"Querem criar clima de ingovernabilidade para justificar arrocho e privatizações"
Marco Weissheimer
O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, criticou nesta sexta-feira (16), por meio de sua conta no twitter, o uso da expressão "rombo" para definir a situação financeira do Estado. Tarso comentou a manchete do jornal Zero Hora ("Estudo aponta rombo de R$ 7,1 bi no Estado") e a lógica que estaria por trás da mesma:
"A manchete de hoje de Zero Hora não é inocente ou equivocada. Tem o mesmo objetivo político das manchetes que ajudaram outro governador. Ajudaram outro Governador a privatizar, aumentar a dívida pública por não pagar aumentos, a sucatear saúde e educação, a aplicar arrochos. O uso da expressão rombo é uma farsa. Quer induzir que entregamos o Estado numa situação pior do que recebemos. O que é uma mentira deslavada", afirmou.
Para Tarso Genro, essa postura tem por objetivo criar um clima de ingovernabilidade financeira para justificar medidas de austeridade. "Vão provocar mobilizações dos atingidos. Depois vão pedir repressão contra eles. É a lógica do estado exceção permanente contra os pobres", assinalou. O ex-governador também comentou a decisão de José Ivo Sartori que sancionou o aumento de salários para governador, vice, secretários, deputados e Judiciário. "Não aumentei o salário do Governador nem dos Secretários. Aumentei a cobrança da dívida pública e pagamos o dobro dos precatórios herdados", escreveu Tarso.
A bancada do PT na Assembleia Legislativa e o ex-secretário da Fazenda, Odir Tonollier, também criticaram os números da consultoria PwC, contratada pelo governo Sartori. Segundo Tonollier, o déficit das contas públicas de 2013 e 2014, somados, não chega a 20% do valor divulgado pela empresa de consultoria. "Depois de vários governos, somos os primeiros a não deixar nenhuma conta em atraso".
Para a bancada petista, o discurso do novo governo quer "preparar a sociedade para um calote nas contas públicas e uma venda total ou parcial das estatais, especialmente CEEE, Corsan e Banrisul" . A bancada do PT também estranhou a utilização de dados levantados por uma consultoria contratada pelo Movimento Brasil Competitivo, "para tentar referendar um desejo do próprio governo que assume, em criar um clima de crise financeira para não cumprir com compromissos". "Não há nenhuma medida entre as listadas pela consultoria que não tenha sido apontada pelo nosso governo", assinalou Tonollier.
Os deputados petistas destacaram ainda a conquista de novo espaço fiscal para contrair empréstimos e financiamentos, por parte do Estado, a partir da renegociação da dívida feita pelo ex-governador Tarso Genro. "Sartori terá até 2018 espaço fiscal de até R$ 15 bilhões, nunca nenhum governo teve isto para continuar os investimentos na infraestrutura do Estado", disse o líder da nova bancada, deputado Luiz Fernando Mainardi. Em nota, a bancada petista também qualificou como uma farsa a utilização do termo rombo nas contas públicas, lembrando que a crise das finanças é histórica:
"É preciso competência e iniciativa para governar o Estado, assim como diálogo político com o governo federal, como tivemos, na renegociação da dívida, na cobrança dos créditos da CEEE, no aval para as operações de crédito, na ampliação dos investimentos, principalmente através dos PACs, nos inúmeros convênios com os ministérios e na cobrança da Dívida Ativa".
Nenhum comentário:
Postar um comentário