comunicação de frear a onda de indignação (e de deboche) que varreu o país em minutos, assim que as imagens da rede de TV SBT foram apresentadas, com a bolinha de papel atingindo o candidato.
José Rocha, no entanto, analisou as imagens do Jornal Nacional, quadro a quadro, e chegou às seguintes conclusões, publicadas em seu blog:
"a) o suposto rolo de fita crepe, ou durex, não aparece em nenhum dos quadros anteriores ou posteriores ao momento em que se "choca" com a cabeça de Serra. Teria surgido do nada;
"b) um truque elementar na manipulação de vídeos (um artifact de compressão) é suficiente para gerar imagem idêntica à exibida no Jornal Nacional".
A análise de Meira Rocha foi resumida abaixo:
Em outra sequência de imagens, publicada noite passada aqui no CdB, o médico que atendeu o candidato, Jacob Kligerman, ex-assessor do presidenciável José Serra, apresentava um local distinto daquele avaliado por Molina como o ponto onde o candidato tucano teria sido acertado pelo objeto que, em tese, o havia ferido a ponto de precisar ser submetido a uma tomografia.
"Toda a produção jornalística pode ser digitalizada. Tudo o que é publicado está à mercê de chatos que salvam, gravam, colecionam, digitalizam com plaquinhas de 120 reais. Como eu, que gosto de gravar TV na minha Pixelview PlayTV Pro. Por isso, hoje, é inconcebível que a grande imprensa, sofrendo há muito com as mudanças provocadas pela digitalização, tente enganar seu digitalizado público com armações grotescas como esta aprontada pelo Jornal Nacional de 2010-10-22, com ajuda da Folha.com e do repórter Ítalo Nogueira" escreveu o professor José Rocha ao sítio Outras Palavras.
E acrescentou: "Será que a velha mídia não se dá conta que qualquer pessoa pode gravar TV e passar quadro-a-quadro? E que, fazendo isto, a pessoa pode ver que não há nenhum rolo de fita crepe sendo atirado contra o candidato José Serra? Que o detalhe salientado em zoom numa extensa matéria de 7 minutos não passava de um artifact de compressão de vídeo sobreposto à cabeça de alguém ao fundo? Que não se vê no vídeo quadro-a-quadro nenhum objeto indo ou vindo à cabeça do candidato?"
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