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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

1.10.10

Por que o debate da Globo não presta | Conversa Afiada

Nixon e Kennedy: você jamais verá um debate no Brasil

O debate presidencial, aquele que se considerava "decisivo", porque o Serra ia "virar", o debate foi ao ar às 22H35.

Depois da novela em que se supõe que os personagens falem italiano.

O debate foi no mesmo horário em que a Globo autoriza que os jogos do Brasileirinho se realizem.

(A Cristina Kirchner comprou os direitos do campeonato argentino e distribui a todos os canais, que exibem na hora em que quiserem.)

O debate da Globo é para o brasileiro que pode ir dormir depois da meia noite: ou seja, os ricos.

O debate é uma chatice porque :

1) as perguntas são sobre temas sorteados;

2) quem faz as perguntas são os candidatos.

Por isso, as perguntas não são perguntas, mas plataforma para o candidato dizer o que quer.

E as perguntas são dirigidas ao adversário que esconda o maior rival.

Quando a Dilma pergunta ao Plínio, é porque quer esconder o Serra.

E o Serra só entrou no ar às 23H.

O formato da Globo acabou por ser um tiro no pé do Serra.

Quem sabe fazer pergunta é jornalista.

Candidato sabe pedir voto – quando sabe, o que não é o caso do Serra.

Candidato não sabe perguntar.

Por isso, o debate ficou assim: insípido, inodoro e incolor.

E por que ficou assim ?

Porque os candidatos e os partidos quiseram fugir dos jornalistas.

E por que fugiram dos jornalistas ?

Porque os jornalistas brasileiros, em geral, não prestam.

São partidários e, na maioria, tucanos.

Como diz o Mino Carta: o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama o patrão de "colega".

Para evitar que o debate seja conduzido por perguntas do Jabor, da urubóloga ou do Waack, os partidos amarraram o debate.

Criaram um formato imune à tensão.

É como se a bola não pudesse passar da intermediária.

É um debate do tipo "risco-zero".

O debate faz parte do sistema político brasileiro, em que não há discussão de políticas publicas.

Não há confronto de idéias.

O que mais informa acaba sendo, como a propaganda da Dilma, o horário eleitoral gratuito.

A lei que regula a entrada de candidatos na televisão também é essencialmente idiota.

Consiste em não aprofundar nada.

Por que ?

De novo, porque os partidos precisavam se proteger, antes de tudo, da parcialidade da Globo.

E aí fica essa bobagem do "dia do candidato".

Em que o pobre espectador tem que ouvir a Bláblárina Silva – a candidata de duas caras, como disse o
Santayana – dizer "é muito grave", "é prioritário", faremos "um plebiscito".

Nos Estados Unidos, por exemplo, os debates são no horário nobre.

Patrocinados por entidades educacionais, geralmente.

E quem faz as pergunta são jornalistas – que todo mundo reconhece como jornalistas sérios, imparciais.

A Dilma aceitaria que só a Miriam fizesse as perguntas ?

Ou o Jabor ?

Melhor ir para o clinch – e não deixar o Serra respirar.

Debate não decide eleição, como profetizou Don Hewitt, que, em 1960,  dirigiu o primeiro dos debates na tevê, entre Kennedy e Nixon.

O máximo que faz é acentuar tendência que já prevalecia antes do debate.

Cada um vê no debate o que quer ver.

Mas, poderia ser um instrumento de informação e formação.

Se não fosse ao ar no horário do Brasileirinho.

A presidente Dilma Rousseff não foge de uma responsabilidade que se impõe diante dela: promulgar a Ley de Medios.

O brasileiro precisa conhecer, discutir seus problemas.

Do contrário, o sucessor da Dilma será o Berlusconi.

 

Paulo Henrique Amorim

 

http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/10/01/por-que-o-debate-da-globo-nao-presta/

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz