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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

31.12.10

Blogueiros sujos bebemoram em Brasília

Blogueiros sujos bebemoram em Brasília

Reproduzo relato de Conceição Oliveira, publicado no blog Maria Frô, que também traz inúmeras fotos da bebemoração:

Nenhuma paciência para as pataquadas do PIG no dia de hoje, especialmente depois de ter encontrado cerca de 70 blogueiros ontem no Beirute da Asa Sul. Entre eles amigos de longa data e de jornada, outros com os quais falava quase diariamente pelo gtalk, skype, trocando posts, e-mails, sugestões, idéias, tweets sem nunca termos nos encontrado fisicamente.

Foi um dia pra lá de especial e espero que toda os blogueiros sujos que, por diferentes razões, não possam estar aqui em BSB nesta virada de ano e amanhã para nos despedirmos do Cara e darmos as boas vindas à primeira presidenta do Brasil se sintam representados.

Hoje, à meia noite, nós brindaremos à democratização da comunicação, comemoraremos a liberdade de imprensa que existe quando não perdemos o espírito crítico e nem por isso precisamos agir como cães raivosos.

Hoje, a blogosfera dos ‘sujos’, como nos cunhou o lamentável José Serra e sua campanha (esta sim, imunda), brindará à responsabilidade do jornalismo cidadão, festejaremos a promessa de o Brasil finalmente colocar em prática as resoluções da CONFECOM, da plenária do 1º Encontro dos Blogueiros Progressistas e de todo trabalho de formiguinha que nós, cidadãos anônimos, realizamos em rede para desconstruir os factóides do monopólio midiático.

Com bem apontou Rodrigo Vianna no Escrevinhador, o ano de 2010 foi de muito trabalho, mas também de muitas conquistas, e como não nos deixa esquecer Azenha, no Viomundo: 2011 será um ano de muitos desafios.

Estamos preparados para cobrar o novo governo nas políticas públicas que têm de continuar e avançar para efetivamente tornar o Brasil um país desenvolvido e sem exclusão. Que venha 2011. Feliz Ano Novo!

http://altamiroborges.blogspot.com/2010/12/blogueiros-sujos-bebemoram-em-brasilia.html

 

meios de comunicação

“É preciso limitar as ações dos monopólios e democratizar a palavra”

qui, 2010-12-23 11:48 — admin

Segundo fundador da TV Telesur, nova etapa da democracia latino-americana não pode vir sem a democratização da comunicação

31/12/2010

Eduardo Sales de Lima

de Quito (Equador)

http://www.brasildefato.com.br/sites/default/files/telesur.gif

O espectro de radiodifusão pertence a todos e o setor privado não é proprietário desse espaço comum; utiliza-o apenas por meio de concessão pública. Sempre foi assim.

A questão é que, na América Latina, a população foi ensinada que as grandes tevês e rádios foram, desde seu início, grandes empresas com vocação para lucro sem obrigações legais junto ao cidadão. Pelo mundo afora, entretanto, os meios de comunicação precisam obedecer a leis rígidas, que impedem o monopólio comercial e ideológico desde há muitas décadas.

A Ley de Medios da Argentina, aprovada em outubro de 2009, vem impulsionando ainda mais o debate. Na Venezuela, há um processo para a regulamentação da mídia no país, inclusive a internet e, no Uruguai, estão ocorrendo discussões para regulamentar o setor em 2011. O Brasil tem ampliado a discussão por meio de Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). O ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, preparou um anteprojeto que visa a regular o setor e pretende entregá-lo ao Legislativo.

Para falar sobre essa nova onda latino-americana, Aram Aharonian, fundador e principal idealizador conceitual da TV Telesul, destaca ao Brasil de Fato a necessidade do enfrentamento e da união entre os “de baixo”, pois é daí que surgirá, na visão dele, o balizamento para uma verdadeira democracia comunicacional; nunca a partir de cima. Ele participou do encontro entre jornalistas latino-americanos “Construindo uma agenda democrática em comunicação”, realizado na sede da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), em Quito, Equador, entre os dias 13 e 15 de dezembro de 2010.

 

Brasil de Fato – Você acredita que se aproxima um novo período de grandes transformações relacionadas ao processo de democratização dos meios de comunicações na América Latina?

Aram Aharonian – Estão dadas todas as condições. Nosso período de resistência social vai terminando e ainda não estamos preparados psicologicamente; não assumimos que estamos numa etapa de construção em que é preciso mudar os paradigmas. Temos que acompanhar essa ação de construção de um novo paradigma no setor de comunicações com uma teoria sobre essa construção. Temos que criar uma base conceitual sobre a conjuntura atual das comunicações na América Latina. Estamos buscando-a. E creio que na América Latina se vive algo que não o resto do mundo não vive. É uma etapa de conscientização da cidadania e do retorno do pensamento crítico para criar soluções próprias a problemas próprios e comuns, e cada país sozinho não pode fazer nada.

Um fato muito singular que se dá nos últimos oito anos é que o Brasil deixou de estar separado da América Latina. O Brasil se sente parte. É verdade, no entanto, que com alguns vestígios de “irmão maior” ou de subimperialismo, mas com uma vocação de integração latino-americana, de necessidade de conhecer quem são seus vizinhos, de sentir-se parte do continente.

 

Qual é o efeito prático dessa regulação do setor de comunicações na América Latina?

Democratização é a palavra principal, mas é a palavra que se amplia em direção a muitos outros temas. Creio que o principal é reivindicar o papel do Estado como o território de todas as atividades que dizem respeito à nação e, em segundo lugar, é preciso limitar as ações dos monopólios, impedir suas ações, e democratizar a palavra; garantir que a palavra e a imagem se volte e chegue a todos cidadãos. Uma Ley de Medios é o início de um caminho, não é o final. É o final, sim, de uma resistência, e o início de uma construção de uma nova forma de comunicação. Uma comunicação democrática resultará numa democracia participativa.

 

Aprendemos no Brasil que a radiodifusão é antes de tudo um negócio. Sentimos desde sempre a força do poder privado e da desregulação nessa área. Em entrevista ao Brasil de Fato, dois dos principais abajo, comunicólogos brasileiros, Laurindo Leal Filho e Venício Artur Lima, contaram que em alguns países da Europa o processo de regulação do setor, sobretudo a partir dos anos 1930, levou mais em conta o caráter público dos meios de comunicação.

Primeiro, deve-se ter a dimensão de que os meios de comunicação são um serviço público. A globalização neoliberal, que está em crise, obviamente utiliza os meios de comunicação para fazer negócios. Entendo que o conceito de rentabilidade dentro desse âmbito de serviço social encontra certos problemas. Há problemas no Brasil, Argentina, México, em vários países em que há monopólios e oligopólios que controlam a palavra, criam um imaginário coletivo e condicionam as ações dos governos. Esses grupos não são eleitos por ninguém. São grupos econômicos, às vezes nacionais, às vezes internacionais, que temos que controlar. Cuidado. Não se trata somente de interesses comerciais. Há também interesses religiosos. E são também tão danosos quando tomam o monopólio da palavra para criar um imaginário coletivo que realmente atentam contra os interesses da grande maioria.

 

Existe uma raiz histórica comum a todos os países da América Latina quando falamos em monopólio dos grandes meios de comunicação?

Nos países grandes, há grandes monopólios, oligopólios; Clarín, na Argentina, a Televisa, no México, a Globo no Brasil. Mas a Globo tem a contraparte evangélica, que não é tão poderosa, mas também tem o seu poder. Temos ainda vários grupos de investimentos espanhóis. Na Colômbia e na Bolívia, há o grupo Planeta, o grupo Prisa; ou seja, são grupos espanhóis que também jogam para atender aos interesses de suas empresas. E são empresas que os governos neoliberais privatizaram para prestar serviço e que defendem esse Estado mínimo para que garantam seu lucro.

 

Você acredita que no Brasil haverá um processo de enfrentamento da sociedade organizada e da parte progressista do governo Dilma com a grande mídia, como ocorreu e está ocorrendo na Argentina?

Não há outra forma. Jamais o grande capital concedeu algo. A única forma é a decisão política do governo de apoiar esse abajo que se move, apoiar a cidadania do povo e os movimentos sociais, que estão declarando um novo elo informativo entre eles e uma nova forma de democratizar a informação.

Creio que o que falta é a decisão política dos governos de garantir as coisas, pesando suas forças. Creio que é uma batalha que se mostra e que o Brasil está preparado por baixo, com a enorme quantidade de assembleias realizadas por todos os cantos do país, apoiando a democratização da comunicação e com algumas declarações que são muito alentadoras de Franklin Martins, inclusive de Lula. Creio que é um momento de democracia. A democracia não pode vir de cima, de cima não se constrói nada. A única coisa que se constrói é um poço. Nós temos que construí-la a partir de baixo para que esse poço acabe, sendo uma decisão política de quem está prejudicado.

 

Paralelamente a todo esse movimento, a grande mídia latino-americana acusa os governos de esquerda e centro-esquerda de atacarem a liberdade de expressão.

Essa frase se repete por todos os lados. Estão querendo confundir a liberdade de empresa com a liberdade de imprensa. Em nossos países, há muitos casos de libertinagem de imprensa, em que os grandes meios fazem campanhas contra os governos e contra a estabilidade do país. Que sigam dizendo o que querem, que o povo sabe do que se trata.

 

Criticam também o excesso de ideologia.

Se temos uma problema de ideologia, então não temos problema nenhum. Ou tudo será problema de ideologia. Estamos debatendo as ideias numa batalha permanente. O problema é ocultar essas ideias numa redoma de neutralidade e imparcialidade que não existe. Isso é falso. São falsos paradigmas que nos ensinaram. Não existe imparcialidade nos meios de comunicação. É um problema ideológico. Cada meio tem a sua linha editorial, marcada por seus interesses políticos, econômicos, comerciais, religiosos, que sejam.

 

Devemos nos inspirar em modelos já existentes de regulação de meios de comunicação, como os que existem em alguns países da Europa, como no Reino Unido, Espanha e Sérvia?

Temos que olhar para nós mesmos. Faz 500 anos que copiamos modelos. E esses modelos são estrangeiros, e talvez, sejam muito bons. Mas é algo que tem a ver com a gente. Por exemplo, a Ley de Medios na Argentina tomou elementos dos Estados Unidos no que diz respeito à questão dos monopólios. É muito similar. Então, não se pode acusá-los de comunistas.

 

Dentro dos limites capitalistas.

Os limites da democracia burguesa formal. Estamos num sistema capitalista e nossos países estão formados, ainda, por governos burgueses. Não há governos revolucionários. Assim que pudermos avançar a outras etapas, avançaremos na comunicação. Cada etapa tem o seu tempo. O grande problema é que durante 500 anos tínhamos uma cultura de colonização cultural.

 

Essa colonização cultural era a situação mais grave?

Era o mais grave. Seguíamos pensando como os estrangeiros. Agora, estamos mudando isso, olhando com nossos próprios olhos e mostrando o que somos. Essa mescla cultural, étnica, essa coloquialidade... Essa discussão permanente de como temos que viver em nossos países é a construção de uma nova democracia. Não se pode ter uma nova democracia sem uma comunicação democrática. Há uma relação direta da democratização da comunicação com a construção da nova democracia. O futuro da nova democracia em nosso continente tem a ver, basicamente com esse papel de poder de uma comunicação massiva. Se não democratizarmos a comunicação, não teremos essa democracia real em nossos países.

 

 

http://www.brasildefato.com.br/sites/default/files/Aram-Aharonian.gif

 

<QUEM É>

O uruguaio-venezuelano Aram Aharonian é jornalista, professor de pós-graduação, fundador da Telesul, diretor da revista Questão e do Observatório Latino-Americano de Comunicação e Democracia (Olac). 

http://www.brasildefato.com.br/node/5381

O encanto e os riscos do Ano Novo

O encanto e os riscos do Ano Novo

qui, 2010-12-23 16:54 — admin

Celebrar o ano novo tem este significado: colher as sementes de bondade espalhadas na terra durante o ano passado e garantir que sejam semeados novos brotos de paz e justiça

 

30/12/2010

Marcelo Barros

Em todas as culturas e nas mais diversas religiões, as pessoas sentem uma profunda e misteriosa atração pelas novidades. Tudo o que é novo suscita admiração e desperta interesse. Isso revela uma vocação para se renovar permanentemente e é característica do ser humano.

Na natureza, há animais capazes de pressentir se vai chover ou estiar. Ao despontar da madrugada, o galo canta. Ao mudar das horas, o jumento relincha. No entanto, somente o ser humano é capaz de contar o tempo. Só a humanidade faz história e, assim, faz do futuro (aquilo que há de vir) possibilidade do novo. Há pessoas que pensam: “o tempo resolve”. Infelizmente, isso não é verdade. A passagem do tempo não acarreta por si mesma e mecanicamente uma evolução para melhor. A mera mudança de tempo traz envelhecimento e não novidade ou solução. O que faz o tempo ser fecundo de algo novo é o amor. Santo Agostinho dizia que a história é grávida de Cristo porque Deus nos envia a espalhar no mundo sementes de solidariedade. Celebrar o ano novo tem este significado: colher as sementes de bondade espalhadas na terra durante o ano passado e garantir que sejam semeados novos brotos de paz e justiça.

Desde os tempos antigos, muitas comunidades costumam festejar a mudança de ano com um banho regenerador que simboliza renovação interior. Por isso, até hoje, multidões se aglomeram nas praias para saudar o novo ano. Em outras culturas, as pessoas vestem roupas novas para simbolizar que assumem posturas novas de vida. Há também regiões do mundo nas quais o ano novo é celebrado com refeições cultuais. Existem alimentos específicos do ano novo, como, por exemplo, em alguns países da Europa, saborear ostras. Estas vêm fechadas e se abrem, assim como o mistério do tempo que, na noite do 1º de janeiro, pode iniciar uma época nova para quem a acolhe.

Todos estes costumes e ritos são válidos, desde que não vivamos o ano novo apenas como um dia que o calendário traz e, assim como chega, em breve, terá passado. As Igrejas cristãs costumam falar em “ano da graça de 2011”. É um modo de dizer que o importante do tempo não é a contagem quantitativa, mas a sua densidade. A regra beneditina ensina aos monges que o tempo nos é dado como “um prazo a mais para a nossa conversão”. Paulo escreveu à comunidade cristã de Roma que “a escuridão da noite quase passou e o dia está chegando. Devemos, então, ser como pessoas que despertam na madrugada e organizam suas vidas não como quem vive na escuridão da noite e sim à luz do dia (Rm 13, 13).

Viver à luz do sol é um modo de dizer que temos de ser lúcidos (o próprio termo lucidez vem de luz), aprimorar o espírito crítico e refinar a consciência para saborear a vida como algo sempre novo e que nos leva à comunhão com os outros e com a natureza.

Neste primeiro dia do ano, o Brasil assistirá a posse da nova presidente da Republica e dos governos estaduais, renovados ou reeleitos. Dificilmente o poder reforma profundamente a si próprio. Sem dúvida, as transformações sociais e políticas mais substanciais virão não dos governos e sim da sociedade civil e dos movimentos do povo organizado. Uma das promessas de campanha da presidência eleita é valorizaras organizações da sociedade civil e aprimorar as regras para a participação de todos na política. Justamente, o que nos faz esperar um bom governo é este respeito e mesmo apreço pela sociedade civil. Graças a Deus, nunca mais voltaremos aos governos que criminalizavam os movimentos populares, como, aconteceu na época da ditadura militar e mesmo nos primeiros governos civis que vieram depois. Ao desejar ao povo brasileiro um ano novo cheio de graças, peço a Deus que ilumine nossos governantes a fortalecerem o diálogo entre Estado e nação. Que a nossa presidente e nossos governadores sempre se ponham como representantes e defensores, principalmente, das parcelas mais frágeis e sem voz da nossa população, abertos à novidade que nos atrai para mais vida. A todos, feliz ano novo.

Marcelo Barros é monge beneditino e escritor. Tem 37 livros publicados, entre os quais “O Amor fecunda o Universo (Ecologia e Espiritualidade) com co-autoria de Frei Betto. Ed Agir, 2009.

http://www.brasildefato.com.br/node/5392

 

30.12.10

Acompanhe a posse do Governo Tarso

retrospectiva e posse

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http://www.tvbrasil.org.br/webtv/

 

Retrospectiva 2010 > Os principais fatos do ano

Sexta, dia 31/12, as 22 horas

A TV Brasil apresenta Retrospectiva 2010 para mostrar os principais acontecimentos de 2010. Será possível rever os fatos mais marcantes dos últimos 12 meses e as notícias que causaram impacto no Brasil e no mundo.

Mais informações: http://www.tvbrasil.org.br/novidades/?p=10367

 

Cobertura da posse de Dilma Rousseff > As imagens e os principais momentos da posse da primeira presidenta do Brasil

Sábado, dia 1, à partir das 15h

http://www.tvbrasil.org.br/novidades/wp-content/uploads/2010/12/dilma.jpg

TV Brasil transmite ao vivo a posse da presidenta Dilma Rousseff

No primeiro dia de 2011, a emissora pública exibe a cobertura da posse da primeira presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, e dos governadores em todo o país. A cerimônia de posse será transmitida ao vivo pela TV Brasil à partir das 15 horas. A equipe de reportagem irá acompanhar desde a missa na Catedral de Brasília, a posse no Congresso Nacional e, em seguida, o discurso no parlatório e a cerimônia de transmissão do cargo no Palácio do Planalto.

À noite, o telejornal Repórter Brasil também será uma edição especial com uma hora de duração. O telejornal trará os principais fatos e notícias do dia em todo o país e os detalhes da posse de Dilma Roussef e dos governadores eleitos.

Mais informações: http://www.tvbrasil.org.br/novidades/?p=10357

VALEU !

LULA

ESCOLA LIVRE

ESCOLA LIVRE

Jornalismo para quem precisa

Por Leandro Fortes em 30/12/2010

Reproduzido do blog do autor, 29/12/2010

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/images/transp.gif

Há alguns dias, lancei na minha página do Facebook uma idéia que venho acalentando há tempos, desde que encerrei um curso de extensão para uma faculdade privada de jornalismo, em Brasília. O curso, de Técnica Geral de Jornalismo, reuniu pouco mais de 10 alunos, basicamente, porque era muito caro. Embora tenha sido uma turma de bons estudantes, gente verdadeiramente animada e interessada no ofício, me senti desconectado da real intenção do curso, que era de fazer um contraponto de método, opinião e visão ideológica a esse jornalismo que aí vemos, montado em teses absurdas, em matérias incompletas e mentirosas, omissas em tudo e contra todos, a serviço de um pensamento conservador, reacionário e golpista disseminado, para infelicidade geral, como coisa normal. Não é. E é sobre isso que eu queria falar enquanto ensinava, dia a após dia, os fundamentos práticos da pauta, da entrevista, da redação jornalística, da nobre função do jornalista na sociedade, no Brasil, na História.

Perguntei, então, no Facebook, o que estudantes de jornalismo e jornalistas formados achariam de eu transferir essas aulas para um espaço barato e democrático, capaz de levar esses conhecimentos a muito mais gente, sobretudo ao estudante pobre – e, quem sabe, credenciar também os pobres a brigar por uma vaga nas redações, que se tornaram ambientes muito elitistas. Encaretadas por manuais de doutrina e comportamento, adestradas pela conduta neoliberal dos anos 1990, quando passaram a responder diretamente pelas demandas do Departamento Comercial, as redações brasileiras se desprenderam da ação política, dos movimentos sociais, do protagonismo histórico a favor dos direitos humanos e da luta contra a desigualdade. Passaram, sim, a reproduzir um universo medíocre de classe média, supostamente a favor de uma modernidade pós-muro de Berlim, onde bradar contra privatizações e a adoração ao deus mercado passou a ser encarado como esquerdismo imperdoável e anacrônico.

Tratamento jornalístico

Não por outra razão, os movimentos corporativos a favor da manutenção da obrigatoriedade do diploma de jornalista, que resistiram a todo tipo de investida patronal ao longo de duas décadas, foram definitivamente golpeados com o apoio e, em parte, a omissão, da maioria dos jovens profissionais de imprensa, notadamente os bem colocados em redações da chamada grande mídia. Vale lembrar que o jornalismo é, provavelmente, a única profissão do mundo onde existem profissionais que pedem o fim do próprio diploma. Há muitas nuances, claro, nessa discussão, inclusive porque há gente muito boa que, historicamente, se coloca contra o diploma, sobretudo velhos jornalistas criados em velhas e românticas redações, cenas de um mundo que, infelizmente, não existe mais.

Na essência, o fim da obrigatoriedade do diploma não é uma demanda de jornalistas, mas de patrões, baseada num argumento falacioso de liberdade de expressão – na verdade, de opinião –, quando a verdadeira discussão está, justamente, na formação acadêmica dos repórteres. E há uma distância abissal entre opinião e reportagem, porque a primeira qualquer um tem, enquanto a segunda não é só fruto de talento, mas de aprendizado, técnica e repetição.

Nas grandes empresas, o fim da obrigatoriedade do diploma coroou uma estratégia que tem matado o jornalismo: a proliferação de cursinhos internos de trainees, tanto para estudantes como para recém-formados, cuja base de orientação profissional é a competitividade a qualquer custo, um conceito puramente empresarial copiado, sem aparas, do decadente yuppismo americano. Digo que tem matado porque esses cursinhos de monstrinhos competitivos relegam o papel universal do jornalista ao segundo plano, quando não a plano algum. A idéia de que o jornalista deva ser um profissional solidário, inserido na sociedade para lhe decifrar os dramas e transmiti-los a outros seres humanos passou a ser um devaneio, um delírio socialista a ser combatido como a um inimigo. Para justificar essa sanha, reforça-se o mito da isenção e da imparcialidade de uma mídia paradoxalmente comprometida com tudo, menos com a sua essência informativa, originalmente baseada no universalismo e no compromisso com o cidadão.

Na outra ponta, o fim da obrigatoriedade do diploma abriu a porteira para jagunços e capangas ocuparem as redações da imprensa regional, longe da fiscalização da lei e dos sindicatos, alegremente autorizados a fazer, literalmente, qualquer coisa com qualquer pessoa. Mesmo para o novo modelo de jornalismo que se anuncia na internet, baseado em disseminação mútua de informações primárias, como no caso dos vazamentos do Wikileaks, haverá sempre a necessidade do tratamento jornalístico dos conteúdos. E, para esse serviço, não há outro trabalhador credenciado senão um bom repórter treinado e formado para essa missão. Formação esta que, insisto, deve ser feita na academia e reforçada na experiência diária da reportagem.

Prático e barato

Recentemente, li sobre a criação, em 2010, do Instituto de Altos Estudos em Jornalismo, sob os auspícios da Editora Abril. Entre os mestres do tal centro estavam o dono da editora, Roberto Civita, mantenedor da Veja, e Carlos Alberto Di Franco, do Master de Jornalismo, uma espécie de Escola das Américas da mídia nacional voltada para a formação de "líderes" dentro das redações. Di Franco, além de tudo, é um dos expoentes, no Brasil, da ultradireitista seita católica Opus Dei, a face mais medieval e conservadora da igreja católica no mundo.

Sinceramente, não vejo que "altos estudos", muito menos de jornalismo, podem sair de um lugar assim. Não tenho dúvidas de que a representação do tal instituto não é acadêmica, embora seja dirigido por Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás no governo do PT, renomado estudioso da imprensa no Brasil. Trata-se de uma representação fundamentalmente ideológica, a reforçar as mesmíssimas estruturas de poder das redações, estruturas ultraverticalizadas, essencialmente antidemocráticas e personalistas, onde a possibilidade de ascensão funcional, sobretudo a cargos de chefia, está diretamente ligada à capacidade de ser subserviente aos patrões e bestas-feras com os subordinados.

Felizmente, o surgimento da internet deu vazão a outro ambiente midiático, regido por outras regras e demandas, um devastador contraponto ao funcionamento hermético das grandes redações e ao poder hegemônico da velha mídia brasileira, inclusive de seus filhotes replicadores e retransmissores Brasil adentro. O fenômeno dos blogs e sua capacidade de mobilização informativa é só a parte mais visível de um processo de reordenamento da comunicação social no mundo. As redes sociais fragmentaram a disseminação de notícias, fatos, dados estatísticos, informes e informações em um nível adoravelmente incontrolável, criando um ambiente noticioso ainda a ser desbravado por novas gerações de repórteres que, para tal, precisam ser treinados e apresentados a novas técnicas e, sobretudo, a novas idéias.

A "era do aquário", para ficar numa definição feliz do jornalista Franklin Martins – aliás, contrário à obrigatoriedade do diploma –, está prestes a terminar. O jornalismo decidido por cúpulas restritas, com pouco ou nenhum apego à verdade dos fatos, está reduzida a um universo patético de mau jornalismo desmascarado instantaneamente pela blogosfera, vide a versão rocambolesca da TV Globo sobre a bolinha de papel na cabeça de José Serra ou a farsa do grampo sem áudio que uniu, numa mesma trama bisonha, a revista Veja, o ministro Gilmar Mendes, do STF, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Não será a escola de "altos estudos" da Veja e do professor Di Franco, portanto, a suprir essa necessidade. Essa demanda terá que ser suprida por repórteres ciosos de outro tipo de jornalismo, mais aberto e solidário, comprometido com a verdade factual e a honestidade intelectual, interessado em boas histórias. Um jornalismo mais leve e mais humano, mais preocupado com a qualidade da informação do que com a vaidade do furo. Um jornalismo vinculado à realidade, não a interesses econômicos. E isso, certamente, só poderá ser viabilizado dentro de outro modelo, cooperativo e democrático, a ser exercido a partir das novas mídias virtuais.

Por isso, é preciso estabelecer também um contraponto à ideologia da mídia hegemônica no campo da formação, em complemento aos cursos superiores de jornalismo. Abrir espaço para os milhares de estudantes de comunicação, em todo o Brasil, que não têm chance de participar dos cursinhos de trainees dos jornalões e das grandes emissoras de radiodifusão. Dar a eles, de forma prática e barata, uma oportunidade de aprender jornalismo com bons repórteres, com repórteres de verdade.

Missão inicial

Foi nisso que pensei quando idealizei, em 2007, a Escola Livre de Jornalismo, junto com outros dois amigos, ambos ótimos jornalistas, Olímpio Cruz Neto e Gustavo Krieger. Com eles, ajudei a montar bem sucedidos ciclos de palestras e oficinas de jornalismo em Brasília. Em 2009, um ano antes do 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em São Paulo, a Escola Livre, em parceria com o IESB, já havia conseguido reunir, na capital federal, os principais expoentes desse movimento no país: Luis Nassif (Blog do Nassif), Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Marco Weissheimer (RS Urgente) e Luiz Carlos Azenha (Viomundo). Uma semana de debates ricos, bem humorados, em um auditório permanentemente lotado de estudantes de jornalismo e jornalistas profissionais. Foi nosso único evento gratuito e, claro, o de maior sucesso. Os ciclos e oficinas, embora tenham tido boa audiência, esbarravam sempre no problema do custo para os estudantes: como nos cursinhos de trainee da velha mídia, acabávamos por privilegiar um segmento de jovens já socialmente privilegiados. É dessa frustração e dessa armadilha que proponho fugir agora.

Por isso, expus no Facebook a idéia de ministrar minhas aulas de Técnica Geral de Jornalismo, divididas em módulos, de modo que cada estudante pague um valor baixo por cada aula. Ou seja, os estudantes vão às aulas que quiserem, pagam na entrada e participam de duas horas de aula de jornalismo sobre tópicos práticos e temas relevantes. Minha idéia é convocar outros repórteres de Brasília a participar desse movimento da Escola Livre de Jornalismo, com o compromisso de, em troca da aula de duas horas, receber 70% do valor arrecadado no dia, porque 30% serão sempre destinados à administração e organização do curso.

Além do valor da aula, ainda a ser estipulado, cada aluno deverá também levar um alimento não perecível qualquer, a ser distribuído para comunidades pobres do Distrito Federal ou instituições de assistência social a serem definidas com futuros parceiros. Esses mantimentos, inclusive, poderão ser usados como moeda de troca para podermos utilizar gratuitamente algum espaço físico em Brasília para ministrar as aulas. É algo ainda a ser definido.

A idéia está lançada. No Facebook, recebi quase 100 adesões imediatas de estudantes, jornalistas, incluindo alunos e ex-alunos realmente satisfeitos com a perspectiva de participar de um movimento interativo desse nível, a preços populares. Espero poder iniciar as primeiras aulas em fevereiro de 2011 e, desde já, conto com a participação de todos os amigos e colegas jornalistas do Brasil que quiserem compartilhar essa experiência. Quanto mais gente boa dando aula, mais gente boa a ser formada. Como nas experiências anteriores, a Escola Livre de Jornalismo espera contar com a parceria das faculdades de jornalismo do DF para transformar em crédito a freqüência dos estudantes nas aulas, de modo a colaborar com uma necessidade acadêmica deles, as horas extra-sala de atividades complementares.

Por favor, quem quiser participar dê o ar das graças. Nossa missão inicial é achar um lugar amplo e legal, com cadeiras e uma boa mesa de professor, para dar as aulas. A depender do nível de adesão dos colegas jornalistas, vamos organizar uma agenda para as aulas, que serão sempre aos sábados, em princípio, das 9 às 11 horas da manhã.

Por enquanto, é esse o meu manifesto, é essa a minha idéia. O resto virá, tenho certeza, na garupa de bons ventos.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=622DAC003

 

Irregularidades que aumentaram a dívida da Companhia de Energia de São Paulo, a CESP

Adicionado por Fernando Augusto Botelho - RJ em 30 dezembro 2010 às 0:01

Caso de polícia, dívida de pouco mais de um milhão saltou para mais de 100 milhões de reais.

Matéria exibida as 19h22 do dia 29-Dez-2010 no Jornal da Band, da emissora de TV Bandeirantes do Brasil

 

http://blogln.ning.com/video/irregularidades-que-aumentaram?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

 

Companheiros de cela na posse

Companheiros de cela na posse

 

Enviado por luisnassif, qui, 30/12/2010 - 08:54

 

Presidente eleita convidou 11 ex-companheiras de cela para a posse 

Entre as convidadas, que também estarão no coquetel no Itamaraty, está a economista Maria Lúcia Urban, que, na época, chegou grávida ao presídio e recebeu todos os cuidados de Dilma.

- A Maria Lúcia e a Dilma tinham uma relação muito forte, que se manteve - disse a socióloga Lenira Machado, outra integrante do grupo e responsável pelo convite da posse às outras colegas do Tiradentes.

Maria Lúcia hoje é diretora do Centro de Formação Estatística do Paraná. Lenira trabalha com projetos e programas do Ministério do Turismo.

Dilma ficou presa, foi condenada e passou três anos na cadeia. Antes de seguir para o Tiradentes, foi torturada durante 22 dias seguidos. A chegada da companheira à Presidência da República é motivo de orgulho para as colegas de militância política, ainda que atuassem em grupos de esquerda distintos e com pensamentos diferentes sobre como enfrentar o regime militar.

- Éramos de diferentes organizações, mas ocupávamos o mesmo espaço. Se não fosse a cadeia, jamais teríamos nos encontrado. Essa coisa nos unia - disse Rita Sipahi, que atuou na Ação Popular.

Dilma era da Var-Palmares. Rita é advogada e integra a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

 

Os grupos de esquerda divergiam em especial sobre a adesão ou não à luta armada. Lenira e Dilma tinham uma posição idêntica e defendiam o confronto com os militares.

- Eu e ela concordávamos com a luta armada, embasada na formação de quadros. Não para ser uma simples aventura - disse Lenira, que foi torturada no DOI-Codi e, em 2008, reconheceu seu torturador e o denunciou publicamente.

Dilma gostava de "Chico mineiro" e de crochê

Ela comemora a eleição de Dilma.

- Não tenho postura feminista, mas é uma vitória ter uma mulher presidente. E nem em sonho imaginava que alguém da luta armada chegaria um dia a esse posto - disse Lenira.

A jornalista Rose Nogueira, que também estará na festa da posse, ficou alguns meses no presídio e tem muitas lembranças de Dilma. Ela se recorda do apego da petista aos livros. De todos os tipos, de teorias da economia aos clássicos da literatura universal. Nos trabalhos manuais na cela, Dilma tinha predileção, segundo Rose, pelo crochê. Fazia bordados em pano.

- Naquela época, Dilma já tinha uma presença forte. Era naturalmente uma líder e muito solidária. Quando a vi num cargo importante no governo Lula, não tinha dúvida que chegaria a presidente do Brasil - disse Rose, que lembrou ainda do gosto de Dilma pela música.

- Ela gostava de cantar "Chico mineiro" - contou Rose, citando uma música caipira que fez sucesso com a dupla Tonico e Tinoco.

As outras colegas de cela que estarão na posse são: a arquiteta Maristela Scofield; a uruguaia Maria Cristina de Castro, que trabalha no Ministério das Minas e Energia; a psicóloga Lúcia Maria Salvia Coelho; a arquiteta Ivone Macedo; Francisca Eugênia Soares e as irmãs Iara de Seixas Benichio e Ieda de Seixas, de uma família que atuou na oposição aos militares.

Leia mais:

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/12/29/presidente-eleita-convidou-11-ex-companheiras-de-cela-para-posse-923389830.asp

 

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/companheiros-de-cela-na-posse?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

 

Transporte Público: Caro e Ruim

Transporte Público: Caro e Ruim

Enviado por luisnassif, qui, 30/12/2010 - 08:00

Autor: 

Rodrigo Luppi

O que já era caro ficará ainda mais. A partir de 5 de Janeiro, o preço da passagem em São Paulo subirá para R$ 3 reais. A integração com o trem e a CPTM será de R$4,29. O preço da passagem em São Paulo aumentou 1 real desde 2005, ou 50% do valor pego no início da gestão Serra/Kassab.

Outros aumentos em tarifas também serão realizados em outras cidades, como as do ABC.

Esses aumentos só vem coroar o péssimo serviço de transporte público que temos, o que acaba por induzir fortemente a compra de carros e por conseguinte o trânsito e a poluição.
O processo de urbanização das cidades brasileiras caracteriza-se pela segregação territorial. A população é gradativamente expulsa dos centros para as periferias, numa lógica de exclusão social que concentra a oferta de serviços públicos e empregos no centro, distribuídos de forma desigual, aumentando assim a demanda por transporte público para atender aos deslocamentos entre grandes distâncias.

Outro ABSURDO visto é que o transporte não é 24 horas. Trens, metros, e muitos ônibus encerram operação às 00 horas. Isso é um absurdo. Os trens e metros a desculpa dada é a necessidade de limpeza e manutenção dos trilhos, mas os ônibus ???
Quantas vezes o leitor(a) não se deparou com situações de não poder ir a algum lugar a noite por falta de carro? Ou então conhece alguém que teve que dormir na estação? O Pior, trabalhadores que andam quilômetros e quilômotros a pé, ou dormem no serviço esperando o transporte público voltar?

Transporte como Direito

Antes de tudo é preciso dizer que o Transporte Público é um direito. Mas não é um direito fim como outros direitos (Educação, Saúde, Lazer) O Transporte é um direito necessário e imprescindível a outros direitos.
O acesso à Educação, Cultura, Saúde, enfim, a própria noção de liberdade de ir e vir é relacionado com o acesso ao Transporte Público.
Quando este acesso não é garantido, não garantimos também esses outros direitos fundamentais.

Contas

Agora vamos às contas. Se alguém se utiliza do transporte público duas vezes por dia, durante 6 dias na semana, e paga R$ 4,29 por cada utilização, esta pessoa gasta no fim do dia R$8,58. Na semana, gasta R$51,48. No fim do mês, R$205.92. Isso corresponde a 38,1% do futuro Salário Mínimo de R$540,00 reais.

Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2009 do IBGE, o gasto com transporte é o terceiro gasto das famílias no Brasil, representando 19,6% dos gastos, quase empatado com alimentação, que é o segundo gasto com 19,8%.

Cerca de 40 milhões de pessoas, segundo o IPEA, não tem condições de pagar a tarifa do transporte público regularmente e ,portanto, não o usa regularmente.

Do custo da passagem, cerca de 40% é gasto com pessoal. 12% com tributos. 25% com combustível, e há ainda alguns outros gastos.

Outro Modelo

Há uma série de estudos e Movimentos Sociais que dão algumas outras soluções para as tarifas. Primeiro é importante dizer que o modelo de concessão do transporte à iniciativa privada imbute no preço das passagens o lucro dos empresários.

Segundo: Quem mais pega por esse serviço público são diretamente os mais pobres. É a mesma coisa que cobrar mensalidade nas escolas públicas. O transporte deveria ser custeado indiretamente, assim como outros serviços públicos, mas aí os mais ricos deveriam pagar mais imposto.
A Ex-Prefeita Luiza Erundina começou a implementação do tarifa zero em São Paulo, com aumento do IPTU nas áreas mais ricas como forma de financiamento. Teve algumas dificuldades no começo, mas quando as coisas começavam a se acertar, Maluf ganhou as eleições e aí já viu, né?

O transporte coletivo é visto como um grande mercado, uma fonte de apropriação de fatias gordas do orçamento das famílias, uma fonte de poder econômico e político. E como tal, interessa que esse sistema seja mantido para esses mesmos grupos.

Luz no fim do Tunel?

Recentemente uma resolução do Conselho das Cidades e uma emenda ao Projeto de Lei do Estatuto da Mobilidade Urbana encaminhado pelo Governo Federal ao Congresso determina que a tarifa não precisa cobrir os custos do transporte. Mais, determina ainda que o poder público garanta o transporte a quem não tem possibilidade de pagar por ele.
Plano de Mobilidade tem uma série de requisitos que podem assegurar conquistas para a população. Por exemplo, há exigências de controle social que são avançadas em relação ao que existe hoje nas cidades. Mas tudo vai depender da capacidade de mobilização dos setores em suas cidades.

O Estatuto da Mobilidade Urbana, quando aprovado, e o Estatuto das Cidades são instrumentos que amparam nossa luta por um transporte coletivo como realmente público. Mas nós temos que exigir do Governo Dilma que se insira fortemente nessa discussão, e fomente e regulamente as diretrizes do Plano.

Alguns Links:

www.namesadebar.wordpress.com

http://tarifazero.org/

http://books.google.com.br/books?id=NZyjOmbHseEC&printsec=frontcover&dq=...

http://pmvc.com.br/v1/images/editor/images/file/Mobilidade%20Urbana_FINA...

 

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/transporte-publico-caro-e-ruim?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

87%

Presidente Lula bate recorde mundial de aprovação para um chefe de governo em final de mandato: 87%, um pouco acima de Mandela (82%) e de Bachelet (84%). Roosevelt tinha 66%. O tucano Fernando Henrique Cardoso saiu com 26% . Os que desaprovam o governo Lula representam 2,2% da população, incluindo-se aí os colunistas da pag 2 da Folha e adjacências. 'Veja' não conta, é copo de leite.(CNI/Sensus; 30/12)


O JINGLE DO RÉVEILLON:
" OLÊ,OLÊ, OLÊ,OLÁ..."

"Parecia carnaval em Recife, mas era dezembro, e não fevereiro... Ao invés de folia, o motivo da festa era a despedida oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de seu Estado de origem.Uma multidão lotou o Marco Zero, no bairro do Recife Antigo, na noite desta terça-feira (28), para prestigiar a festa ...o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chorou por pelo menos três vezes no palco. Vários artistas pernambucanos passaram pelo local; a cada apresentação o público entoava aquele que é um dos mais conhecidos jingles da política nacional: "olê, olê, olê, olá. Lula, Lula" (UOL, 29/12)

 

PARA REPRODUZIR O PADRÃO VEJA
"Recentemente, li sobre a criação, em 2010, do Instituto de Altos Estudos em Jornalismo, sob os auspícios da Editora Abril. Entre os mestres do tal centro estavam o dono da editora, Roberto Civita, mantenedor da Veja, e Carlos Alberto Di Franco, do Master de Jornalismo, uma espécie de Escola das Américas da mídia nacional voltada para a formação de "líderes" dentro das redações. Di Franco, além de tudo, é um dos expoentes, no Brasil, da ultradireitista seita católica Opus Dei... Não tenho dúvidas de que a representação do tal instituto não é acadêmica, embora seja dirigido por Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás no governo do PT, renomado estudioso da imprensa no Brasil. Trata-se de uma representação ...ideológica, a reforçar as mesmíssimas estruturas de poder das redações... essencialmente antidemocráticas..." (Leandro Fortes; leia nesta pág).

MAIS DE UM MILHÃO DE MORADIAS   

Programa Minha Casa, Minha Vida ultrapassa a meta fixada para 2010 de um milhão de unidades. Contratos somaram um milhão e três mil casas nesta quarta-feira, 29/12. Mídia demotucana sempre tratou a meta como irrealista e vaticinou o  fracasso do programa desde o seu lançamento, em maio de 2009.

(Carta Maior; Quinta-feira, 30/12/2010)

 

http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm

 

26.12.10

machismo

sábado, 25 de dezembro de 2010

O machismo macabro dos jornais argentinos

Por Altamiro Borges

O Observatório de Imprensa e Direitos Humanos da Universidade Nacional de Cuyo (UnCuyo) acaba de divulgar um estudo sobre a cobertura da mídia impressa da Argentina após o falecimento do ex-presidente Néstor Kirchner. A investigação cobre o período de 28 de outubro até 6 de novembro de 2010. A conclusão é que os dois principais jornais diários do país, Clarin e La Nación, continuam sua campanha sistemática e raivosa de ataques à presidenta Cristina Kirchner, abusando dos estereótipos machistas e apostando em iniciativas desestabilizadoras e golpistas.

Antes da morte de Néstor, estes diários insistiam na tese de que ele é quem mandava no governo argentino, que sua esposa era apenas uma marionete. Néstor era apresentado como um ditador populista, que controlava com mãos de ferro os destinos da nação. Após a morte e diante da forte comoção da sociedade, os dois jornais passaram a bajular o ex-presidente, responsável por tirar a Argentina da crise econômica imposta pelos governos neoliberais – com apoio desta mesma mídia. O alvo agora é Cristina Kirchner, apontada como incapaz de administar o país.

“Vazio de poder e orfandade”

O Observatório de Imprensa e Direitos Humanos da UnCuyo comprova, mediante uma investigação rigorosa, que o Clarín e La Nación firmaram uma espécie de aliança tática para construir as suas próprias imagens sobre o falecimento do ex-presidente, instaurando a sensação de “vazio do poder”, de “instabilidade” e de “quebra” de um modelo de país por uma suposta “incapacidade” da presidenta Cristina Kirchner. Ela não teria condições para seguir o “modelo vitorioso” do seu ex-marido. É muito cinismo e machismo para justificar o golpismo midiático.

“A sucessão Kirchner-Kirchner, que deveria ser celebrada há três anos, se transforma agora num duelo. O emocional e o institucional se entrelaçam e agregam azar a este processo”, escreveu o colunista de La Nación, Carlos Pagni, na mesma linha terrorista do editorial do jornal. Para ele, “o coração do poder está coberto hoje pelo sentimento de orfandade”. Em tom similar, o Clarín alerta sobre o “rumo incerto pelo desaparecimento físico de Néstor Kirchner”, que exercia “controle total” do governo e do Partido Justicialista. Ele também bate na tecla do “vazio de poder”.

Fantasma do caos político

Os dois jornais também tentam criar fantasmas sobre o perigo da instabilidade política no país. Néstor seria mais conciliador, já Cristina tenderia a ficar sob a influência de “grupos radicais”. O próprio velório do ex-presidente, que mobilizou milhões de pessoas, é apontado como prova deste “risco”. La Nación, por exemplo, criticou a presença de jovens e sindicalistas “radicais e violentos”. “Não devemos descartar que algum setor do oficialismo, talvez o mais jovem, convide Cristina a assumir o lugar do militante morto, encarregando-a de aprofundar suas batalhas”.

No mesmo rumo, o Clarín alerta: “Os jovens militantes que fizeram ouvir seus gritos de guerra no velório reforçam a suspeita que agita as águas já revoltas da política argentina: a de um ‘kirchnerismo recarregado’, que tome maior distância do judicialismo tradicional, reforçe os laços com os ‘movimentos sociais’ e ‘gire para a esquerda’. Cristina parece abonar esta hipótese, e não só com palavras, mas sim com a seleção de um círculo íntimo que é bem mais estreito que o de seu marido. Ela confirma a opinião de que Néstor era o mais pragmático e moderado da dupla e que sua ausência seria ocasião para que suas iniciativas contra a mídia independente e os interesses empresariais se ‘aprofundem’”.

Dilma que se cuide!

A linha editorial adotada pelos dois principais diários do país após o falecimento de Néstor Kirchner sinaliza que a mídia argentina, que apoiou o golpe e a sanguinária ditadura militar, reforçará sua ofensiva golpista contra Cristina. Ela apostará todas as suas fichas para desestabilizar o governo e para interferir na eleição presidencial do próximo ano. Para isso, não vacilará em utilizar os piores estereótipos machistas. Dilma Rousseff, no Brasil, que se cuide. A mídia brasileira, que também apoiou o golpe e a ditadura, tende a seguir a mesma linha editorial.

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Miro

 

 

http://altamiroborges.blogspot.com/2010/12/o-machismo-macabro-dos-jornais.html

As mulheres do MST

As mulheres do MST

Enviado por luisnassif, dom, 26/12/2010 - 15:04

Autor: 

MARIA ORLANDA PINASSI

Por ANTONIO ATEU

Mulheres do MST avançam nos desafios da ação revolucionária

 

ESCRITO POR MARIA ORLANDA PINASSI   

22-DEZ-2010

 

"Se tivéssemos de estudar todas as leis não teríamos tempo de transgredi-las"

Goethe.

 

1. Os fatos

 

Em 8 de março de 2006, o telejornal de maior audiência do Brasil surpreendia o país com imagens, reproduzidas à exaustão, de mulheres em ação de "vandalismo" e "manchando" o dia que convencionalmente exalta a sua inserção na esfera restritiva do direito formal (1). O teor da matéria, obviamente, era de incriminação às 2000 mulheres, militantes dos vários movimentos (2) da Via Campesina no Brasil, que, por algumas horas, ocuparam o Horto Florestal da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul.

 

O episódio resultava da série de lutas realizadas entre 2001 e 2005, que não só mantêm a denúncia contra discriminações e maus-tratos impingidos às mulheres como ousa transcender a dimensão específica de suas causas, remetendo-as contra o grande capital.

 

O ato de enfrentar uma transnacional tão poderosa, de violar seus domínios e danificar, de dentro de seus laboratórios, uma respeitável quantidade de mudas transgênicas prontas para o plantio foi o modo extremo que encontraram para protestar contra as graves conseqüências sócio-ambientais provocadas pela imperativa especialidade da empresa escolhida por elas: o monocultivo do eucalipto, destinado à produção de celulose em larga escala, uma prática que, acima de tudo, desmata e desertifica terras potencialmente destinadas à reforma agrária e à produção de alimentos orgânicos. Por sua ousadia, a ação funcionou como um divisor de águas e transformou a data numa jornada internacional de luta das mulheres contra toda e qualquer forma de exploração.

 

Ou seja, essa luta é um vigoroso manifesto contra a ordem do capital, transgredindo a legalidade burguesa que só lhes pode garantir uma igualdade formal, abstrata (3). Em 2007, o movimento avançou, apesar da forte repressão policial, de parte expressiva da opinião pública adversa, da censura da imprensa majoritariamente comprometida com o sistema e dos próprios constrangimentos domésticos que muitas vezes são obrigadas a enfrentar para continuar na luta. Em silêncio, as mulheres da Via Campesina se preparam para, uma vez nas ruas, denunciar, em alto e bom som, os efeitos nocivos dessa vez do etanol, biocombustível em perigosa ascensão no país (4). Em 2008, a Jornada de Luta das Mulheres da Via Campesina teve seu início com a ocupação da Fazenda Tarumã, propriedade ilegal de outra poderosa transnacional da celulose, a sueco/finlandesa Stora Enso, situada na cidade gaúcha de Rosário do Sul.

 

Durante a ação, 900 mulheres e 250 crianças abriram uma vasta clareira no Deserto Verde para plantar e devolver à terra milhares de mudas de árvores nativas inescrupulosamente extirpadas pelo capital (5). Para compreender verdadeiramente a ação, é necessário esclarecer que a Stora Enso tem por "meta formar uma base florestal de mais de 100 mil hectares e implantar fábricas na região". Entretanto, a empresa é estrangeira e, de acordo com a legislação brasileira (Lei nº. 6634 de 1979 e o artigo 20, parágrafo 2, da Constituição Federal), não pode adquirir terras em uma faixa a 150 km da fronteira do Brasil. Num expediente corriqueiro, criou a agropecuária Azenglever, empresa laranja de propriedade de dois brasileiros. Em nome dela, a transnacional possui cerca de 50 fazendas, totalizando mais de 45 mil hectares, dentre as quais está a Tarumã. Por isso é que as mulheres exigem a anulação das compras feitas ilegalmente na faixa de fronteira e a expropriação dessas áreas para reforma agrária. Somente os 45 mil hectares que estão em nome da Azevengler dariam para assentar 2.250 famílias, gerando 6.750 empregos diretos. Atualmente 2,5 mil famílias estão acampadas no Rio Grande do Sul, e o INCRA alega não haver terras para fazer assentamento (6).

 

Em 2009, as ações se alastraram pela Monsanto, empresa de agroquímicos, em Santa Cruz das Palmeiras, estado de São Paulo, pela mesma Aracruz, Bayer e pela Syngenta Seeds que, em 2007, assassinou um militante da Via Campesina, no Paraná. Na mesma proporção, e comprovando a preocupação que causam sobre os agentes do capital, a reação contra as mulheres e seus filhos foi particularmente brutal.

 

A repressão policial e a criminalização incentivada pela mídia intensificam-se também contra os próprios movimentos sociais rurais e urbanos nos vários estados brasileiros, em particular Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará (7). Apesar disso, as mulheres da Via Campesina, neste ano de 2010, não recuaram e, em massa, saíram pelas ruas de todo país. No RS, por exemplo, a marcha denunciou que a mulher, através do aleitamento, é vetor direto dos males causados pelos transgênicos e agrotóxicos (8). Em SP, teve destaque a marcha de mulheres até a sede da Cutrale, em Araraquara, gigantesca transnacional produtora de suco de laranja, responsável pela grilagem de terras, expropriação de milhares de pequenos produtores, desmatamento, monocultura e poluição ambiental. Além disso, outras 3000 mulheres compuseram uma marcha de Campinas à capital com o grande desafio de demonstrar para a sociedade como as mulheres ainda vivem nessa situação de opressão e exploração, principalmente por cumprirem uma dupla jornada de trabalho: o reprodutivo e doméstico e o próprio trabalho produtivo, relacionado ao mercado, intensificando-se, na verdade, tanto a exploração como a opressão das mulheres (9).

 

Mesmo diante de todas as adversidades, elas parecem determinadas a desafiar o sistema de produção vigente e desmascarar o desrespeito pleno do capital pela mulher, sobretudo pela mulher trabalhadora. Acima de tudo, parecem incansáveis numa luta que continua surpreendendo por sua práxis ousada, palavras de ordem radicais e consciência arguta do papel histórico que desempenham para a emancipação no mais amplo espectro. Pois, esse papel, se tem forte impacto externo ao movimento, vem provocando uma lenta, difícil, mas imperativa transformação na sociabilidade interna, absolutamente necessária à constituição revolucionária dos movimentos aos quais pertencem.

 

2. A reflexão

 

Para compreender melhor o sentido histórico que as mulheres dos mais variados movimentos sociais de massas vêm imprimindo às lutas anticapitalistas atualmente em relevo no Brasil e também na América Latina, remeto o leitor a uma necessária reflexão teórica.

 

Em 1848, Marx advertia para a necessidade de se "encontrar novamente o espírito da revolução" e da emancipação universal que, permanecendo uma promessa da história, deve ser condição essencial ao proletariado, a única classe social capaz de realizá-la concreta e radicalmente. Nestes 160 anos que nos distanciam daquelas palavras de Marx, foram tantas as formas contingentes e as suposições teóricas sobre o modo de ser do verdugo do capital quanto as tentativas malogradas de realizar aquela sua necessária tarefa histórica.

 

De fato, durante o longo período de ascensão do capitalismo – algo que prevaleceu até os anos de 1960 –, o proletariado conferiu, no campo da luta de classes, um avanço expressivo da sua situação econômica e do seu poder de negociação sindical. Esse avanço, porém, se distribuiu tão desigualmente quanto desigual foi o ritmo do desenvolvimento dos países envolvidos.

 

Esgotada, por fim, a fase civilizatória do crescimento, o sistema sócio-metabólico do capital entra numa crise gigantesca e irreversível, perante o que só consegue se reproduzir de modo essencialmente destrutivo. Não constitui novidade o fato de que as conseqüências mais graves da situação tenham recaído sobre as condições de reprodução da classe trabalhadora, cujo poder de combatividade sofre com isso acentuado refluxo no mundo todo. Daí que, diversamente ao que durante muito tempo se pensou, no momento mais complexo e pleno da sociedade de classes controlada pelo capital, predominam: a perda progressiva dos direitos arduamente conquistados pela classe trabalhadora e o desemprego estrutural que condena uma quantidade imensa de homens, mulheres e crianças – novamente "livres como pássaros", como à época da acumulação primitiva - a uma assustadora degradação das condições de vida e de trabalho.

 

Neste quadro, a busca por um proletariado ofensivo entre as "positividades" do desenvolvimento objetivado pelo sistema de reprodução do capital é hoje totalmente anacrônica e a insistência nesta expectativa está fadada a uma frustração perigosamente desmobilizadora. Pois, aquele proletariado originário das condições históricas do século XIX sofreu mudanças tão drásticas que hoje seria difícil encontrar algo além de resquícios do que fora naqueles tempos. Ou seja, a continuidade desse processo de desenvolvimento controlado pelo capital não pode mais ser pensada, em nenhum aspecto, como caminho para a emancipação da humanidade, senão do seu cativeiro e destruição.

 

Por muito tempo, os instrumentos tradicionais da organização operária sequer consideraram a possibilidade de incluírem em suas fileiras a massa de indivíduos maciçamente lançada ao desemprego pelo capital em tempos de crise. Até então se pressupunha a suspensão das crises cíclicas e da instabilidade ameaçadora do mercado de trabalho, de onde o desemprego massivo representava desequilíbrio temporário e o lumpensinato uma exceção da regra, abrangendo um campo social marginalmente desprezível para efeitos de uma revolução socialista.

 

No entanto, a atualidade revela uma situação bastante diversa, pois o desemprego não só não pode ser considerado momentâneo, como tal condição não necessariamente converte o desempregado em lumpen. O fato também desvenda o caráter defensivo e fragmentado dos mecanismos tradicionais de luta do proletariado – os sindicatos e partidos políticos –, desmistificando a teleológica associação politicista que muito freqüentemente se fez entre a consciência da classe e um suposto desenvolvimento pleno do capitalismo com suas instituições democrático-participativas. Por isso mesmo é que para Mészáros o reencontro com a perspectiva revolucionária precisa necessariamente acabar com a separação tragicamente autodesarmadora entre o "braço industrial" do trabalho (os sindicatos) e seu "braço político" (os partidos tradicionais) e encetar a ação direta politicamente consciente contra a mansa aceitação das condições cada vez piores impostas sobre os produtores pelas regras pseudo-democráticas do jogo parlamentar (...) (10).

 

O cenário é explosivamente problemático e traz um enorme desafio para o campo da crítica marxista, que não pode desconhecer que esta forma societal, fundada necessariamente na insolúvel desigualdade social, resulta de uma concentração tendencialmente verticalizada e abrupta da riqueza material produzida. Isto quer dizer que a essência contraditória desta sociedade atinge sua maioridade de modo tão bárbaro que sua ideologia orgânica precisa enterrar de vez todo e qualquer conteúdo iluminista, civilizatório, por mais abstrata que tenha sido sua efetividade. Adota, então, um conceito militarizado de "controle democrático" a fim de continuar garantindo a reprodução de sua essência mais profunda, ou seja, a subordinação estrutural do trabalho ao capital (11).

 

Mas, como dissemos acima, a degradação estrutural da classe trabalhadora – algo que não causa estranheza nem constitui novidade histórica para países como o Brasil – não só não foi superada pelo desenvolvimento como vem, muito ao contrário, generalizando e banalizando a utilização, de norte a sul do país, de uma nova modalidade de trabalho análogo ao escravo, em muitos aspectos diferente e mais perversa que a escravidão do período colonial, se for possível afirmar isso (12). A tragédia se completa com o recrudescimento da relação monopólica que atualmente se estabelece entre países dominantes e dominados, que, por intermédio dos capitais transnacionais voltados ao agronegócio, desenha um quadro de sugestiva e generalizada colonialidade para estes últimos (13).

 

3. Os desafios

 

Paradoxalmente ao agravamento das condições sociais que ora vigem na América Latina, o fenômeno acontece sob o predomínio da ideologia de que não há alternativa para o mundo do capital, algo que cresceu de modo acentuado principalmente após o fracasso das principais experiências do chamado socialismo realmente existente.

 

Contrariando essa condenação ao presente, toda uma nova geração de movimentos sociais de massa, com centralidade no trabalho, emerge na região em função justamente das agudas adversidades enfrentadas. Pensamos nos zapatistas, no México; piqueteros, na Argentina; indígenas cocaleros, na Bolívia, Equador; MIR, no Peru; nas fábricas recuperadas, desde a Venezuela, Argentina e Brasil. Destaco aqui a atuação, que já completa 25 anos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, no Brasil, como uma base fundamental para compreendermos a práxis destas expressivas organizações alternativas constituídas no espaço latino-americano.

 

Diante dos duros golpes recentemente sofridos pela classe trabalhadora e do afunilamento dos seus limites de atuação no campo da luta de classes, esses movimentos sociais de massas surgem muitas vezes como única via para o restabelecimento da dignidade humana por um número cada vez mais expressivo de famílias trabalhadoras lançadas ao desemprego.

 

Formados à margem da tutela do Estado – o que pode ser muito positivo - e fincados no plano das mediações de segunda ordem do capital(14) - o que pode resultar em seu fracasso -, a explosão do potencial revolucionário desses movimentos sociais vai depender do processo histórico constituído e das suas possibilidades de ampliar o leque das decisões necessárias. Pois, como diz Lukács, a "alternativa se estende até ser a alternativa de uma atividade justa ou desastrada, por convocar à vida categorias que apenas no processo de trabalho tornam-se formas de realidade".

 

O que está em jogo são as dimensões realmente anticapitalistas do MST, não só em relação à negação da ordem, mas, e fundamentalmente, em relação à sua capacidade de construir a positivação de uma alternativa societária. Obviamente, não é nada fácil responder a tais questões, mesmo porque se trata de um processo ainda a revelar-se plenamente. Por ora, é possível tracejar pontos para o debate, já que o MST realiza uma práxis com poder de confronto potencialmente transformador da realidade existente.

 

Em outras palavras, o êxito da empreitada está condicionado às formas mais ou menos autônomas da tomada de decisão sobre os dilemas enfrentados em sua processualidade e, sobretudo, ao princípio orientador e operativo da autocrítica permanente. Tal processo se deve à necessidade do movimento social de massa implantar, mediante sua práxis cotidiana, mudanças radicais na divisão social do trabalho interno e construir, num todo coerente, uma sociabilidade nova em direção à igualdade substantiva.

 

Neste sentido, partimos da premissa de que a questão feminina é basilar até porque (...) dadas as condições estabelecidas de hierarquia e dominação, a causa histórica da emancipação das mulheres não pode ser atingida sem se afirmar a demanda pela igualdade verdadeira, que desafia diretamente a autoridade do capital, prevalecente no "macrocosmo" abrangente da sociedade e igualmente no "microcosmo" da família nuclear (15).

 

Para compreender isso, acompanhamos a organização interna das mulheres que compõem o MST, com destaque para as ações que, desde 2006, efetuam em 8 de março, juntamente com mulheres de outros movimentos da Via Campesina. E, em todos esses momentos, uma questão que nos parece particularmente problemática é que, muito embora a supressão da opressão das mulheres seja vital à construção de uma alternativa societária, essa afirmação está muito aquém de constituir unanimidade no interior do MST.

 

Ao que tudo indica, a atuação mais efetiva dos homens do movimento tende a voltar-se à realização objetiva das questões econômicas, arrefecendo com a conquista da terra e a formação dos assentamentos. A positividade desta conquista para o movimento como um todo é obviamente incontestável, significando a objetivação exitosa da sua luta pela reforma agrária. No entanto, essa mesma conquista pode também se converter numa regressividade para todo o movimento – tendo em vista a retomada interna de ameaçadoras relações hierarquicamente estruturadas.

 

São as mulheres, fundamentalmente, que acusam essa regressividade, já que, depois de viverem, às vezes por anos, sob a lona preta dos acampamentos, desempenhando as mesmas funções dos homens e participando de uma significante quebra da divisão tradicional do trabalho familiar, experimentam no processo de assentamento um indesejado retorno à antiga dominação patriarcal. Neste momento, muitas delas, mesmo depois de assentadas, tomam a decisão de não aceitar o retrocesso (16), permanecendo na luta, seja pelo reconhecimento do seu papel fundamental em todos os momentos de afirmação do movimento, seja na atuação solidária que desempenham junto das famílias que continuam acampadas.

 

Conforme as mulheres, a efervescência revolucionária do MST se encontra, na verdade, no processo de acampamento; o assentamento não representa um fim, mas uma mediação rumo ao socialismo. Por isso mesmo, são elas que, principalmente, vêm impondo a mencionada autocrítica permanente ao movimento como um todo, visando impedir seu enregelamento em torno das mediações de segunda ordem.

 

A esse respeito, é importante destacar que as ações de 8 de março concretizam uma inteira iniciativa das mulheres. Duramente criticadas no início pelas lideranças masculinas do movimento, no decorrer dos anos suas manifestações vêm obtendo o reconhecimento e a solidariedade efetiva dos seus companheiros. E isso só ocorre porque a determinação feminina dentro do movimento é mais forte do que as críticas que sofrem.

 

Sua luta interna, portanto, não é contra os homens, mas contra as deformações patriarcais herdadas de uma sociabilidade que antecede a formação dos movimentos e que todos, homens e mulheres, carregam e reproduzem no próprio movimento, algo que só pode beneficiar o capital.

 

Concluindo: o quadro descreve uma situação que está ainda muito aquém de ser conclusiva, mas a práxis dessas mulheres evidencia, desde o princípio, o elevado grau da sua consciência de classe que, a partir da dimensão de sua própria luta, potencializa o que nela possa haver de específico. Mas, vai bem além ao trazer luz aos gravames irreversíveis das contradições que, de modo mais amplo, habitam a relação atual do capital com o mundo do trabalho. Nesses termos, tal práxis é suficientemente abrangente para colocar em xeque as falácias do direito formal burguês as e expor, para que o mundo todo testemunhe a tragédia humana e ambiental, que o atual padrão de acumulação impõe ao Brasil, país meridional estruturalmente destinado à condição de colonialidade e de periferia.

 

Nessa medida, o movimento de mulheres do MST não só confirma a radicalidade da prática de ocupação que vem distinguindo a luta histórica do movimento pela reforma agrária, como parece constituir uma singularidade ainda mais instigante. Trata-se, pois, de um movimento muito articulado de mulheres trabalhadoras, acampadas, assentadas, cuja perspectiva de classe potencializa seu poder de crítica e autocrítica, de desafiar os avanços absolutamente destrutivos do capital, de enfrentar, com coragem admirável, os imensos desafios internos e externos ao movimento.

 

Melhor, essas mulheres estão reabrindo a história e reencontrando o verdadeiro espírito da revolução de que falava Marx, ao dar um salto ontológico em direção à emancipação não somente das mulheres, mas de toda a humanidade.

 

Maria Orlanda Pinassi é professora de Sociologia da UNESP, Araraquara, SP, colaboradora da Escola Nacional Florestan Fernandes, membro do comitê de redação da revista Margem Esquerda e autora do livro Da miséria ideológica à crise do capital – uma reconciliação histórica. (Boitempo Editorial, 2009).

Correio eletrônico: mpinassi@uol.com.br

 

Notas:

 

1) Segundo dados divulgados pela CEPAL, as mulheres vêm ocupando espaço cada vez maior no mundo do trabalho latino-americano. No plano dos direitos, porém, com os limites diante das tendências do mercado de trabalho que, na região, mostram uma expansão gigantesca do emprego informal caracterizado pela precariedade em termos de instabilidade temporal e ausência de qualquer regulamentação nos contratos de trabalho, nas remunerações, nas jornadas, nos benefícios sociais e nas condições de higiene. Pois são as mulheres, principalmente, que preenchem as vagas do setor, concluindo-se com isso que o aumento da participação delas na vida econômica da AL se dá, fundamentalmente, pela sua incorporação nos setores mais vulneráveis da estratificação ocupacional. O fenômeno é considerado como de uma "feminização da pobreza" e concerne à reorganização do modelo neoliberal de produção. Tais conquistas consistem, portanto, no avesso da libertação das mulheres. Ver a respeito O estado da paz e a evolução da violência. Centro Internacional de Investigação e Informação para a Paz. (Campinas, Editora UNICAMP, 2002, p. 170). Ver também o livro A feminização do trabalho, de Cláudia Mazzei Nogueira. (Campinas, Autores Associados, 2003).

 

2) MST - Movimento de Trabalhadores Sem-Terra, MPA – Movimento de Produtores Agrícolas, MAB – Movimento de Atingidos por Barragens, MMC – Movimento de Mulheres Camponesas e MTD – Movimento de Trabalhadores Desempregados.

 

3) Em função desse processo de luta, as mulheres do movimento criaram a Articulação Deserto Verde. Ver, pelo You Tube, o vídeo Rompendo o silêncio 1 e 2.

 

4) Em reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo (A 11 - Ciência) de 7 de janeiro de 2008, pesquisadores do Instituto Smithsonian, do Panamá, alertam para o fato de que dos 26 produtos que fornecem biocombustíveis, ou energia "limpa", 12 deles são mais nocivos ao meio ambiente do que a gasolina, incluindo entre eles o etanol proveniente da cana-de-açúcar, pois esta cultura agrícola utiliza grande quantidade de água, polui os rios mais próximos e, com a prática das queimadas, contribui para o agravamento do efeito estufa.

 

5) Ver, pelo You Tube, o vídeo Mulheres ocupam a Stora Enzo

 

6) Ver jornal Brasil de Fato, ano 6, nº. 262, mar. 2008. Convém ressaltar também que o governo Lula promoveu menos assentamentos que o de FHC. Foi eleito com a promessa de assentar 400.000 famílias, porém, até 2006, somente 80.000 haviam recebido terras. Além disso, o MST denuncia que, entre os assentamentos contabilizados, muitos se referem à regularização de terras públicas ocupadas há muito tempo por colonos. Portanto, essas medidas, além de não se destinarem ao MST, não atingem a estrutura fundiária.

 

7) Conforme a edição de 2009 da publicação Conflitos no Campo Brasil da Comissão Pastoral da Terra (CPT), um dos aspectos a provocar a ira dos representantes do agronegócio é que um dos pontos privilegiados pelo MST hoje se concentra na luta pela atualização do Índice de Produtividade para fins de reforma agrária, prevista pela Constituição Federal. Exemplo das reações é o fato de que, só depois da armadilha montada pela Cutrale e seus jagunços no episódio de Iaras, estado de São Paulo e, obviamente, do papel essencial da imprensa que explorou as imagens à exaustão, é que, no âmbito do Congresso Nacional, a bancada ruralista, liderada pelo DEM de Ronaldo Caiado e Kátia Abreu, conseguiu aprovar mais uma CPI criminalizando as ações do MST.

 

8) "Este projeto de agricultura precisa ser barrado. Ou o futuro das próximas gerações será a morte. E nós, mulheres, não queremos ser as geradoras e amamentadoras da morte". Declaração de Ana Hanauer, da coordenação do MST e da Via Campesina. Jornal Brasil de Fato, de 11 a 17 de março de 2010.

 

9) Declaração de Tatiana Berringer, da Consulta Popular. Jornal Brasil de Fato, de 11 a 17 de março de 2010.

 

10) István Mészáros. O desafio e o fardo do tempo histórico. (Boitempo, 2007, p. 63).

 

11) Não coincidentemente, vemos redobrar a freqüência da crítica mais ou menos anticapitalista, fruto das múltiplas insatisfações com a atualidade. É daí que surgem as utopias que se multiplicam na mesma razão matemática dos problemas que visam combater. Todas exprimem a reação possível dos grupos que – em parte ou totalmente – ficaram privados dos privilégios proporcionados por este mundo. Ainda que tributários de causas justas, o problema é que, no limite, e com raras exceções, tais tipos de movimentos baseados em causas específicas não conseguem ir além de requisitar o direito de melhorar sua posição no ranking da sociedade hierarquicamente constituída.

 

12) Ver a respeito os importantes estudos de Maria Aparecida de Morais Silva, dentre os quais destaco "Trabalho e meio ambiente: o avesso da moda do agronegócio", escrito em co-autoria com Rodrigo Constante Martins e publicado em Lutas & Resistências, v. Londrina, set. 2006, p. 91-106.

 

13) Consultar a respeito Francisco de Oliveira, Crítica da razão dualista. O ornitorrinco (São Paulo, Boitempo, 2004).

 

14) Daqui se origina uma das mais geniais análises dos Manuscritos econômicos e filosóficos, realizada por Mészáros em A teoria da alienação em Marx (Boitempo, 2006, p. 208), que formula os conceitos de mediação de primeira ordem – ou "atividade produtiva como tal, fator ontológico absoluto da condição humana – e mediação de segunda ordem – ou ‘mediação da mediação’ alienada decorrente da propriedade privada, da troca, da divisão do trabalho".

 

15) István Mészáros. Para além do capital, p. 271.

 

16) Contraditoriamente, é comum a separação dos cônjuges nesta fase do processo de conquista da terra, por iniciativa da mulher.

 

As mulheres do MST

 

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz